sexta-feira, 19 de dezembro de 2014
terça-feira, 16 de dezembro de 2014
O trabalhador Espírita
As Casas Espíritas são mantidas por trabalhadores
voluntários, porém, algumas observações podem ser importantes para entendermos
a finalidade e importância desse trabalho.
Primeiro lembramos de que a Casa Espírita não é sua
estrutura física, paredes, portas e janelas, pelo contrário, ela é o conjunto
dos seus trabalhadores. Porém, numa primeira análise, podemos acreditar que a
prioridade desse trabalho é a de promover a caridade aos outros e de manter o
Centro Espírita e suas funções em funcionamento.
No entanto, existe uma finalidade maior no trabalho
Espírita, que é a de melhorar o trabalhador.
Lemos em II João capítulo 1:8 “Olhai por vós mesmos, para que
não percais o fruto do nosso trabalho, antes recebeis plena recompensa”.
Analisando a expressão acima, vemos que para “não perder o
fruto do trabalho” é necessário “olhar para vós mesmos”, assim, antes de tudo,
o trabalho Espírita tem a finalidade de edificar moralmente e espiritualmente
aquele que realiza o trabalho.
Em definições práticas, os médiuns devem melhorar-se pela
prática da mediunidade, assim como o aplicador de fluidoterapia, os
evangelizadores, dirigentes e todos os demais devem entender que a prioridade é
que nos tornemos melhores com o trabalho que abraçamos.
Lembremos que Simão Pedro trabalhou durante anos na Casa do
Caminho, atendendo aos necessitados, porém hoje, a Casa do Caminho foi
destruída, consumida pelo tempo e Simão Pedro edificado sobre sólidas bases
morais construídas em si mesmo.
Muitas vezes vemos os trabalhadores orgulhando-se por terem
muitos anos na Casa Espírita, porém equivocam-se, esquecendo que isso é
seguramente insignificante, a questão é quanto o Espiritismo nos serviu para
melhoramento próprio, quanto construímos em nós os valores que ele ensina.
Certamente que o estudo sério do Espiritismo, guardando
rigorosamente o que ensina Allan Kardec por meio das Obras Básicas, deixa claro
que a maior alegria que deve ter o trabalhador Espírita é o avanço em vencer em
si as tendências distorcidas, naturais pelo transitório estado evolutivo atual.
Outra situação quase que generalizada, é a falta de
trabalhadores nos Centros Espíritas, que quase sempre possuem mais atividades e
compromissos do que pessoas para realizar. Falamos que confiamos nos Espíritos,
mas estamos sempre achando que faltam pessoas para as atividades empenhadas.
Será que faltam trabalhadores ou os Centros Espíritas
abraçam serviços que não fazem parte de suas atividades? Lembrando que a
finalidade das Casas Espíritas é muito bem definida pelos Espíritos, que são o
estudo e a divulgação da mensagem libertadora que eles trazem.
Muitas vezes, para que sejam realizadas atividades
assistencialistas, faltam trabalhadores para a caridade maior, que é a
disseminação dos preceitos que elevam os indivíduos e a sociedade. Claro que
podemos atender as necessidades materiais dos menos favorecidos, porém, isso é
para as Instituições que tem muito bem estruturados os compromissos com a
propagação do Espiritismo.
Vemos, em alguns casos, Centros Espíritas que destinam seus
recursos e trabalhadores para atividades de assistência material, que
comprometem o bom andamento da Doutrina Espírita.
Outro ponto que compromete a quantidade de trabalhadores é a
resistência dos trabalhadores antigos, ou mais experientes, diante da chegada
dos novos integrantes. Muitos sentem que vão “perder o lugar” e os iniciantes
ficam limitados e acabam se afastando pelo desestímulo.
Claro que algumas funções pedem tempo de estudo e
capacitação, mas muitas atividades podem ser repassadas aos iniciantes, afinal,
os que já são Espíritas, não devem precisar de um trabalho para virem ao Centro
Espírita.
Trabalhador ou não, nossa ida ao Centro deve ter como
estímulo o próprio crescimento. Chegamos até a nos questionar, será que faltam
trabalhadores ou falta o amadurecimento dos que já temos?
Roosevelt A. Tiago
terça-feira, 9 de dezembro de 2014
A boa morte
A morte não existe...Bem verdade...mas tem um negócio aí, um
fenômeno natural, uma tal de transição que merece toda a nossa atenção! Esse
breve artigo procura tratar o que significa, em termos espíritas, nos
prepararmos para uma boa morte. O fato de sermos espíritas não nos credencia a uma
transição tranquila, mas sim o uso desse conhecimento libertador na promoção do
homem de bem que necessita renascer em nós em cada reencarnação.
