sábado, 27 de março de 2010

O casal Nardoni



O casal Nardoni e a coerência da Doutrina Espírita. 


Em virtude do julgamento do casal Nardoni o caso da garota Isabela, morta em março de 2008 após ser atirada do alto de um prédio, ocupa novamente grande espaço na mídia.
Natural, atitudes insanas cometidas contra crianças causam enorme comoção. O pai e a madrasta da garota são acusados e várias pessoas estão reunidas para o julgamento de ambos. A sentença sairá em poucos dias. Não vamos entrar no mérito da questão se o casal é culpado ou inocente. 
O ponto a ser abordado é bem outro: as penas impostas pelo tribunal humano e as impostas pelo tribunal da consciência. 
Nada é mais doloroso e aprisionador do que o peso da culpa. O que são 30, 40 anos de confinamento em prisão se compararmos com as chamas da culpa queimando a consciência? 
O que é a decisão de um júri humano perto da jurisprudência divina estampada na consciência de cada ser? A pior prisão não é aquela que trancafia o corpo físico, mas, sim, aquela que atormenta a alma que se compromete com as leis divinas. 
Nesse tipo de prisão não há qualquer liberdade ou tempo para banho de sol. Ela é implacável!
Frequentemente aqueles que se enredam pelo caminho do crime são sumariamente chamados de “desalmados”. Mal sabem os acusadores de que os “desalmados” habilitaram-se a penoso resgate. 
A Doutrina Espírita, no entanto, diverge da tese dos desalmados e explica que os chamados desalmados, marginais que segundo a opinião pública são monstros trajando o vestuário de gente, são espíritos; espíritos que se deixaram arrastar pelos impulsos primitivos da ira e por isso comprometeram-se em atos insanos. Pagarão por isso, sem dúvida, obedecendo a lei de causa e efeito. 
A consciência cedo ou tarde os cobrará, impondo sanções disciplinadoras e corretivas para que retomem o caminho do bem. 
Quanto a nós outros, nada de violência, revide e pensamentos de revolta. Isso apenas piora a situação já tão lamentavelmente explorada pela imprensa sensacionalista. 
Nossa postura deve ser cristã, serena, tranqüila. Jesus recomendava piedade, se somos seus seguidores, pois, devemos seguir seu conselho. 
É um absurdo, uma atitude de total desequilíbrio agredir o advogado dos acusados, como fez um cidadão. Ele deveria estar em sua casa, cuidando de sua vida, preocupado com seus afazeres ao invés de tumultuar o que já está demasiadamente tumultuado. Diz o ditado popular: Muito ajuda quem não atrapalha. Portanto, não estejamos no rol daqueles que atrapalham. Muito melhor fazer o caminho inverso: Ajudar. Óbvio, muito mais eficaz. 
Se sei que determinada situação escapa ao meu controle, que nada posso fazer para alterar o destino, o que faço? Reconheço minha pequenez e me entrego de corpo e alma em fervorosa oração, pedindo a proteção do Alto para os envolvidos. Pronto, nada além disso. 
A violência apenas aumenta o clima de tensão ao invés de resolver o problema. Não podemos pagar o mal com o mal.
Os envolvidos em um caso tão doloroso estão sofrendo muito, é inadmissível sob o ponto de vista cristão atirarmos mais lenha nessa fogueira de mágoas e desencontros. 
Cuidemos de nossa vida, deixemos de lado o julgamento, a acusação, os dardos mentais emitidos contra essa ou aquela criatura, porquanto, cada um arcará com a responsabilidade de seus atos perante as leis da vida instituídas pelo Criador. 
Podemos escapar do tribunal humano, mas não escaparemos do incorruptível tribunal da consciência. Assim sendo, inexistem razões para apelarmos à violência em qualquer situação, isso apenas demonstra o estado primitivo em que nos demoramos. Quanto ao casal, esses receberão o veredicto final da própria consciência. Se inocentes, mesmo trancafiados em inóspita prisão estarão absolvidos pelas leis da vida. Se culpados, mesmo soltos e vivendo em confortável mansão estarão sempre as voltas com os fantasmas de suas atitudes. Quanto a nós? Oremos pelos envolvidos, é o melhor a ser feito.


