segunda-feira, 14 de junho de 2010

A Casa espírita roubou meu pai...


(...) de mim. Acalme-se, prezado leitor. Não estamos falando de nenhum crime, à luz do Código Penal, cometido nas dependências de nossos templos religiosos.
Estamos, sim, verbalizando o sentimento, que percebemos ao longo de nossa vida como evangelizador, presente em muitos jovens, filhos de trabalhadores da casa espírita.
Por vezes o indivíduo dedica-se às tarefas da casa e da causa, com afinco e determinação, privando cronicamente a sua família do convívio, por força de seus inúmeros compromissos. Além das demandas profissionais, arvora-se a encontrar no templo espírita seu segundo emprego, com chefe, cargos, horários e metas.
É alçado assim à condição de “trabalhador”, como se fosse um nível hierárquico acima do “frequentador”, como se a ele coubesse uma atribuição especial, acima dos outros. Quantos jogos de poder e de orgulho se escondem nessas construções?
Quando constituímos uma família, abraçamos ali responsabilidades afetivas que demandam tempo, tempo de conviver, de conversar, de sermos amigos e irmãos e por que não, para o lazer. É fundamental o lazer em família, darmos gargalhadas, brincarmos. Esses momentos marcam a história de nossos filhos, que nos vêem como seus pais, únicos para eles.
Quando abraçamos diversas responsabilidades na Casa espírita, lembremos que não nos cabe fazer tudo. Por vezes, na busca do evento perfeito, sequiosos de cargos e não de encargos, relembrando o velho Chico Xavier, nos atolamos de atribuições, muitas delas burocráticas, constituindo a vivência espírita um fardo, um segundo emprego, estressante. Esquecemos que esse trabalho todo só terá valor se tiver reflexos na reforma íntima do trabalhador.
Essa ausência prolongada, com causa identificada, pode alimentar no jovem uma aversão à casa espírita, vendo ali a fonte de afastamento de seus pais, como um protesto por aquela situação, em uma atitude típica da juventude. Isso pode se refletir na falta do desejo de ir à casa espírita, na falta de envolvimento com as atividades da casa ou até na aversão completa.
Em hipótese nenhuma estou fazendo uma apologia à preguiça ou pregando que não venhamos a trabalhar na seara do bem. Pelo contrário, o que nos deve chamar a atenção é a motivação desse trabalho, essa ansiedade centralizadora de fazer tudo, às vezes à nossa maneira, e, pelo discurso da perfeição, abandonar o convívio dos nossos, afogados de atribuições.
A religião é uma ferramenta de nosso crescimento espiritual, tão valiosa quanto é a família. Esses institutos não devem concorrer entre si e sim cooperar. Temos de ter tempo de lazer, de conviver com nossos filhos, de conversar. Temos de ter tempo para o trabalho no bem. As tarefas da casa espírita devem crescer com a adesão do grupo e não de uns poucos que se matam para fazer as coisas. Se assim for, a casa não está envolvendo as pessoas e nos vemos nas antigas armadilhas do personalismo e do perfeccionismo.
No livro Conduta Espírita, o Espírito André Luiz afirma que:

“Acima de todas as injunções e contingências de cada dia, conservar a fidelidade aos preceitos espíritas cristãos, sendo cônjuge generoso e melhor pai, filho dedicado e companheiro benevolente”.

Relembrando o nosso dever em todos os planos e não apenas no religioso. Esse modelo de dedicação intensa à religião, principalmente no plano formal, já existiu no mundo e constatamos pela história que ele não dá certo.
No mesmo livro, André Luiz assevera:

“Situar em posições distintas as próprias tarefas diante da família e da profissão, da Doutrina que abraça e da coletividade a que deve servir, atendendo a todas as obrigações com o necessário equilíbrio”.

Apontado o equilíbrio como a tônica de tudo. Se tens família, se tens filhos, deves dedicar a eles um tempo, não como obrigação de um dever, mas como momento de amor e de comunhão com esses Espíritos, dádivas nessa tua encarnação. Não te permitas ser roubado por múltiplas atribuições na casa, pela perfeição dos eventos, das instalações, dos documentos, em um novo emprego oriundo dessa visão empresarial de gerir a casa espírita. Pensemos na qualidade e não na quantidade. Não seremos questionados pelo muito que fizemos quando chegarmos ao lado de lá, e sim pelo como fizemos...

Marcus Vinícius de Azevedo Braga
acervobraga@gmail.com
Guará II, Distrito Federal (Brasil)


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Católicos carismáticos já descobrem a mediunidade

