quinta-feira, 24 de junho de 2021

Aprimorando as qualidades!


Não é de estranhar que os adeptos da Doutrina Espírita, conscientes de suas responsabilidades perante a vida, estejam sempre preocupados em desenvolver suas atividades cotidianas da melhor forma possível, com o claro objetivo de evitarem as consequências lastimáveis da dor da consciência incomodada pelo desperdício das oportunidades que a vida lhes propõe.

“Nem todos conseguem, de improviso, realizar feitos heroicos ou desfrutar encargos de grande elevação, como sejam: apresentar uma vida sem erros; dirigir sabiamente a comunidade; ser um gênio na sublimação da inteligência; conservar equilíbrio invulnerável, a ponto de ser um modelo acabado de virtude; dispor de fortuna para garantir a beneficência; ou manejar o poder para a felicidade geral.
Mas todos podemos, seja onde for, dizer a boa palavra, esboçar o gesto de simpatia, estimular a cooperação fraternal, abençoar com a prece e auxiliar pelo prazer de servir.
Em resumo, nem todos estamos habilitados, de pronto, a desempenhar as funções da lâmpada perfeita do Eterno Bem, cuja luz remove as trevas do mal; entretanto, cada um de nós, onde esteja, pode e deve ser um pequenino raio de amor ou luz!” (1)

O verdadeiro espírita é alguém detentor de conhecimentos da vida para além do presente período de vida física; por essa razão é justo que guarde a lembrança de fazer sempre o bem cada vez mais e melhor, sabendo que não deve se deixar deter nas ilusões ou inibições na crença na fé raciocinada proposta pela doutrina espírita aos seus fiéis seguidores afirmando que “Fora da caridade não há Salvação “. (2)

Não podemos mais em sã consciência alegar desconhecimento das Sábias e Imutáveis Leis Divinas, que devolve a cada criatura, segundo seus merecimentos.
No mundo espiritual, quando da volta do Espírito após as experiências da vida física, encontraremos a nos esperar nossas construções positivas e negativas que nos proporcionarão paz ou intranquilidade, pois somos sabedores de que fomos educados pela doutrina consoladora e esclarecedora do Espiritismo quanto aos impositivos do bem e da verdade, que seguimos ou não tornando-nos construtores de nossa felicidade ou dos nossos tormentos.
Não nos faltam, em momento algum, as lições e exemplos de Jesus nas incontáveis páginas que temos à disposição e que se não tirarmos proveito será por livre vontade.
Fácil fica deduzir que perante os claros, lógicos e convincentes ensinamentos do Espiritismo, é certo esperar que a consciência do seu verdadeiro seguidor lhe solicite atitudes condizentes com o que os Imortais vieram nos lembrar dos ensinos e exemplos de Jesus nosso Mestre e guia.

Referências:
(1) Xavier, Francisco Cândido pelo Espírito AlbinoTeixeira. Livro Aulas da Vida, cap. Na Seara de Luz; e
(2) Kardec Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, FEB. 121 edição, cap. 15.

Francisco Rebouças

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terça-feira, 1 de junho de 2021

O Dever e a Paz


“Bem aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.” (Mateus 5:9)