Algumas igrejas
católicas tem a sua denominação como “Nossa Senhora da Boa Morte” ou ainda
“Nosso Senhor do Bom Fim”, resgatando a antiga preocupação do ser humano com
morrer bem. Morrer bem, para a sabedoria popular, indica o morrer dormindo ou
de forma imediata, rechaçando a morte lenta e com sofrimento. Na lógica
espírita, de forma inversa, os ensinos dos espíritos nos dizem que o sofrimento
traz a reflexão que auxilia o processo de desligamento.
A mesma igreja
católica do “Bom fim” tem como um de seus sacramentos Extrema Unção, ou Unção
dos Enfermos, conferido à pessoas que estão em estado grave de doença, buscando
aliviá-lo e prepará-lo para a transição. Os egípcios enchiam a tumba de
riquezas e alimentos para atender ao morto do outro lado. No campo da medicina,
atualmente, se discute a humanização do momento do desencarne, com cuidados
paliativos a enfermos já sem possibilidades terapêuticas.
Percebe-se que o
fenômeno da morte é complexo e passar por ele com “sucesso” é oriundo de vários
fatores, que ultrapassam aquele momento fatídico. Assim como planejamos a nossa
reencarnação, com o auxílio dos amigos espirituais, a nossa vida como
encarnados demanda um “Plano de morte”, o qual nos preparemos para esse
momento, transcendendo as questões de herança, doações de órgãos, custas ou
tipos de jazigo.
Na doutrina
espírita, a discussão do bom desenlace se apresenta na literatura mediúnica,
como uma relação direta com a conduta na vida encarnada, com o desapego do
espírito. Como dito no livro “Obreiros da vida eterna” (André Luiz pela pena de
Chico Xavier), “Morrer é mais fácil do que nascer”, desmistificando o temor
pela morte, mas revelando também, a mesma obra, que grande parte de nossos
sofrimentos no desencarne são derivados da decepção pelos avanços não obtidos
na encarnação.
A morte, para nós
espíritas, é um fenômeno natural, que não o desejamos, mas que o compreendemos,
e apesar dessa compreensão, não estamos livres da perturbação natural da
transição. Não temos credenciais de uma boa morte, dado que esta se vincula ao
aspecto moral, como ilustrado no trecho da obra “Voltei” (Irmão Jacob na pena
de Chico Xavier), que narra a volta de operoso trabalhador espírita: “Quantas
vezes; julguei que morrer constituísse mera libertação, que a alma, ao se
desvencilhar dos laços carnais, voejaria em plena atmosfera usando as
faculdades volitivas! Entretanto, se é fácil alijar o veículo físico, é muito
difícil abandonar a velha morada do mundo. Posso hoje dizer que os elos morais
são muito mais fortes que os liames da carne e, se o homem não se preparou,
convenientemente, para a renúncia aos hábitos antigos e comodidades dos
sentidos corporais, demorar-se-á preso ao mesmo campo de luta em que a veste de
carne se decompõe e desaparece. “
Seria ilusório
acharmos que a boa morte seria um privilégio nosso, por termos o conhecimento
espírita! A vinculação com a conduta terrena é límpida no processo de
preparação para uma boa morte! Da mesma forma, a doutrina espírita aponta a
inexistência de santificações no momento da partida e indica sim o fim de um
ciclo reencarnatório, no qual continuamos sendo nós mesmos, apenas concluintes
de uma etapa importante e se ajustando a uma nova realidade, a vida espiritual.
Sobre essa
questão, merece destaque também as palavras do espírito Emmanuel, na obra “O
Consolador”, também psicografada por Chico Xavier: “A morte não prodigaliza
estados miraculosos para a nossa consciência. Desencarnar é mudar de plano,
como alguém que se transferisse de uma cidade para outra, aí no mundo, sem que
o fato lhe altere as enfermidades ou as virtudes com a simples modificação dos aspectos
exteriores. Importa observar apenas a ampliação desses aspectos, comparando-se
o plano terrestre com a esfera de ação dos desencarnados.”
Inimigos
continuam inimigos, nós continuamos com a nossa bagagem de imperfeições e
apenas apeamos do trem, para se preparar para um novo estágio de nossa
existência. Como toda transição, é complicada...Após a morte, na outra vida,
nos encontraremos com nós mesmos, pois “(...) se queres conhecer o lugar que te
espera, depois da morte, examina o que fazes contigo mesmo nas horas livres.”,
nas palavras também de Emmanuel, na obra “Justiça Divina”:
Assim, um preparo
para a boa morte não implica em negar esse fenômeno, ou ainda, colocá-lo no
centro de nossas preocupações. Faz-se mister enxergá-lo como uma ocorrência
inexorável da vida, uma transição de planos que já enfrentamos outras vezes e
que está subordinado, estritamente, a nossa conduta terrena, na construção da
reforma íntima e na superação das diferenças de nosso passado reencarnatório.
