quinta-feira, 17 de junho de 2010

A mediunidade de madre Teresa de Ávila

Num velho sebo (loja de livros usados), folheei um livro interessante: Os santos que abalaram o mundo, de René Fülõp - Miller, tradução de Oscar Mendes, Livraria José Olímpio Editora - 1948.
Abro na página 353: Santa Teresa. Numa nota de rodapé, o tradutor informa que certos fenômenos de ordem sobrenatural são considerados pelo autor de maneira puramente natural.
Cognominada A Santa do Êxtase, que ela descrevia como um vôo para o alto, que se efetua no interior da alma com a velocidade de uma bala disparada de uma arma, Teresa de Cepeda y Ahumada, ou madre Teresa de Ávila (ou Teresa de Jesus), canonizada em 1622, quarenta anos após a sua desencarnação, foi uma religiosa e "mística" espanhola, reformadora da Ordem das Carmelitas e doutora da Igreja, nascida em Ávila, em 1515 e desencarnada em Alba de Tormes, em 1582.
O autor do livro informa que "na vida extraordinária desta santa os acontecimentos naturais cruzam-se sobre esferas sobrenaturais, as ordens terrenas e celestes se misturam, visões emergem da percepção, o som de vozes humanas foi absorvido pelos chamados celestiais e a frágil forma humana serviu, em momentos de êxtase, de nave da abundância divina".
Ou seja, uma grande médium. Explica Allan Kardec, no capítulo XIV de O Livro dos Médiuns, que toda pessoa que sente a influência dos Espíritos, em qualquer grau de intensidade, é médium e que essa faculdade é inerente ao homem. Pode-se dizer que todos são mais ou menos médiuns, embora, usualmente, essa qualificação se aplique somente aos que possuem uma faculdade mediúnica bem caracterizada.
Interessante que mesmo considerando os fenômenos como de ordem puramente natural, o autor confirma, nas entrelinhas, a mediunidade de madre Teresa:
"Madre Teresa escreveu o que tinha aprendido na quieta solidão de sua cela, fora da confusão do tempo e do espaço, para além do dogma e da demonstração racional, para além de sua própria compreensão e da percepção dos seus sentidos. Descreveu as visitas de seu invisível Senhor e notou a Sua vontade, que Ele lhe comunicava em palavras inaudíveis".
Entendemos que René Fülõp-Miller se refere a uma comunicação direta com Deus, mas sabemos que esta comunicação acontecia entre madre Teresa e os Bons Espíritos, naturalmente, sob a proteção de Deus.
Grande Espírito! "Por meio de Teresa, a Igreja aprendeu uma vez mais que o Cristo era uma realidade viva, esse Cristo que os discípulos viram na estrada de Emaús, que Saulo de Tarso encontrara no caminho de Damasco...", enfatiza o autor.
Sofreu. Mas soube suportar todas as dores. Como disse Van Gogh, em carta a seu irmão, "quanto mais caio aos pedaços, quanto mais inválido e fraco me sinto, tanto mais artista me torno; pois graças à doença concebo idéias em profusão para trabalhar." Foi a doença que deu a Dostoievski o poder de produzir as suas maiores obras.

Informações correlatas

Segundo informações da contracapa do livro Perdôo-te - Memórias de um Espírito, da médium e grande vulto do Espiritismo na Espanha, Amália Domingo Soler - L.G.E. Editora (8a edição - 2003), o Espírito que ditou os escritos oralmente a Eudaldo Pagés, que os transmitiu a Amália, a qual passou-os para o papel, embora identifique-se como íris, teria sido Madalena. As comunicações aconteceram em Gracia, na Espanha, de 18 de fevereiro de 1897 a 23 de novembro de 1899. Eduardo ditava, Amália transcrevia.
Os relatos do Espírito antecederam à existência de Madalena, quando fez parte de uma civilização que teria existido na Atlântida. Um dos últimos capítulos fala sobre a reencarnação do Espírito como uma revolucionária religiosa - que se conclui que teria sido a madre Teresa de Ávila.