Wellington Balbo
Bauru - SP

quinta-feira, 25 de março de 2010

Momentos de transição


Crítica ao colunista José Reis Chaves 


Boa noite, D. Pagotto,

Venho através do site da arquidiocese tentar comunicar-lhe, pois acredito que o fato é relevante, sua pessoa é citada no artigo no jornal O Tempo de Belo Horizonte, no qual, claramente o articulista cita que 80% dos católicos são espíritas e o senhor como o maior representante no Brasil. Eis o último parágrafo do texto: "Opinião dividida pelo teósofo José Reis Chaves. Segundo informa o estudioso, cerca de 80% dos católicos freqüentam centros espíritas. "Só aqueles que são católicos de sacristia, os carismáticos, não vão porque é um desconforto freqüentar, mas eles representam cerca de 4% dos fiéis católicos". José Reis chega até a nomear alguns padres, bispos e arcebispos que são médiuns e que chegam até a dar palestras sobre o espiritismo, como por exemplo o arcebispo de João Pessoa, Dom Aldo Pagotto. É interessante observar que o Brasil é um dos maiores países católicos, mas é também o país com maior número de adeptos do espiritismo". 
Acredito que não preciso citar os que desde o Concílio de Orleans (511), Toledo (633) até os dias atuais a Igreja deixa claro que o espiritismo é contrário a fé e ao culto exclusivo a Jésus Cristo, Único Redentor e Senhor dos homens. Está em oposição à verdadeira fé do crente e é um perigo para a santidade. 
Assim, seria muito importante vosso desmentido, pois o Sr. Jósé Reis quando generaliza, ele demonstra desonestidade, que também foi mote de Kardec nos meados do séc. XIX. 
Como diz o Pe Quevedo, desde as irmãs Fox (1848) que se retrataram em 1888 até os líderes espíritas atuais, mesmo que inconscientemente e muitas vezes de boa fé, não deixa de ser um erro primário no escopo das doutrinas. 
No aguardo de vossa atenção, 

Luccas Godoy - Jornalista 
Mestre em Ciência da Religião e Filosofia.



Considerações endereçadas ao Sr. Luccas Godoy



De: Alamar Régis Carvalho 
Para: Luccas Godoy 
RESPOSTA À SUA CARTA A DOM ALDO PAGOTTO 


Prezado Luccas:

Acabo de ler a sua carta, dirigida ao ilustre, digno, corajoso, destemido e respeitável Dom Aldo Di Cillo Pagotto, Arcebispo de João Pessoa, na pretensão de cobrar dele uma postura, conforme as suas conveniências, em função do que foi escrito na coluna "O Tempo", de Belo Horizonte, pelo ilustre escritor, ex-Teólogo Católico, José Reis Chaves. 
Você escreveu aí o que quis e o que lhe convém, não é verdade, Luccas? Quando cita os Concílios de Orleans e Toledo, por que não cita também os concílios que impuseram uma Trindade, no Cristianismo, que inventaram que Jesus é Deus, que inventaram as imagens nas igrejas, que instituiram as velas, as confissões, a virgindade de Maria, que determinou que não se falasse mais em reencarnação e até que instituição a inquisição, onde padres poderiam, arbitrariamente, torturar e assassinar, cruelmente, pessoas que não pensassem como o igreja? 
Pelo que tudo indica, talvez você queira que Dom Aldo Pagotto, e inúmeros outros bispos e padres sensatos e verdadeiramente comprometidos com o Cristo, pense assim, não é verdade? Para você, certamente, Dom Helder Câmara, que nunca apoio essa estúpida violação do direito humano, também deve estar errado. Dom Lucas Moreira Neves, que junto com os espíritas, fundou o Pro Vida, na Bahia, na luta contra a praga do aborto, em belíssima convivência e harmonia, também estava errado? 
E ainda vem citar Quevedo, quando fala do absurdo que fizeram com as irmãs Fox, pressionando-as sob tortura, para que elas desmentissem os fenônemos de Hydesville? Se duas filhas adolescentes suas, que lhe amam, estivessem num cativeiro de sequestro, com revólveres apontados para as suas cabeças, obrigadas as fazerem uma "confissão" diante de gravadores e câmeras, dizendo que você é ladrão, é traficante de drogas e é um grande bandido, e essas imagens se espalhassem pela internet, você gostaria que as "afirmativas" delas fossem absorvidas para a cultura popular que você de fato era um bandido e um ser da pior espécie? Felizmente, meu caro Luccas, nem todo mundo é idiota, neste mundo, a ponto de se deixar levar pelas estratégias sem vergonha e descaradas do religiosismo, que não abre mão de se utilizar do mau caratismo, quando o objetivo é denegrir a imagem de outras filosofias, e foi isto que fizeram em relação às irmãs Fox, que esse, também, atrofiado de caráter, chamado Quevedo, anda espalhando como se fosse verdade.
Meu amigo, vou lhe dar uma sugestão: Não fique insistindo muito em pressionar Dom Aldo Pagotto, não, porque ele não tem papas na língua, não se deixa intimidar por ninguém, não tem medo de nada e costuma dar respostas à altura, principalmente a presunçosos e pretenciosos donos da "verdade". 
Já se viu diante de várias ameaças, de outros adeptos da inquisição, dos dias atuais, e ameaças sérias, e não se intimidou.. 
Ele é adepto da frase: "Quem diz o que quer, ouve o que não quer".
Embora você tenha o seu sagrado direito de expressão, direito de discordar e de dizer o que quer e bem entende, direito esse que tudo indica você não quer respeitar nos outros, pode continuar dizendo o que você quer, mas saiba que, pelo fato deste mundo não ser constituído apenas por gente besta e gente acéfala, você terá, também, sempre respostas a altura. 
Forte abraço e que o Deus de Amor, e não o deus de inquisição, proteja a todos nós. 

Alamar Régis Carvalho 
alamar@redevisao.net


Réplica ao Sr. Luccas


Sr. Alamar, boa tarde. 

Sua cartinha é bem ao estilo espírita, "inventaram, inventaram, inventaram", talvez não saiba o senhor que os homens através das instituições são os construtores no tempo da cultura e da verdade salvífica. E só uma instituição única e sobrevivente da barbárie por muitos anos teve este direito e dever de ordenar as sociedades e a criação do mundo ocidental. 
O espiritismo de Alan Kardec, nasceu no bojo de um anti-clericalismo, um cientificismo pós-iluminismo, que queria através da ciência e bíblia (com idéias orientais de reencanacionismo) apresentar a doutrina perfeita. Alguns homens compraram esta idéia principalmente em países místicos como o Brasil, pois na France terra de Kardec, não mais que 500 pessoas são adeptas da doutrina espírita. 
Não vou me estender sobre a verdade histórica, se existe verdade real na história, pois amanhã viajarei para a Espanha onde irei fazer o caminho de Santiago e meditar sobre a busca, a procura e tantos outros questionamentos que grassa a mente humana. 
Para terminar este recado, o reencanacionismo e outras práticas dos espíritas estão encerradas na academia como antropologicamente primária no rol das religiões. É infantiloide acreditar na história de nascer e renascer em outros corpos, nascer e renascer, nascer e renascer.... 
Para acreditar nisto, tem-se que acreditar na vociferacidade dos seus argumentos completamente sem base histórica, 

Luccas Godoy 
Professor.


Tréplica do Sr. Alamar


Sr. Lucca: 

Desejo-lhe, também, a mesma boa tarde. 

Todavia, vamos às considerações. 