Vivamos a nossa
vida, com trabalho e alegria, amando e sendo amados, sem esquecer que um dia
retornaremos a pátria espiritual, que longe de ser um céu ou um inferno, é uma
nova etapa de existência, na vida que continua. Teremos a nossa transição,
encontraremos os que nos precederam, e teremos uma boa morte, sorridentes, se
tivemos uma boa vida, fazendo o nosso próximo sorrir.
Marcus Vinicius de Azevedo Braga
Residindo atualmente na cidade do Rio de Janeiro, espírita
desde 1990, atua no movimento espírita na evangelização infantil, sendo também
expositor. Vinculado a Casa Espírita Amazonas Hércules (www.ceah.org.br). É
colaborador assíduo do jornal Correio Espírita (RJ) e da revista eletrônica O
Consolador (Paraná). É autor do livro Alegria de Servir (2001), publicado pela
Federação Espírita Brasileira (FEB) e do Livro "Você sabe quem viu Jesus
nascer" (2013), editado pela Editora Virtual O Consolador.
sexta-feira, 5 de dezembro de 2014
Censuras
No livro Rumo Certo, editado pela FEB, no capítulo 49,
encontramos a importante reflexão “Não censures”, de onde nos permitimos
refletir sobre os ensinos ali contidos. Ao convidar a não censura, Emmanuel já traz
valioso ensino no início de sua abordagem: Onde
o mal apareça, retifiquemos amando, empreendendo semelhante trabalho a partir
de nós mesmos.
Note o leitor que diante de mal de qualquer origem, ela pede
que nos retifiquemos amando, ao invés de apenas censurar, a partir de nós
mesmos e na sequencia relaciona exemplos do artista e do cirurgião que,
utilizando atenção, carinho, paciência, retifica os quadros a que se dedicam ou
se lhes apresentam, alcançando resultados em suas áreas específicas.
É que em tudo, como indica a sequencia do texto que sugiro
ao leitor conhecer na íntegra, ele destaca a importância da paciência para se
alcançar resultados. Isso porque o progresso, a luz, a felicidade nasce da
construção lenta do tempo. Citando Deus com sua esperança e paciência
infinitas, coloca o exemplo magnífico da semente que se transforma para gerar
os frutos de sua essência, através do tempo...
Parece-nos que o objetivo maior da linda mensagem é destacar
que, diante das adversidades a que estamos expostos, nunca devemos nos
desesperar ou desanimar. É preciso mesmo muita paciência para transformar as
ocorrências em bênçãos de aprendizado e orientação.
É que Deus está em toda parte, opera por caminhos que
desconhecemos e transforma tudo em aprendizado para que amadureçamos nas
experiências. Isto é amor Divino.
A experiência do próprio autor espiritual faz com que
conclua a reflexão com a sabedoria que lhe é própria em linda frase: sempre que nos vejamos defrontados por
dificuldades e incompreensões, saibamos servir com paciência e aprenderemos
que, à frente dos problemas da vida, sejam eles quais forem, não existem razões
para que venhamos a esmorecer ou desesperar.
Sim, porque Deus sempre permanece agindo através da
sabedoria de suas leis e se usarmos a paciência nas dificuldades, superaremos
os problemas e desafios e com uma grande vantagem: aprendemos algo mais, saímos
amadurecidos. Afinal, tudo passa.
Caso você não tenha o livro em casa, poderá ler a mensagem
na íntegra, pesquisando na internet: RUMO CERTO – Francisco Cândido Xavier –
pelo Espírito Emmanuel. Você encontrará o livro todo e aí basta pesquisar no
índice a lição 49.
Orson Peter Carrara
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
Doença mental ou doença cerebral?
O entendimento dos transtornos “mentais” passa pela compreensão
do mecanismo de reparação dos desatinos pretéritos e atuais, através da lei de
causa e efeito.(1)
Ao retornar à dimensão física, a Individualidade
reencarnante traz, em seu perispírito, marcas cármicas constituídas por
vibrações desarmônicas, relacionadas a débitos e culpas, adquiridos em
vivências anteriores. Essas marcas energéticas, em virtude de sua natureza
cármica, irão plasmar, em seu corpo físico, regiões de fragilidade. Essas
regiões encontram-se mais suscetíveis ao desenvolvimento de enfermidades que,
em última análise, estarão relacionadas ao carma a que está vinculada a
Individualidade. Obviamente, o surgimento dessas enfermidades depende também da
conduta atual do Espírito domiciliado no plano físico.