Observa o texto:

"Nominá-la em um livro espírita causaria demasiado impacto há cem anos atrás? E quanto a elucidar que as visões e transes de madre Teresa eram simplesmente manifestações mediúnicas?".

Altamirando de Carneiro
alta_carneiro@uol.com.br

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quarta-feira, 16 de junho de 2010

Consequências do Passado


1 - Como podemos compreender os resultados de nossas experiências anteriores?

Para compreender os resultados de nossas experiências anteriores, basta que o homem observe as próprias tendências, oportunidades, lutas e provas.


2 - Como entender, na essência, as dívidas ou vantagens que trazemos das existências passadas?

Estudos que efetuamos corretamente, ainda que terminados há longo tempo, asseguram-nos títulos profissionais respeitáveis. Faltas praticadas deixam azeda sucata de dores na consciência, pedindo reparação. Se plantamos preciosa árvore, desde muito, é natural venhamos a surpreendê-la, carregada de utilidades e frutos para os outros e para nós. Se nos empenhamos num débito, é justo suportemos a preocupação de pagar.

3 – Qual a lição que as horas nos ensinam?

Meditemos a simples lição das horas.
Comumente, durante a noite, o homem repousa e dorme; em sobrevindo a manhã, desperta e levanta-se com os bens ou com os males que haja procurado para si mesmo, no transcurso da véspera.
Assim, a vida e a morte, na lei da reencarnação que rege o destino.

4 – Qual a situação moral da alma no túmulo e no berço?

No túmulo, a alma, ainda vinculada ao crescimento evolutivo, entra na posse das alegrias e das dores que amontoou sobre a própria cabeça; no berço, acorda e retoma o arado da experiência, nos créditos que lhe cabe desenvolver e nos débitos que está compelida a resgatar.

5 – Em síntese, onde permanece, espiritualmente, a criatura reencarnada?

Cada criatura reencarnada permanece nas derivantes de tudo o que fez consigo e com o próximo.

6 – Qual a explicação lógica das enfermidades congênitas?

Os grandes delitos operam na alma estados indefiníveis de angústia e choque, daí nascendo a explicação lógica das enfermidades congênitas, às vezes inabordáveis a qualquer tratamento.

7 – O que ocorre aos suicidas nas vidas ulteriores?

Suicidas que estouraram o crânio ou que se entregaram a enforcamento, depois de prolongados suplícios, nas regiões purgatoriais, freqüentemente, após diversos tentames frustrados de renascimento, readquirem o corpo de carne, mas transportam nele as deficiências do corpo espiritual, cuja harmonia desajustaram. Nessa fase, exibem cérebros retardados ou moléstias nervosas obscuras.

8 – E os protagonistas de tragédias passionais?

Protagonistas de tragédias passionais, violentas e obscuras, criminosos de guerra, aproveitadores de lutas civis, que manejam a desordem para acobertar interesses escusos, exploradores do sofrimento humano, caluniadores, empreiteiros do aborto e devassidão e malfeitores outros, que a justiça do mundo não conseguiu cadastrar, voltam à reencarnação em tribulações compatíveis com os débitos que assumiram e, muitas vezes, junto das próprias vítimas, sob o mesmo teto, marcados por idênticos laços consangüíneos, tolerando-se mutuamente até a solução dos enigmas que criaram contra si mesmos, atentos ao reequilibro de que se vêem necessitados; ou sofrem a pena do resgate preciso em desastres dolorosos, integrando os quadros inquietantes dos acidentes em que se desdobra o resgate do espírito reencarnado, seja nos transes individuais ou nas provações coletivas.


9 – E aos cúmplices de erros e enganos?

As grandes dificuldades não caem exclusivamente sobre os suicidas e homicidas comuns. Quantos se fizeram instrumentos diretos ou indiretos das resoluções infelizes que se adotaram são impelidos a recebê-los nos próprios braços, ofertando-lhes o recinto doméstico por oficina de regeneração.

10 – O que ocorre àqueles que provocaram o suicídio de alguém?

