sábado, 13 de setembro de 2014
terça-feira, 9 de setembro de 2014
Respeito à Pátria, compromisso inadiável!
A vida permitiu-nos renascer no Brasil, a querida Pátria que
nos acolhe. A história do país, na colonização, nos embates para a construção
da democracia e mesmo nos gigantescos desafios da atualidade – onde se incluem
a violência e o tráfico, o contraste entre os interesses de variadas ordens e a
corrupção, entre outros itens dispensáveis de serem citados –, também apresenta
os benefícios de um povo aberto, feliz, descontraído, ardente na fé e na
disposição.
É nosso querido Brasil, gigantesco em proporções geográficas
e na diversidade que se apresenta em todos os aspectos! Bendita pátria!
Por outro lado, o país acolheu a Doutrina Espírita como
nenhum o fez. Das sementes germinadas em solo francês, foi aqui que a grande
árvore do conhecimento se fez gigante como o próprio país continental. E nós
temos a felicidade de conhecer essa Doutrina maravilhosa que inspira ações de
caridade – em toda a extensão da palavra –, convivência fraterna e amiga por
toda parte. Apesar das dificuldades e limitações humanas que são nossas,
individuais e coletivas, ele, o Espiritismo, espalhou e espalha seus frutos
pelas mentes e corações que o buscam ou são beneficiados por sua imensa luz.
Estamos no mesmo país que recebeu o cognome de Coração do
Mundo, Pátria do Evangelho, justa e coerente adjetivação para um povo ameno,
solidário, apesar das lutas próprias de nossa condição humana. É aqui que as
variadas expressões religiosas se manifestam para conduzir mentes e corações; é
também nessa terra querida que nasceram ou renasceram almas que conhecemos sob
os abençoados nomes de Irmã Dulce, Zilda Arns, Chico Xavier, Divaldo Franco,
Dr. March, Dr. Bezerra de Menezes, entre tantos outros ilustres filhos que lhe
dignificam o nome, sendo impossível citar todos e mesmo especificá-los por
área, tamanha a variedade e quantidade de benfeitores que aqui vieram e ainda
aqui vivem.
Setembro lembramos a Pátria, desde os tempos escolares.
Setembro também normalmente estamos às vésperas das eleições, como ocorre agora
em 2014. Isso lembra responsabilidade, comprometimento, ética. Afinal, temos um
compromisso com o país, com a coletividade brasileira. Qualquer cidadão está
comprometido com a segurança, com os valores do país, com a obrigação moral da
retidão e da gratidão, que se estendem por ações em favor do bem comum. É o
dever! Não apenas um dever cívico, mas o dever moral para conosco mesmo e para
com o próximo, como indica o Espírito Lázaro em O Evangelho Segundo o
Espiritismo. Aliás, lembrando a Codificação Espírita, há que se ater às Leis
Divinas, didaticamente apresentadas pelo Codificador em O Livro dos Espíritos.
Leis que baseiam-se no amor, diga-se de passagem, mas igualmente são justas e
misericordiosas.
Por tudo isso, a reflexão sobre nosso papel de brasileiros
perante a Pátria Brasileira inclui-se igualmente no dever, ainda que apenas por
gratidão pelo país que nos acolhe, garantindo-nos a paz desse foco irradiador
de trabalho e fé que é o Brasil. Tamanho compromisso dispensa corrupção,
egoísmo e tolas vaidades. Pede-nos, isso sim, trabalho e dignidade, exatamente
pelo alto compromisso que todos temos com a vida e seu significado. O que
significa, em termos de eleições para outubro próximo, o compromisso com a
decência e a escolha consciente sem outros interesses que não os da
coletividade.
Repare o leitor atento que, quando ouvimos o Hino Nacional,
a emoção nos envolve completamente. É o sentimento de compromisso com a missão
da Pátria que integramos. O renascimento no país não é obra do acaso. Indica
comprometimento e programação sabiamente elaborada. Saibamos respeitar e
cumprir o que antes prometemos.
O Brasil tem grande papel a exercer junto à Humanidade.