Carta bem ao estilo espírita, com respeito ao "inventaram, inventaram...". E por acaso, não inventaram não? Porque a sua igreja católica resolveu canonizar o sem vergonha, safado, descarado e assassino do Constantino, como santo, pelo fato dele ter transformado o "cristianismo" de perseguido para perseguidor, bem como gostam os torturadores católicos, nós espíritas temos que fingir que não sabemos quem foi verdadeiramente aquele crápula? 
E você ainda vem querer simplesmente dizer que é um mero "esilo espírita" de "inventaram"? 
Então vamos fingir que não sabemos que Constantino, por se considerar divindade, achou por bem, politicamente, dar essa mesma qualificação à Jesus, para ficar bem com os seus novos parceiros, os cristãos? Então quer dizer que os incensos e as velas na igreja, não foram coisas inventadas por homens? 
A confissão auricular, não foi coisa inventada em concílio? 
A inútil e absurda "virgindade" de Maria, não foi inventada? 
A infalibilidade papal, também não foi inventada? 
E o celibato dos padres, não foi também inventado em concílio? 
A Trindade não foi também, inventada, no Cristianismo, para que ele ficasse, também, em nível das outras religiões da época, que tinham trindades? 
As condenações para que não falassem mais em reencarnação, REALIDADE CONHECIDA por todos os cristãos primitivos, não foi coisa inventada em concílio? 
Será que você vai querer nos convencer que a INQUISIÇÃO nunca existiu e que os espíritas andam inventando essa famigerada história? Thomas de Torquemada para você nunca existiu? 
Meu amigo, subestimar a inteligência dos outros, tentando fazer TODA a humanidade de boba, é algo que não tem sentido e fica até ridículo. 
Gostei dessa sua frase, quando disse que "homens, através das instituições são os construtores no tempo da cultura e da verdade salvífica". É exatamente isto que a igreja católica fez, com a sua influência, sob muita violência, no mundo. Ainda bem que nem todo mundo é trouxa, para ir na conversa dela. 
Instituição única e sobrevivente da barbárie? Qual, a igreja católica? Não seria mais honesto você, em vez de dizer isto, recorrer à verdade e afirmar instituição que mais promoveu a barbárie, a tortura, a destruição de lares, a tortura e o assassinato cruel de pessoas, por motivos religiosos? 
Ou será que, na sua cabeça, todo mundo é trouxa mesmo, meu caro Lucca? 
Ótimo, esse seu argumento, de que na França não existem nem 500 praticantes do Espiritismo, um dado absolumente ridículo que você coloca, que demonstra a sua total e absoluta desinformação. Reconhecemos que o público lá é, de fato, pequeno, mas resumir a 500 pessoas apenas, é uma tentativa de passar atestado de idiota para este seu amigo. 
Mas, seguindo essa sua mesma linha de racioicínio, querendo denegrir o Espiritismo, pelo fato da França não ter muitos espíritas, você chega, OBVIAMENTE, a conclusão de que o Cristianismo também não vale porcaria nenhuma, haja vista que quase a totalidade dos povos da Palestina, onde viveu Jesus, é Muçulmana, e não Cristã. O povo de Israel continua Judeu, e não Cristão. 
Então você chega a conclusão, COM BASE NO SEU PROPRIO RACIOCÍNIO, que Jesus foi uma porcaria.
Se quiser estender na história do cristianismo e das religiões, pode puxar, meu amigo, que estamos preparados. Mas se segure, porque tem muita coisa pra ser colocada. 
A reencarnação é infantilóide? 
E como se caracteriza, então, a crença na estória de Adão, Eva e a Cobra? Como se caracteriza o nível de inteligência dos que crêem que Caim matou Abel e depois se mudou para a cidade de Node onde constitiuiu família? Família, com quem? que cidade era aquela? 
E nós espíritas que somos infantilóides? 
E o morrer e depois subir ao "céu" para ficar SENTADO, à DIREITA de Deus Pai, PARA TODA A ETERNIDADE, é que nível de inteligência? Que nível de inteligência tem alguém que consegue ver DIREITA, ESQUERDA, BAIXO, CIMA... além das dimensões da Terra? 
Que inteligência teria esse se Deus, pra manter um monte de inúteis, sentados à sua "direita", por toda a eternidade, sem utilidade nenhuma, um monte de vagabundos ociosos? E quando esse seu Deus tivesse que dar uma voltinha, que trabalho, hem amigão, para virar todo mundo com ele, porque ninguém poderia ficar à sua "esquerda". 
E os espíritas que são infantilóides? 
Não quero falar, ainda, nos inúmeros crimes cometidos pelos papas monstros e nem na recente história da pedofilia e nada disto, que caracterizam a sua santa madre igreja não, meu irmão, porque prefiro ficar com a igreja católica do meu querido e saudoso amigo Dom Hélder Câmara, do meu amigo Dom Aldo Pagotto, do meu amigo Dom Lucas Moreria Neves e de inúmeros amigos católicos, NÃO ADEPTOS DA INQUISIÇÃO E DA VIOLÊNCIA contra os que crêem diferente. 
É, meu irmão. Louvado seja São Constantino, Louvado seja São Torquemada. 
Amém. 