Se levianamente provocamos o suicídio de alguém, é possível que tenhamos esse mesmo alguém, muito breve, na condição de um filho-problema ou de um familiar padecente, requisitando-nos auxílio, na medida das responsabilidades que assumimos, na falência a que se arrojou.

11 – Que acontece àqueles que impelem o próximo à falência moral?

Se instilamos viciação e criminalidade em companheiros do caminho, asfixiando-lhes as melhores esperanças na desencarnação prematura, é certo que se corporificarão, de novo, na Terra, ao nosso lado, a fim de que lhes prestemos concurso imprescindível à reeducação, na pauta dos compromissos a que enredamos, ao precipitá-los aos enganos terríveis de que buscam desvencilhar-se, abatidos e desditosos.
Nas mesmas circunstâncias, carreamos em nós, enraizados nas forças profundas da mente, os bens ou os males que cultivamos.

12 – E o que ocorre aos desencarnados que malbarataram os tesouros da emoção e da idéia?

Quando desencarnados, não fugimos as leis de causa e efeito.
Se malbaratamos os tesouros da Terra, deambulamos nas esferas espirituais por doentes da alma, que a perturbação ensandece, fadados a reaparecer no plano carnal com as enfermidades conseqüentes, a se entranharem, nos tecidos orgânicos, que nos compõem a vestimenta física.

13 – E aqueles que se entregam aos desequilíbrios do sexo?

Se abraçamos desequilíbrios de sexo, agravados com padecimentos alheios por nossa conta, agüentamos inibições genésicas, muitas vezes, com o cansaço precoce e a distrofia muscular, a epilepsia ou o câncer, de permeio.

14 - E àqueles que perpetram crimes?

Se perpetramos crimes na pessoa dos semelhantes, ei-nos a frente de mutilações dolorosas.

15 – E àqueles que se entregam às extravagâncias da mesa?

Se nos entregamos às extravagâncias da mesa, arcamos com ulcerações e gastralgias que persistem tanto tempo quanto se nos perdurem as alterações do veículo espiritual.


16 – E àqueles que se afeiçoam ao alcoolismo?

Se nos afeiçoamos ao alcoolismo ou ao abuso de entorpecente, somos induzidos à loucura ou à idiotia seja onde for.

17 – E àqueles que se empenham em delitos de maledicência e calúnia?

Se nos empenhamos em delitos de maledicência e calúnia, atravessamos vastos períodos de surdez ou mudez, precedidas ou seguidas por distonias correlatas.


18 – As conseqüências de nossos erros se verificam apenas na forma de doenças comuns?

Não. Além disso, é preciso contar com as probabilidades da obsessão, porquanto, cada vez que ofendemos aos que partilham a marcha, atraímos, em prejuízo próprio, as vibrações de revolta ou desespero daqueles que se categorizam por vítimas de nossas ações impensadas.

19 – Qual deve ser nossa atitude perante as provas da vida?

Diante das provas inquietantes que se demoram conosco, aprendamos a refletir, para auxiliar, melhorar, amparar e servir aqueles que nos cercam.

20 – Quais as relações entre o presente, o passado e o futuro?

Todos estamos no presente, com o ensejo de construir o futuro, mas envolvidos nas conseqüências do passado que nos é próprio. Isso porque tudo aquilo que a criatura semeie, isso mesmo colherá.

EMMANUEL
extraído do livro "Leis de Amor", ítem VI - Francisco C. Xavier e
Waldo Vieira - pelo espírito de Emmanuel - 3º ed. FEESP
GFEIC - Perguntas e Respostas à Emmanuel


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segunda-feira, 14 de junho de 2010

A Casa espírita roubou meu pai...


