segunda-feira, 15 de março de 2010

A PEDRA E O JOIO


Livro de:
J. HERCULANO PIRES



A PEDRA 

O símbolo da pedra de toque é usado neste livro para representar a Codificação do Espiritismo. Qualquer novidade que apareça no meio doutrinário pode revelar a sua legitimidade ou a sua falsidade num simples toque dos seus princípios com os da doutrina codificada. Na crítica aprofundada que faz da Teoria Corpuscular do Espírito oferece um modelo seguro de análise a que devem ser submetidas todas as inovações propostas. De posse desse modelo os estudiosos terão um roteiro eficiente para sua orientação no uso do bom senso e da razão crítica. 
A palavra crítica é aqui usada no sentido clássico de avaliação de uma obra ou de uma teoria, e não no sentido popular de censura ou maledicência. A crítica como avaliação é indispensável ao desenvolvimento da cultura, ao aprimoramento da inteligência. Sem a justa apreciação de livros e doutrinas estamos sujeitos a enganos que nos levarão a situações desastrosas. Há doutrinas apresentadas com roupagem literária e científica enganadora. Precisamos despi-las para chegar à verdade que, segundo a tradição, só pode ser conhecida em sua nudez. 

O JOIO 

O joio é uma excelente de gramínea que nasce no meio do trigo, prejudicando a seara. No Evangelho ele aparece como símbolo de doutrinas errôneas. O autor utilizou dessa imagem para caracterizar as pretensas renovações doutrinárias que surgem no meio espírita. Passa em revista as que mais se destacam no momento, advertindo o leitor contra os perigos que apresentam, e aprofunda a sua crítica, de maneira minuciosa e severa, ao tratar da que lhe parece mais representativa. 
Seu objetivo é mostrar a necessidade de encarar-se o Espiritismo como uma doutrina apoiada em métodos seguros de pesquisa e interpretação da realidade, que não pode ser tratada com leviandade. 
Oferece ao leitor uma exposição do método de Kardec, até hoje praticamente não analisado, e chama a atenção dos estudiosos para a importância de conhecerem esse método, a fim de não se deixarem enganar pelo joio e poderem examinar de maneira eficaz as novidades que surgem no meio doutrinário. 
Um pequeno livro de grande o profundo conteúdo, indispensável a todos os que desejam evitar confusões no estudo da doutrina. 

 Disponibilizo todo o livro para download:   A Pedra e o Joio

quinta-feira, 11 de março de 2010

Riquezas


“Não queirais entesourar para vós tesouros na Terra, onde a ferrugem e a traça os consomem e onde os ladrões os desenterram e roubam.”      ( Matheus 6:19 ) 



Os bens materiais são necessários à sobrevivência na Terra e atendem ao bem estar de nossa família. Não são condenados por Deus, como alguns querem interpretar as palavras de Jesus. 
As riquezas, quando administradas com sabedoria, impulsionam o progresso material, gerando novas fontes de trabalho, proporcionando melhores condições de vida para as criaturas. São também um fator de progresso intelectual e de crescimento espiritual se direcionadas para o desenvolvimento das ciências, das letras e das artes e, se ensejarem aos seus depositários o exercício do bem e da solidariedade em proveito da Humanidade. 
Buscando a essência do ensinamento, entendemos que Jesus desautoriza o acúmulo de riquezas em benefício próprio, fazendo delas a razão da existência. 
Escravizados à fortuna, estaremos obstruindo os canais da benevolência com a ferrugem do egoísmo, seremos corroídos pela traça da indiferença para com o nosso próximo, sofreremos o ataque de pessoas más e invejosas que intentam roubar-nos, assediadas por Espíritos malsãos, que se comprazern com o nosso desassossego. 
Jesus aprofundou-se em suas considerações ao declarar que onde está o tesouro, aí também está o coração de quem a ele se apega. Advertiu-nos, outrossim, quanto à necessidade de ajuntarmos bens espirituais no céu, onde a traça e a ferrugem não os consomem e aonde os ladrões não têm acesso. 
O Espiritismo adota a simplicidade e a humildade dos primeiros cristãos como apanágio de sua Doutrina; ensina-nos a multiplicar os "talentos" do Senhor, exaltando o amor e exercendo a caridade, nos moldes preconizados pelo apóstolo Paulo; aponta-nos o roteiro de luz indicado pelo Mestre, que é a renúncia às posses transitórias e aos títulos honoríficos. 
Abençoada é a Doutrina dos Espíritos, que faz reviver o puro cristianismo pregado e exemplificado por Jesus. 