Alamar Régis Carvalho 
alamar@redevisao.net


Considerações do blog: 

Não temos aqui o intuito de expor ou menosprezar as pessoas envolvidas nesta questão, contudo, fica visível a dificuldade de algumas pessoas compreenderem que a evolução é inevitável e que com ela as transformações são naturais.
Pelo que se sabe, Jesus, não escreveu nada, ou seja, não monopolizou sua Fé, apenas exerceu a Caridade e nos elucidou quanto ao espírito de Fraternidade que todos deveriam ter uns para com os outros, ou seja, “Amar ao próximo como a si mesmo”.
É indubitável que com a evolução, com desenvolvimento cientifico entre outros, a mente consiga alçar novos horizontes de raciocínio, consequentemente, surgem novas conclusões pela própria evidência dos fatos, nem tudo permanecerá sem respostas, todavia, mudanças geram conflitos de transição, que posteriormente,  após serem aceitas e compreendidas, se estabelecem como verdades.
“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e a caridade, estas três virtudes; porém a maior delas é a caridade”. (Paulo, Coríntios, XIII: 1-7 e 13).
Tudo que promova a caridade nos aproxima de Deus, ela não está circunscrita somente para alguns, está ao alcance de todos, sendo assim, o tempo há de unir a todos numa só verdade, unificando as crenças, conforme a Doutrina codificada por Kardec sempre nos ilustrou. 