Como podemos viver em paz em meio a tantas tribulações, violência, corrupção, tragédias, conflitos de relacionamentos? São empecilhos para a tranquilidade tão almejada?
A verdade é que os problemas existem e, se continuarmos buscando a paz no ambiente externo, não vamos encontrá-la, afinal a paz legítima não significa ausência de problemas; ela provém dos nossos sentimentos e capacidade de lidar com os percalços da vida.
Nossas fragilidades e desequilíbrios íntimos são antagônicos à paz, frutos do egoísmo e do orgulho, impedindo-nos de perdoar, buscar a humildade e de compreender o próximo. Para tanto, necessário se faz um exame interno, auscultando as profundezas da alma, identificando as imperfeições que estão bloqueando o avanço do Espírito para a paz e, assim, promover a desconstrução dos nossos sentimentos egóicos.
Nesse sentido, a doutrina espírita, que amplia a mensagem do Cristo, é uma poderosa ferramenta para se obter a paz, já que nos convida a uma reflexão intensa, apresentando a chave do progresso individual através do conhecimento de si mesmo, conforme nos orienta o benfeitor espiritual Santo Agostinho na questão 919a de O Livro dos Espíritos: “ Examinai o que pudestes ter obrado primeiro contra Deus, depois contra o vosso próximo e finalmente contra vós mesmos. As respostas vos darão, ou o descanso para a vossa consciência, ou a indicação de um mal que precise ser curado.”
Exigimos a paz exterior (do mundo) mas, em nossa vida, muitas vezes somos nós os responsáveis por conflitos de relacionamentos, promovendo desarmonia e nos afastando da Lei Divina. Isso está em consonância com nossa posição de Espíritos imperfeitos, inseridos em um mundo de provas e expiações. No entanto, somos filhos de Deus, criados para o amor, todos irmãos, em diferentes níveis de maturidade psíquica. A nossa meta deve ser a fraternidade universal, aprendendo a amar o próximo e fazer a ele somente o que desejaríamos que fosse feito para nós.
Conforme ressalta a benfeitora espiritual Joanna de Ângelis: “Não sejais aquele que se transforma em obstáculo ao bem, criando situações embaraçosas que se convertem em amargura noutrem.”(Vitória sobre a depressão – Joanna de Ângelis/Divaldo P. Franco.)
Um caminho para a paz interior proposto por Kardec através do Espírito Lázaro, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, item 7, capítulo XVII: “ Na ordem dos sentimentos, o dever é muito difícil de ser cumprido, porque se acha em antagonismo com as seduções e interesses do coração; suas vitórias não têm testemunho e suas derrotas não têm repressão. O dever íntimo do homem está entregue ao seu livre arbítrio: o aguilhão da consciência, esse guardião da probidade interior, o adverte e o sustenta, mas permanece, frequentemente impotente, diante dos sofismas da paixão. O dever do coração, como precisá-lo? Onde começa ele? Onde se detém? O dever começa precisamente do ponto em que ameaçais a felicidade ou a tranquilidade do vosso próximo; termina no limite que não gostaríeis de ver ultrapassado em relação a vós mesmos.”
Portanto, o convite amoroso para esse trabalho íntimo e para a condução dos relacionamentos encontra-se no dever, que é fonte de paz e alegria.
Importa mesmo percorrer esse caminho de desenvolvimento de virtudes, pensando, sentindo e agindo no bem. Assim, realizaremos o encontro com a paz da consciência do dever cumprido e, pacificados, encontraremos a paz do mundo.

Karina Rafaelli

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quarta-feira, 5 de maio de 2021