Filhos dignos, espíritos preparados e nobres estão sempre presentes como
autênticos faróis a conduzir a coletividade. Sejamos daqueles que honram nossa
condição humana e brasileira! Exemplos não faltam.
Por gratidão, ao menos, ao querido e grandioso Brasil!
Lembremo-nos: o planeta construído por Jesus teve na mente e planejamento do
Mestre da Humanidade a inclusão desse país incomparável, onde germinam as doces
brisas do Evangelho.
Orson Peter Carrara
sábado, 6 de setembro de 2014
sexta-feira, 5 de setembro de 2014
A primeira pedra
Emblemática no evangelho de Jesus a passagem do
apedrejamento da mulher adúltera, situação na qual o Cristo diz que “quem não
tiver pecados, que atire a primeira pedra” (João, Capítulo 8). Tal afirmativa,
que calou os populares que se arvoravam de algozes pela dilapidação, ainda
ecoa, pela sua lógica, aplacando os nossos ódios e os nossos instintos mais
violentos, diante das situações presenciadas no cotidiano.
Jesus, que em outras situações defendeu a justiça, no “dai a
César o que é de César” e no “a cada um segundo as suas obras”, não menos
famosos que o enunciado sobre a primeira pedra, diante daquela mulher condenada
pela legislação vigente, traria agora uma mensagem de leniência e de
impunidade, em uma apologia ao crime?
Uma resposta afirmativa seria uma visão superficial e
contraditória da situação em tela. Ao nosso ver, Jesus condena sim o julgamento
precipitado, apaixonado e desmedido, que não sopesa o contexto e a
subjetividade de cada situação, chamando a reflexão pelo “quem não tiver
pecados”, inibindo uma pseudo justiça feita com as próprias mãos, mas que
desconsidera princípios basilares de proporcionalidade, contraditório,
razoabilidade e outros afetos ao direito penal, que muito evoluiu desde a época
do Cristo e que compõe o arcabouço jurídico de qualquer Estado moderno.
Mais gravosa que a pena de morte, a dita justiça com as
próprias mãos, estampada nos linchamentos, presentes em nossa sociedade e
acentuados mais recentemente, é uma explosão de ódio, derivada de uma gama de
injustiças menores percebidas e que se materializa em uma injustiça ainda
maior, na condenação a uma morte cruel e desumana, que independente de ser um
inocente ou um motivo comezinho, traduz-se na barbárie que aplaca vinganças e
produz mais dor onde esta já campeava.
A chamada a reflexão de Jesus nos convida a assumir o lugar
da vítima e a refletir em qual é a melhor maneira de atuarmos frente a esta
situação, o que necessitaríamos se fôssemos nós mesmos ali no banco dos réus da
rua, dado que as pelas falhas cometidas, no espectro das reencarnações, ser réu
é apenas uma questão temporal.
Ataques de ódio com a promoção de linchamentos e a apologia
a práticas dessa natureza, ao meu ver, afrontam diametralmente a conduta
espírita na defesa da vida, argumentação ilustrada por autores fundamentais da
doutrina, como na pergunta 761 de “O livro dos espíritos”, que assevera: “Há
outros meios de ele se preservar do perigo, que não matando. Demais, é preciso
abrir e não fechar ao criminoso a porta do arrependimento. ”
Ou ainda na pena de Joana de Angelis no seu “Após a
Tempestade”, quando diz: “A tarefa que compete às leis é a de eliminar o crime,
as causas que o fomentam, não o equivocado criminoso. A morte do delinquente
não devolve a vida da vítima. Ao invés da preocupação de matar, encontrar
recursos para estimular a vida. Educar, reeducar, são impositivos inadiáveis;
matar, não. Tenhamos tento! Não há, no Evangelho, um só versículo que apoie a
pena de morte. ”
A pena de Humberto de Campos, na psicografia de Chico
Xavier, no seu “Boa nova”, não se furta dessa antiga questão, quando se refere
a mulher adúltera: “ – Ninguém pode contestar que ela tenha pecado; quem estará
irrepreensível na face da Terra? Há sacerdotes da lei, magistrados e filósofos,
que prostituíram suas almas por mais baixo preço; contudo, ainda não lhes vi os
acusadores. A hipocrisia costuma campear impune, enquanto se atiram pedras ao
sofrimento. João, o mundo está cheio de túmulos caiados. ”
Como se vê, a problemática do crime, da violência urbana e
da intolerância com isso tudo é antiga e complexa, demandando soluções de igual
natureza, dado que a soma de linchamentos ocorridos até hoje não parece ter
surtido efeito na redução de índices de violência nas comunidades que dele
fizeram uso.
