terça-feira, 4 de maio de 2010

A planta Maldita

                Cansanção
A meninada estava eufórica. Vovó Lúcia reuniu os doze netos e anunciou:
- Comprei uma fazenda. Fica a menos de vinte quilômetros da cidade e a pouco mais de meia légua da estrada principal. Vou mandar fazer uma  reforma na casa grande, uma limpeza no riacho, um banho de bica e quadras para jogos.
- Uma boa, vó Lúcia! Nossos fins de semana serão ainda mais animados - comentou Eulália, a neta de quatorze anos.
O tempo que antecedeu a inauguração foi de ansiedade, de planos, de sonhos. Convidariam os colegas, organizariam corrida de saco, quebra pote, cabra cega, jogos de vôlei, torneios de futebol.
O grande dia chegou. Vovó Lúcia exultava, observava cuidadosamente a meia centena de crianças esbanjando energias numa explosão de contentamento.
À tardinha, durante uma acirrada partida de futebol entre os de camisa azul e os de vermelha, a bola, seguida pelo esperto Rubinho, ganhou distância indo alojar-se numa touceira, longe dos limites do campo.
De repente, um grito lancinante. Rubinho, apresentando vergões avermelhados nos braços e nas pernas, contorcia-se em desesperado pranto. A moita era de cansanção, erva peluda de grande toxidez.
Muito contrariada, vovó Lúcia, sem poder conter a revolta, resmungava dizendo não aceitar a existência da “planta maldita” e de outras coisas nocivas.
No seu entender, houve uma perversão da natureza por um cochilo de Deus.
Seu Dadá, o encarregado do sítio, em tom conciliador, tentava convencê-la de que tudo na natureza é obra de Deus, tem sua função, é necessário, só precisa o homem descobrir sua utilidade.
No dia seguinte, a zelosa senhora ordenou que fossem arrancados e queimados todos os pés de cansanção, urtiga, tamearana e de qualquer outra erva que provocasse reações cutâneas dolorosas. Em sua propriedade, jamais subsistiriam plantas daquele tipo.
Era uma determinação.
Em pouco tempo, o jardim e a horta da vovó Lúcia estavam sendo dizimados por cotias e coelhos silváticos vindos da mata contígua.
De nada valeram iscas envenenadas, armadilhas, cercas de estacas protegidas com tapumes de palhas de coqueiro. Os roedores destruíam, principalmente, as plantações de batata e de cenoura.
Seu Dadá, profundo conhecedor da sabedoria popular, chamou a si a responsabilidade de combater a praga e pediu licença para resolver o problema a seu modo.
Em quatro meses, horta e jardim voltaram a exibir a exuberância das flores e das verduras, propiciando fartas colheitas.
Chamado a explicar o “milagre”, seu Dadá juntificou:
- A natureza não erra, ela não pode ser ofendida, precisa ser respeitada. O homem não deve “matar” o que Deus fez, basta deixar no lugar certo.
Intrigada com o discurso do morador, vovó Lúcia replicou, cheia de curiosidade:
- Sim, concordo, mas quero saber o que, de fato, foi feito para que os detestáveis bichinhos sumissem.
- A patroa me desculpe, desobedeci a ordem de vossemecê. Do outro lado da cerca, onde os meninos não vão, fiz uma “cerca viva” de cansanção com sementes que arranjei longe daqui. Os pêlos da “planta maldita” queimam e ferem os focinhos dos bichos e eles fogem.
- Muito bem, seu Dadá, agora entendo... O senhor fez ressurgir o que a ciência chama de “equilíbrio ecológico” e que eu, em minha ignorância e prepotência, havia destruído. O senhor é que está certo! Dou minha mão à palmatória!
O assunto ficou encerrado, entretanto, o rústico trabalhador da terra, ferrenho defensor da natureza, cresceu no conceito da vovó Lúcia que passou a comentar:
- Até quando os homens desconhecerão e desrespeitarão as leis da natureza? Até quando Deus - a infinita sabedoria - será desconsiderado por nossa tola presunção?
Responderemos à vovó Lúcia. Malgrado nossa rebeldia, a cada nova encarnação, aprendemos um pouco dos muitos “mistérios” que envolvem a humanidade. A cada nova experiência a que o espírito se submete no corpo material, ele adquire mais conhecimentos e sobe um degrau na grande escala evolutiva a caminho da perfeição.
Por tudo isso, Jesus asseverou: “Em verdade, em verdade, digo-te: Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo”.
Indubitavelmente, a reencarnação é fator imprescindível para o progresso espiritual.

