domingo, 2 de agosto de 2015

Intuição salvadora


Uma jovem senhora, mãe de duas meninas, nos apresentou seu filho mais novo, um lindo menino de cerca de 50 dias de idade e já com cinco quilos. Contou-nos ela uma história emocionante, que nos faz, uma vez mais, atestar o socorro incessante que nos é proporcionado pelo amor divino. Disse ela que estava tudo certo para que tivesse um parto normal. Acompanhava tudo corretamente com seu obstetra no pré-natal. Quando estava com 39 semanas de gravidez, faltando poucos dias para o parto normal, numa sexta-feira, acordou sentindo uma impressão angustiante. Não podia esperar o parto normal. Tinha que fazer uma cesariana naquele dia mesmo. Começou a chorar sem parar, não conseguia parar de chorar. Ligou para o médico, desesperada, que tinha que fazer cesariana naquele dia mesmo e chorando sem parar. O médico aquiesceu e conseguiu um centro cirúrgico para aquele dia mesmo. O marido assistiu à cirurgia e ouviu o médico comentar várias vezes, surpreso: - Eu nunca vi isso antes!
Eventualmente ouve-se comentar sobre o circular de cordão, quando o cordão umbilical enrola no pescoço do bebê e é um risco para a vida da criança ou para o cérebro, se apertar. Isso pode ser previsto hoje em dia com aparelhos e salvar o bebê. Nessa gravidez, os exames pré-natais estavam perfeitos, não havia suspeita de nada errado. O médico surpreendeu-se ao ver que o cordão umbilical tinha virado sobre si mesmo, estava fazendo um nó em si mesmo e, se apertasse, o bebê podia morrer no útero ou no parto normal. A atitude da mãe salvou-lhe o filho. Ali estava ele, lindo, sem sequela alguma.
Perguntamos à mãe se ela havia sonhado com algo que lhe pudesse ter sugerido aquela atitude. Ela disse que não, que só estava com aquela impressão horrível e que tinha que fazer uma cesariana urgente. Ainda bem que o médico a ouviu. Na questão 459 de “O Livro dos Espíritos”, Kardec pergunta se os Espíritos influem sobre nossos pensamentos e nossas ações e a resposta é que nesse sentido a sua influência é maior do que supomos e que, muito frequentemente, são eles que nos dirigem. Essa jovem mãe, com certeza, foi amparada pelos benfeitores amorosos, para que tomasse a atitude referida, que salvou a vida de seu filho.
Na questão 471, Kardec pergunta se quando experimentamos um sentimento de angústia, de ansiedade indefinível, ou de satisfação interior sem causa conhecida, isso decorreria unicamente de uma disposição física. Os Espíritos respondem que isso é quase sempre um efeito das comunicações que, sem o saber, tivemos com os Espíritos durante o sono.
A mãe não lembrava e, na grande maioria, as pessoas não se lembram dos sonhos. Léon Denis explica isso em seu magistral livro “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”. O Espírito, em se desprendendo do corpo durante o sono, permanece ligado a ele por um laço fluídico, que transmite ao corpo as impressões do mundo espiritual. Ora, o corpo é matéria densa, que vibra em estado desacelerado, enquanto o Espírito, em estado de vibração acelerada, fora da matéria, está vivenciando uma situação energética rápida. Quanto mais longe o Espírito for, em camadas mais elevadas, menos material será sua lembrança, pois maior será o estado de energia e menor o da matéria densa. Menos nitidez de lembrança, devido à densidade da matéria física, impressiona menos o corpo material, a menos que o Espírito vivamente o deseje, com toda a força de sua vontade. Como, espiritualmente falando, nem sempre o Espírito deseja ou tem condições, esquecerá ao acordar, embora em sua memória espiritual a lembrança se mantenha, fora de seu cérebro físico. Há também os casos em que os mentores apaguem a memória, permitindo somente a lembrança do necessário, para que o encarnado, em lembrando a alegria e a beleza do mundo espiritual, não perca a vontade de viver aqui na Terra. Vemos isso expresso nas obras de André Luiz, pela psicografia de Chico Xavier.
A mãe do bebê deve ter sido visitada em sonhos e alertada. Ao acordar, não tinha a lembrança, mas uma impressão, um mal-estar, a certeza de que tinha que intervir no mesmo dia e não aguardar o parto normal, que é o que desejava.
Bendito é o amor de Deus que sempre socorre! Nunca estamos sozinhos. Sempre amparados. Quantas vezes teremos sido socorridos, sem o saber? Como diz Emmanuel, no livro “Fonte Viva”, psicografado por Chico Xavier, na mensagem Capacete da Esperança, resguardemos, pois, o nosso pensamento com o capacete da esperança fiel e prossigamos para a vitória suprema do bem. Tenhamos fé no amparo e socorro de Deus. Prossigamos na grande batalha com nós mesmos, para o nosso aprimoramento, na certeza de que estamos sob a proteção dos que nos amam, no mundo espiritual.