Fé, esperança e caridade


Se tivessem a fé de um grão de mostarda, transportariam montanhas. - Jesus

Tema recorrente dentro da Doutrina espírita, mas sempre vale a pena conversar um pouco mais, pois nossa evolução depende muito desses três ensinamentos.
Nas nossas preces sempre pedimos a Deus ‘dai-nos a fé’, assim ficamos aqui pensando sobre essa nossa colocação de muitas vezes pedir fé.
Fé, vem do latim, que significa firme opinião de que algo é verdade, sem a necessidade de prova ou um critério objetivo.
Esperança, um estado de espírito que acompanha a fé. Elas são amigas inseparáveis.
Fé e esperança podem ser comparadas ao Sol e à lua. A lua não tem luz própria, mas usa da luz do Sol para brilhar. Assim a esperança depende da fé para se estabelecer em nossas vidas.
A fé na doutrina espírita diferencia-se um pouco dos demais segmentos religiosos, pois ela se baseia dentro de um estudo criterioso, ou pelo menos deveria ser assim, nos dando uma esperança para dias melhores, seja na matéria ou na vida espiritual, dentro do conhecimento das imutáveis Leis de Deus e de nossas ações positivas, éticas e construtivas. Ter esperança na verdadeira justiça e não na justiça humana que em muitas vezes está adequada a interesses e épocas. Precisamos desenvolver a esperança do justo, daquele que procurou fazer de seus pensamentos, palavra e atos, provas de verdadeira caridade, trabalho e mudanças íntimas profundas.
Justamente a fé e a esperança nos fazem lembrar da frase de Chico, quando ele dizia, isso vai passar... Quando ele nos convida a ter paciência, tolerância e força de vontade, para resistir aos problemas que aparecem, pois são como tudo nessa vida, temporário.
Como alguém pode dizer que uma tormenta ou uma alegria vai passar? Porque está balizada na fé em Deus e na esperança de suas Leis. Pois a única alegria que nunca vai passar será aquela que tem como base a caridade, pois essa é a alegria de servir. Precisamos desenvolver a caridade no olhar, no falar, no pensar, nas ações e tudo aqui que venha enobrecer o homem.
Assim, dentro da fé profunda e da esperança ativa, construiremos o maior de todos os sentimentos do homem de bem, a caridade, na sua mais profunda expressão de amor e dedicação ao próximo.
Caridade, como nos ensina Paulo, é a maior de todas as virtudes do espírito; fé e esperança são sentimentos nobres que devem e precisam ser cultivados, mas a que vai calar profundamente dentro de nós é a caridade. A fé nos faz acreditar, a esperança nos leva a esperar e a Caridade nos faz agir.
Caridade também chamada de Amor. Precisamos entender que o exercício da Caridade realiza no íntimo do ser profundas mudanças que nos conduzem à fé, consequentemente à esperança, pois podemos ver os frutos dessa luta incessante.
Hoje passamos momentos difíceis, mas na época de Jesus as coisas também não eram fáceis. O nosso grande problema está na nossa necessidade de exaltar nosso ego. Muito difícil em nossas atividades, decisões e comportamento, aniquilar ou pelo menos reduzir nossas vaidades, portanto, nosso orgulho. Mas hoje muitos companheiros de jornada enfrentam grandes dores, problemas de saúde, financeiro, entre outros, e nós precisamos nessa hora realizar tudo aquilo que está ao nosso alcance e quem sabe ir mais além. Tudo segue o rumo preparado por Deus; devemos confiar, seguir e agir no caminho do bem. Por isso disse Jesus: A minha paz vos dou, a minha paz vou deixo, mas não a paz do mundo...
Lembre-se sempre que na espiritualidade temos muitos irmãos torcendo por nós e nos ajudando, por isso devemos cultivar a fé e a esperança, mas nunca a fé cega. Também vamos sempre trabalhar pela fé e com a caridade.
Precisamos sempre fazer com que as nossas ações sejam marcadas pela caridade pura. Essa Caridade estará sempre baseada na fé e na esperança que não morre jamais.

Wagner Ideali

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quinta-feira, 29 de abril de 2021

O respeito pela vida.


O respeito pela vida abrange o sentimento de alta consideração por tudo quanto existe.
Não apenas se detém na pessoa, mas em todas as expressões da natureza.
Quando não existe essa manifestação, os valores éticos se enfraquecem e todos os anseios superiores perdem a significação.
A criatura humana, impulsionada por ilusões da conquista do sucesso aparente, tem se esquecido disso, sem se dar conta da gravidade de tal atitude.
O egoísmo tem controlado os sentimentos, impondo o seu interesse, em detrimento de todos os valores mais dignos.
Os membros da sociedade têm sido separados lamentavelmente, dividindo-se em classes medidas pelos recursos sociais, econômicos, porém, nunca os morais.
Surge, então, um inevitável abismo entre os seres. Reações de animosidade se convertem em ódios tolos, abrindo campo para as batalhas da violência doméstica e urbana.
Quando mais intensos, se apresentam como atos de terrorismo e guerras odientas.
Alguns acreditam que, possuindo dinheiro e desfrutando de projeção política ou social, serão capazes de conseguir afeição e companheirismo. Amargo engano.
Afeto e amizade não se compram, nem tampouco se impõem. Alguns se deixam seduzir por esses recursos transitórios.
Iludem-se pensando que a criatura pode ser identificada pelo que possui e não pelo que realmente é.
Todas essas fantasias, no entanto, são passageiras, porque as riquezas trocam de mãos rapidamente.
A beleza e o poder não enfeitam as mesmas faces por longos anos.
Tocadas pela brisa do tempo, elas desaparecem a olhos vistos, e cedem lugar à verdadeira essência dos seres.
Ninguém consegue ser feliz individualmente no deserto que cria para si mesmo ou numa ilha isolada da convivência social.
Tentando ignorar essa verdade, muitos se valem de subterfúgios infelizes. Buscam no álcool, nas drogas químicas, na baixeza emocional e sexual, a fuga da solidão e do desconforto em que vivem.
Esse é outro equívoco que conduz a tragédias ainda mais dolorosas. A vida só se faz digna e próspera, quando se estrutura na pedra fundamental do respeito.
O respeito pela vida eleva o padrão de conduta, dignificando aqueles a quem é direcionado e elevando moralmente quem assim se comporta.
A honestidade, por sua vez, indispensável no sucesso dos relacionamentos humanos, proporciona confiança e bem-estar aos seres.