Alencar Campitelli

A Missão do Brasil como Pátria do Evangelho


Livro de:
Célia Urquiza de Sá


ESTUDO OPORTUNO E DE ALTO NÍVEL 

 
Acabo de ler o texto em que Célia Urquiza faz uma análise em profundidade do livro BRASIL, CORAÇÃO DO MUNDO, PÁTRIA DO EVANGELHO, do Espírito Humberto de Campos, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier. Como a enfatizou, no início de seu trabalho, trata-se de um estudo, cujo objetivo foi apresentar uma leitura do livro acima referido. Célia Urquiza soube estruturar o seu texto em nível de tese de Mestrado, a que não faltaram espírito crítico, argumentação lúcida e exegese segura na apreciação da obra. E vem a grande indagação: o Brasil é mesmo o coração do mundo e a pátria do Evangelho? A Espiritualidade Maior teve participação direta nos acontecimentos históricos do nosso país, desde o seu descobrimento até a Independência? Jesus esteve presente a esses significativos eventos? Não seria um privilégio a escolha do Brasil como a nova seara, onde a árvore do Evangelho encontrara terreno fértil? A escravidão imposta aos africanos, arrancados á força de suas terras para trabalharem em nossas lavouras teria sido um fato isolado, sem nenhum comprometimento com o passado? Não estaria aí funcionando a lei de causa e efeito? A autora do texto responde a essas indagações com muita lucidez dentro dos ensinamentos da Doutrina Espírita. Usando uma linguagem clara e simples. Célia Urquiza aborda com muito equilíbrio o tema proposto pelo livro de Humberto de Campos. O grande personagem de nossa história, o infante D. Henrique, a quem se diz ser a encarnação de Helil e que andou dialogando com Jesus a propósito da nossa formação histórica, foi bem ressaltado pela autora do texto. Mas o Brasil é mesmo a pátria do Evangelho? Persiste a pergunta. Os fatos e as circunstâncias comprovam essa assertiva. O Brasil, cuja configuração geográfica tem a forma de um coração, é habitado por um povo tradicionalmente de índole pacífica. Aqui nunca assistimos a guerras de conquista. A nossa formação étnica deveu-se à miscigenação de três raças: o branco, o negro e o índio. Enquanto no resto do continente houve fragmentação, o nosso país manteve sua integridade territorial. 
Portugal, um país pequeno e desarmado, soube defender nosso território das invasões de países muito melhor armados, a exemplo da França e da Holanda. Como explicar o "milagre"? O nosso próprio chão jamais se rebelou. Não temos, aqui, maremotos nem terremotos. Todos esses argumentos foram bem aduzidos por Célia Urquiza. Tiradentes, o mártir da Independência, teria sido um inquisidor em vidas passadas? Mas o seu trabalho não se limita ao texto do livro. Ela ampliou o seu estudo, traçando uma panorâmica do movimento espírita no mundo, desde o fenômeno mediúnico das Irmãs Fox, passando por Kardec e desembocando na Bahia, berço da nossa nacionalidade e onde surgiu o primeiro centro espírita e o primeiro jornal anunciador da nova e consoladora Doutrina, importada da França. A Bahia de todos os santos se transformou assim na Bahia de todos os credos religiosos. Célia Urquiza não se esqueceu da Federação Espírita Brasileira, a Casa Máter do Espiritismo, que com o seu REFORMADOR, órgão da instituição, vem divulgando a Doutrina Consoladora, sem esquecer a sua editora, a quem devemos a multiplicação de livros, em sua maioria psicografado pelo lápis humilde de Francisco Cândido Xavier. Repetindo: o Brasil é a pátria do Evangelho? A autora do texto responde sem tergiversar: o nosso país ainda não é a Pátria do Evangelho. Tal resposta não discrepa da afirmação de Humberto de Campos. Um dia, o nosso país será um modelo de espiritualização, no mundo. Como diz o poeta paraibano Eudes Barros, num inspirado poema, Jesus aqui será crucificado numa cruz de estrelas. Vale a pena encerrar nosso comentário com esta significativa frase de Célia Urquiza: "Fazemos parte de um concerto onde cada nação é uma nota na Sinfonia Divina”. 
Uma visão cósmica e holística da vida. 

Carlos Romero

Imagem Ilustrativa

Disponibilizo todo o livro para download: A Missão do Brasil como Pátria do Evangelho

quarta-feira, 24 de março de 2010

A matemática do Vovô



Chovia copiosamente. Eu, frustrado por não poder ir à praia, dar meus mergulhos, fazer o “Cooper” e apreciar as sereias, estava sentado na cadeira de balanço, dando asas aos meus pensamentos, quando fui abordado por minha netinha Laís que, na época, tinha seis anos de idade.
Meiga e comunicativa, entre carícias e manhas, perguntou-me com sua inocente naturalidade:

- Vô, quantos anos você tem? 
- Sessenta, minha querida, respondi prazenteiro.
- Xi!... está bom de morrer!...

Passada a crise de riso, bem humorado, argumentei:

- Você tem seis, eu tenho sessenta anos, mas nossas idades se equivalem. É só uma questão de modo de ver, ou, como dizem os adultos, de ângulo de observação.
- Como pode ser vô? Não entendo.
- A matemática do vovô explica. Quer ver?
- Quero, estou curiosa. Mostre-me logo.

Com caneta e papel à mão, iniciei a aula de minha matemática particular. Somo os valores absolutos dos algarismos da minha idade, assim: 6 + 0 = 6, a sua idade. Daqui a seis anos, você terá 12 e eu, 66 anos. Faço o mesmo processo: 6 + 6 = 12, também sua futura idade, Entendeu?

- Acabou-se, vô? Você morre com 66 anos?

Indagou Laís com as mãos nos quartos.

