sexta-feira, 30 de abril de 2010

Estupro e Aborto na visão Espírita


Em diversas oportunidades, quando fizemos palestra sobre reencarnação e aborto, fomos questionados posteriormente sobre a dolorosa e delicada circunstância do estupro. Principalmente, ao se propiciar perguntas nos serem dirigidas por escrito viabilizava-se este questionamento.
Embora o tema seja potencialmente polêmico e desagradável, não há como ignorá-lo no contexto de nossa situação planetária.
A grande discussão que se levanta é a legitimidade, ou não, do aborto, quando a gravidez é conseqüente a um ato de violência física. Mais uma vez, nos posicionamos em relação ao aspecto legal da questão nos abstendo de maiores comentários no campo jurídico pois leis e constituições os povos já tiveram inúmeras e tantas outras terão. Nossa abordagem será pelo ângulo transcendental e reencarnacionista considerando que são três (3) espíritos, no mínimo, envolvidos na tragédia em questão.
Igualmente, quanto ao aspecto da ética médica, a qual estamos submetidos por força da profissão que nesta reencarnação exercemos, lembramos ser esta ética diferente em cada país do planeta. Numa escala de zero a 10, teremos todas as notas, conforme a nação e o continente que nos reportarmos.
Inicialmente, cumpre-nos esclarecer que o livre arbítrio é o maior patrimônio que nós, espíritos humanos, temos alcançado ao atingirmos a faixa evolutiva pensante. Livre arbítrio que não legitima atitudes, mas oportuniza às criaturas decidir e se responsabilizar pelas conseqüências de seus atos posteriores.
Outra premissa que deveremos estabelecer é aquela da maior ou menor repercussão dos atos perante a Lei Universal, em função do nível de esclarecimento que possuímos. Importante também salientar que não há atos perversos que tenham sido planejados pela espiritualidade superior. Seria de uma miopia intelectual sem limites, a idéia de que alguém deve reencarnar a fim de ser estuprado.
A concepção do Deus punitivo e vingativo já não cabe mais no dicionário dos esclarecidos sobre a vida espiritual. Deus é a fonte inesgotável de amor.
É a Lei maior que a tudo preside, uma lei de amor que coordena as leis da natureza.
Como conceber a violência física? como enquadrar a onipresença divina em situações e sofrimentos que observamos? Deus estaria ausente nestas circunstâncias? Ou estaria presente? Para muitos indivíduos se estivesse presente já seria motivo para não crer na sua existência ou na sua infinita bondade e onisciência. Outra questão importante: Quem é a "vítima"? Cada um de nós ao reencarnar trouxe todo o seu passado impresso indelevelmente em si mesmo, são os núcleos energéticos que trazemos em nosso inconsciente construídos no passado.
Espíritos que somos e pelas inúmeras viagens que percorremos, representadas pelas inúmeras vidas, possuímos no nosso "passaporte" inúmeros "carimbos" das pousadas onde estagiamos em vidas anteriores. Hoje, a somatória destas experiências se traduzem em manancial energético que irradia constantemente do nosso interior para a superfície desta vida. Assim, é também a "vítima". A jovem que hoje se apresenta de forma diferente, traz em seu passado profunda marcas de atitudes prejudiciais a irmãos seus. Atitudes de desequilíbrio que são gravadas em si mesma. Algumas delas participaram intelectualmente de verdadeiras emboscadas visando atingir de maneira dolorosa a intimidade sexual de criaturas; outras foram executoras diretas, pela autoridade que eram investidas, de crimes nesta área. enfim, são múltiplas as situações geradoras da desarmonia energética que agora pulsa constantemente nos arquivos vibratórios da nossa personagem neste drama.