O “Jornal de Opinião” Nº 1094, de 31-5 a 6-6-2010, da Arquidiocese Metropolitana de Belo Horizonte, tem como destaque esta manchete: “Renovação Carismática – Um Movimento que Divide Opiniões”. A matéria “Renovação carismática: Fenômeno humano ou manifestação do Espírito?”, nas páginas 7,8 e 9. 
O problema é antigo, pois as práticas pneumáticas (mediúnicas) foram ensinadas por Paulo a seus discípulos (1 Coríntios capítulos 12,13 e 14). As autoridades da Igreja trataram de eliminarem-nas, logo de início, porque os médiuns (profetas) tinham mais prestígio do que os padres nas comunidades cristãs. Mas com os carismáticos, elas ressurgiram no século 20 entre os evangélicos americanos e depois entre os católicos e evangélicos de vários países. Mas uma boa parte dos bispos e padres sempre os viu com um certo mal-estar e uma certa preocupação. Daí os freqüentes conflitos entre padres e eles. E a coisa se complica mais, quando se sabe que a Teologia Católica ensina que o Espírito Santo só inspira os bispos em concílios ecumênicos! O que os carismáticos chamam de Espírito Santo e que eles incorporariam (que presunção e ingenuidade!) é, na verdade, um espírito humano, que pode, inclusive, pelo seu atraso evolucional, ser até um espírito de trevas. E vamos à matéria citada. Você, que tem costume de ler esta coluna, observará que o que diz o monsenhor José Luiz Gonzaga do Prado, professor de Teologia, de grego bíblico, hebraico e literatura paulina e joanina do Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto (SP), confere, praticamente, com os meus pontos de vista. Ele afirma que estaria pecando, se numa paróquia que dirigiu, não vetasse a formação de um grupo de orações de carismáticos. Mas ele aprova os fenômenos de êxtases, revelações proféticas entre as primeiras comunidades cristãs, citando a Primeira Carta de Paulo aos Coríntios capítulos 12,13 e 14, e os fenômenos pneumáticos ocorridos com Montano, Maximila e Priscila, no ano de 156. Mencionando as curas e o transe coletivo das reuniões dos carismáticos, ele afirma que esses episódios são conhecidos há muito tempo nos terreiros de Umbanda e Candomblé. Os estudiosos de religiões sabem que os fenômenos que acontecem com as duas religiões são mediúnicos. Ele não citou os espíritas que são os mais numerosos e os mais conhecidos na prática da mediunidade. Essa atitude dele, talvez, seja para não assustar muito os carismáticos.
Com uma certa reserva, monsenhor José Luiz Gonzaga inclina-se para as teses materialistas, que não creem no contato com os espíritos, mas menos ainda no contato com o Espírito Santo.
Ele narra o fato de uma pessoa, que participa de reunião dos carismáticos, ter ficado numa delas possuída pelo demônio. Por fim, o monsenhor, que é autor do livro “A Bíblia e suas Contradições, como Resolvê-las?”, fala o que eu tenho dito, ou seja, como explicar que a mesma causa produza efeitos tão diferentes? E pergunta: como atribuir isso ao Espírito Santo? Ademais, o que poucos carismáticos sabem é que a própria palavra carismático significa médium!
Como se vê, a tese dos católicos, protestantes e evangélicos de que eles se comunicam com o Espírito Santo e não com os espíritos, negando a mediunidade e o espiritismo, começa a desmoronar exatamente como aconteceu com a poderosa tese marxista, cujo fim aconteceu de dentro para fora!

Obs.: Esta coluna, de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br Clicar colunas. Ela está liberada para publicações. Ficarei grato pela citação nelas de meus livros: “A Face Oculta das Religiões”, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) –  www.literarium.com.br - e meu email: jreischaves@gmail.com Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147

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sexta-feira, 11 de junho de 2010

Chamo-me Amor ( Emmanuel )


 S l i d e

  Acesse  o arquivo: Chamo-me Amor ( Emmanuel )

Enviado por: Felinto Elízio Duarte Campelo       
( felintoelizio@gmail.com )
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terça-feira, 8 de junho de 2010

A piedade

   
Desde cedo ouvimos repetir nos cultos cristãos :


" Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo, tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo, tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo, tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo, Daí-nos a paz." .

Para Jesus, o Cordeiro de Deus, clamamos por piedade há 2000 anos. No mesmo evangelho que pedimos piedade, Jesus nos relembra que " Com a medida que medires, serás medido", ou seja, que a piedade é uma via de mão dupla. Quando da execução dos criminosos na pena capital, estes clamam por piedade. Mas, o que é a Piedade ? 
Arriscaríamos algumas definições...Dizer que a piedade é o amolecimento de nosso egoísmo diante do sofrimento alheio. A lógica, fria e calculista, nos diz que aquela determinada pessoa está errada e deve ser castigada. Mas, nos fala no imo d'alma a piedade. Observamos na rua um indivíduo pedindo esmola, com frio. A razão nos diz que ele não quer trabalhar. Mas, nos fala no imo d'alma a piedade. Observamos aquele filho ingrato com a família e pensamos em deserdá-lo. Mas, nos fala no imo d'alma a piedade. Muitas vezes ouvimos clamar por piedade e calamos a nossa voz com a lógica.
Nos fala a psicologia que trazemos dentro de nós dois princípios : O paternal e o maternal, fruto de nossas potencialidades, como descrito no livro " Forças sexuais da Alma" do Dr. Jorge Andréa, editado pela FEB. O Paternal é aquele que é condicional , vinculado a uma reciprocidade. É quando nosso filho pede para viajar com os amigos e pedimos para ver seu boletim. O maternal é aquele incondicional, o amor de mãe, que não exige nada. É a mãe que tem o filho assassino na cadeia e vai lá consolá-lo. Na nossa estrutura social, temos esses dois princípios que se equilibram e convivem, no interior das pessoas, na família, nas intituições, de forma dialética. A piedade é o princípio maternal dentro de nós, nos chamando ao nosso lado humano, subjetivo. Por isso, o artista Michelangelo em sua escultura " Pietá", exposta no Basílica de São Pedro, Vaticano, retrata a piedade como Maria segurando Jesus retirado da cruz.. Culturalmente a mãe das mães que intercede junto ao pai (Neste caso, o impiedoso Deus dos exércitos), é a figura da piedade.
A piedade não é pena. A pena é um remoer-se interno pelo dor do outro. Um lamentar-se. Não, a piedade é ativa. Irmã da caridade, a piedade faz calar a lógica fria e matemática do olho por olho, dente por dente e nos lembra que a lei é de amor e que o pai é bondoso e amantíssimo. A piedade nos move na noite de frio a pensar em nossos irmãos com frio e levarmos para ele o nosso cobertor. A piedade detém a nossa mão para açoitar o irmão que nos feriu. A piedade está além da lógica e da razão, falando-nos ao coração. Os sistemas, estes que nos atendem nos caixas eletrônicos e nos telefones, são frios. Máquinas não são piedosas. Mas, a piedade faz aquele funcionário sair mais tarde por cinco minutos naquele dia para atender aquela senhora.
Quando em multidões, escondidos entre todos, é que vemos o quanto somos impiedosos. A pilhéria, a chacota só se faz em grupo. Em grupo, assistimos execuções públicas como espetáculos, assistimos programas de TV que exibem a dor alheia gratuitamente, gritávamos em Roma pelos leões, assistimos a touradas esperando o final sanguinário, assistimos lutas corporais sem sentido. Mas, nos lembramos sempre de pedir : " Senhor, tende piedade de nós" .
Piedade, nos olhos e no coração. Piedade que resulte da ação da caridade. Piedade que faça calar o paternal, o condicional em nosso coração e nos permita estender a mão ao nosso irmão em humanidade, antes que ele clame pela nossa piedade. Que a nossa piedade prescinda da humilhação...