* * *

Elaboremos uma lista de desafios íntimos que nos possam conduzir a situações embaraçosas.
Trabalhemos item a item, cada dia, experimentando as alegrias que decorrem do respeito pela vida.
Redescobriremos o amor e a satisfação de repartir e de compartilhar os júbilos com o próximo.
Constataremos o resultado decorrente da renovação íntima que nos dispomos realizar.
Respeitando a vida, passaremos a ser respeitados e estimados por todas as expressões dela própria.
Notaremos em nós mesmos a indescritível satisfação de estar em paz com a própria consciência.
Lembremos: a vida é sublime concessão de Deus, que não pode ser desconsiderada, por quem quer que seja.

Redação do Momento Espírita.

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sexta-feira, 2 de abril de 2021

A navalha de Occam


É fácil escrever difícil. Basta colocar no papel as ideias que surgem no bestunto, ainda que, não raro, desandem em destemperos mentais.
Difícil é escrever fácil. Exige demorada e árdua elaboração para tornar a leitura elegante, atraente e objetiva, sem impor prodígios de concentração e entendimento.
Trata-se de uma gentileza que todo autor esclarecido deve ao leitor que se dispõe a examinar suas criações. O texto que exige cuidadosa interpretação é mais charada do que literatura. Fica por conta da capacidade de quem lê, no empenho em orientar-se por labirintos tortuosos, fruto dos devaneios do autor.
Jesus dizia que a verdade está ao alcance dos simples.
Os doutos e entendidos costumam sofrer uma intoxicação intelectual que oblitera o bom senso e os leva a imaginar que tortuosidade e complexidade são sinônimos de cultura e saber.
A propósito vale lembrar Guilherme de Occam (1285-1349), notável teólogo e filósofo inglês (nascido em Occam, nos arredores de Londres). Ingressou bem jovem na ordem franciscana. Estudou e lecionou na gloriosa universidade de Oxford.
Inteligente e lúcido estimava a simplicidade na exposição de suas ideias. Complexidades ou conjecturas, apenas se absolutamente necessárias.
Adotou um princípio que ficaria conhecido como a navalha de Occam, definindo o empenho em retirar de um pensamento ou de uma tese acessórios e complicações desnecessários, louvando-se no bom senso.
Se a aplicássemos em textos herméticos e obscuros dos filósofos que fazem a história das contradições do pensamento humano, seria uma “carnificina”. Pouco sobraria.

***

Nem sempre Occam conseguiu usar sua navalha.
Aconteceu particularmente em relação à existência de Deus, assunto que preferia não abordar. Não a negava, mas considerava que, devido à transcendência do tema, seria impossível conjeturar sobre o Criador sem recorrer a argumentos complexos, de difícil entendimento.
Os Espíritos que orientaram a codificação da Doutrina Espírita ensinaram diferente. Dotados de notável capacidade de síntese, própria da sabedoria autêntica, demonstraram que é possível passar a navalha de Occam em lucubrações complexas e reduzir a argumentação em favor da existência de Deus à sua expressão mais singela.
Isso acontece na questão número quatro, em O Livro dos Espíritos.

Pergunta Kardec:

Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus?

Resposta:

Num axioma que aplicais às vossas ciências. Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e a vossa razão responderá.

