terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Você é uma Boa Notícia em sua Família?


Allan Kardec ensinou que “Fora da caridade” não há salvação. Pois bem, entenda-se salvação aqui não no sentido literal, mas como uma maneira leve de se viver, que permite a paz de consciência e fé no futuro. Logo, aquele que pratica a caridade está salvo, portanto, com sua consciência em paz, podendo, aliás, dormir o “sono dos justos”.
Mas, o que seria caridade, já que ela estende-se ao infinito e vai desde doar uma cesta básica ao necessitado até um simples e terno sorriso dirigido ao amigo aflito. E, mais: a quem praticar esta caridade para sermos salvos?
Encontramos belo e farto material pertinente à caridade em O Evangelho segundo o Espiritismo. Basicamente são duas formas de caridade: material e moral. A caridade material é a mais simples de ser feita, porém, não menos valorosa. Um dinheiro que ofertamos ao pedinte, uma carona a quem necessita, um lanche oferecido ao faminto são maneiras de praticar a caridade material.
Já a caridade moral é um pouco mais complexa, porquanto mexe com pontos mais densos de nosso ser. Como calar em face da acusação impiedosa? Como deixar de comentar sobre as impertinências de alguns familiares nos famosos churrascos de família? Teríamos a generosidade necessária para orar por aqueles que nos prejudicaram?
Perceberam porque a caridade moral é a mais difícil de ser praticada?
Já respondemos, então, o que é caridade, esta abençoada capacidade que nos proporciona a paz de consciência.
Agora respondamos: a quem praticar esta caridade?
Qualquer um em sã consciência diria que esta resposta é “mamão com açúcar”. Claro, a caridade deve ser praticada a todos, sem distinção. E concordo. Contudo, convenhamos: muito mais simples praticar a caridade para aqueles que estão longe, distantes, porquanto desconhecemos suas limitações, falhas e dificuldades, logo, não colocamos tantos empecilhos.
Um pouco mais complicado praticar a caridade, principalmente a moral, para quem está perto, ou seja, ao próximo mais próximo, porque conhecemos sua história de vida, sabemos de suas imperfeições e impertinências.
Perdoar a palavra áspera do irmão, lavar a louça para a mãe, orar pelo marido que, segundo analisamos, não nos dá atenção necessária, constituem-se em interessante exercício de caridade e faz-nos trabalhar o orgulho e a vaidade que ainda estão em nós.
Eis que, praticar a caridade ao próximo mais próximo além de trabalhar a harmonia no seio familiar é oportunidade de melhor nos conhecermos, pois nossas reações em face das ações dos outros revelam muito de nós mesmos.
Veja quem tem ouvidos para falar…
Com o próximo distante temos um pouco mais de tolerância, como não estamos sempre juntos, somos gentis, educados, temos o verniz social.
Mas com nossos familiares, não raro, esquecemos da gentileza, da boa palavra, de compreender suas inconveniências. Esquecemos de calar, de emprestar nossos ouvidos e de sermos em suas vidas uma Boa Notícia, uma Boa Nova.
Vale analisarmos se somos uma Boa Nova para nossos familiares. Quando chegamos num evento de família, ou numa roda de conversa, o que será que dizem a nosso respeito?
– Puxa, lá vem o Wellington, esse cara é legal, bacana, sempre uma palavra amiga e confortadora.

Ou:

– Puxa, lá vem o Wellington, esse cara é um chato, está sempre desanimando os outros, só o tolero porque é meu irmão.

Será que somos uma Boa Nova ou uma Má Notícia?
Ser feliz em família, portanto, é um enorme desafio. Exercitar a caridade com nossos familiares é uma tarefa urgente, até porque pode ser que, por trás daquela rusga, daquele mal humor constante estejam nossas marcas do passado, nossa “colaboração” para a falência daqueles que hoje estão mais próximos a nós. Aliás, quem pode, com segurança, afirmar que fulano, sicrano ou beltrano foram ou não nossos afetos ou desafetos do passado?
Então, diante do esquecimento temporário vale optar pela educação no trato em família, pelo respeito aos que estão mais próximos, não deixando que a convivência estreita venha azedar a relação.
Sendo educados, cordatos, compreensivos, enfim, sendo caridosos com nossos familiares teremos maiores chances de eliminar mal entendidos do passado remoto ou não, e assim sermos felizes em família, porque, definitivamente, isto é possível.

Aliás:

Você é uma Boa Notícia em sua família?

