O entendimento dos transtornos “mentais” passa pela compreensão
do mecanismo de reparação dos desatinos pretéritos e atuais, através da lei de
causa e efeito.(1)
Ao retornar à dimensão física, a Individualidade
reencarnante traz, em seu perispírito, marcas cármicas constituídas por
vibrações desarmônicas, relacionadas a débitos e culpas, adquiridos em
vivências anteriores. Essas marcas energéticas, em virtude de sua natureza
cármica, irão plasmar, em seu corpo físico, regiões de fragilidade. Essas
regiões encontram-se mais suscetíveis ao desenvolvimento de enfermidades que,
em última análise, estarão relacionadas ao carma a que está vinculada a
Individualidade. Obviamente, o surgimento dessas enfermidades depende também da
conduta atual do Espírito domiciliado no plano físico.
Vejamos um exemplo: determinado Espírito comprometeu-se, em
existências passadas, com o abuso de bebidas alcoólicas e cometeu falhas morais
em virtude desse vício. Ele poderá reencarnar então com marcas nas áreas do
perispírito que são responsáveis pela vitalização do aparelho digestivo. Essas
marcas estarão criando uma predisposição ao aparecimento de enfermidades, como
a gastrite crônica ou disfunções hepáticas. Assim, o Espírito reencarna com
“pontos fracos” em seu perispírito, que determinam os órgãos que estarão mais
predispostos a adoecer. Se o Espírito vai enfermar, ou não, isso dependerá,
naturalmente, do estilo de vida e da conduta moral que adotar enquanto
encarnado.
Conceito equivalente pode ser aplicado à gênese dos
transtornos “mentais”, pois o cérebro é um órgão como outro qualquer. Assim, se
no passado, o Espírito adquiriu débitos em virtude do mau uso de seus atributos
intelecto-morais, pode criar marcas cármicas em seu perispírito na região
correspondente ao cérebro. Ao reencarnar, trará consigo tendências a
desequilíbrios químicos em seus neurotransmissores cerebrais. Se esse
desequilíbrio neuroquímico se verificar, a Individualidade reencarnada poderá
vir a padecer de enfermidades ditas “mentais”, como a depressão, o transtorno
obsessivo-compulsivo, as fobias, a esquizofrenia etc. Tais doenças nada mais
são do que doenças do cérebro. Não se tratam de doenças da mente ou do
Espírito, embora sua causa seja espiritual. Se o transtorno dito “mental”
estivesse radicado no Espírito, não se verificariam respostas favoráveis aos psicofármacos
(medicamentos que agem reorganizando a química do cérebro). Essa é a prova de
que tais doenças estão, de fato, no cérebro, apesar da ciência atual ainda não
ter recursos para perscrutar as sutis alterações que ocorrem na intimidade das
células nervosas e em seus trilhões de conexões.
Ao examinar as origens da loucura, em O Livro dos Espíritos,
item 375-a, Kardec reproduz o pensamento dos Benfeitores espirituais: é sempre
o corpo, e não o Espírito que está desorganizado.
Entretanto, apesar das ditas doenças “mentais” serem, em
verdade, doenças cerebrais, isso não significa que tudo se reduz ao cérebro.
Pelo contrário, é o Espírito - com suas vibrações desarmônicas - que cria o
desequilíbrio no cérebro, por intermédio do perispírito. Desta maneira, o
Espírito não seria a sede das doenças ditas mentais, mas seria, sim, sua causa.
Importante ressaltar que, também na gênese das enfermidades
“mentais”, a conduta moral do Espírito reencarnado, suas escolhas e atitudes,
seu papel perante o outro e a vida têm indiscutível valor. Inserido, muitas
vezes, em situações conflituosas, como relacionamentos desprazerosos, carência
afetiva, problemas vocacionais, doenças incapacitantes, situações humilhantes
ou derrocada econômica, o Espírito que não se habilita à superação das provas
citadas coloca-se em situação psíquica desfavorável, que pode contribuir para o
desiderato infeliz da enfermidade “mental”.
Outras vezes, a situação cármica é tão grave que tais
doenças já se manifestam independentemente do concurso de fatores
ambientais.
Apresentamos abaixo um modelo que sintetiza nossas ideias:
Espírito com predisposições mórbidas específicas
Construção psíquica
de um estado de ânimo negativo
(revolta, aflição, ódio, medo, culpa, insatisfação etc.)
Desarmonização da química cerebral
(redução de
serotonina e noradrenalina, por ex. na depressão; aumento de dopamina, por
ex. na esquizofrenia.)
Manifestação da doença “mental”
(depressão, mania,
psicoses etc.)
Medicamentos e outras
medidas terapêuticas reorganizam a química do cérebro
Recuperação plena ou parcial do equilíbrio cerebral
Condição psíquica da entidade reencarnada define seu
prognóstico futuro
(1) Colaborou neste artigo: Carlos Alberto Mourão Júnior que,
tal como Ricardo Baesso de Oliveira, é médico radicado na cidade de Juiz de
Fora (MG).
Ricardo Baesso de Oliveira
Juiz de Fora, MG (Brasil)
Imagem ilustrativa
Nenhum comentário:
Postar um comentário