Comenta Kardec:

Para crer-se em Deus, basta se lance o olhar sobre as obras da Criação. O Universo existe, logo tem uma causa. Duvidar da existência de Deus é negar que todo efeito tem uma causa e avançar que o nada pode fazer alguma coisa.

Simplíssimo! Se o Universo é um efeito inteligente, tão superior ao nosso entendimento que seus segredos são inabordáveis, forçosamente tem um autor infinitamente inteligente – Deus.
A partir dessa ideia o difícil é provar que Deus não existe. Teríamos que explicar o efeito sem causa, a criação sem um Criador.
Quaisquer argumentos em favor desta tese ingrata seriam facilmente eliminados pelo próprio Occam, usando a navalha do bom senso.

Richard Simonetti

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sexta-feira, 19 de março de 2021

A essência da verdadeira beleza


Lucinha saiu de seu quarto correndo e adentrou-se ao banheiro onde ficou por horas em frente ao espelho. Iria se encontrar com o seu crush1 e queria impressioná-lo.
Além do encontro marcado, precisava também aproveitar o momento para tirar novos selfies2. Afinal, toda aquela atividade de maquiagem, cabelo, limpeza de pele, entre outras, precisava ser compartilhado em suas redes sociais. Da forma como estava linda, certamente ganharia alguns likes3 de seus amigos e seguidores.
Concluída toda aquela etapa, pegou o celular e começou a navegar pelas redes sociais. “Se estou linda e maravilhosa, como estarão meus close friends4 agora?” – pensou antes de publicar as suas fotos.
A primeira imagem que viu foi de uma amiga de “olhos claros e pele de maçã”, descrevendo-a assim, com uma admiração indignada. “Que inveja” – pensou – “ela arrasou”, concluiu.
Deslizando o indicador na tela do telefone, chegou ao perfil de outra amiga de uma “beleza negra incrível e um corpo todo malhado” – e já com o humor alterado, exclamou em voz alta, acrescentando: -“assim não dá!”.
Por último, abriu outro perfil e viu três amigas juntas, preparadas para uma festa; “cada uma mais deslumbrante que a outra. Chega!” – exclamou mais uma vez, totalmente aborrecida com as comparações infelizes enxertadas pela percepção míope de si mesma.
Do entusiasmo explosivo à depressão abrupta, olhou novamente para o espelho e disse: – “Nossa, estou horrível! Não vou mais a lugar algum!” Batendo a porta do banheiro se enfurnou no quarto de onde só voltou a sair no dia seguinte.

* * *

Em um mundo onde as redes sociais ganharam um espaço significativo na mente de muitos, temas como a beleza, a riqueza e a ostentação, entre tantos, parecem catalisar uma corrida desenfreada entre aqueles que comungam com esses valores.
Atendo-se ao primeiro, a beleza, rostos esculpidos em maquiagens e adornos se equilibram em corpos em movimento cuja dinâmica, muitas vezes, transcende o limite entre o normal e o amoral, levando a derrocadas exposições desnecessárias do íntimo humano.
No emaranhado de imagens da internet que transitam da simples naturalidade até a vaidade e o orgulho, pode-se então levantar a questão de onde está a essência da verdadeira beleza.
Evoluindo por séculos, o ser humano vem perdendo aos poucos a rudeza dos traços, a animalidade da expressão e a crueza do olhar (1) percebidas em registros preservados que datam do alvorecer de nossa humanidade.
Deixando para trás instintos ríspidos e avançando em valores morais mais depurados, o homem vem refletindo em seu corpo material, como envoltório externo, a evolução do espírito após diversas encarnações, tornando-se uma criatura cada vez mais harmoniosa em seus traços físicos.
Considerando que em nosso plano terrestre convivemos com diversos níveis de espíritos que vão desde a condição de irmãos menos favorecidos na senda do bem até aqueles mais evoluídos dentro de uma faixa pertinente ao nosso mundo de expiações e provas, encontramos aqui uma diversidade de faces que nos envolvem ainda em ares que vão do assombro à graça.
Neste contexto, cada um, em sua individualidade, ostenta uma beleza própria do ser, independente da perspectiva e do modelo social adotado. Alguns, mesmo detentores de curvas menos harmônicas em seus rostos e corpos, transmitem um carisma, uma beleza e um magnetismo inexplicáveis. Outros, mesmo levando consigo desenhos, teoricamente, perfeitos, exalam uma repulsa sem razão, possuindo apenas uma beleza plástica (1).
Uma vez aceitas estas argumentações, firmadas na razão e na lei do progresso, conclui-se que a essência da verdadeira beleza está na pureza da alma. Quanto mais o ser humano se eleva em suas condições morais, tanto maior será a beleza angélica (1) refletida em seu corpo físico.
Logo, ainda em nossa condição de aprendizes dos valores morais do Evangelho deixado por Jesus, busquemos no amor e na caridade refletir a beleza sublime dos anjos de luz em nossos atos e ações. Esta é, de fato, a essência da verdadeira beleza que devemos perceber no próximo e em nós mesmos.

