Não. O articulista não está passando mal. A frase do título
acima não é de minha autoria. Segundo consta, ela foi dita por Clive Owen
quando não conseguiu o papel para representar no cinema o famoso James Bond.
Por ter perdido a representação desse herói famoso por seus “milagres” nos
filmes, acabou conquistando coisas melhores.
Com você já se passou o mesmo? Ou seja, você não conseguiu
realizar determinado sonho e, tempos depois, concluiu que foi melhor que
tivesse sido dessa maneira? Por exemplo, não conseguimos realizar uma viagem
planejada e acalentada por muito tempo. Entristecemos-nos no momento do
acontecimento. Mas, depois, com o rolar do calendário dos homens paramos e
dizemos a frase: “Foi até melhor não ter viajado mesmo!”. Ou, então, um carro
ou um imóvel que não adquirimos. Na ocasião nos sentimos frustrados, tristes
mesmos. Mas, depois, um dia lá na frente concluímos que não ter entrado na
posse desse ou daquele bem material foi até melhor. É difícil aceitarmos esse
raciocínio, não é verdade? Mas que acontece, acontece. E se é difícil aceitar
tais acontecimentos em relação aos bens materiais, quando se trata dos valores
espirituais é um “Deus nos acuda”! No livro Encontros e Desencontros, de
Richard Simonetti, tem uma história intitulada O Bem Maior, que relata o drama
de uma senhora que demorou muito para engravidar. Após os devidos cuidados,
finalmente teve sucesso na realização do seu sonho! Iria ser mãe. Agradeceu
profundamente aos Espíritos amigos pela intercessão na solução do seu problema
de esterilidade. Quando a gravidez ia pelo quinto mês de gestação, ela recebe
um recado através de uma pessoa do Centro Espírita que frequentava: a
espiritualidade amiga iria visitá-la em uma determinada noite para o devido
trabalho de assistência que a gravidez necessitava. Ela ficou imensamente
feliz! Tinha certeza de que os Espíritos continuavam zelando para que ela
realizasse o desejo imenso de ser mãe. Em uma determinada noite acordou com
muita cólica no baixo ventre. A bolsa amniótica que protegia o feto havia se
rompido e ela entrara em trabalho de parto prematuro. Ficou extremamente
infeliz e, como sempre acontece, interrogou mentalmente os Espíritos que
precisam ter ombros largos para receber a culpa dos problemas que nos afligem:
“Afinal - pensava ela -, os amigos espirituais não iriam visitá-la em uma
determinada noite para auxiliá-la?” “Pois, então! - continuava protestando
intimamente – “como podia ter a bolsa se rompido e colocado em risco a vida do
filho que era o seu sonho maior? Que espécie de ajuda vieram os Espíritos
prestar, afinal de contas?”. Ao chegar ao hospital recebeu os socorros
necessários e o parto acabou realmente se concretizando. Perdera o filho que
tanto desejava. Entretanto, o médico, após o exame do produto daquela gestação
precocemente expulso do útero, deu-lhe a notícia de que o filho já estava morto
há muitos dias dentro do seu ventre e necessitava dali ser retirado. Pôde ela
entender (o que já é uma vitória!) que os Espíritos tinham vindo intervir
favoravelmente em uma situação irremediável.
Tenho a mais absoluta certeza de que, ao retornarmos ao
mundo dos Espíritos, olhando para trás, principalmente contemplando a última
reencarnação à semelhança de alguém que alcançou o pico de um monte e olha para
o vale, teremos que agradecer a Providência Divina pelas coisas que julgávamos
melhores e que jamais nos aconteceram. Por exemplo, milhares de criaturas ou
até mesmo milhões delas, adentram as casas de loteria em geral com o sonho
dourado de ser um feliz ganhador. Você duvida que algumas delas, ou muitas,
suplicam a ajuda dos desencarnados para adivinhar qual o bilhete que vai ser
premiado ou quais os números que irão anunciar um novo milionário? Já pensou no
que faríamos com a tentação de milhões ganhos de maneira tão fácil? Quantas
portas para o desequilíbrio que esse dinheiro poderia abrir dependendo, é
claro, da opção particular de cada um? Na questão de número 1001 de O Livro Dos
Espíritos, encontramos a seguinte afirmativa em um determinado trecho da
resposta: Deus, submetendo-o à prova da fortuna, tão difícil e tão perigosa
para o seu futuro, quis lhe dar por compensação a felicidade da generosidade da
qual ele pode gozar desde este mundo. Aí está de maneira bastante clara que o
dinheiro é uma prova difícil e perigosa. Então, a melhor coisa que pode ocorrer
para a imensa maioria dos que buscam a fortuna através desse tipo de jogos é
exatamente não acontecer de ganharem. Perdem os bens materiais, mas não se
comprometem moralmente como poderia ocorrer com o dinheiro farto nas mãos.
Da mesma maneira poderíamos ir construindo raciocínio
semelhante com os títulos de importância do mundo, com a beleza física, com a
grande cultura da pessoa, com a posição social importante e tudo o mais que a
imaginação de cada um pode considerar. Com os ensinamentos da Doutrina Espírita
temos a oportunidade, desde já, de chegar à conclusão de que a Providência
Divina agiu em nosso favor quando a melhor coisa que não nos aconteceu foi
exatamente aquela que não se deu segundo a nossa vontade, mas de acordo com a
determinação Dele. Aliás, não é isso que um número imenso de pessoas repete
todos os dias na oração do Pai Nosso, sem se dar conta?
Ricardo Orestes Forni
Tupã, SP (Brasil)
Imagem ilustrativa
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