- Espero que não... E, se você quiser, posso continuar com a mesma progressão aritmética tendo como razão a sua idade. Vamos ver. Passando-se mais seis anos, você estará com 18 e eu com 72. Agora some os seus algarismos e eu somo os meus: 1 + 8 = 9; 7 + 2 = 9. Viu? Ainda estamos com os mesmos valores.
- Não, assim não, o vovô mudou a forma de calcular. Não vale. É enrolação!
- Ora, Laís, falei que é questão de ângulo de observação. As coisas mudam, a gente precisa adaptar-se aos novos tempos. Deseja continuar ou se dá por vencida?
- Mande brasa, vovô, você é um sabidão!
- Junto mais seis anos e você terá 24, 2 + 4 = 6. Eu 78, 7 + 8 = 15, o que resulta 1 + 5 = 6. Nesta mesma progressão, você alcançará os 30 e os 36 e eu terei 84 e 90 anos e uma bengala na mão. Então: 3 + 0 = 3, 8 + 4 = 12, daí 1 + 2 = 3. Depois, 3 + 6 = 9, 9 + 0 = 9. Sempre chegamos aos mesmos resultados. Conclusão: você é tão “velha” quanto seu avô ou eu sou tão “moço” quanto minha neta.
- Vovô, e quando eu fizer 42 anos?
- Façamos a conta: 4 + 2 = 6. Ah! já sei... Meu corpo deverá estar na cova N° 6 do cemitério e minha alma de volta à Pátria Espiritual, prestando contas do que fez e deixou de fazer; feliz ou em sofrimento porque “a cada um será dado conforme suas obras”. Ninguém escapa da lei.
- Vovô eu não quero que você morra. Vou ficar muito triste.
- Diga saudosa em vez de triste. A morte não existe como comumente se pensa, não é o fim de tudo. Ocorre, sim, a desencarnação e o conseqüente retorno da alma à espiritualidade, o lugar de onde se vem quando se renasce aqui na Terra. Depois, com o desencarne, volta-se para a grande família espiritual.
- E de lá, vovô, você pode ver a gente?
- Sim, o vovô estará vendo seus queridos netinhos e rezando por eles. Mas, enquanto tenho você no colo, vamos continuar apreciando suas idades em comparação com os capítulos correspondentes do Evangelho Segundo o Espiritismo. Vejamos:

Capítulo 06O Cristo Consolador – O Jugo Leve;
Capítulo 12Amar os Vossos Inimigos – Pagar o Mal com o Bem;
Capítulo 18Muitos Chamados e Poucos Escolhidos;
Capítulo 24Não coloqueis a Candeia sob o Alqueire.

- E o que quer dizer cada capítulo?
- Com seis anos, você já deve sentir Jesus em seu coraçãozinho, como o Cristo Consolador, entregar-se ao Seu jugo que é suave e tomar o Seu fardo que é leve.
“Aos doze anos, saber amar integralmente e sempre retribuir com o bem todo mal que lhe fizerem. “Completando dezoito anos, estar devidamente preparada para ser uma das escolhidas a participar do Festim do Senhor.
“Seja você, aos vinte e quatro anos, uma candeia acesa colocada em lugar elevado para que possa ser vista por todos e iluminar aqueles que estiverem ao seu redor. 
- Ah! meu vô, quero ser uma boa menina para você gostar muito de mim.

Disse-lhe ainda que Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida e que ninguém vai ao Pai senão por Ele. Orientei-a no sentido de orar e vigiar não se afastando jamais do bem, do amor, do perdão, CAMINHO que conduz a Jesus.
Incentivei-a alçar vôos mais altos buscando a VERDADE pura, sem ilusões fantasiosas, sem dogmas escravizantes de consciências, sem os rituais dos primitivos e adoração a ídolos herdados do antigo paganismo.
Exortei-a seguir os passos do Senhor, exemplo sublime de VIDA para a humanidade.
A emoção não me permitiu continuar. Abracei minha netinha pedindo a Deus que abençoasse aquela alma meiga, tão cheia de amor e ternura.
Escoaram-se quase oito anos no implacável calendário do tempo. Hoje, 2 de abril de 1998, Laís completa quatorze anos e, em breve dias, atingirei os sessenta e oito.
Ela é uma linda adolescente, formoso botão de rosa desabrochando para a vida, enquanto eu entro em declínio físico, entretanto, meus olhos de “avô coruja” vêem nela a mesma menina dócil, amorosa, que, em sua ingenuidade, achava que o vovô devia morrer por ter sessenta anos.
Parabéns, Laís, no dia do seu aniversário!
O Vovô é vidrado em você.


