Existe uma doutrina importante da Igreja, mas pouco explicada.Trata-se da Comunhão dos Santos, que é um dogma antigo do Credo Católico citado nas missas.
Como todo dogma é doutrina polêmica, o Espírito Santo é outro, pois de espírito humano na Bíblia, ele foi transformado pelos teólogos no Espírito divino da doutrina trinitária criada por eles. Na Bíblia, o Espírito Santo é o espírito de cada um de nós. Assim, ele é uma espécie de coletivo de todos os espíritos.(Daniel 13,45, da Bíblia Católica; e 1Coríntios 6,19).
Também virou dogma a conflitante doutrina da ressurreição da carne, do corpo, pois pela Bíblia ela é do espírito (1 Coríntios 15,44). As traduções mais recentes já falam em ressurreição dos mortos, o que já é um bom progresso. O maior teólogo católico da atualidade, o espanhol Andrés Torres Queiruga, ensina em seu livro “Repensar a ressurreição”, Ed. Paulinas, que a ressurreição é do espírito, inclusive a de Jesus. O Velho Testamento fala que Jesus ressuscitaria no terceiro dia. Porém se trata da ressurreição ou aparição em nosso mundo físico para os seus apóstolos e discípulos. Mas no mundo espiritual, Ele ressuscitou mesmo no momento de sua morte. “Pai, em vossas mãos entrego meu Espírito”.
E Jesus apareceu com o seu Corpo Espiritual (1 Coríntios 15,44) materializado, ou seja, o que as pesquisas científicas de Kardec denominaram de perispírito. Mas os cristãos primitivos, por ignorância, pensavam que se tratasse do corpo morto na cruz.
Sobre a doutrina da vida eterna, creio que ela virou dogma porque os primeiros cristãos, influenciados pelos cristãos judaizantes saduceus, não acreditavam em ressurreição nem em espírito. (Atos 23,8; e Eclesiastes 9,10). Ademais, a palavra eterno era polêmica, pois, apesar de ter sido traduzida por um tempo sem fim, na verdade ela significa tempo indeterminado, indefinido, que é o sentido do vocábulo grego “aionios”. O tempo é indefinido porque depende do carma de pagamento dos pecados de cada um. Mas já havia os teólogos que pensavam que era o sangue de Jesus que pagasse os nossos pecados, pois eles achavam que o Espírito de Deus se sentisse contente, aliviado e indenizado pelo pecado de assassinato de Jesus. Além disso, eles ainda não tinham descoberto que somos nós mesmos que pagamos os nossos pecados.
“Ninguém deixará de pagar até o último centavo”. (Mateeus 5,26).
E, quanto ao dogma da Comunhão dos Santos, certamente os teólogos cristãos judeus saduceus, como vimos, contrários que eram à imortalidade dos espíritos e ao contato com eles, repudiavam essa doutrina, por ela transgredir as leis mosaicas (não as divinas do Decálogo), as quais proíbem o contato com os espíritos dos mortos, não os diabos, como dizem alguns líderes religiosos.(Deuteronômio capítulo 18). Mas de certa feita, Moisés defendeu o espiritismo, elogiando Heldade e Medade, que recebiam espíritos (Números 11, 24 a 30).
A Comunhão dos Santos ensina que os católicos podem entrar em contato com os espíritos santos de sua devoção, pedindo-lhes graças, e que os fiéis podem ajudar os espíritos com preces e missas. Isso cheira espiritismo! Seria por isso que a Igreja se preocupou tanto com a Doutrina dos Espíritos? E seria por isso que os evangélicos, herdeiros de alguns erros da Igreja Católica do passado, têm uma ojeriza doentia pelo Espiritismo e pelos espíritos santos canonizados pela Igreja?
Obs.: Esta coluna, de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br - Clicar colunas. Ela está liberada para publicações. Meus livros: “A Face Oculta das Religiões”, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - e meu e-mail: jreischaves@gmail.com Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.
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