Pela Lei Universal, a sintonia de vibrações, poderá ocorrer em um dado momento dependendo da facilitação criada por atitudes mentais da personagem apresentou como surpresa desagradável para a agredida. 
Como orientar a vítima? Identificados dois dos protagonistas (mãe e filho) falemos acerca da entidade reencarnante Em certas ocasiões, o ser que mergulha na carne nesta dolorosa circunstância é alguém que vibra na mesma faixa de desequilíbrio. Um espírito que pelo ódio se imantava magneticamente à aura da jovem como que pedindo-lhe contas pelos sofrimentos causados por ela, se vê preso às malhas energéticas do organismo biológico que se forma. O processo obsessivo que vinha se desenvolvendo já o fixara perifericamente à trama perispiritual materna e agora passa a aderir definitivamente naquele organismo feminino.
Apesar do momento cruel, a Lei maior pode aproveitar para retirar o perseguidor desta situação adormecendo-o. Acordará, talvez, embalado pelos braços de sua antiga algoz que aprenderá a perdoar e até amar em função do sábio esquecimento do passado. Lembramos, novamente, não foi em hipótese alguma programado o estupro, nem ele em qualquer circunstância teria justificativa. No entanto o crime existindo, a espiritualidade sempre fará o máximo para do "mal" poder resultar algum bem.
Mas, muitas vezes, a gestante pressionada pelos vínculos familiares opta por interromper a gravidez indesejada.
Somos contrários a teatralidade daqueles que exibem recursos chocantes de fragmentos ensangüentados de bebês em formação, jogados nos baldes frio da indiferença humana. A falta de argumento e conhecimento espírita do processo que se desencadeia, é que faz lançar mão destes métodos agressivos de exposição.
A visão espiritual da situação dispensa estes recursos dos quais podem se servir outras correntes religiosas que desconhecem a preexistência da alma o mecanismo da reencarnação, etc.
O espírito submetido à violência do aborto sofre intensamente no processo, conforme o seu grau de maturidade espiritual. Perante a Lei divina sabemos que o espírito reencarnado não deve receber a agressão arbitrária em face da violência cometida por outro. Violência que gera violência, um ciclo triste que necessita ser rompido com um ato de amor a um entezinho que muitas vezes aspira por uma oportunidade de evolução em nova vida.
O aborto provocado gera muitas vezes profundos traumas em todos os envolvidos exacerbando a dolorosa situação cármica da constelação familiar. Ninguém é mãe ou filho de outrem por casualidade. Há, sempre, um mecanismo sábio da lei que visa corrigir ou atenuar sofrimentos.
Há, também, espíritos afins e benfeitores que, visando amparar a futura mãe, optam pelo reencarne na situação surgida. A vítima do estupro, poderá ter ao seu lado toda luz de alguém que poderá vir a ser o seu arrimo e consolo na velhice. Irmãos cheios de ternura em seu coração, com projetos de dedicação e amparo, aproveitam o momento criado pelo crime para auxiliar, diretamente, na vida material, dando todo seu trabalho afetivo para aquela que amam. Renascem como seu filho.
A eliminação da gravidez, através do aborto provocado, nestes casos, irá anular este laborioso auxílio que o espírito protetor lamentará ter perdido.
Pelo exposto, a interrupção da gestação mesmo decorrente de violência, é sempre uma atitude arbitrária que só ampliará o sofrimento dos familiares.
Se a jovem for emocionalmente incapaz de atender os requisitos da maternidade, a adoção, preferencialmente por pessoas de vínculos próximos, deverá ser o remédio por nós indicado. Se não houver possibilidades psiquicamente aceitáveis de recepção por parte de familiares, encaminhe-se os trâmites da adoção para quem receberá aquela criatura com o amor necessário ao seu processo redentor e educativo. 
O tempo se encarregará de cicatrizar os ferimentos da alma.