(...) de mim. Acalme-se, prezado leitor. Não estamos falando de nenhum crime, à luz do Código Penal, cometido nas dependências de nossos templos religiosos.
Estamos, sim, verbalizando o sentimento, que percebemos ao longo de nossa vida como evangelizador, presente em muitos jovens, filhos de trabalhadores da casa espírita.
Por vezes o indivíduo dedica-se às tarefas da casa e da causa, com afinco e determinação, privando cronicamente a sua família do convívio, por força de seus inúmeros compromissos. Além das demandas profissionais, arvora-se a encontrar no templo espírita seu segundo emprego, com chefe, cargos, horários e metas.
É alçado assim à condição de “trabalhador”, como se fosse um nível hierárquico acima do “frequentador”, como se a ele coubesse uma atribuição especial, acima dos outros. Quantos jogos de poder e de orgulho se escondem nessas construções?
Quando constituímos uma família, abraçamos ali responsabilidades afetivas que demandam tempo, tempo de conviver, de conversar, de sermos amigos e irmãos e por que não, para o lazer. É fundamental o lazer em família, darmos gargalhadas, brincarmos. Esses momentos marcam a história de nossos filhos, que nos vêem como seus pais, únicos para eles.
Quando abraçamos diversas responsabilidades na Casa espírita, lembremos que não nos cabe fazer tudo. Por vezes, na busca do evento perfeito, sequiosos de cargos e não de encargos, relembrando o velho Chico Xavier, nos atolamos de atribuições, muitas delas burocráticas, constituindo a vivência espírita um fardo, um segundo emprego, estressante. Esquecemos que esse trabalho todo só terá valor se tiver reflexos na reforma íntima do trabalhador.
Essa ausência prolongada, com causa identificada, pode alimentar no jovem uma aversão à casa espírita, vendo ali a fonte de afastamento de seus pais, como um protesto por aquela situação, em uma atitude típica da juventude. Isso pode se refletir na falta do desejo de ir à casa espírita, na falta de envolvimento com as atividades da casa ou até na aversão completa.
Em hipótese nenhuma estou fazendo uma apologia à preguiça ou pregando que não venhamos a trabalhar na seara do bem. Pelo contrário, o que nos deve chamar a atenção é a motivação desse trabalho, essa ansiedade centralizadora de fazer tudo, às vezes à nossa maneira, e, pelo discurso da perfeição, abandonar o convívio dos nossos, afogados de atribuições.
A religião é uma ferramenta de nosso crescimento espiritual, tão valiosa quanto é a família. Esses institutos não devem concorrer entre si e sim cooperar. Temos de ter tempo de lazer, de conviver com nossos filhos, de conversar. Temos de ter tempo para o trabalho no bem. As tarefas da casa espírita devem crescer com a adesão do grupo e não de uns poucos que se matam para fazer as coisas. Se assim for, a casa não está envolvendo as pessoas e nos vemos nas antigas armadilhas do personalismo e do perfeccionismo.
No livro Conduta Espírita, o Espírito André Luiz afirma que:

“Acima de todas as injunções e contingências de cada dia, conservar a fidelidade aos preceitos espíritas cristãos, sendo cônjuge generoso e melhor pai, filho dedicado e companheiro benevolente”.

Relembrando o nosso dever em todos os planos e não apenas no religioso. Esse modelo de dedicação intensa à religião, principalmente no plano formal, já existiu no mundo e constatamos pela história que ele não dá certo.
No mesmo livro, André Luiz assevera:

“Situar em posições distintas as próprias tarefas diante da família e da profissão, da Doutrina que abraça e da coletividade a que deve servir, atendendo a todas as obrigações com o necessário equilíbrio”.

Apontado o equilíbrio como a tônica de tudo. Se tens família, se tens filhos, deves dedicar a eles um tempo, não como obrigação de um dever, mas como momento de amor e de comunhão com esses Espíritos, dádivas nessa tua encarnação. Não te permitas ser roubado por múltiplas atribuições na casa, pela perfeição dos eventos, das instalações, dos documentos, em um novo emprego oriundo dessa visão empresarial de gerir a casa espírita. Pensemos na qualidade e não na quantidade. Não seremos questionados pelo muito que fizemos quando chegarmos ao lado de lá, e sim pelo como fizemos...

Marcus Vinícius de Azevedo Braga
acervobraga@gmail.com
Guará II, Distrito Federal (Brasil)


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