Felindo Elízio Duarte Campelo

Matéria Extraída do Jornal da Federação Espírita do Estado de SP  -    ( FEESP )  -  Fevereiro 2010 - Imagem ilustrativa

quarta-feira, 10 de março de 2010

VIDA BOA



Um homem, numa tarde calorenta, lavrava a terra, para plantar batatas. Em dado momento, cansado, suarento, limpou o suor da fronte com as costas da mão e começou a lamentar consigo mesmo: - Que vida dura esta! Batalhando aqui o dia todo, suportando o sol e a chuva, para auferir parcas rendas! E quando o produto, tão trabalhosamente obtido, chega à banca dos feirantes, as donas-de-casa escolhem exigentemente cada fruto, desprezando os menos atraentes, sem fazer idéia do quanto custou produzi-los... 
E, desolado, arrematou: há, até, um dizer, quando se quer livrar de uma pessoa aborrecida - "Ah, vá plantar batatas!" Eu nem a isso posso ser mandado, porque já estou plantando... 
Nisso, distendeu a vista pelo asfalto próximo e viu um ônibus deslizando suavemente na pista; comentou com os seus botões: - Vida boa é a de motorista de ônibus: trabalha sentado, à sombra, viajando, vendo paisagens!... 
O que ele não sabia é que, naquele exato instante, o motorista do ônibus ia conjecturando, tristemente: - Que vida sacrificada! Há quantos anos vivo de lá pra cá, de cá pra lá, sem parada, suportando a rigidez das escalas e a chatice de passageiros problemáticos; passo a vida praticamente fora de casa, sem poder acompanhar o crescimento dos filhos e desfrutar o conforto doméstico. Além de tudo, corro permanente risco de vida e de ser despedido se ocorrer algum acidente!... 
Olhou distraidamente pela janela do veículo e viu um automóvel de passeio que o ultrapassava com facilidade. -Vida boa é a desse empresário que vai ali, naquele carrão, balbuciou, acrescentando: despreocupado, dono do seu tempo, sem ter que dar satisfação a ninguém, com dinheiro suficiente para ter o que deseja e ir aonde quer!... 
Não imaginava, porém, que, naquele justo momento, o homem de negócios ia matutando amargamente, em seu automóvel: - Não agüento mais esta vida! Trabalho 14 horas por dia, corro sem parar da matriz para a filial, da filial para casa, administro interesses da empresa, dos empregados, da família; todos vêm a mim só para buscar  e exigir alguma coisa e ainda sou tido como ambicioso e folgado! A esposa reclama da ausência, os filhos acham que o dinheiro caí do céu... as flutuações de mercado, as pressões do fisco, os juros altos dos financiamentos!... 
Olhou para o alto, através do pára-brisa, e viu um avião a jato singrando os céus, deixando aquele rastilho de fumaça e ponderou de si para consigo: - Vida boa é a do piloto desse jato que aili vai! Voando lá no silêncio das alturas, distante das agruras terrenas, desfrutando o status de uma profissão respeitável, com o salário garantido ao fim do mês, sem ter que se preocupar com os problemas da empresa a que serve, atendido gentilmente em cada aeroporto!... 
Mas o de que ele não fazia idéia é que, nessa mesma hora, o piloto do jato, lá em cima, em sua cabina, divagava, meditativo: - Até quando suportarei esta vida? - Voando sempre de um lado para outro, em meio a esta parafernália de instrumentos, transportando esses turistas e empresários metidos a bobos, sujeito a horários e normas rígidas, tendo que confiar em mecânicos nem sempre atentos, sem liberdade para dispor do tempo desejável em cada cidade! 
Dirigiu o olhar casualmente para baixo e viu um homenzinho lá no chão, arando a terra para plantar batatas e afirmou, convicto: -Quer saber de uma coisa? Vida boa mesmo é a daquele lavrador que ali está: não tem que se preocupar com essas máquinas e planos de vôo complexos, vive no chão firme, em sua vidinha simples, realizando o mais legítimo trabalho do homem, o de lavrar a terra para extrair dela o alimento!... 
Aí o círculo se fechou. É... vida boa, é uma questão de perspectiva.