Referências Bibliográficas:

KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Teoria da Beleza. Trad. de Evandro Noleto Bezerra. Brasília: FEB, 2016. 2 ed.

Notas do Autor:

Termos usualmente empregado pelo público jovem foi transcrito no texto, quais sejam:

1 indica uma paquera, um namoro, um flerte;

2 foto tirada de si mesmo;

3 indica que uma postagem em uma rede social foi apreciada; e

4 do inglês, usado em rede sociais para indicar amigos próximos.


Márcio Martins da Silva Costa

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quarta-feira, 10 de março de 2021

Um coração de mãe perante a desencarnação dos filhos


Se há circunstância bastante desafiadora para o coração de mãe é ter que sepultar o próprio filho. Lorelei Go, mãe de três filhos , “perdeu” os 3 filhos para o câncer de fígado em um pequeno intervalo de 4 anos.
Rowden, o seu filho mais velho, foi diagnosticado com câncer de fígado em estágio 4 e desencarnou em 2014. Apenas um ano mais tarde, Lorelei Go estaria enterrando o seu filho do meio, Hasset que sofria do mesmo câncer de fígado. O filho mais novo, Hisham também foi diagnosticado com câncer de fígado e embora tenha se submetido a diversos tratamentos, incluindo uma criocirurgia experimental na China, pouco mais de dois anos após o falecimento de Hasset, Lorelei teve que sepultar o seu último filho de apenas 27 anos.
Conquanto Lorelei tenha experimentado um momento no qual questionou as leis de Deus, porém percebeu que aquele era um teste de fortalecimento das suas convicções. Como uma pessoa de fé, ela decidiu pensar em seus filhos em condições mais agradáveis no além tumba, e preserva a esperança do momento no qual ela poderá se reencontrar com eles. Isso, segundo ela, é o que a dá forças. Quando falou com o GMA Public affairs, Lorelei disse que sabe que tudo isso faz parte dos planos de Deus para “testar e fortalecer a minha fé”, como citado pela goodtimes.my.
Poucos são os que estão preparados para receber a notícia de que um filho tem um câncer voraz. E muito menos para ver o filho perder a batalha para a doença. Contudo, urge que pacifiquemos a consciência em vez de nos infelicitarmos quando for dos desígnios de Deus retirar do corpo um de nossos filhos deste planeta de prova e expiação.
Segundo interpretações apressadas, concebemos que muitas situações chamadas de infelicidade, cessam com a vida física e encontram a sua compensação na vida além-túmulo. Emmanuel, com a nobre sensibilidade que lhe assinala o modo de ser, considera que “nenhum sofrimento, na Terra, será talvez comparável ao daquele coração que se debruça sobre outro coração regelado e querido que o ataúde transporta para o grande silêncio. E acentua, convincente: “Digam aqueles que já estreitaram de encontro ao peito um filhinho transfigurado em anjo da agonia. [1]
Em realidade, ante aqueles que demandam a Vida na Espiritualidade, o comportamento do espírita é algo diferente, ou pelo menos deve ser diferente, variando, contudo, de pessoa a pessoa, com prevalência, evidentemente, de fatores ligados à fé e à emotividade.
Nesses instantes cruciais do sepultamento de um filhinho o espírita chora discreto, mas se fortalece na oração. Na certeza da Imortalidade gloriosa, domina o pranto que desliza na fisionomia sofrida e busca na esperança uma das virtudes evangélicas, o bálsamo para a saudade justa.
O Espírita consciente nunca se entrega à desesperação. Não fraqueja ante os convites da rebeldia, porque sabe que revolta é insubordinação ante a Magna Vontade do Criador, que o espírita aprende a compreender e acolher, paradoxal e inexplicavelmente jubiloso, por dentro, vergado conquanto ao peso das mais agudas agonias.

