terça-feira, 28 de outubro de 2014
sexta-feira, 24 de outubro de 2014
Qual é o tema mesmo?
As palestras são uma das mais eficazes maneiras de promover a divulgação do Espiritismo, levando sua mensagem libertadora e que merece o melhor daqueles que possuem a responsabilidade de apresentá-la. No entanto, algumas questões devem ser observadas, seja pelos palestrantes, pelos que organizam e agendam, quanto pelos que ouvem. É a questão do tema! Percebemos que, em algumas vezes, saindo-se bem ou não, o palestrante anuncia um tema e atrai aqueles que se interessam por ele, outros que têm necessidade de ouvi-lo, sem falar que seguir um tema, organiza o pensamento de quem fala e de quem ouve. No entanto, percebemos a existência de palestrantes que, por falta de comprometimento com o próprio tema, acabam fazendo com que suas apresentações divaguem por vários temas superficialmente, muitas vezes utilizando músicas e diversas apresentações com multimídia, mas sem se aprofundar em coisa alguma. Quando isso ocorre, por melhor que seja a apresentação, o palestrante anuncia um tema, desenvolve vários e conclui sem compromisso com o tema que anunciou... Deve haver profundo respeito para a realização de uma palestra Espírita, afinal a mensagem que ela encerra possui determinante influência na edificação daqueles que ouvem, tanto quanto no entendimento claro ou equivocado que terão do Espiritismo. Partindo do princípio de que todos somos imperfeitos e de pouco conhecimento real de algo tão grande como a Doutrina Espírita, a busca de todo palestrante deve ser a de ter responsabilidade com a maior dedicação e constante empenho de ser fiel ao que o Espiritismo verdadeiramente ensina e com honestidade, verticalizar sua busca de fazer o melhor possível.
Não falamos de grandes apresentações de oratória, de palavras enfeitadas e empolgados discursos, mas sim de respeito com a Doutrina dos Imortais e com aqueles que ouvem. Muitas vezes, as pessoas estão chegando ao Centro Espírita pela primeira vez, o que dilata nossa preocupação com a mensagem, que deve ser segura e que motivem aos ouvintes a dar atenção especial ao Evangelho, afinal, o Evangelho é Jesus que prossegue a orientar o homem. Ao falar, o palestrante tem a oportunidade de influenciar o ouvinte com as suas informações e conceitos, fornecendo material ao seu mundo mental e que lhe conduzirá as ações e posturas. Vemos mesmo em grandes eventos, considerados especiais e que juntam grandes quantidades de pessoas, com tema principal estabelecido para todos, palestras prontas de outros temas sendo realizadas, contando com o fato de que ninguém perceberá a negligência. Quando no final da palestra, o ouvinte, achando que a apresentação foi boa ou não, tem dificuldade de lembrar qual o tema estudado, algo está errado, pois a intenção era a de aprofundar a mensagem principal. Somente o despreparo e a falta de dedicação pode justificar uma palestra que diz muito sem falar nada, nossas capacidades são diferenciadas, mas respeitando as limitações de cada um, devemos buscar mensagens seguras e claras e que apenas se obtêm, caminhando pautados pelas obras de Allan Kardec.
Roosevelt
Andolphato Tiago
Imagem ilustrativa
domingo, 19 de outubro de 2014
sexta-feira, 17 de outubro de 2014
Desceu do animal
A primeira atitude daquele homem foi descer do animal, um
cavalo ou um camelo. Em sua caminhada encontrou aquele homem ferido, que havia
sido desprezado por dois outros que ali passaram, conforme narra a conhecida
Parábola do Bom Samaritano. Todo mundo conhece a parábola, nem é preciso narrar
novamente. Seus personagens e desdobramentos são muito conhecidos e as lições
morais daí decorrentes igualmente tocam o coração humano com lições
incomparáveis.
Deixemos, todavia, aquelas lições já conhecidas, divulgadas
e disponíveis para quem deseja ampliar o assunto e conhecer mais. Fixemo-nos na ocorrência da decisão do
terceiro personagem, o bom samaritano, que encontrou o homem caído e ferido.
Sua primeira atitude foi descer do animal que o
transportava. Isso não se deve apenas ao fato da comodidade de estar mais
próximo, mas mostra a postura de decisão, de humildade principalmente, ao
aproximar-se do enfermo caído. Antes de qualquer outra iniciativa de apoio que
se sucedeu, como conhecida, ele antes desce do animal, aproxima-se, verifica a
necessidade, para depois, então, agir como exigia o momento.
A ocorrência é repleta de ensinos. Ele sentiu a dor alheia,
preocupou-se com a dificuldade, não se manteve no pedestal da facilidade de
locomoção que se encontrava – o que naturalmente pode ser comparado com as
facilidades do nome, do cargo, da posição social, entre outras circunstâncias
–, que todos normalmente desfrutamos.
Ao aproximar-se, providenciou o que era necessário, como
conhecido. Antes, a indiferença dos outros dois personagens. Sua aproximação,
contudo, mudou todo o quadro da história. Desceu do animal com a disposição de
ajudar, de fazer-se presente no que era necessário, de levar adiante as
providências que o momento exigia.
As lições preciosas da citada parábola estão em todo o
trecho. Desde o orgulho e a indiferença dos outros dois personagens e ganha
destaque já a partir da decisão de socorrer o infeliz, quando, então, desce do
animal.