Marcus Vinicius de Azevedo Braga ( acervobraga@gmail.com ) é Pedagogo e Articulista Espírita, frequenta o Grêmio Espírita Atualpa, em Brasília-DF; e publicou em 2000 o livro " Alegria de servir ", pela Editora da Federação Espírita Brasileira.

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Seria o batismo uma correção dum erro Divino na procriação?

Apesar da boa intenção e da boa fé dos teólogos do passado, ainda pouco evoluídos e com suas idéias antropomórficas sobre Deus, eles acabaram cometendo muitos erros no seu conceito de Deus.
Nós jamais somos infalíveis, como os espíritos que nos inspiram nunca o são também. Daí os erros bíblicos. E são João, sabendo da falibilidade e da ignorância dos espíritos, recomenda-nos que os examinemos, (1 João 4,1), no que os espíritas são rigorosos. Os espíritos humanos e já angélicos de alto nível de evolução ou puros merecem mais a nossa confiança. Mas nem por isso são infalíveis. Jesus nos ensinou que os anjos e Ele não sabiam quando seria o final dos tempos, pois que isso era da competência somente de Deus. (são Mateus 24,36). Kardec, que foi um estudioso sério da Bíblia, e que seguiu, pois, à risca o ensino de João, lembrou-nos de que deveríamos seguir a ciência, se amanhã for constatado um erro dum espírito da sua Codificação. Se os espíritos encarnados, como o de são Pedro e de outros apóstolos do excelso Mestre cometeram erros, por que não os cometeriam depois de desencarnados? Há na Bíblia e nos tratados teológicos antigos, idéias pueris sobre Deus. Elas são de inspirações de espíritos atrasados que foram tomados como sendo o do próprio Deus.
Mas o pior de tudo isso é que os teólogos modernos das igrejas cristãs, apesar de totalmente conscientes dos erros de seus colegas do passado, nunca reconhecem de público esses erros, continuando a ensiná-los como verdades para os seus fiéis analfabetos e cegos em Bíblia e teologia. Mas hoje, há um número maior de leigos estudiosos da Bíblia e teologia do que o número de padres e pastores. E esses leigos, que às vezes entendem de Bíblia e teologia tanto quanto os padres e pastores, e até mais do que eles, ao constatarem esses erros, apontam-nos para a sociedade, pois esses teólogos e biblistas leigos não são comprometidos com nenhuma hierarquia religiosa, e não vão perder seus empregos e privilégios por divulgarem a verdade. Muitos teólogos ensinam hoje que o pecado original de Adão e Eva, que seria herdado por todos nós, não tem nada a ver com a sexualidade. Mas, geralmente, ainda predomina o pensamento antigo de que o ato sexual da metáfora do primeiro casal humano é que é o tal de pecado original. Daí que a virgindade de Maria e o celibato dos padres são tão engrandecidos.
A fecundação sem a perda da virgindade é atribuída também às mães de Buda, Krishna e Zoroastro. (Recomendo ao leitor meu livro: “A Face Oculta das Religiões”, página 174, Ed. EBM, SP, onde verá, inclusive, o dogma da doutrina da Concepção Imaculada de Maria, proclamado em 1854 pelo Papa Pio IX, o mesmo que instituiu o da Infalibilidade dos Papas, em 1870). Essa doutrina de que Maria, nascida de são Joaquim e santa Ana, foi concebida também sem pecado original, como seria no caso de Jesus, foi rejeitada por alguns teólogos renomados da Igreja, entre eles são Tomás de Aquino, santo Agostinho e são Bernardo. Mas os teólogos fazem silêncio sobre se a fecundação de Maria foi feita também ou não pelo Espírito Santo! Essas polêmicas não diminuem para mim a importância de Nossa Senhora, Mãe de Jesus e da Humanidade. Elas, porém, nos levam a pensar que a sexualidade que Deus criou como meio de conservação de todas as espécies e de fazê-las crescer numericamente seria uma coisa errada, e que o Batismo tem por fim o absurdo de corrigir esse suposto erro de Deus!

Obs.: Esta coluna, de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br Clicar colunas. Ela está liberada para publicações. Ficarei grato pela citação nelas de meus livros: “A Face Oculta das Religiões”, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - e meu e-mail: jreischaves@gmail.com Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.

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segunda-feira, 31 de maio de 2010

A ferramenta do Bem


1- A NECESSIDADE DE FAZER O BEM:

Uma das questões cruciais e que funciona como um divisor de águas da Doutrina espírita em relação a outras religiões é a necessidade de se praticar o bem para o desenvolvimento espiritual. As palavras de Jesus (4), “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” e o exposto na sua parábola do Bom Samaritano tornam bem claro esta questão.
Não nos basta ser bons e pertencer ao grupo A ou B. É imperioso praticarmos o bem. A lei é de amor e o amor é que nos elevará. Por isso, o espiritismo cristão deve estar vinculado à prática da beneficência e este artigo buscará elucidar algumas razões desse imperativo.


2- A PERSPECTIVA INTERVENCIONISTA:

Ao contrário da história religiosa da humanidade, repleta de isolamentos, reclusões, clausuras e retiros espirituais, na busca de nos isolarmos do mundo³, inspirados nas temáticas do Filósofo Rosseau da Revolução Francesa, que pregava o corrompimento do homem bom pelo mundo, a perspectiva espírita enunciada por Kardec na sua máxima (4) “fora da caridade não há salvação”, incita-nos ao contato com o mundo na busca de transformá-lo e averba que o mundo somente se transformará quando transformarmos a nós mesmos. Ou seja, o espiritismo tem esse caráter intervencionista nas questões que se apresentem diante do cristão, combatendo a omissão e o isolamento, demonstrando que é na luta do mundo que crescemos rumo a perfeição.
A reforma íntima é uma necessidade. Paradoxalmente, não haverá reforma íntima sem contato com o nosso próximo, mais próximo ou não. Como amar sem ter ação para o amor. Como perdoar sem ter objeto de perdão.