A visão do dito justiçamento é uma percepção segmentada do
problema, descompensada e que tomada pelo calor dos acontecimentos, ignora as
medidas sociais necessárias, para além de saúde e educação, mas também nas
políticas de segurança de qualidade que coíbam e apurem os crimes, remetendo o
réu ao Juízo, que tem grande importância nesse processo, no contexto do chamado
Estado democrático de Direito.
O ódio é uma força de características irracionais, de forma
parcial. Ou seja, ela se volta para uma causa, ainda que a sua percepção seja
nebulosa, e a ela associa a necessidade de descarregar a sua energia represada,
muitas vezes fomentada pela indignação, pela dor, pelas injustiças cotidianas e
ainda, por outras vozes, no ambiente das chamadas redes sociais.
O cidadão comum, nesses ambientes de exaltação, como uma
greve, um jogo de futebol, se vê tomado desses ímpetos marcantes e por vezes,
se vê envolvido em processos de justiçamento, esquecendo aquela voz que lembra
a ele a sua condição de espírito imortal.
Casos emblemáticos como a Escola Base (SP) e o linchamento
da jovem confundida com uma fotografia na internet ocorrida em 2014 no Guarujá
(SP) se agregam a outros, ocultos em outras tipologias penais, atingindo
culpados e inocentes, como formas bárbaras de promover uma vingança contra a
nossa própria imperfeição como seres humanas batizada de justiçamento.
Como espíritas e cristãos, lutemos pela justiça, defendamos
a vida, com uma visão ampla e racional dessa questão, não se deixando seduzir
pelo canto das soluções fáceis em arranjos complexos, na defesa de atos que
servem apenas para aplacar ódios momentâneos, gerando, em termos práticos, mais
violência e sofrimento, para vítimas e algozes.
A exemplificação do bem, a postura cristã, não é privilégio
dos mártires das letras evangélicas. A cada dia, cada um pode e deve, no seu
campo de luta, exemplificar o que o Cristo espera de nós, em um desafio
pessoal, como fez em maio de 2014 no Rio de Janeiro a jovem estudante de
arquitetura Mikhaila Copello, que se pôs à frente de linchadores na defesa de
um assaltante que já fora imobilizado, se valendo, como em uma parábola
moderna, de palavras, do seu corpo e da sua coragem no testemunho de sua forma
de ver a vida, impedindo que aqueles espíritos algozes complicassem a sua
encarnação, convidando-os a reflexão da “primeira pedra”.
Ainda há esperança! Nós, espíritos encarnados, podemos fazer
melhor do que isso! A caminhada do bem é dolorosa, e apesar do crime, que a
todos causa indignação, temos o dever de fazer ecoar as palavras do Cristo, que
nos trouxeram a reflexão quando empunhávamos pedras, passados mais de 2000
anos, nos indicando na ocasião em que local da turba Jesus se posicionou, antes
e depois do momento da dilapidação.
Marcus Vinicius de Azevedo Braga
Residindo atualmente na cidade do Rio de Janeiro, espírita
desde 1990, atua no movimento espírita na evangelização infantil, sendo também
expositor. Vinculado a Casa Espírita Amazonas Hércules (www.ceah.org.br). É
colaborador assíduo do jornal Correio Espírita (RJ) e da revista eletrônica O Consolador
(Paraná). É autor do livro Alegria de Servir (2001), publicado pela Federação
Espírita Brasileira (FEB) e do Livro "Você sabe quem viu Jesus
nascer" (2013), editado pela Editora Virtual O Consolador.
Imagem ilustrativa
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