Referências bibliográficas:

[1] PARALVA, J. Martins. O pensamento de Emmanuel, RJ: Ed FEB, 1990

Jorge Hessen

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terça-feira, 2 de março de 2021

A Serenidade


A serenidade nada tem a ver com a preguiça. O sentido dela é mostrar-nos o trabalho honesto. Serenidade imperturbável somente se vê nos seres elevados, nos espíritos que já alcançaram a verdade e vivem com a consciência no esplendor das leis de Deus. Brandura permanente na alma carece de movimentos nobres do coração. O egoísta não pode ter serenidade, por concentrar em si vibrações inferiores. O orgulho alimenta todas as espécies de inferioridade que te perturbam os sentimentos mais elevados.
Quem deseja alcançar a serenidade deve combater o orgulho e o egoísmo; eles são responsáveis pelos distúrbios de todas as manifestações do bem nos caminhos dos homens e mesmo dos espíritos desencarnados que não se libertam destes monstros devoradores. Olha para tuas mãos e vê o que elas estão fazendo em favor dos outros. Se paradas, estimula-as no trabalho do amor aos outros. Se paradas, estimula-as no trabalho do amor, compreendendo que fora dele não existe salvação. Liberta-te pelo seu exercício todos os dias. Não precisas gastar dinheiro para amar, o amor é um dom dentro de cada criatura, doado por Deus e que deve ser estimulado por nós. Ele é tão divino que, quanto mais se ama, mais cresce dentro d’alma. Assim são todas as outras virtudes ensinadas por Jesus. Conversa, meu filho, com quem quer que seja, sem esquecer a serenidade; ela te ajuda no equilíbrio da vida.
No labor diário, pensa na serenidade, que tudo sai das tuas mãos. Mesmo no momento de orar, invoca a serenidade. A vida é a maior doadora destes bens eternos, e Deus, sendo Pai de todas as criaturas, tudo nos oferta com abundância. Ele é o Suprimento Divino e fecundador universal. Confia no Senhor e nada te faltará. Quando sentares à mesa de refeição, não te esqueças da serenidade, pois também comes o que pensas e estás juntando ao repasto a serenidade como saúde para o corpo e paz para o espírito. Assim, ao beberes a água, deixa que os goles desçam com serenidade refrescando os teus órgãos e levando energias superiores ao teu mundo espiritual. Faze esses simples exercícios e verás como são saudáveis. A felicidade te visita todos os momentos; compreende essa aproximação e desfruta dessas ofertas de Deus nos teus caminhos.
A medicina do futuro está em tua mente, mas é preciso que ela seja educada, e para tanto, Jesus, o Mestre dos mestres, nos legou o Evangelho que instrui e renova, que alimenta e aprimora, que alegra e dá vida aos tristes e aos mortos. A serenidade é estágio de superioridade; busca-a, que ela te atenderá pelos meios que Deus ajuda sempre. O teu exemplo de paz interna diante dos outros é um estímulo para que eles igualmente se esforcem para adquirir esse clima de luz. Não percas oportunidade de semear a serenidade pelo exemplo, pela palavra, pelos gestos, que são unidades de luz que se multiplicam por onde passam, que iluminam onde servem.
A serenidade é filha da alegria e neta do amor.

Pelo Espírito: Miramez
Psicografia de: João Nunes Maia
Livro: Força Soberana
5ª Edição 2002 – Editora Espírita Fonte Viva
Páginas: 119 até 122 – Belo Horizonte – 1986


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