Lauro F. Carvalho
(Inspirado em relato ouvido de um pregador)

Matéria extraída do Jornal da Federação Espírita do Estado de SP       - ( FEESP ) - Fevereiro de 2010 - Imagem ilustrativa

terça-feira, 9 de março de 2010

Felicidade sem Culpa


Livro de:

Adenáuer Novaes
 Fundação Lar e Harmonia



A maioria das pessoas se sente infeliz ou adia sua felicidade por causa da internalização de um poderoso mecanismo, seja social, moral ou religioso, introdutor de culpa. O ser humano se estrutura dentro da sociedade sem a devida reflexão sobre os valores que assimila. Nem sempre percebe que, aqueles recebidos em suas origens devem, na adultez, merecer reflexão e conseqüente libertação dos que não mais condizem com sua maturidade. Nem sempre as pessoas conseguem se libertar da pressão exercida pela sociedade da qual fazem parte. Essa pressão não é apenas exercida através de normas e leis, mas principalmente a partir daquilo que não é dito e nem é explicitado. As leis da convivência entre as pessoas, as quais nem sempre fazem parte de algum código escrito, promovem sanções que psicologicamente impõem culpa e necessidade de alívio psíquico. Nesse contexto somam-se os preceitos extraídos das interpretações humanas aos códigos das religiões, muitas vezes usados como mecanismos repressores, para limitar ainda mais as possibilidades do ser humano de entender sua própria vida e alcançar a felicidade. 
O grande gerador da infelicidade é a culpa que nos permite, quando instalada, esperar algum tipo de punição para alívio daquilo que consideramos uma transgressão. Vivemos sempre à espera de que essa punição ocorra, gerando ansiedade e adiando nossa felicidade. 
É claro que tudo isso ocorre também como um mecanismo que possibilita a percepção da própria liberdade individual. Há pessoas que necessitam de limites para melhor administrar sua liberdade, porém essa regra é utilizada de forma excessiva e castradora, em face do medo que tem o ser humano de perder o controle sobre si mesmo. 
O propósito de todo ser humano é alcançar a felicidade possível sem perder a noção da responsabilidade individual pelos próprios atos. Ser feliz só é possível através da liberdade com responsabilidade. Quem não for capaz de assumir as conseqüências de seus atos, não conseguirá viver com a consciência em paz e em harmonia. 
Religiões e filosofias foram – e ainda o são – utilizadas como mecanismos de dominação coletiva sob o argumento de que o passado da humanidade demonstra sua necessidade de impor limites. É necessário que se perceba o espírito como ser presente que, embora assentado sobre seu passado, está sempre olhando para o futuro. Sem esquecer o passado é preciso viver o presente com o olhar no futuro. As religiões valorizam mais o passado que o futuro do ser humano, impondo-lhe que carregue sempre alguma culpa. 
As religiões, como são praticadas, servem para determinadas classes de crentes. Para outras elas necessitam de interpretações e compreensões mais avançadas sob pena de se extinguirem. Elas devem ser entendidas de formas distintas e de acordo com o nível de evolução do espírito. 
Na maioria delas, o conceito de felicidade passa pela culpa e pela negação à vida na matéria. Entender que ela, a felicidade, só poderá ocorrer alhures, pós-morte, é negar o sentido da existência, conseqüentemente o presente. 
Não entregue sua felicidade à crítica das religiões, das filosofias, dos outros ou dos equívocos que cometeu. A religião, por natureza, deve facilitar o processo de crescimento do ser humano. Tome a sua como auxiliar de seu equilíbrio psicológico e espiritual. Não coloque sua felicidade à mercê das contingências acidentais de sua vida ou mesmo de uma fase de turbulência por que você esteja passando. Lembre-se de que viver não é ato isolado de um ser humano. É um contexto, uma conexão e um sentido. Na união dessas realidades junta-se o Espírito que é você. Assuma o comando de sua vida e a coloque a serviço do propósito de ser feliz. Siga aquele ditado que diz ‘viva e deixe os outros viverem’.
Ninguém no mundo está irremediavelmente condenado a sofrer ou a penar eternamente, seja na vida ou na morte. As teorias que levaram o ser humano a se achar perdido ou condenado a sofrer pelos atos o distanciaram de sua própria felicidade. O ser humano está ‘condenado’ a ser feliz e essa conquista é feita individual e coletivamente. Ele foi presenteado por Deus que lhe deu a Vida. 
Convido o leitor a despojar-se de conceitos, pelo menos durante a leitura deste livro, para penetrar no próprio coração e pensar na felicidade como um estado de espírito possível. Lembre-se de que coração e razão são faces de uma mesma moeda, que representa o ser humano. Tentar separá-las é tolice infantil. Neste livro o propósito é permitir a compreensão do significado maior de ser feliz, de uma maneira mais livre e menos culposa. 
Comece a ler este livro pensando em deixar de lado suas culpas e seus medos, a fim de que possa adquirir instrumentos que possibilitem alcançar a paz que deseja. Faça dele um instrumento de libertação e de aquisição de novos valores. 
Retire o véu que encobre sua visão de si mesmo, dispa-se da roupa que o mundo lhe ajudou a tecer e vista-se com o manto da simplicidade e da pureza de coração, a fim de captar o significado mais profundo e os sentimentos que coloco no que escrevo para que você se encontre com sua essência. Lembre-se de que não há nada no mundo que valha mais do que sua paz interior. E que ela, para ser real, deve manifestar-se no mundo em sua prática diária e em sua vida de relações com os outros. A felicidade real e a paz verdadeira são vividas no mundo. 
Reúna seus mais íntimos propósitos, junte suas maiores intenções, fortaleça-se com as melhores energias e entre em contato com o Deus que habita em você, para encontrar sua plena felicidade. Não se esqueça de reparti-la por onde passar e com quem estiver, pois isso é garantia de perpetuidade.

