quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Educação no Lar


Cada dia a violência torna-se mais constante e perversa, atingindo índices insuportáveis.
Todo o sentido ético da existência humana vem desaparecendo para dar lugar à agressividade, ao desrespeito aos códigos do dever e do respeito que nos devemos todos uns aos outros.
As estatísticas sobre o comportamento primitivo são alarmantes, inclusive, na intimidade doméstica, na qual não vigem a consideração nem a compreensão entre pais e filhos, irmãos e demais membros da família.
O femicídio covarde assusta e a cada dia aumenta na razão direta em que se avolumam os desequilíbrios de toda ordem, inclusive, de natureza sexual, que se fazem naturais na sociedade.
A mulher, quase sempre desrespeitada, vem sofrendo tratamento incompatível com os princípios da cultura e da civilização.
Nas escolas confundem-se as más condutas de alguns mestres despreparados para o mister assim como de alunos deseducados e cínicos que se agridem reciprocamente, assim como aos professores, especialmente femininos.
A desordem reina de maneira assustadora e as pessoas estão praticamente armadas uma contra as outras, demonstrando nas feições carrancudas, os tormentos íntimos que as afligem e descaracterizam.
Sem dúvida, vivemos momentos muito graves na infeliz civilização dos nossos dias, nos quais, o amor e a honra perderam o significado, estimulando os valores insensatos do aventureirismo.
Há uma necessidade urgente de reorganizar-se o lar, de voltar-se para os costumes retos e as famílias equilibradas, reconstruindo-se o ninho doméstico e tornando-o essencial para uma existência feliz.
Narra-se que oportunamente o jovem Edison entregou à genitora uma carta que o seu professor encaminhara-lhe.
Indagada sobre o conteúdo ela explicou ao filho que se tratava de uma informação na qual o professor explicava-lhe ser necessário que ela mesma educasse e instruísse o filho, por ser ele portador de inteligência brilhante e de muitos valores morais que necessitavam ser trabalhados.
Edison, o criador da lâmpada elétrica entre outros notáveis descobrimentos, sensibilizou o mundo e o deslumbrou com as suas conquistas.
Após a desencarnação da mãezinha dispôs-se a arrumar papéis e outros objetos, havendo reencontrado a carta em uma gaveta.
Abriu-a e leu-a. Tomado de surpresa, constatou que a carta dizia exatamente o contrário do que a sua mãe lera: – Seu filho é um doente mental e não têm condições de frequentar a escola. Assim cancelamos sua matrícula.
A nobreza dessa senhora incomum transformara o diamante bruto em estrela luminosa que cl o mundo até hoje.
Ninguém mais nem melhor do que os pais para serem os primeiros educadores porque o lar é a primeira escola, no qual se corrigem as heranças morais negativas, as tendências nefastas, as paixões primitivas e mediante os exemplos de amor e de treinamento para o bem são desenvolvidos os sentimentos morais que jazem adormecidos.
O ser humano está fadado a conquistar as estrelas, mas necessita muito antes de autoiluminar-se, conhecendo as imensas possibilidades espirituais e morais que lhe jazem adormecidas no imo do ser.
Na convivência doméstica caldeiam-se as paixões que se transformam em fontes de bençãos e de plenitude.

Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, 28 de novembro 2019.

Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista


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quarta-feira, 26 de agosto de 2020