Dr. Ricardo Di Bernardi
Presidente da AME SC 

Matéria Extraída do Site: Panorama Espírita

Imagem ilustrativa  

Psicologia do Evangelho


Livro de:
Adenauer Novaes 

Interpretar a mensagem contida no Evangelho é tarefa destinada aos estudiosos e eruditos gabaritados, que vêm a esse mister dedicando-se anos a fio e que, certamente, dispõem de conhecimentos intelectuais profundos. Não é tarefa para qualquer um ou para amadores. A maioria daqueles estudiosos é conhecedora de línguas antigas, dispondo de livros raros e preciosos que os capacitam a melhor entender o conteúdo dos escritos deixados pelos primeiros cristãos. Não possuindo esses e outros requisitos, não me arrisco a  dizer-me intérprete, mas apenas um apreciador das entrelinhas do Evangelho.
Quando pensei em escrever sobre assuntos em torno do Evangelho, isto é, sobre o contido nas entrelinhas das parábolas, logo vi que não teria a competência necessária para interpretar a Boa Nova, haja vista a necessidade de conhecer a cultura judaica antiga. Decidi então, ao invés de interpretar, colocar meus sentimentos sobre a mensagem, de acordo com uma percepção pessoal, sem a pretensão de me contrapor às interpretações clássicas, sabidamente enriquecedoras e coerentes, nem tampouco acrescentar algo novo. Trata-se de uma exposição de meus sentimentos sobre o que hoje as parábolas me despertam, dirigidas ao meu mundo interior, isto é, o sentido interior que elas têm quando internalizadas. Não busquei fazer comparações com a psicologia clássica, nem extrapolar a percepção direta da mensagem em mim mesmo. Sem a pretensão de dar novo sentido à mensagem contida nos livros que abordam o tema, decidi por trazer uma visão aplicável ao mundo interior, subjetiva, psicológica e, portanto, segundo pressupostos teóricos não só pessoais como sistêmicos, buscados nas psicologias que tratam do inconsciente, principalmente nos conceitos da psicologia analítica de C. G. Jung (1875-1961) e nas ponderações de Allan Kardec (1804-1869), em O Evangelho Segundo o Espiritismo. As citações bíblicas não foram extraídas das existentes neste último livro em função de considerar que os equívocos de tradução ou de editores, porventura existentes na que escolhi, não ferem substancialmente a mensagem.
A partir de minha prática clínica, da interação com os diversos tipos humanos e das escolas teóricas que admitem uma psicologia do inconsciente, busquei observar nas entrelinhas do Evangelho, uma mensagem dirigida ao mundo interior do ser humano, ou seja, uma possibilidade de sua aplicabilidade ao indivíduo consigo mesmo. Ele, com seu diálogo interno, com seu guia espiritual, com seu mentor, com seu arquétipo do velho sábio, com seu Self¹, com seu Eu Superior, com sua alma eterna, ou com qualquer que seja o nome que atribua à parte mais profunda de sua personalidade. Seria o diálogo da vida consciente com a inconsciente, do coletivo com a singularidade, do ego² com o Espírito.

1 Self, centro ordenador da vida psíquica. Função psíquica inconsciente do Espírito, que o representa.
2 Ego, entendido como uma outra função psíquica do Espírito, é o centro da consciência, que, às vezes e por circunstâncias especiais, goza de certa autonomia.

Pode ser óbvio dizer isto, e realmente o é, porém temos visto que a mensagem é geralmente interpretada e divulgada para o ser humano enquanto ser social, isto é, na sua atuação externa no mundo. As interpretações geralmente buscam equilibrar o ser humano com as forças externas, sociais, nas suas relações com o mundo. Parece ser mais importante que ele esteja bem com o mundo externo. Por causa disso ele se obriga a agir educadamente, a ser cortês, a ser polido, a se ajustar socialmente enquanto interagindo com o coletivo. Muitas vezes, quando sozinho ou mesmo junto aos familiares mais próximos, age sem conseguir esconder seu mundo de sombras, conflitos e dificuldades íntimas. Claro que viver bem socialmente representa uma grande conquista. Estar de bem com o mundo é saber viver em sociedade, mesmo que isso custe a repressão da própria natureza individual. O Cristianismo é tomado, muitas vezes, como sendo apenas uma doutrina para as massas. Porém, isso não é tudo. Veremos adiante.
Essa atitude externa deve ser conseqüência da existência de algo impregnado na personalidade, que internamente a predisponha a um modo de ação sobre o mundo. É esse modo que o faz estar de bem com o mundo e com a Vida. Atuar no mundo, baseando-se nos princípios cristãos, deve ser conseqüência de sua internalização. A ação externa deve se assemelhar a um estado consciente interno.
As idéias aqui expressas visam, de forma específica, levar o leitor a uma reflexão interior, a espécie de auto-análise e percepção de si mesmo no seu processo de desenvolvimento pessoal. Dirigem-se àqueles que desejam viver em paz consigo mesmo e com seus processos de descoberta e realização pessoal.
É possível identificar nas entrelinhas do Evangelho, que sua mensagem se destina a elevar o ser humano qualitativamente a fim de fazê-lo melhor perceber o sentido da Vida e dar-lhe uma visão adequada do Criador.
O Evangelho Segundo o Espiritismo, por ser uma obra de importância singular no processo de consolidação dos princípios espíritas, serviu-me como opção para análise das entrelinhas da mensagem do Cristo. Escolhi as parábolas ali comentadas para tentar trazer aquela visão subjetiva.
As palavras do Cristo, mesmo passadas pelos apóstolos, ou transcritas e traduzidas em várias épocas, conservam um sentido transcendente. Contêm um sentido universal, assim como outras palavras constantes nos livros sagrados das religiões antigas. Elas têm um sentido arquetípico³ que pode nos levar a interpretações distintas, sem que isso lhes diminua o valor. Elas servem a gregos e troianos. Servem para o mundo externo tanto quanto para o interno. Optei por tentar mostrar essa última direção.
Não se trata de nova interpretação ao que foi escrito por Allan Kardec e pelos Espíritos Codificadores, mas
apenas uma visão subjetiva pessoal, portanto factível de equívocos, pelos quais peço desculpas ao leitor. Considero que mais importante que escrever uma visão pessoal da mensagem do Cristo é tentar vivenciar qualquer interpretação que aponte ao ser humano o caminho do amor a Deus e ao próximo como a si mesmo.