Felinto Elízio Duarte Campelo
felintoelizio@gmail.com - Colunista Espírita

Matéria extraída de seu livro: O Pulo do Gato - Imagem ilustrativa

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Você sabia?


Clique na imagem que o tamanho vai ser ajustado



Nota do blog: No tópico destino da alma, sabemos que os Espíritos não ficam exclusivamente vagando entre os vivos, existem locais específicos de readaptação e atividades, ficam os que continuam com suas provas e expiações.

Matéria extraída da Revista da Editora Abril ( Aventuras na História ) em: A trajetória de uma doutrina, Espiritismo. - Ed. 80-A de março de 2010.

Da epístola de Paulo aos Gálatas


Não há judeu, nem grego; não há servo, nem livre; não há homem, nem mulher, porque todos vós sois um só em Cristo Jesus." (Cap. 3 - vers. 28)

Estas palavras de Paulo caracterizam o sentido universalista da Doutrina Cristã, confirmado pelo Espiritismo, o Consolador prometido por Jesus, no Evangelho de João.
O Cristianismo nascente, pelo trabalho intenso de Paulo, ultrapassou logo as fronteiras da Palestina, derramando-se pelos países banhados pelo Mediterrâneo, e penetrando em Roma.
A divulgação da Boa Nova constituiu um processo doloroso e lento, que implicaria no sacrifício de milhares de mártires anônimos, mortos em holocausto ao seu ideal nobre de testemunhar o Cristo.
Paulatinamente, o Paganismo romano foi derrubado, e, no ano 325, o imperador Constantino legalizaria o Cristianismo, permitindo, assim, o livre exercício das práticas religiosas cristãs.
Este primeiro passo, para maior alegria dos cristãos, foi seguido de um segundo e decisivo passo: Teodósio, sucessor de Constantino, poucos anos depois, oficializaria o Cristianismo, tornando-o religião oficial de Roma.

(Do livro "APRENDENDO COM AS EPÍSTOLAS", de Luiz Rodrigues da Cruz - Edições FEESP)

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sexta-feira, 30 de abril de 2010

