quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Revista Espírita, fevereiro de 1861.


Perguntas e problemas diversos



1. Num mundo superior, como Júpiter ou outro, o Espírito encarnado tem a lembrança de suas existências passadas, como no estado errante? 

- R. Não; do momento em que o Espírito reveste um envoltório material, ele perde a lembrança de suas existências anteriores. 

- Entretanto, o envoltório corpóreo em Júpiter é muito pouco material, e, por essa razão, o Espírito não é mais livre? 

- R. Sim, mas ele é o bastante para apagar, no Espírito, a lembrança do passado. 

- Então os Espíritos que habitam Júpiter e que se comunicaram conosco se encontravam, naqueles momentos, num estado de sono? 

- R. Certamente. Naquele mundo, o Espírito sendo muito mais elevado compreende bem melhor Deus e o Universo; mas o seu passado é apagado no mesmo instante, porque tudo isso obscureceria a sua inteligência; ele não se compreenderia mais assim mesmo. Seria o homem da África, o da Europa o da América; o da Terra, de Marte ou de Vênus? Não se lembraria mais, e é ele mesmo o homem de Júpiter, inteligente, superior, compreendendo Deus, eis tudo. 

Nota. Se o esquecimento do passado é necessário num mundo avançado, como o é Júpiter, com mais forte razão deve sê-lo no nosso mundo material. É evidente que a lembrança das nossas existências precedentes traria uma deplorável confusão nas nossas idéias, sem falar de todos os outros inconvenientes que foram assinalados a esse respeito. Tudo o que Deus faz traz a marca da sua sabedoria e da sua bondade; não nos cabe criticá-lo, quando mesmo não lhes compreendêssemos o objetivo. 

2. A senhorita Eugénie, um dos médiuns da Sociedade, oferece uma particularidade notável e de certo modo excepcional, é a prodigiosa volubilidade com a qual escreve, e a prontidão incrível com que os Espíritos, os mais diversos, se comunicam por seu intermédio. Há poucos médiuns com uma tão grande flexibilidade; a que se prende isto? 

- R. Essa causa se prende antes ao médium do que ao Espírito; este escreveria por um outro médium que iria menos depressa, pela razão de que a natureza de um instrumento não seria mais a mesma. Assim, há médiuns desenhistas, outros que são mais aptos à medicina, etc.; segundo a mediunidade, o Espírito age; é, pois, uma causa física antes do que uma causa moral. Os Espíritos se comunicam tanto mais facilmente por um médium, que tenha neste último uma combinação mais rápida de seu próprio fluido com o do Espírito; presta-se, mais do que outros, à rapidez do pensamento, e o Espírito disso se aproveita como aproveitais de uma viatura rápida quando estais apressados; esta vivacidade de um médium, é toda física: seu próprio Espírito nisto não está por nada. 

- As qualidades morais de um médium não têm influência? 

- R. Elas o têm uma grande sobre as simpatias dos Espíritos, porque é necessário que saibais que alguns têm uma tal antipatia por certos médiuns, que não é senão com a maior repugnância que se comunicam por eles. 

Espírito de São Luís.

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