Nota do Autor:
Extraído do livro Ser feliz em família, de Wellington Balbo e Pedro Camilo.

Wellington Balbo
Professor universitário, Bacharel em Administração de Empresas e licenciado em Matemática, Escritor e Palestrante Espírita com seis livros publicados: Lições da História Humana; Reflexões sobre o mundo contemporâneo; Espiritismo atual e educador; Memórias do Holocausto (participação especial); Arena de Conflitos (em parceria com Orson Peter Carrara); Quem semeia ventos... (em parceria com Arlindo Rodrigues).

Fonte:http://www.agendaespiritabrasil.com.br/2016/12/24/voce-e-uma-boa-noticia-em-sua-familia/

Imagem do livro

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Resoluções


1 – “Ano Novo, vida nova”, prega o velho aforismo. É possível, realmente, fazer da passagem do ano um divisor de águas, buscando uma vida nova?
Quando elegemos determinada data para o esforço de renovação, estamos debitando ao futuro algo que deve acontecer no presente. Se não queremos cair na vacuidade, é importante usar um aforismo bem mais consistente: Não deixe para amanhã o que pode fazer hoje.

2 – Digamos que o fumante se conscientize de que o cigarro lhe faz mal e se proponha a marcar data para largar de fumar. Não é interessante ter um tempo para preparar-se?
Se estivesse realmente consciente de que o cigarro lhe faz mal, pararia imediatamente, sem debitar ao futuro a iniciativa. Quando temos a ideia, mas não a consciência, frágil é o desejo de mudar. Mark Twain (1835-1910), grande escritor americano dizia, jocoso: Largar de fumar é a coisa mais fácil do mundo. Eu mesmo já larguei mais de cem vezes.

3 – Não obstante, não seria importante uma reflexão natalina, avaliando o ano que se finda e cogitando do que pretendemos fazer no novo ano? Isso não favoreceria mudanças?
Todo empenho nesse sentido é válido, mas seria melhor que fizesse parte de um contexto, no esforço permanente de renovação, como um corredor que avalia quanto já correu, enquanto segue em frente, buscando a meta a ser alcançada.

4 – Segundo Santo Agostinho, há um momento em que a alma humana atinge a percepção dos valores espirituais, o que lhe inspira a disposição legítima para a renovação. Chama esse acontecimento de “iluminação”. Ele próprio o experimentou. Poderíamos situar essa iluminação como uma graça divina?
Com semelhante ideia estaríamos admitindo que Deus tem seus preferidos, seus eleitos, o que não é compatível com a justiça. A iluminação, aquele momento decisivo, em que o Espírito tem a percepção dos caminhos que lhe compete seguir, é fruto de nosso amadurecimento como Espíritos imortais, no desdobramento das existências.

5 – Como situaríamos Francisco de Assis nesse contexto?
Ele já era um Espírito iluminado quando reencarnou com a gloriosa missão de motivar o movimento cristão para um retorno à primitiva pureza. Consta que teria sido um dos discípulos de Jesus, provavelmente João Evangelista.

6 – A iluminação decorre de amadurecimento do Espírito ou é algo que pode ser atingido com o nosso esforço? Não somos vegetais à espera do tempo para crescer, florescer e frutificar. Somos seres pensantes, cuja maturidade está subordinada a esse esforço. Espíritos há que permanecem séculos dominados por vícios e imperfeições. Outros caminham mais rapidamente. O fumante inveterado não é pior nem mais atrasado que aquele que deixou o vício. Apenas não se dispõe ao mesmo esforço. Depende de cada um.

7 – Como fazer para nos libertarmos de nossas limitações, do acomodamento, de forma a nos iluminarmos mais depressa?
Jesus dizia (João, 8:32): Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. No atual estágio evolutivo nos é impossível uma visão da verdade em plenitude. Mas podemos assimilar parcela dela. Nesse particular o Espiritismo é imbatível, oferecendo-nos uma ampla visão das realidades espirituais, de onde viemos, para onde vamos. Sobretudo, a Doutrina nos conscientiza de que é preciso caminhar, a fim de não sermos atropelados pela dinâmica da evolução, que impõe corretivos dolorosos aos que pretendem estagiar na inércia.

8 – Qual a resolução mais importante em relação à progressão anual no calendário, no chamado Ano Novo?
Essa resolução deve ser tomada desde já, o propósito de fazer do ano em que estamos, um ano aceitável do Senhor, segundo a expressão de Jesus (Lucas, 4:19), o glorioso tempo em que estejamos empenhados em aceitar em plenitude a orientação do Mestre em favor de nossa iluminação para a conquista da paz, o tempero da felicidade.

