quarta-feira, 14 de julho de 2010

A PAZ começa dentro de casa

O mundo melhor com o qual sonhamos começa no lar

Sonhamos com um mundo melhor onde paz e harmonia predominem na intimidade de cada um e na vida social. Volta e meia nos deparamos na rua e nos noticiários com campanhas, caminhadas, e passeatas contra as guerras e em prol da paz. Slogans não faltam:Diga não à violência! Guerra não! Eu sou
da paz! Paz e amor!
Muitos já buscam a paz mesmo desconhecendo-a; outros, como algumas crianças da Geração Nova, já a praticam automaticamente e sem esforço.
Inúmeras são as lutas que se travam a seu favor. Nas ruas, na imprensa escrita e falada. Paz da boca para fora. Palavras tão estéreis quanto inúteis; enquanto não tivermos consciência clara do que seja agressividade e violência.
Não tem sentido lógico, pessoas ainda agressivas e violentas nas menores ações do dia-a-dia empunhando a bandeira da paz. E o que é pior: cobrando dos outros atitudes mais pacíficas. Mais parece coisa de gente que não tem e nem sabe o que fazer; que deseja aparecer ou pretende vender alguma idéia ou produto.
Não desenvolvemos a sensibilidade de distinguir as atitudes pacíficas das agressivas em nossas atitudes diárias. Não percebemos realmente o que é violência e agressividade, exceto aquela que salta aos olhos, escabrosa e truculenta: guerras, assassinatos, agressões, estupros, tiros, facadas. E o que é pior, sentimos apenas a que nos atinge ou nos choca; mas, encaramos como normal e como nosso direito de reagir à que aplicamos nos outros, dos pensamentos às atitudes.
Somente seremos capazes de combater a violência quando aprendermos a detectá-la em nós mesmos e, quando educarmos as crianças para que sejam mansas e pacíficas, exemplificando, pois a educação é algo compartilhado e não imposto. Palavreado não seguido de atitudes coerentes não serve para nada; apenas atrapalha. Pessoas não se educam com slogans, nem com palavras de ordem, e sim na prática, com os exemplos de cada dia.
Antes de conseguirmos a paz nas ruas ela precisa ser conquistada no íntimo de cada um e no ambiente familiar. A atitude pacífica deve ser aprendida e exercitada na vida em família.
Como tudo que envolve o homem a paz não se consegue na canetada de um decreto, com teorias mirabolantes ou num passe de mágica, é uma conquista gradual, a partir do respeito pela própria vida e pela vida do outro.
Alcançaremos um estado de paz relativa, quando nos lares não houver mais: Guerra pelo poder de controlar. Competição. Mentiras. Traições. . Violência verbal. Agressão física.
Desse ponto em diante todas as lutas sociais em prol da paz serão vitoriosas.
Ainda é do nosso feitio usar palavras e frases sem parar para pensar no seu significado real; uma das muitas que usamos relacionada com o tema é: “Sou uma pessoa muito boa e pacifica, desde que não pisem no meu calo, desde que não mexam comigo!”...
Ser manso pacífico é diferente de estar em paz; muitas vezes de forma provisória, sob a ação anestésica das justificativas. Ser manso e pacífico é um estágio definitivo de conquista, no qual o indivíduo não ofende nem se sente ofendido, e vive num estado de ausência de violência sem precisar explicar nem justificar atitudes. Não precisa pedir perdão nem perdoar.
Na fase de não violência ou estar em paz, ainda precisamos perdoar e sermos perdoados de forma condicional num primeiro estágio e depois incondicional numa fase mais avançada. Nosso processo de humanização é lento e gradual; ao tentar conter impulsos agressivos o homem "troglodita" que ainda habita
em nós, dá início ao processo de humanização verdadeira, passo a passo.
Outra coisa que tomamos como verdade: afirmar que o homem agressivo e violento é um animal. É preciso que fique claro que o animal não é agressivo; apenas se defende quando é ameaçado de alguma forma; suas reações são puramente instintivas, exceto nos que convivem há muito tempo com o homem - os chamados animais domésticos possuem uma capacidade de captação mais poderosa do que o das crianças pequenas, tanto que adotam com o passar dos anos, o “ar" ou o "jeitão" dos donos e, assimilam também algo da forma de reagir das pessoas com as quais convivem, por isso eles podem se mostrar agressivos ou dóceis. Quem chama uma pessoa agressiva e violenta de animal está cometendo uma injustiça.
Interessa-nos nesta conversa, a revisão de alguns conceitos relacionados com a paz ou a falta dela segundo a ótica da educação do espírito; em especial o que acontece entre as paredes de um lar. Como nos comportamos na vida em família? Somos da paz ou da guerra? Da concórdia ou da discórdia?