Sim! Precisamos observar atentamente este dado inicial da
parábola. Também precisamos descer dos pedestais do orgulho, do egoísmo, da
prepotência, da vaidade, da indiferença. Na verdade, trazemos conosco o dever
de atenuar as agruras alheias. Fácil? Nem sempre! Muitos desafios se apresentam
nessa decisão de auxiliar a quem precisa, mas é importante que não permaneçamos
indiferentes, que façamos o que esteja ao nosso alcance.
E esta decisão não se resume apenas no socorro à dificuldade
alheia. Ela pode ser ampliada por meio da boa vontade e da disposição em ser
útil. Também se encaixa perfeitamente em facilitarmos o andamento das
providências e ocorrências do cotidiano. Seja no trato com um animal doméstico,
com uma criança, com idosos, com outros adultos de nosso relacionamento,
perante as providências diárias, na vida social, familiar ou profissional.
Desçamos, pois, de nossas pretensões. Aproveitemos a bela
lição para revermos nossos próprios comportamentos perante perspectivas da
própria vida e principalmente perante as dificuldades alheias...
Orson Peter
Carrara
sexta-feira, 10 de outubro de 2014
Benefícios do sacrifício
O Evangelho segundo o Espiritismo, no seu capítulo V,
fala-nos, entre outros assuntos, do verdadeiro sacrifício aos olhos de Deus.
Capítulo interessante e atual, dado que a vida nos exige sacrifícios e por
vezes buscamos estes, sem saber bem o porquê.
Em um primeiro momento, apresenta-se a questão de se é
possível reduzir o rigor das provas, dado que estas são instrumentos de nossa
evolução. A conclusão é simples, dados que a Lei é de amor e, sim, podemos e
devemos abreviar a dor de nosso próximo, abreviar as suas provas
voluntariamente, pois esse amor nos impulsiona a ser melhores e a evolução se
faz em conjunto, nesse nosso planetinha azul.
Ao contrário da visão do Carma adotada em algumas religiões,
não devemos deixar nossos irmãos sofrerem para “pagar”, pois a divindade quer
que nós aprendamos a amar e não que soframos indistintamente, como um Deus
sádico, a exemplo do Olimpo greco-romano.
A dor deve nos empurrar para o amor, e o amor pode sim
colaborar para reduzir a dor, na busca da luz, em um contexto de
interdependência, de Espíritos encarnados em um planeta de provas e expiações,
na luta da evolução.
De forma simétrica, apresenta-se a questão: é possível então
aumentar as suas provas voluntariamente? Ou seja, posso aumentar a minha dor e
assim evoluir mais rápido?
O evangelho é claro nesse ponto... e o bom senso também!
Produzir dor por produzir pouco contribui com a instauração do reino dos céus
em nossos corações. Em muitas facetas se apresenta esse sacrifício voluntário,
em roupagens modernas que escondem sentimentos adversos.
As práticas de se prometer coisas para a divindade em troca
de bênçãos, como nos sacrifícios muito famosos em festas religiosas, nas
famosas promessas, ilustram bem esse sentimento de imolação, como passagem para
a felicidade. São os terroristas que esperam o reino de cachoeiras de mel...
Uma forma de sacrifício egoísta e de barganha!
Têm-se ainda, de forma reprovável, práticas nesse sentido,
adotadas por vezes por celebridades, no campo da automutilação. Com cortes e
marcas, as dores corporais buscam substituir sofrimentos emocionais, em uma
punição de si mesmo, prima da comiseração, em uma mescla de carência, culpa e
remorso. Uma forma de sacrifício focado em si, na troca de suas dores
sentimentais por dores corporais.
Esses exemplos atuais nos mostram que o nosso sacrifício
ainda está atrelado a uma ideia de egoísmo. O disposto n’O Evangelho segundo o
Espiritismo indica que o aumento da dor sem reverter para o benefício coletivo
é sim egoísmo, e que as provações voluntárias somente têm valor quando
agregarem bem ao próximo.
O sacrifício, o acréscimo de sofrimento por escolha, só têm
valor aos olhos de Deus quando significam doação para o bem geral. E, para
isso, na maioria das vezes, necessitamos de dores muito menores do que
imaginamos!
Devemos ficar atentos às motivações que se escondem por
detrás dos grandes espetáculos de dor e sofrimento, enxergando o valor do
pequeno esforço cotidiano que produz o bem, sem pompa e cerimônia, sem heróis
de papel.
Deus nos criou para aprendermos a amar... Para rompermos as
nossas imperfeições, por vezes somos impulsionados pelo aguilhão da dor, para a
senda da evolução. Mas o grande sacrifício se impõe na conduta reta no
cotidiano, por vezes longe de holofotes e luzes...
O fim da evolução é o amor, força divina por excelência, que
nos faz mais próximos do homem que queremos ser, nos faz melhores nas batalhas
de cada dia e, para isso, precisamos entender a função da dor no contexto da
justiça divina e do aperfeiçoamento do Espírito.
Sacrifícios só trazem benefícios se forem direcionados ao nosso
próximo... A doutrina dos Espíritos é clara em nos explicar esse mecanismo, do
primado do amor! Não busquemos evolução onde pode morar a estagnação!
Marcus Vinicius de Azevedo Braga
Rio de Janeiro, RJ (Brasil)
Imagem ilustrativa
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