Felinto Elízio Duarte Campelo
felintoelizio@gmail.com

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CRISTO É A PEDRA ANGULAR DA IGREJA, E NÓS A PEDRA DE TROPEÇO



Jesus é a pedra angular do cristianismo. O que se opõe ao seu Evangelho é do anticristo ou da pedra de tropeço. (1 João 4.2; e são Mateus 16,23). Pela nossa evolução espiritual atual, nós nos identificamos mais com o nosso ego ou a pedra de tropeço, em prejuízo do nosso homem interior, nas palavras de São Paulo. (2 Coríntios 4,16). Ciente disso, Jesus nos ensinou que buscássemos antes as coisas do reino dos céus, e que as outras são acrescentadas. (Lucas 12,31).
As causas do mal no mundo se ligam intrinsecamente às coisas da pedra de tropeço. Todos os sistemas político-sociais devem seus fracassos, em grande parte, ao nosso egoísmo. Os poderosos dos regimes políticos capitalistas e comunistas sempre cuidaram, primeiramente, quando não só, dos seus próprios interesses. E, nos comunistas, a coisa foi pior, pois não só o grande aparato policial, mas também o das forças armadas estiveram sempre a serviço dos interesses dos maiorais do poder, já que eram esses próprios maiorais do poder comunista que comandavam esse poderoso aparato policial e militar repressivo. Nos regimes capitalistas, como vimos, essas coisas da pedra de tropeço ocorrem também, porém, as forças armadas não estão sob o controle direto dos maiorais do poder econômico, mas do governo, além de reinar a liberdade de imprensa, sinônimo de democracia.
         E nem as questões espirituais escapam ao nosso maldito ego. Às vezes, oramos e fazemos o bem, só porque queremos ganhar o céu! Mas, um dia, todos chegaremos ao nível evolucional espiritual e moral de desapego de Jesus, de São Francisco de Assis, São Vicente de Paulo, Gandhi, pastor Luther King, Teresa de Calcutá, irmã Dulce,  Eurípedes Barsanulfo, Bezerra de Menezes, Chico Xavier etc., e de muitos outros anônimos do passado e do presente. Chegaremos lá, porque somos filhos amados de Deus, e só poderemos ter, pois, um destino venturoso, daí as reencarnações. “Até que todos cheguemos à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo”. (Efésios 4,13). Esse ensino paulino, além de nos deixar otimistas com a nossa salvação (libertação), nos mostra que a nossa evolução espiritual e moral é uma realidade. E também Jesus ensinou: “Conhecereis a verdade e ela vos libertará”. Observemos que os dois verbos do texto estão no futuro, o que nos dá também uma ideia da realidade da nossa evolução e de que o nosso futuro é promissor, ou seja, de que é mesmo de salvação e não de condenação, que só existe temporariamente.Nós, pelo nosso livre-arbítrio, somos responsáveis pelo que nos ocorre, temporariamente falando. Deus não nos teria dado o livre arbítrio, se ele fosse como que uma espécie de anzol traiçoeiro para nós, levando-nos à desgraça irremediável e para sempre!  Ademais, tudo o que Deus faz dá certo. Assim, jamais Ele poderia criar um filho seu para permanecer definitivamente identificado com a pedra de tropeço e suas conseqüências dolorosas. Pelo contrário, Deus predestinou a todos nós para, um dia, vivermos os postulados da pedra angular do cristianismo, e a conseqüente e eterna felicidade perene.
Realmente, todos nós, no futuro, seremos salvos, deixando de ser pedras de tropeço, pois o amor com que Deus Pai-Mãe nos criou é infinito e não faz acepção de pessoas!

Obs.: Esta coluna é de José Reis Chaves, com públicações às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO,  pode ser lida também no site www.otempo.com.br   Clicar colunas.   Ela está liberada para a publicação. 
Livros: “A Face Oculta das Religiões”, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP)  e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) –  www.literarium.com.br -  seu e-mail: jreischaves@gmail.com 
Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail:  contato@editorachicoxavier.com.br    e o telefone: 0800-283-7147.

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