3- FAÇA VOCÊ MESMO:

Na década de oitenta nos deliciávamos com revistas que nos ensinavam a fazer os pequenos reparos de nossa residência. Essa lógica do “faça você mesmo” também se aplica à questão da prática do bem. Jesus já asseverava (4): “Vai tu e faze o mesmo”, reforçando a necessidade da ação no bem ser realizada pessoalmente. As pessoas que nos rodeiam são a nossa ferramenta de progresso e não podemos olvidar que o nosso coração é uns músculos poderosos, que precisa ser exercitado no sentido físico e principalmente no sentido espiritual.
Na prática do bem não cabe terceirização. Mandar entregar na porta do centro espírita não tem o valor de se envolver na entrega. A prática do bem deve ser bilateral, ajudando a quem dá e permitindo a reflexão de quem recebe. Esse é o princípio que rege o Bônus-Hora (6) descrito em Nosso Lar por André Luís. Somente tem valor quando permite a reflexão e reforma de quem praticou a ação. Caso contrário, instauraríamos um ranking de doações volumosas que nos conduziriam a “salvação”, como na época das indulgências.
Recordemos a passagem do óbolo da viúva, onde valeu mais aos olhos de Jesus aquela que tirou do seu próprio sustento. A matemática divina funciona subjetivamente.

4- OS MOVIMENTOS SOCIAIS:

Outrossim, consideremos sempre que “movimentos geram movimentos”. A nossa ação no bem sempre se alinhará com outras iniciativas que em composição gerarão movimentos sociais em prol dos nossos irmãos menos favorecidos. Nenhum benemérito fundador fez ou faz tudo sozinho em qualquer obra assistencial.
Entretanto, constatamos também que a sociedade influencia o espiritismo, por ser esse uma parcela dela. Na década de 70/80, fruto de conjunturas políticas, as pessoas se engajavam em movimentos sociais, onde existiam iniciativas diversas de preocupação com o coletivo, no campo da assistência, do ambientalismo e da educação. Podemos citar os grupos ambientais, o Projeto Rondon e os movimentos de Alfabetização de adultos. No espiritismo, observamos o florescer de caravanas, campanhas e iniciativas diversas no campo assistencial, onde as casas espíritas logo buscavam atrelar a sua programação diversas atividades assistenciais com a participação de seus freqüentadores.
Na década de 90, observamos o individualismo campear em nossa sociedade, onde a tecnologia nos fez cada vez mais desiguais e isolados e estabeleceu níveis de conforto e divisão social nunca antes visto. Hoje, o indivíduo pode pedir as suas compras pela internet, assistir ao filme no shopping transitando pelas ruas sem sair de seu automóvel, vivendo sem conviver, isolado no seu mundo e nas suas necessidades. No movimento
espírita, observamos a explosão dos romances, falando de uma esperança passiva e a busca de um esoterismo voltado para previsões futurísticas e a busca da paz por fórmulas e meios exteriores, sem contar a desenfreada busca da cura do corpo.

5- TERAPIAS E AUTO-AJUDA:

Esses fatores geram uma tendência atual de terapizar-se tudo, em um “psicologismo” que reduz a problemática da criatura humana a solução por um simples diálogo como um passe de mágica. Os aspectos psicológicos da criatura são fundamentais, mas não podemos nos esquecer das questões do Coletivo. Essa preocupação com o indivíduo deságua em um conceito que muitos se equivocam em classificar as nossas obras espíritas que é a auto-ajuda.
Podemos compreender a auto-ajuda como aquela literatura que expõe a felicidade como uma questão de disposição pessoal, de se sentir bem, de acreditar e se programar mentalmente para isso. Infelizmente, uma questão tão complexa aparece reduzida a uma questão da vontade momentânea indivíduo.


6- A FELICIDADE:

Isso ocorre, pois o nosso conceito de felicidade está difuso. A felicidade está associada a ter coisas, ter status, ter reconhecimentos e direitos. Esquecemos que a vida é uma balança de direitos e deveres. Não há felicidade egoística. Não há como ser feliz se o nosso irmão está infeliz, se no mundo ainda há infelicidade. Por isso, Kardec assevera que a felicidade na Terra é relativa (4). Confundimos hoje o nosso conceito de felicidade, ignorando que a felicidade está implícita no desejo de um mundo melhor. Um mundo que será construído por nós e que seremos felizes nesse processo e não se buscarmos diminuir tantos números do nosso manequim ou se não estamos nos aceitando com o nariz que nós nascemos. A felicidade transcende tudo isso e a sua conquista deve se fazer sem muletas.


7- O PARADIGMA HOLÍSTICO:

Tomando o Paradigma Holístico do mundo², podemos ter bem claro a importância da ferramenta do bem como caminho da nossa felicidade. Segundo o livro “A canção da inteireza²”, o homem inicialmente adotou um paradigma Teocêntrico, onde tudo se prendia a um mundo sobrenatural onde a vida existiria em função deste. Inicialmente subordinados as forças da natureza, passando para os deuses antropomórficos até quando o conceito cristão de ressurreição subordinou de vez a vida na terra à espera de outro mundo, chegando ao seu auge na Idade média com as indulgências.
Com o renascentismo, quando Galileu tira a Terra do Centro do Universo, o paradigma antropocêntrico começa a levar o centro das questões para o homem, sendo este então a medida de tudo. Com os iluministas, temos o racionalismo de Descartes, onde todo conhecimento vem da razão e o Empirismo de Locke e Hume, onde todo conhecimento provém da experimentação, colocando a fonte de saber sempre pelo viés humano, reforçando através de Newton que o universo funciona como uma engrenagem determinista, gerando os modelos de pensamento para a futura sociedade industrial que através das revoluções tecnológicas se estabeleceu a vida que preza o “Ter” e o individualismo que vivemos em pleno auge nos dias de hoje. Mais uma vez, como na negritude da idade média, o homem se vê em uma encruzilhada temporal, tendo acesso aos bens de forma desigual e se preocupando cada vez mais consigo e com as suas necessidades enquanto o mundo padece da violência e do desamor.