3 Deriva de arquétipo, isto é, tendência a um comportamento típico, coletivo.

Disponibilizo todo o livro para download: Psicologia do Evangelho

quinta-feira, 29 de abril de 2010

As mães, o amor materno e o aborto.


Ouve-se dizer em larga escala que o Espiritismo não proíbe ninguém de deixar de fazer o que queira, de dizer o que pense ou de executar o que planeje. O dia em que isso acontecer, ele se ombreará com o Tribunal do Santo Ofício, da Idade Média.
Como se comporta o Espiritismo com relação à família, no tocante ao aborto? Aceita, repudia, condena ou releva quem o pratica? A resposta está com Jesus, o Cristo, quando ensina: "Cada um só pode dar aquilo que tem". "A cada um será dado conforme a sua obra."
O livre-arbítrio é uma lei natural. Cada um responderá, mais cedo ou mais tarde, pelos atos praticados, independentemente da filosofia religiosa que professe.
O Espiritismo não concorda com nenhuma ação criminosa, muito menos com essa que mata o corpo físico de um Espírito que nem sequer completou sua reencarnação.
Os defensores desse ato nefando contra a vida, notadamente certas mulheres, argumentam que o corpo que gera a criança é delas, porém se esquecem de que o do feto não lhes pertence. Por essa e outras razões, incentiva a vitalidade do corpo humano, "morada" temporária do ser pensante.
É bom que as pessoas entendam isso de uma vez por todas, e passem a respeitar o Espírito reencarnante. 
O espírita convicto é fiel aos princípios preconizados pelo Mestre dos mestres: "Amai-vos uns aos outros como Eu vos tenho amado". Ele não estipulou idade, nem condicionantes para o amor reinar entre mãe e filho.
Educadora do lar, pastora da sociedade e apascentadora universal. Único ser humano a quem o Pai da vida dotou de órgãos anatômicos e fisiológicos capazes de gerar e fecundar um corpo humano que sirva de morada temporária para a obra-prima da Sua criação, dando azo à perpetuidade da espécie humana. Assim é a mãe.
Na escala amorável, dentre as constelações luminares no infinito da Criação, ela resplandece como estrela de primeira grandeza. Entre pessoas, é o amor de mãe, sem sombra de dúvidas, o amor mais puro que existe na face da Terra. O que uma mãe não faz para ver seu filho feliz? Luta contra o mundo. É pena que muitos passem a perceber o valor dessa criatura, quando ela já se despojou do corpo físico.
Por essa e outras plausíveis razões, quando a mãe fica com os cabelos brancos, andar claudicante, pensamentos falhos e cuidados aparentemente excessivos, seus rebentos devem dedicar-lhe mais carinho, mais afeto e mais ternura. É o momento apropriado para ampliar a gratidão àquela que jamais economizou esforços, dedicação e devotamento para agasalhá-los, a qualquer custo e sob quaisquer circunstâncias, no manto sagrado do amor.
Mãe! Que os filhos lembrem-se de sua existência todos os dias de suas vidas.

Pedro de Almeida Lobo
de Campo Grande (MS), é articulista espírita
feesp@feesp.org.br


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RAUL TEIXEIRA - MEDIUNIDADE - PARTE 1

RAUL TEIXEIRA - MEDIUNIDADE - PARTE 2