Estupro e Aborto na visão Espírita


Em diversas oportunidades, quando fizemos palestra sobre reencarnação e aborto, fomos questionados posteriormente sobre a dolorosa e delicada circunstância do estupro. Principalmente, ao se propiciar perguntas nos serem dirigidas por escrito viabilizava-se este questionamento.
Embora o tema seja potencialmente polêmico e desagradável, não há como ignorá-lo no contexto de nossa situação planetária.
A grande discussão que se levanta é a legitimidade, ou não, do aborto, quando a gravidez é conseqüente a um ato de violência física. Mais uma vez, nos posicionamos em relação ao aspecto legal da questão nos abstendo de maiores comentários no campo jurídico pois leis e constituições os povos já tiveram inúmeras e tantas outras terão. Nossa abordagem será pelo ângulo transcendental e reencarnacionista considerando que são três (3) espíritos, no mínimo, envolvidos na tragédia em questão.
Igualmente, quanto ao aspecto da ética médica, a qual estamos submetidos por força da profissão que nesta reencarnação exercemos, lembramos ser esta ética diferente em cada país do planeta. Numa escala de zero a 10, teremos todas as notas, conforme a nação e o continente que nos reportarmos.
Inicialmente, cumpre-nos esclarecer que o livre arbítrio é o maior patrimônio que nós, espíritos humanos, temos alcançado ao atingirmos a faixa evolutiva pensante. Livre arbítrio que não legitima atitudes, mas oportuniza às criaturas decidir e se responsabilizar pelas conseqüências de seus atos posteriores.
Outra premissa que deveremos estabelecer é aquela da maior ou menor repercussão dos atos perante a Lei Universal, em função do nível de esclarecimento que possuímos. Importante também salientar que não há atos perversos que tenham sido planejados pela espiritualidade superior. Seria de uma miopia intelectual sem limites, a idéia de que alguém deve reencarnar a fim de ser estuprado.
A concepção do Deus punitivo e vingativo já não cabe mais no dicionário dos esclarecidos sobre a vida espiritual. Deus é a fonte inesgotável de amor.
É a Lei maior que a tudo preside, uma lei de amor que coordena as leis da natureza.
Como conceber a violência física? como enquadrar a onipresença divina em situações e sofrimentos que observamos? Deus estaria ausente nestas circunstâncias? Ou estaria presente? Para muitos indivíduos se estivesse presente já seria motivo para não crer na sua existência ou na sua infinita bondade e onisciência. Outra questão importante: Quem é a "vítima"? Cada um de nós ao reencarnar trouxe todo o seu passado impresso indelevelmente em si mesmo, são os núcleos energéticos que trazemos em nosso inconsciente construídos no passado.
Espíritos que somos e pelas inúmeras viagens que percorremos, representadas pelas inúmeras vidas, possuímos no nosso "passaporte" inúmeros "carimbos" das pousadas onde estagiamos em vidas anteriores. Hoje, a somatória destas experiências se traduzem em manancial energético que irradia constantemente do nosso interior para a superfície desta vida. Assim, é também a "vítima". A jovem que hoje se apresenta de forma diferente, traz em seu passado profunda marcas de atitudes prejudiciais a irmãos seus. Atitudes de desequilíbrio que são gravadas em si mesma. Algumas delas participaram intelectualmente de verdadeiras emboscadas visando atingir de maneira dolorosa a intimidade sexual de criaturas; outras foram executoras diretas, pela autoridade que eram investidas, de crimes nesta área. enfim, são múltiplas as situações geradoras da desarmonia energética que agora pulsa constantemente nos arquivos vibratórios da nossa personagem neste drama.
Pela Lei Universal, a sintonia de vibrações, poderá ocorrer em um dado momento dependendo da facilitação criada por atitudes mentais da personagem apresentou como surpresa desagradável para a agredida. 
Como orientar a vítima? Identificados dois dos protagonistas (mãe e filho) falemos acerca da entidade reencarnante Em certas ocasiões, o ser que mergulha na carne nesta dolorosa circunstância é alguém que vibra na mesma faixa de desequilíbrio. Um espírito que pelo ódio se imantava magneticamente à aura da jovem como que pedindo-lhe contas pelos sofrimentos causados por ela, se vê preso às malhas energéticas do organismo biológico que se forma. O processo obsessivo que vinha se desenvolvendo já o fixara perifericamente à trama perispiritual materna e agora passa a aderir definitivamente naquele organismo feminino.
Apesar do momento cruel, a Lei maior pode aproveitar para retirar o perseguidor desta situação adormecendo-o. Acordará, talvez, embalado pelos braços de sua antiga algoz que aprenderá a perdoar e até amar em função do sábio esquecimento do passado. Lembramos, novamente, não foi em hipótese alguma programado o estupro, nem ele em qualquer circunstância teria justificativa. No entanto o crime existindo, a espiritualidade sempre fará o máximo para do "mal" poder resultar algum bem.
Mas, muitas vezes, a gestante pressionada pelos vínculos familiares opta por interromper a gravidez indesejada.
Somos contrários a teatralidade daqueles que exibem recursos chocantes de fragmentos ensangüentados de bebês em formação, jogados nos baldes frio da indiferença humana. A falta de argumento e conhecimento espírita do processo que se desencadeia, é que faz lançar mão destes métodos agressivos de exposição.
A visão espiritual da situação dispensa estes recursos dos quais podem se servir outras correntes religiosas que desconhecem a preexistência da alma o mecanismo da reencarnação, etc.
O espírito submetido à violência do aborto sofre intensamente no processo, conforme o seu grau de maturidade espiritual. Perante a Lei divina sabemos que o espírito reencarnado não deve receber a agressão arbitrária em face da violência cometida por outro. Violência que gera violência, um ciclo triste que necessita ser rompido com um ato de amor a um entezinho que muitas vezes aspira por uma oportunidade de evolução em nova vida.
O aborto provocado gera muitas vezes profundos traumas em todos os envolvidos exacerbando a dolorosa situação cármica da constelação familiar. Ninguém é mãe ou filho de outrem por casualidade. Há, sempre, um mecanismo sábio da lei que visa corrigir ou atenuar sofrimentos.
Há, também, espíritos afins e benfeitores que, visando amparar a futura mãe, optam pelo reencarne na situação surgida. A vítima do estupro, poderá ter ao seu lado toda luz de alguém que poderá vir a ser o seu arrimo e consolo na velhice. Irmãos cheios de ternura em seu coração, com projetos de dedicação e amparo, aproveitam o momento criado pelo crime para auxiliar, diretamente, na vida material, dando todo seu trabalho afetivo para aquela que amam. Renascem como seu filho.
A eliminação da gravidez, através do aborto provocado, nestes casos, irá anular este laborioso auxílio que o espírito protetor lamentará ter perdido.
Pelo exposto, a interrupção da gestação mesmo decorrente de violência, é sempre uma atitude arbitrária que só ampliará o sofrimento dos familiares.
Se a jovem for emocionalmente incapaz de atender os requisitos da maternidade, a adoção, preferencialmente por pessoas de vínculos próximos, deverá ser o remédio por nós indicado. Se não houver possibilidades psiquicamente aceitáveis de recepção por parte de familiares, encaminhe-se os trâmites da adoção para quem receberá aquela criatura com o amor necessário ao seu processo redentor e educativo. 
O tempo se encarregará de cicatrizar os ferimentos da alma.