8- O FOCO NO COLETIVO:

O paradigma Holístico propõe um novo foco. Nem no homem, nem no mundo que virá. Ele propõe que o Universo é um todo dinâmico que se relaciona. É um complexo sistema de relações e que o foco deve ser na interdependência. Toda ação que realizamos ecoa no universo e reverbera pelos outros elementos. A nossa relação é de Co-criadores, com o planeta e com a vida, sendo também co-responsáveis , como cita Emmannuel em A Caminho da luz (5): “Mas é chegado o tempo de um reajustamento de todos os valores humanos. Se as dolorosas expiações coletivas preludiam a época dos últimos ”ais” do Apocalipse, a espiritualidade tem de penetrar as realizações do homem físico, conduzindo-as para o bem de toda a humanidade (Grifo nosso) .”
Ou seja, o foco deve ser no bem de toda a humanidade, inclusive dos animais, das plantas e dos minerais, habitantes de nosso globo. O nosso desenvolvimento espiritual é uma responsabilidade individual que somente tem sentido no coletivo. Esse deve ser o foco.
O espiritismo como doutrina libertadora e transformadora das consciências, para que entendamos que a solução de nossos problemas está na solução dos problemas do mundo e que os nossos grandes vultos, dentro da sua dimensão humana, também tinham seus problemas e não se imobilizaram em uma postura passiva, partindo para a Terapia da prática do bem, ferramenta que cura os nossos males e de nossos semelhantes.

9- AMAR A SI MESMO E A DEUS ATRAVÉS DO PRÓXIMO:

Sabemos que a auto-estima e o amor a si mesmo é uma condição fundamental, para que não incorramos novamente em flagelações e autocomiserações de outras épocas. Mas, faz-se mister amar a si mesmo e a Deus através do próximo, dentro do enunciado evangélico (4) de que quando fazemos a um destes pequeninos, é ao Mestre que fazemos. A palavra Bem-estar não existe no dicionário espírita-cristão associada ao próprio bem da pessoa, pois metodologia nenhuma trará o nosso bem se não envolver o bem de nossos irmãos. Como amar a si mesmo se não amamos o mundo, a natureza e os nossos irmãos.

10- O TRABALHO NA CASA ESPÍRITA:

Após falarmos da evolução histórica do planeta, terminamos por nos defrontar com a nossa realidade diante da prática do bem. O que temos feito? A casa espírita é a Oficina que deve viabilizar as equipes que permitam aos freqüentadores a oportunidade de abraçar cada irmão, pois “a disciplina antecede a espontaneidade (6)” e se nos disciplinarmos para o bem no trabalho organizado, o nosso coração romperá o gelo de nossa sociedade para que possamos estender seu amor aos próximos mais próximos e a nós mesmos.
Cabe-nos a construção na juventude do hábito da prática do bem desde cedo¹, para que tenhamos como objetivos que todos sejam em um futuro trabalhadores e colaboradores da casa espírita, doando-se nas frentes que são inúmeras. Espíritas envolvidos e comprometidos com a causa da Casa espírita na construção de um mundo melhor. Um sonho, talvez, uma utopia, não.


11- CONCLUSÃO:

A ferramenta da nossa evolução está bem claro nas palavras do Espírito de Verdade (4): “Espíritas, Amai-vos é o primeiro mandamento. Instrui-vos é o segundo.”
E como não cremos no amor como verbo intransitivo, cabe-nos utilizar esta ferramenta no palco do mundo para o nosso crescimento, na luta diária, onde realmente descobrimos quem somos e o que necessitamos ainda aperfeiçoar. Sem fórmulas mágicas...



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS :

1. BRAGA, Marcus Vinícius de Azevedo. Alegria de Servir, FEB, 2001.
2. CARDOSO, Clodoaldo Meneguello- A canção da inteireza- Uma visão holística da educação- Editora Summus - São Paulo- 1995
3. KARDEC, Allan. O livro dos espíritos, FEB.
4. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o espiritismo, FEB.
5. XAVIER, F.C..A caminho da luz, pelo espírito Emmanuel, FEB.
6. XAVIER, F.C.. Nosso Lar, pelo espírito André Luís, FEB.


Marcus Vinicius de Azevedo Braga
acervobraga@gmail.com

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quinta-feira, 27 de maio de 2010

Perguntas para Chico (Indiferença, violência e útil)


Tema: Indiferença


Haverá maior frio na alma que a indiferença dos nossos semelhantes?

Chico Xavier:

- Pode haver indiferença dos nossos semelhantes para conosco, entretanto de nós para com os outros isso não deveria acontecer.
Cremos que se Jesus houvesse levado em conta nossa incapacidade para assimilar-lhe de pronto o desvelado e intenso amor, o Cristianismo não estaria brilhando, e brilhando cada vez mais na Terra.

Pergunta feita por Fernando Worm.
Consta do livro "Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita, Escrito por Marlene R. S. Nobre. - Enviado por Luz do Evangelho - luzdoevangelho@aol.com

Tema: Violência

Chico, como é que você vê a onda de violência que aumenta a cada dia?

Chico Xavier:

- A violência é qual se fosse a nossa agressividade exagerada trazida ao nosso consciente, quando estamos em carência de amor. Ela lava, por isso, o desamor coletivo da atualidade.
Se doarmos mais um tanto, se repartirmos um tanto mais, se houver um entendimento maior, estaremos contribuindo para a diminuição desta onda crescente de agressividade.
À medida que a riqueza material aumenta, o conforto e a aquisição de bens também cresce, com isso retornaremos à autodefesa exagerada, isolando-nos das criaturas humanas. A vacina é o amor de uns pelos outros, programa que Jesus nos deixou há dois mil anos.