Jane Martins Vilela
Cambé, PR (Brasil)

Imagem ilustrativa

quarta-feira, 29 de julho de 2015

João Pedro


Esse novo amigo tem apenas 5 anos. Um garoto inteligente, afetuoso, que corre a me abraçar onde me vê. Tocou-me o coração. Foi conosco, acompanhado pelos pais, a Guaxupé (MG), num evento de grande porte – onde havia 700 pessoas –, participando ativamente das atividades dedicadas às crianças. Foi num fim de semana, fomos no sábado e voltamos no domingo.            
Minha participação no evento foi proferir palestra no encerramento. O tema era dedicado ao afeto, ao cuidado que devemos ter uns com os outros, na vivência do respeito e no esforço da fraternidade, onde se inclui naturalmente o amor e o carinho às crianças, para que se sintam amadas, respeitadas e acolhidas. Aliás, já se sabe, que a maioria dos casos de desequilíbrios sociais na vida adulta é resultante de uma infância desprezada ou vivida sem amor dos pais ou responsáveis adultos pela criança. Isso é normalmente constatado em terapias, onde traumas, medos e angústias tem sua origem na infância, repetindo, na maioria dos casos.              
Antes da minha vez de assumir a tribuna para iniciar a palestra, tive um insight e pedi autorização aos pais, sem nada combinar com o garoto e pedi aos pais nada dissessem a ele.              
Iniciei a abordagem, desenvolvi a temática durante uns 25 minutos e, ao final, após todas as considerações, que julguei viáveis e oportunas pertinentes ao tema, citei que um novo amigo já estava entre nós e chamei-o pelo nome: João Pedro, venha ao palco!              
Agachei-me, abri os braços chamando-o para o abraço de dois velhos amigos. Ele veio correndo pelo palco, na presença do imenso público, e lançou-se aos meus braços, com a espontaneidade e alegria que é própria das crianças, que é característica peculiar da pureza de coração.              
Levantei-o nos braços, levei-o até o microfone, colocando-o de pé sobre a cadeira para alcançar o pedestal e fiz rápidas perguntas que ele respondeu com graça, fazendo a emoção do público. Que cena comovente! A espontaneidade de uma criança, onde o coração ainda não se impregnou da malícia, do melindre, da desconfiança ou do preconceito.              
Abraçamo-nos com alegria. Encerrei a fala para dizer que na pureza infantil está, sem dúvida, a chave da felicidade humana, o segredo para sairmos de nossas neuroses e vencermos os quadros deprimentes da vida adulta perturbada pelas neuroses que vamos acumulando.              
Não é por outra razão que afirmou o Mestre da Humanidade: deixai vir a mim as crianças, porque delas é o Reino dos Céus.              
Sim, é o reino da humildade interior, da alegria espontânea, do comportamento puro de quem confia e não se deixa contaminar por preconceitos ou pensamentos e posturas pré-concebidas que tantas vezes nos permitimos adotar.              
É que o afeto é capaz de construir a felicidade, dentro e fora de casa, em qualquer lugar. Tratemos de valorizar essa grande virtude de nos tratarmos com docilidade, com respeito, com fraternidade. Maridos e esposa, tratemos nosso cônjuge com carinho e atenção, são eles os companheiros que a vida nos deu para essa caminhada de aprendizado.              
Abracemos os filhos, abramos o coração aos amigos, sejamos mais afáveis uns com os outros, construamos a fraternidade.              
Sejamos como João Pedro: espontâneos, puros de coração. Ele é uma criança, mas todos nós podemos nos esforçar para esse comportamento.    

Parabéns aos pais! Meu abraço ao menino querido.

Orson Peter Carrara