Américo Marques Canhoto - Casado, pai de quatro filhos. Nasceu em Castelo de Mação, distrito de Santarém, em Portugal. Médico da família, clinica desde o ano de 1978. Hoje, atende em São Bernardo do Campo e São José do Rio Preto, Estado de São Paulo. Conheceu o Espiritismo em 1988. Recebia pacientes indicados pelo doutor Eduardo Monteiro. Depois descobriu que esse médico era um espírito.

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sábado, 10 de julho de 2010

Primeira viagem

Pílulas de vida

Marinheiro de primeira viagem, Evilásio pediu a um amigo que o acompanhasse em sua primeira visita ao centro espírita. Depois de atravessar grandes sofrimentos, desejava libertar-se do alcoolismo.
- Sozinho eu não vou. Nunca se sabe.
No dia marcado, levantou-se bem cedo, sentindo-se fraco e derrotado.
Abandonado pela família, vivia sozinho, descontrolado pelas bebedeiras.
- Parar eu quero, mas só Deus pode me ajudar... – Falava em voz alta, como se conversasse com alguém.
Sentou-se na poltrona da sala – único móvel a povoar o recinto – e aguardou o amigo. Pontualmente, Romualdo bateu na sua porta às oito horas.
- Vamos! Já está pronto? – Perguntou o amigo.
- Prontinho para morrer – Respondeu mal-humorado.
Algum tempo depois, no centro espírita, aguardavam o inicio da sessão. Depois de pronunciar uma prece, o dirigente da reunião anunciou o tema da palestra:
“Ajuda-te e o Céu te ajudará”.
Ao final da preleção, Evilásio estava impaciente.
- Ele falou bonito. E agora, o que vai acontecer, Romualdo?
- Vamos aguardar para receber o passe.
- O que eles fazem naquela sala?
- Silêncio, Evilásio. Não é permitido conversar.
As pessoas entravam na sala de passe e saiam por uma porta lateral.
- Não sei não, Romualdo...
Evilásio dirigiu toda sua desconfiança para a câmara de passe.
Seu temor se ampliou ao entrever – no abrir e fechar silencioso da porta – pessoas que se movimentavam na sala, iluminadas apenas por uma tênue lâmpada azulada.
- É sua vez, Evilásio.
- Vai você primeiro, Romualdo.
- Vamos Evilásio, você não pediu ajuda? Eles vão te ajudar!
- Precisa mesmo?
Calado, Romualdo apontou na direção da sala.
Constrangido, Evilásio levantou-se e, passos curtos e hesitantes, entrou.
Sentou-se na cadeira, fechou os olhos e balbuciou:
- Valha-me Deus, Nossa Senhora!
Foi quando ouviu um pedido:
- Pense em Jesus...
Evilásio respirou fundo e, durante alguns instantes, elevou-se, em pensamento a uma instância de paz, um remanso tranqüilo e acolhedor, onde livrou-se de um peso que carregava há muitos anos... Uma indescritível felicidade invadiu seu coração. Depois de ouvir o som de uma sineta, foi convidado a levantar-se e sair por uma porta lateral. No corredor, Evilásio sentiu um impulso irresistível. Retornou ao salão pela porta principal e, diante de um senhor idoso que controlava o acesso das pessoas à sala de passes, perguntou sorridente:
- Será que dá para repetir a dose?

Afonso Moreira Jr. é expositor e colaborador na "Federação Espírita do Estado de São Paulo", diretor responsável pelo "Grupo Espírita Geam", Rua Força Pública, 24 (Santana), São Paulo, SP. Telefone (11) 6221-1464 begin_of_the_skype_highlighting (11) 6221-1464 end_of_the_skype_highlighting, autor de obras paradidáticas e editor do Jornal dos Espíritos, e-mail afonsomoreirajr@jornaldosespiritos.com

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