Pergunta feita por Ana Maria Farias, jornalista da Editora Abril, numa entrevista coletiva perante as câmeras da Rede Globo, comandada por Augusto César Vanucci, em julho de 1980.
Consta do livro "Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita, Escrito por Marlene R. S. Nobre. - Enviado por Luz do Evangelho - luzdoevangelho@aol.com

Tema: Útil

Diga-nos o que deve fazer, dentro de suas capacidades, um médium, a fim de poder ser completo e útil para o Plano Espiritual?

Chico Xavier:

- Devotamento ao bem do próximo, sem a preocupação de vantagens pessoais, eis o primeiro requisito para que o medianeiro se torne sempre mais útil ao Plano Espiritual. Em seguida, quanto mais o médium se aprimore através do estudo e do dever nobremente cumprido, mais valioso se torna para a execução de tarefas com os instrutores da Vida Maior.

Pergunta feita pela equipe de jornalistas de a Flama Espírita, de Uberaba, em entrevista feita em junho de 1990. Consta do livro "Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita, Escrito por Marlene R. S. Nobre

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Apóstolo da Fé, do Amor e da Caridade


Domingo, 30 de junho de 2002, enquanto o Brasil todo extravasava sua alegria pela conquista do Penta Campeonato de Futebol, serenamente fazia sua passagem para o plano espiritual nosso diligente e multifacetado médium Francisco Cândido Xavier.
Emissoras de televisão divulgaram que era desejo do Chico desencarnar em dia festivo. Pelo muito que mereceu, o cândido médium partiu feliz com a felicidade dos seus irmãos brasileiros a quem tanto amou e serviu.
Dados biográficos dão conta de que Francisco Cândido Xavier, órfão de mãe aos cinco anos de idade, teve uma infância difícil, de muito trabalho e sofrimento físico. Só mais tarde, quando seu pai veio a contrair novas núpcias, ele teve a felicidade de encontrar na alma boa e caridosa da madrasta uma nova mãe que lhe deu atenção, amor e carinho.
Sua mediunidade começou a aflorar depois do desencarne da genitora. Surrado diariamente pela madrinha que, na ausência materna, o abrigara em casa, mesmo assim não se permitiu vacilar em sua fé. Costuma recolher-se nos fundos do quintal para orar, ocasiões em que entrava em contato com o bondoso Espírito que fora sua mãe na Terra. Nesses encontros, ele visualizava a figura materna, pedia-lhe conselhos e força e saía revigorado, capaz de restabelecer seu equilíbrio e autocontrole.
O apostolado mediúnico iniciou-se praticamente aos dezessete anos de idade no Grupo Espírita Luiz Gonzaga, em Pedro Leopoldo – MG., sem jamais ter sido interrompido.
Baluarte da fé, paladino da caridade, gigante no amor ao próximo, Francisco Cândido Xavier, como homem, como médium, como espírita é o exemplo do verdadeiro cristão.
Experimentando as mais acerbas provações, não fraquejou em sua crença, nem no exercício de suas funções, como líder espiritual; soube amar a todos indistintamente, sem preconceito de posição social, de raça, de religião. Compreensivo, tolerante, solidário, exerceu o mediunato caridosamente como fiel servo de Deus, amparando, consolando, doando-se, orientando, evangelizando, curando chagas do corpo e da alma.
Chico se foi para os altiplanos espirituais deixando em sua passagem um rastro de luz e de esperança, levando em sua bagagem de bem-aventuranças nossa admiração, respeito e carinho.
Que sua vida de missionário sirva de exemplo aos que almejam evoluir espiritualmente.


Felinto Elízio Duarte Campelo
felintoelizio@gmail.com

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quarta-feira, 26 de maio de 2010

Sem a reencarnação, Deus teria fracassado na criação do Homem


Todos nós evoluímos na descoberta da verdade. Na década de 1940, só  2 % da população brasileira acreditavam na reencarnação. Hoje são cerca de 80 %, independentemente de religião.
Os líderes religiosos rejeitam a reencarnação, tal como acontece com a mediunidade, porque ela é-lhes prejudicial. Mas há os que creem nela, reservadamente. E cada vez mais, as pessoas estão saindo do armário e declarando-se reencarnacionistas. O fenômeno da reencarnação é bíblico e tem o respaldo de vários segmentos da ciência espiritualista, como acontece com a Psicologia Transpessoal, que é mais abrangente, militando em áreas também científicas desconhecidas da ciência materialista, que as renega por as desconhecer. Por isso, essa ciência materialista é capenga. E é lamentável que as autoridades religiosas cristãs preferem ficar de mãos dadas com essa ciência a se unir com a ciência espiritualista reencarnacionista. Também os cientistas da física quântica inclinam-se não só para a aceitação das vidas sucessivas, mas igualmente para outras ideias religiosas orientais antigas e também bíblicas. E é pelo teimoso apego a doutrinas antibíblicas e antirracionais, que o cristianismo está em crise. Pregam-se doutrinas em que se faz de conta que se crê. Até quando isso vai continuar assim?
A reencarnação está na Bíblia. A maior parte dos teólogos e exegetas da atualidade já reconhece essa realidade. Mas ainda há uma minoria de autores protestantes e evangélicos, que faz verdadeiros malabarismos linguísticos, tentando dar, em vão, aos textos bíblicos interpretações contrárias à reencarnação. Vamos ver, entre muitos, alguns exemplos bíblicos reencarnacionistas. No anúncio do nascimento de João Batista ao seu pai Zacarias, um anjo lhe diz que João iria à frente de Jesus com o espírito e o poder de Elias. (Lucas 1,17). Pergunto: por que com o espírito e o poder de Elias, e não com o Espírito e o poder de Deus? Outra passagem: “Eis que vou enviar-vos Elias, o profeta, antes que venha o dia do Senhor...”(Malaquias 3,23). João Batista é Elias. Dizendo de outro modo, o espírito de Elias reencarnou no corpo de João Batista, o Precursor de Jesus. Em nota de rodapé, na Bíblia TEB, Edições Loyola, lê-se: “Na literatura judaica contemporânea dos inícios do NT, a pessoa de Elias ocupa um grande espaço como precursor do Messias. Jesus atesta que esta função foi cumprida por João Batista”. Certa feita, os discípulos perguntaram a Jesus o que quer dizer que Elias virá primeiro.E o Mestre afirmou que Elias já veio e não o reconheceram. E o texto evangélico termina assim: “Então os discípulos entenderam que Jesus lhes falara a respeito de João Batista”. (Mateus 17, 9 a 13). Noutro texto, Jesus falando agora do próprio João Batista, diz: “E, se o quereis reconhecer, ele mesmo é Elias, que estava para vir. Quem tem ouvidos (para ouvir) ouça.” (Mateus 11, 7 a 15). Quem tenta negar que João Batista é reencarnação de Elias, não é um estudioso serio da Bíblia.
E a misericórdia de Deus deixaria de ser infinita, se não houvesse a reencarnação.
Numa parábola sobre a salvação, o Excelso Mestre ensina que é difícil passar pela porta estreita. Quem é que se julga já poder passar por ela? Sem a reencarnação, quem, pois, se salvaria? Sem ela, Deus teria fracassado no seu projeto de criação do homem!