Richard Simonetti
Richard Simonetti é de Bauru, Estado de São Paulo. Nasceu em 10 de outubro de 1935. De família espírita, participa do movimento desde os verdes anos, integrado no Centro Espírita Amor e Caridade, que desenvolve largo trabalho no campo doutrinário e filantrópico. Orador e Escritor espírita, tem mais de cinquenta obras publicadas.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Na porta

O amigo Valdinei, de Santa Catarina, publicou em seu facebook um texto encontrado na porta de um consultório médico. Pela lógica apresentada, é muito oportuno trazer aos leitores. Valdinei é autor do notável livro Segredos do Tempo, empolgante romance publicado pelo IDE de Araras-SP. Agora que a humanidade ilumina-se pelo Natal, o texto é bem um belo convite de renovação dos sentimentos. 


Vejam:

Texto na porta de um consultório médico:

A enfermidade é um conflito entre a personalidade e a alma.
O resfriado escorre quando o corpo não chora.
A dor de garganta entope quando não é possível comunicar as aflições.
O estômago arde quando as raivas não conseguem sair.
O diabetes invade quando a solidão dói.
O corpo engorda quando a insatisfação aperta.
A dor de cabeça deprime quando as dúvidas aumentam.
O coração desiste quando o sentido da vida parece terminar.
A alergia aparece quando o perfeccionismo fica intolerável.
As unhas quebram quando as defesas ficam ameaçadas.
O peito aperta quando o orgulho escraviza.
A pressão sobe quando o medo aprisiona.
As neuroses paralisam quando a "criança interna" tiraniza.
A febre esquenta quando as defesas detonam as fronteiras da imunidade.
Os joelhos doem quando o orgulho não se dobra.
O câncer mata quando não se perdoa e/ou cansa de viver.
E as dores caladas? Como falam em nosso corpo?
A enfermidade não é má, ela avisa quando erramos a direção.
O caminho para a felicidade não é reto, existem curvas chamadas Equívocos.
Existem semáforos chamados Amigos.
Luzes de precaução chamadas Família.
Ajudará muito ter no caminho uma peça de reposição chamada Decisão.
Um potente motor chamado Amor.
Um bom seguro chamado FÉ.
Abundante combustível chamado Paciência.Mas há um maravilhoso Condutor e solucionador chamado DEUS!!!

Orson Peter Carrara 

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Estudando a série de André Luiz


Conduta Espírita / André Luiz / (Parte 20)

Damos prosseguimento ao estudo sequencial do livro Conduta Espírita, obra de autoria de André Luiz, psicografada pelo médium Waldo Vieira e publicada em 1960 pela Federação Espírita Brasileira.
Questões preliminares 

A. Para termos um sono tranquilo, qual a recomendação de André Luiz?

Devemos prepará-lo por meio da consciência pacificada nas boas obras, acendendo a luz da oração, antes de nos entregarmos ao repouso normal. A inércia do corpo – lembra-nos André Luiz – não é calma para o Espírito aprisionado à tensão. (Conduta Espírita, cap. 30.)

B. A respeito dos sonhos, que atitude tomar?

É preciso encará-los com naturalidade, sem nos preocuparmos aflitivamente com quaisquer fatos ou ideias que se reportem a eles. Há mais sonhos em vigília que no sono natural. Existem naturalmente diversos tipos de sonhos, mas a grande maioria deles se originam de reflexos psicológicos ou de transformações relativas ao próprio campo orgânico. (Conduta Espírita, cap. 30.)

C. Chamados a depor nos tribunais humanos, como devemos pautar-nos?

Em harmonia com os princípios evangélicos, compreendendo, porém, que os irmãos incursos em teor elevado de delinquência necessitam, muitas vezes, de justa segregação para tratamento moral, do mesmo modo que os enfermos graves requisitam hospitalização para o devido tratamento. Diante das Leis Divinas, somos juízes de nós mesmos. (Conduta Espírita, cap. 31.)