Vejamos um exemplo: determinado Espírito comprometeu-se, em
existências passadas, com o abuso de bebidas alcoólicas e cometeu falhas morais
em virtude desse vício. Ele poderá reencarnar então com marcas nas áreas do
perispírito que são responsáveis pela vitalização do aparelho digestivo. Essas
marcas estarão criando uma predisposição ao aparecimento de enfermidades, como
a gastrite crônica ou disfunções hepáticas. Assim, o Espírito reencarna com
“pontos fracos” em seu perispírito, que determinam os órgãos que estarão mais
predispostos a adoecer. Se o Espírito vai enfermar, ou não, isso dependerá,
naturalmente, do estilo de vida e da conduta moral que adotar enquanto
encarnado.
Conceito equivalente pode ser aplicado à gênese dos
transtornos “mentais”, pois o cérebro é um órgão como outro qualquer. Assim, se
no passado, o Espírito adquiriu débitos em virtude do mau uso de seus atributos
intelecto-morais, pode criar marcas cármicas em seu perispírito na região
correspondente ao cérebro. Ao reencarnar, trará consigo tendências a
desequilíbrios químicos em seus neurotransmissores cerebrais. Se esse
desequilíbrio neuroquímico se verificar, a Individualidade reencarnada poderá
vir a padecer de enfermidades ditas “mentais”, como a depressão, o transtorno
obsessivo-compulsivo, as fobias, a esquizofrenia etc. Tais doenças nada mais
são do que doenças do cérebro. Não se tratam de doenças da mente ou do
Espírito, embora sua causa seja espiritual. Se o transtorno dito “mental”
estivesse radicado no Espírito, não se verificariam respostas favoráveis aos psicofármacos
(medicamentos que agem reorganizando a química do cérebro). Essa é a prova de
que tais doenças estão, de fato, no cérebro, apesar da ciência atual ainda não
ter recursos para perscrutar as sutis alterações que ocorrem na intimidade das
células nervosas e em seus trilhões de conexões.
Ao examinar as origens da loucura, em O Livro dos Espíritos,
item 375-a, Kardec reproduz o pensamento dos Benfeitores espirituais: é sempre
o corpo, e não o Espírito que está desorganizado.
Entretanto, apesar das ditas doenças “mentais” serem, em
verdade, doenças cerebrais, isso não significa que tudo se reduz ao cérebro.
Pelo contrário, é o Espírito - com suas vibrações desarmônicas - que cria o
desequilíbrio no cérebro, por intermédio do perispírito. Desta maneira, o
Espírito não seria a sede das doenças ditas mentais, mas seria, sim, sua causa.
Importante ressaltar que, também na gênese das enfermidades
“mentais”, a conduta moral do Espírito reencarnado, suas escolhas e atitudes,
seu papel perante o outro e a vida têm indiscutível valor. Inserido, muitas
vezes, em situações conflituosas, como relacionamentos desprazerosos, carência
afetiva, problemas vocacionais, doenças incapacitantes, situações humilhantes
ou derrocada econômica, o Espírito que não se habilita à superação das provas
citadas coloca-se em situação psíquica desfavorável, que pode contribuir para o
desiderato infeliz da enfermidade “mental”.
Outras vezes, a situação cármica é tão grave que tais
doenças já se manifestam independentemente do concurso de fatores
ambientais.
Apresentamos abaixo um modelo que sintetiza nossas ideias:
Espírito com predisposições mórbidas específicas
Construção psíquica
de um estado de ânimo negativo
(revolta, aflição, ódio, medo, culpa, insatisfação etc.)
Desarmonização da química cerebral
(redução de
serotonina e noradrenalina, por ex. na depressão; aumento de dopamina, por
ex. na esquizofrenia.)
Manifestação da doença “mental”
(depressão, mania,
psicoses etc.)
Medicamentos e outras
medidas terapêuticas reorganizam a química do cérebro
Recuperação plena ou parcial do equilíbrio cerebral
Condição psíquica da entidade reencarnada define seu
prognóstico futuro
(1) Colaborou neste artigo: Carlos Alberto Mourão Júnior que,
tal como Ricardo Baesso de Oliveira, é médico radicado na cidade de Juiz de
Fora (MG).
Ricardo Baesso de Oliveira
Juiz de Fora, MG (Brasil)
Imagem ilustrativa
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