Obs.: Esta coluna, é de José Reis Chaves, que às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br Clicar colunas. Ela está liberada para a publicação. Nas publicações, fico grato pela citação de meus livros: “A Face Oculta das Religiões”, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - e meu e-mail: jreischaves@gmail.com Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.

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terça-feira, 25 de maio de 2010

O melhor e o adequado


Certo professor meu defendia ardorosamente em suas aulas de Administração dos Materiais que não poderíamos, na nossa vida administrativa, querer sempre o melhor. O melhor era muito caro! As organizações demandavam, sim, o adequado.
Para uma escola, colocar o papel de secar as mãos de melhor qualidade do mercado pode nos obrigar a tirar recursos do material didático, pois não existirá recurso para colocar tudo de primeira linha. Essa sabedoria simples chamou-me a atenção e levei-a para a minha vida profissional. Mas, analisando a sua propriedade, vemos que a nossa vida como Espíritos imortais encarnados na Terra também demanda um pouco dessa visão.
O melhor é insustentável, pois o melhor de hoje não é mais o melhor de amanhã. O melhor exclui, torna-se obsoleto com grande velocidade. O adequado atende. Na vida nos digladiamos cotidianamente pelo melhor e aquecemos que poderíamos estar satisfeitos com o adequado. Matamos um leão a cada dia para dar o melhor aos filhos, quando eles necessitam do adequado e de nós. A busca pelo melhor é infinita, efêmera. 
O melhor é competitivo, olha para o lado. O adequado é para si, olha para quem dele precisa. Muitos no mundo sofrem pela falta do adequado e muitos outros se debatem em tristeza pela falta do melhor. O melhor é construído, o adequado é real. É fundamental identificarmos em nossa vida o que é adequado, o que é necessário para nos atender e aos que de nós dependem. O melhor precisa ser acompanhado da ostentação.
O melhor é para poucos, o adequado atende a mais pessoas.
O melhor é elitista. O melhor demanda escolhas, pois os recursos são limitados. O adequado é distributivo, vai de encontro às necessidades, sem ser mínimo. O melhor é fruto de um processo de comparações, para se chegar a um eleito.
O adequado é fruto de um processo de investigação do atendimento de uma necessidade. O melhor ocupa os lugares do adequado.
O melhor é consumista. O adequado é o necessário. Às vezes não precisamos do melhor, mas insistimos em tê-lo. O adequado nos serve. O melhor, só ele serve. O adequado nos exige adaptação. O melhor é a originalidade da exceção. O melhor sempre custa muito caro. O melhor sempre é alvo de disputa.
Como Espíritos imortais, viajores da estrada da existência, em relação aos bens matérias devemos cultivar a lógica do adequado, identificando o inadequado, o ocioso e o inservível, pois esses podem ser adequados a outros irmãos. A corrida pelo melhor nos aprisiona aos bens materiais, cujo valor de uso é suplantado pelo seu valor de troca, onde ter é um mecanismo de mercado que nos importa não pelo que aquela coisa nos atende e sim pelo que ela vale em relação aos outros. Construímos castelos de objetivos distantes da nossa vida espiritual. Faz-se mister nos libertarmos da busca desenfreada pelo melhor, insuflada pela propaganda massificada, colocando as coisas materiais no seu lugar, o lugar adequado.