Texto para leitura

257. Perante os sonhos – Encarar com naturalidade os sonhos que possam surgir durante o descanso físico, sem preocupar-se aflitivamente com quaisquer fatos ou ideias que se reportem a eles. Há mais sonhos em vigília que no sono natural. (Conduta Espírita, cap. 30.)
258. Extrair sempre os objetivos edificantes desse ou daquele painel entrevisto em sonho. Em tudo há sempre uma lição. (Conduta Espírita, cap. 30.)
259. Repudiar as interpretações supersticiosas que pretendam correlacionar os sonhos com jogos de azar e acontecimentos mundanos, gastando preciosos recursos e oportunidades da existência em preocupação viciosa e fútil. Objetivos elevados, tempo aproveitado. (Conduta Espírita, cap. 30.)
260. Acautelar-se quanto às comunicações inter vivos, no sonho vulgar, pois, conquanto o fenômeno seja real, a sua autenticidade é bastante rara. O Espírito encarnado é tanto mais livre no corpo denso, quanto mais escravo se mostre aos deveres que a vida lhe preceitua. (Conduta Espírita, cap. 30.)
261. Não se prender demasiadamente aos sonhos de que recorde ou às narrativas oníricas de que se faça ouvinte, para não descer ao terreno baldio da extravagância. A lógica e o bom senso devem presidir a todo raciocínio. (Conduta Espírita, cap. 30.)
262. Preparar um sono tranquilo pela consciência pacificada nas boas obras, acendendo a luz da oração, antes de entregar-se ao repouso normal. A inércia do corpo não é calma para o Espírito aprisionado à tensão. (Conduta Espírita, cap. 30.)
263. Admitir os diversos tipos de sonhos, sabendo, porém, que a grande maioria deles se originam de reflexos psicológicos ou de transformações relativas ao próprio campo orgânico. O Espírito encarnado e o corpo que o serve respiram em regime de reciprocidade no reino das vibrações. (Conduta Espírita, cap. 30.)
264. Paulo recomendou a Timóteo: “E rejeita as questões loucas...” (II Timóteo, 2:23.)

265. Perante a pátria – Ser útil e reconhecido à Nação que o afaga por filho, cumprindo rigorosamente os deveres que lhe tocam na vida de cidadão. Somos devedores insolventes do berço que nos acolhe. (Conduta Espírita, cap. 31.)
266. No desdobramento das tarefas doutrinárias, e salvaguardando os patrimônios morais da Doutrina, somente recorrer aos tribunais humanos em casos prementes e especialíssimos. Prestigiando embora a justiça do mundo, não podemos esquecer a incorruptibilidade da Justiça Divina. (Conduta Espírita, cap. 31.)
267. Situar sempre os privilégios individuais aquém das reivindicações coletivas, em todos os setores. Ergue-se a felicidade imperecível de todos, do pedestal da renúncia de cada um. (Conduta Espírita, cap. 31.)
268. Cooperar com os poderes constituídos e as organizações oficiais, empenhando-se desinteressadamente na melhoria das condições da máquina governamental, no âmbito dos próprios recursos. Um ato simples de ajuda pessoal fala mais alto que toda crítica. (Conduta Espírita, cap. 31.)
269. Quando chamado a depor nos tribunais terrestres de julgamento, pautar-se em harmonia com os princípios evangélicos, compreendendo, porém, que os irmãos incursos em teor elevado de delinquência necessitam, muitas vezes, de justa segregação para tratamento moral, quanto os enfermos graves requisitam hospitalização para o devido tratamento. Diante das Leis Divinas, somos juízes de nós mesmos. (Conduta Espírita, cap. 31.)
270. Nunca adiar o cumprimento de obrigações para com o Estado, referendando os elevados princípios que ele esposa, buscando a quitação com o serviço militar, mesmo quando chamado a integrar as forças ativas da guerra. Os percalços da vida surgem para cada Espírito segundo as exigências dos próprios débitos. (Conduta Espírita, cap. 31.)
271. Expressar o patriotismo, acima de tudo, em serviço desinteressado e constante ao povo e ao solo em que nasceu. A Pátria é o ar e o pão, o templo e a escola, o lar e o seio de Mãe. (Conduta Espírita, cap. 31.)
272. Substancializar a contribuição pessoal ao Estado, através da execução rigorosa das obrigações que lhe cabem na esfera comum. O genuíno amor à Pátria, longe de ser demagogia, é serviço proveitoso e incessante. (Conduta Espírita, cap. 31.)
273. Fechando o cap. 31, André Luiz reproduziu a conhecida advertência feita por Jesus: “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.” (Lucas, 20:25.) (Continua no próximo número.)

Marcelo Borela de Oliveira
marceloborela2@gmail.com
Londrina, PR (Brasil)