Disponibilizo todo o livro para download: Felicidade sem Culpa

quinta-feira, 4 de março de 2010

Fatalidade, determinismo e livre-arbítrio


Somente as grandes dores e os fatos capazes de influir na nossa evolução moral são previstos por Deus


Um dos atributos de Deus, enumerados por Allan Kardec no capítulo III de O Livro dos Espíritos, é que Ele é soberanamente justo e bom; que a sabedoria providencial das leis divinas se revela nas menores como nas maiores coisas; e que esta sabedoria não nos permite duvidar nem da justiça nem da bondade de Deus. Logo, "aquilo que é infinitamente sábio, justo e bom, não pode produzir nada que seja desrazoável, mau e injusto", explica o Codificador, no capítulo III - O bem e o mal - do livro A Gênese
Se o homem agisse rigorosamente de conformidade com as leis divinas, evitaria os males mais amargos e viveria feliz sobre a Terra. Se ele assim não age, é em virtude de seu livre-arbítrio. 
É comum ouvirmos as pessoas dizerem: "foi uma fatalidade." 
Será? 
Em resposta a Kardec, na questão 853 de O Livro dos Espíritos, anotamos que "fatal, no verdadeiro sentido da palavra, só o instante da morte. Chegado esse momento, de uma forma ou de outra, a ele não podeis furtar-vos”. 
A fatalidade, informam os Espíritos na resposta à questão 851, "não existe senão para a escolha feita pelo Espírito, ao encarnar-se, de sofrer esta ou aquela prova; ao escolhê-la, ele traça para si mesmo uma espécie de destino, que é a própria conseqüência da posição em que se encontra. Falo das provas de natureza física, porque, no tocante às provas morais e às tentações, o Espírito, conservando o seu livre-arbítrio sobre o bem e o mal, é sempre senhor de ceder ou resistir. Um bom Espírito, ao vê-lo fraquejar, pode correr em seu auxílio, mas não pode influir sobre ele a ponto de subjugar-lhe a vontade. Um Espírito mau, ou seja, inferior, ao lhe mostrar ou exagerar um perigo físico pode abalá-lo e assustá-lo, mas a vontade do Espírito encarnado não fica por isso menos livre de qualquer entrave." 
Neste ponto, Allan Kardec, arguto como era, pergunta (questão 853-a): “Assim, qualquer que seja o perigo que nos ameace, não morreremos se há nossa hora não chegou”? 
A resposta: 
"- Não, não morrerás, e tens disso milhares de exemplos. Mas quando chegar a hora de partir, nada te livrará. Deus sabe com antecedência o gênero de morte por que partirás daqui, e freqüentemente teu Espírito também o sabe, pois isso lhe foi revelado quando fez a escolha desta ou daquela existência." 
Há fatos que devem ocorrer forçosamente e que a vontade do Espírito não pode evitar? É a pergunta de Allan Kardec (questão 859-a). Resposta: "- Sim, mas que tu, quando no estado de Espírito, viste e pressentiste, ao fazer a tua escolha. Não acredites, porém, que tudo o que acontece esteja escrito, como se diz. Um acontecimento é quase sempre a conseqüência de uma coisa que fizeste por um ato de tua livre vontade, de tal maneira que, se não tivesses praticado aquele ato, o acontecimento não verificaria. Se queimas o dedo, isso é apenas a conseqüência de tua imprudência da condição da matéria. Somente as grandes dores, os acontecimentos importantes e capazes de influir na tua evolução moral são previstos por Deus, porque são úteis à tua purificação e à tua instrução."

Altamirando Carneiro
Matéria extraída do Jornal Espírita ( FEESP ), fevereiro 2010, imagem ilustrativa.