Marcus Vinicius de Azevedo Braga
acervobraga@gmail.com

Matéria extraída do Jornal da FEESP de Janeiro de 2010 – Imagem ilustrativa

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Dimas e a Reencarnação


A maior prova de que a alma continua vivendo após a morte foi dada por Jesus, ao aparecer para Maria Madalena, três dias após a sua morte.
Essa aparição à ex-pecadora se deu exatamente diante do seu túmulo vazio, ocasião em que Ele pediu que ela não o tocasse, pois ainda não havia subido às regiões celestiais, ou melhor, ao Paraíso.
Segundo a Bíblia, o Cristo em Espírito permaneceu entre nós durante quarenta dias, período no qual, além de aparecer a Madalena, mostrou-se também a Maria, mãe de Thiago, e Maria Salomé, quando se dirigiam ao sepulcro.
Jesus, depois de morto, foi ainda reconhecido por dois de seus Apóstolos, na Estrada de Emaús; pelos onze Apóstolos, por duas vezes no cenáculo, oportunidade em que Tomé tocou seu Espírito materializado; e também pelos mesmos, perto do Lago de Tíberíades. Foi visto ainda por cerca de quinhentos dos seus seguidores na Montanha da Galiléia, ao fazer para eles suas últimas recomendações.
Depois de falar para essa pequena multidão, o Cristo seguiu com os apóstolos para o Monte das Oliveiras. Lá, ao término de suas últimas instruções, levantou as mãos e, enquanto os abençoava, fez a sua ascensão para a vida espiritual após quarenta dias de sua desencarnação.
Diante disso, como podemos conciliar a promessa do Mestre a Dimas, o chamado "bom ladrão", no alto da cruz: "Em verdade te digo que hoje mesmo estarás comigo no Paraíso", se Jesus só foi para lá quarenta dias depois de sua morte?
De fato, Jesus não mentiu a Dimas, pois ele, ao arrepender-se de todo o mal que havia feito, rendeu-se inteiramente ao Cristo, significando, portanto, "hoje", o instante daquele mesmo dia em que o "bom ladrão" encontrou a paz de espírito.
Podemos concluir, com isso, que o Paraíso é um estado de consciência e não um local determinado no espaço.
Porém, ao garantir a Dimas a entrada imediata na Vida Superior, Jesus queria lhe dizer que isso aconteceria com o propósito de reeducá-lo, para, mais tarde, reencarnar inúmeras vezes até atingir a perfeição espiritual, a mesma já alcançada pelo Mestre. Essa perfeição, todos nós, filhos de Deus, alcançaremos também um dia, diante da eternidade!

Gerson Simões Monteiro
gerson@radiodejaneiro.am.br

Matéria extraída do Jornal da ( FEESP ) - Janeiro 2010 - Imagem ilustrativa

quinta-feira, 20 de maio de 2010

A palavra escrita e a mídia eletrônica


O texto computadorizado enseja outra mobilidade a quem dele se utiliza

O que ensina, esmere-se em fazê-lo." (Paulo, Romanos, 12:27.)
A palavra escrita nasceu com o povo fenício, constituído por exímios navegadores, que levavam navios abarrotados de mercadorias para terras distantes. Para os trâmites burocráticos desse intenso comércio, foram criados alguns símbolos gráficos cuja maturação resultou no alfabeto que conhecemos.
Portanto, conforme podemos entender com as elucubrações do Benfeitor Espiritual Camilo: ¹ "(...) nos tempos atuais, embora os inconvenientes provocados pelos que sofrem de incontinência verbal, que falam sem travas, vemos que a palavra escrita tem se mantido, desde as eras imemoriais, como uma documentação grandiosa que vem mostrando, através de descrições empolgantes, ou lamentáveis, toda a saga da humanidade, desde quando o ser humano passou a utilizar-se da escrita".
Nas escritas cuneiformes dos medos, dos persas e dos assírios; nos ideogramas chineses e japoneses; nas ideografias que se espalharam mundo afora, até os alfabetos mais elaborados, encontrados no seio de miríades de povos, temos achado verdadeiras riquezas que dão conta das sociedades planetárias, indicando, assim, a importância do texto escrito para o estabelecimento da cultura, do saber.
Nada obstante a espantosa revolução digital, em efervescência nos dias atuais, apesar dos revestimentos inovadores que as mídias utilizam, mesmo diante do bulício sobre os inesgotáveis recursos das novas tecnologias, como o DVD, como a realidade virtual e os endereços eletrônicos dos infonautas, a palavra escrita prossegue firme e forte, sem que tenha sido deslocada da sua proeminente posição de destaque na vida de todos.
Embora uma quantidade extraordinária de bytes e de gigabytes, que enchem o chamado "espaço cibernético", e a aluvião de mensagens transmitidas por correio eletrônico alcancem números nunca vistos antes, a realidade é que a palavra escrita tem garantido seu espaço, afirmando-se como matériaprima de todo esse surto de progresso na esfera das comunicações.
É verdade que o texto computadorizado enseja outra mobilidade a quem dele se utiliza. Basta que se acione uma tecla para que determinado conteúdo desapareça diante dos olhos abismados do usuário. O que antes dependia só de papel e de estro, hoje basta os feixes de elétrons e sua velocidade vertiginosa para que se obtenha materializado na tela um curto ou amplo texto escrito.
Diante desses tempos de revoluções tecnológicas perturbadoras, com o incremento da informática, pensamos que há pouco tempo a Humanidade acabou de sair da perplexidade que representou para o mundo, no bojo do século XVI, a prensa de tipos móveis de Gutenberg. Os primeiros livros deixaram de ser copiados à mão, demoradamente, para serem multiplicados à vontade pelas máquinas mágicas, então, elas sim, revolucionárias.
Nos tempos que correm, agora, tem-se a sensação de que o progresso voeja no rastro das naves espaciais ou na inabordável freqüência do pensamento humano.
A palavra escrita, o texto, estará sempre nos impulsionando a procurar complementá-la com as imagens variadas que a sua leitura nos permite, enriquecendo a criatividade da mente, apesar de todo o progresso e aperfeiçoamento tecnológico.
É, pois, através da palavra escrita que encontraremos a ponte mais curta ligando nosso mundo interno, a nossa mente, ao mundo que nos cerca, o mundo de fora.
Portanto, os incumbidos pelo avanço intelectual, que instruam as massas nas ciências, nas profissões, no entendimento dos textos lidos, a fim de que aprendam a falar com segurança, a se expressar com correção e elegância, pois que se pode identificar o progresso espiritual de um povo através do seu falar.
Ivan de Albuquerque diz, ² poeticamente:

“O amor de quem ensina é, na verdade, as bases da humana felicidade, a força que impulsiona o pensamento.
Salvar da ignorância é caridade, libertando do rude embotamento”.

Bibliografia:
1)TEIXEIRA, J. Raul. Nos passos da Vida terrestre. Niterói: FRÁTER, 2005, ip. 141-142.
2)TEIXEIRA, J. Raul. Caminhos para o amor e a paz. Niterói: FRÁTER, 2005, 1.162.


Rogério Coelho
rcoelho47@yahoo.com.br

Matéria extraída do Jornal da ( FEESP ) - Janeiro 2010 - Imagem ilustrativa