A missão de Allan Kardec


Camille Flammarion tinha razão quando, à beira do túmulo de Allan Kardec, afirmou que ele era o bom senso encarnado.
Se estudarmos a sua vida, desde que teve conhecimento das mesas girantes pelo magnetizador M. Fortier, até o final da sua existência terrena, veremos, realmente, que o Mestre pautou a sua vida estritamente pelas normas da ponderação, do exame sem preconceito e da análise imparcial.
Esse seu espírito de perscrutador profundo foi que contribuiu consideravelmente para que a Doutrina dos Espíritos tomasse corpo, assumindo proporções gigantescas até hoje.
A missão de Allan Kardec foi a de um reformador. Ele codificou a Doutrina Espírita, que condiz com a comunicação do Espírito de Verdade que, na afirmação de Jesus Cristo (João, 14:15 a 17 e 26), viria em tempo oportuno trazer novos ensinamentos, quando o gênero humano estivesse melhor preparado para assimilá-los.
O notável francês desempenhou uma tarefa árdua e cheia de imensos sacrifícios, principalmente por ter como cenário um século no qual a ciência caminhava a largos passos para o materialismo, distanciada de Deus.
A exemplo do que aconteceu com Jesus Cristo, Allan Kardec também teve opositores sistemáticos, que jamais esmoreciam no combate às novas ideias.
Entretanto, como os tempos são chegados, a Doutrina Espírita se apresentou como verdade irretorquível, abalando a estrutura milenar dos velhos sistemas religiosos e empolgando a Humanidade do mundo em que vivemos.
O ilustre filho de Lyon não veio para destruir o que Jesus havia ensinado, mas, sim, descerrar o espesso véu que empanava as palavras contidas no Evangelho, e, auxiliado pelos Espíritos esclarecidos, extrair desses ensinamentos a letra que mata, deixando tão somente o espírito que vivifica.

Altamirando Carneiro

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quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Pais intolerantes, filhos...


A intolerância é uma chaga social. Os sonhos de harmonia entre os homens batem de frente nos muros da intolerância erguidos pela inflexibilidade das pessoas. As guerras, por exemplo, são as filhas mais diletas da intolerância. Leia-se guerra também os embates domésticos, que frequentemente ocorrem avassalando lares. Há tempos é assim...
Na idade Média, época obscura em que a Europa ficou imersa na ignorância, a intolerância era ainda mais abundante. Aqueles que não compartilhassem dos mesmos pontos de vista dos poderosos eram perseguidos e mortos ou forçados a modificar suas opiniões e crenças religiosas. Já na Idade Moderna é ilustrativo o caso de Galileu Galilei. O cientista, ao confirmar que a Terra não era o centro do universo foi convidado em tribunal a desmentir. Galileu, a contragosto teve de renegar as suas idéias para que continuasse vivo. Outro exemplo de intolerância ocorreu com a Doutrina Espírita que nascia na Europa do século XIX. O auto de fé de Barcelona, em que foram queimados, em praça pública, 300 livros espíritas enviados por Allan Kardec ao livreiro Maurício Lachâtre, espelhou, também, de forma triste a intolerância de algumas pessoas.
Poucos se atentam, no entanto, de que as raízes da intolerância têm morada nos lares, na educação das crianças. Os pais, não raro exemplificam a intolerância aos seus filhos, transmitindo-a em suas atitudes. Pais intolerantes com os filhos, filhos intolerantes para com a vida e o semelhante. Digo isto por que presenciei triste cena em que os pais diziam ao filho não admitir, de forma alguma, seu namoro com jovem de outra religião. O jovem, obviamente não compreendeu a atitude dos pais, no entanto, em virtude da rígida educação foi forçado a acatar. Terminou o namoro por causa da religião, isso em pleno século XXI. Lamentável. Fico a pensar:
Será que este jovem será atingido pela intolerância dos pais? Será que irá copiá-la?
Pode ser que sim, pode ser que não. Porém, a família é nosso primeiro filtro de valores, é na família que aprendemos as primeiras noções de como viver em sociedade. Se os pais atuam na educação do filho transmitindo valores distorcidos, alimentando o preconceito e a intolerância, pode ser que esses jovens, espíritos em processo de educação, configurem em seu íntimo essas irrealidades como verdades absolutas.
O resultado não é difícil de prever: crescerão adultos preconceituosos e intolerantes, mimados e desacostumados a conviver com as diferenças. E, educados dessa forma, os diferentes serão encarados como inimigos ferrenhos. Ou seja, se não pensa conforme meus conceitos é meu oponente. Daí a busca pela eliminação de quem não lê na mesma cartilha. Alguns no emprego puxam o tapete, outros nas instituições boicotam as boas idéias, e assim caminha a humanidade...
Cabe, portanto, aos pais abrir a tela mental e despir-se de preconceitos e modelos mentais obsoletos, porquanto, se a intolerância outrora era justificada pela ignorância, hoje essa desculpa não faz mais sentido. A principal herança que deixamos aos filhos não é a monetária, mas, sim, a herança moral.

Pensemos nisso.

Wellington Balbo

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