Dr. Ricardo Di Bernardi
Presidente da AME SC 

Matéria Extraída do Site: Panorama Espírita

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Psicologia do Evangelho


Livro de:
Adenauer Novaes 

Interpretar a mensagem contida no Evangelho é tarefa destinada aos estudiosos e eruditos gabaritados, que vêm a esse mister dedicando-se anos a fio e que, certamente, dispõem de conhecimentos intelectuais profundos. Não é tarefa para qualquer um ou para amadores. A maioria daqueles estudiosos é conhecedora de línguas antigas, dispondo de livros raros e preciosos que os capacitam a melhor entender o conteúdo dos escritos deixados pelos primeiros cristãos. Não possuindo esses e outros requisitos, não me arrisco a  dizer-me intérprete, mas apenas um apreciador das entrelinhas do Evangelho.
Quando pensei em escrever sobre assuntos em torno do Evangelho, isto é, sobre o contido nas entrelinhas das parábolas, logo vi que não teria a competência necessária para interpretar a Boa Nova, haja vista a necessidade de conhecer a cultura judaica antiga. Decidi então, ao invés de interpretar, colocar meus sentimentos sobre a mensagem, de acordo com uma percepção pessoal, sem a pretensão de me contrapor às interpretações clássicas, sabidamente enriquecedoras e coerentes, nem tampouco acrescentar algo novo. Trata-se de uma exposição de meus sentimentos sobre o que hoje as parábolas me despertam, dirigidas ao meu mundo interior, isto é, o sentido interior que elas têm quando internalizadas. Não busquei fazer comparações com a psicologia clássica, nem extrapolar a percepção direta da mensagem em mim mesmo. Sem a pretensão de dar novo sentido à mensagem contida nos livros que abordam o tema, decidi por trazer uma visão aplicável ao mundo interior, subjetiva, psicológica e, portanto, segundo pressupostos teóricos não só pessoais como sistêmicos, buscados nas psicologias que tratam do inconsciente, principalmente nos conceitos da psicologia analítica de C. G. Jung (1875-1961) e nas ponderações de Allan Kardec (1804-1869), em O Evangelho Segundo o Espiritismo. As citações bíblicas não foram extraídas das existentes neste último livro em função de considerar que os equívocos de tradução ou de editores, porventura existentes na que escolhi, não ferem substancialmente a mensagem.
A partir de minha prática clínica, da interação com os diversos tipos humanos e das escolas teóricas que admitem uma psicologia do inconsciente, busquei observar nas entrelinhas do Evangelho, uma mensagem dirigida ao mundo interior do ser humano, ou seja, uma possibilidade de sua aplicabilidade ao indivíduo consigo mesmo. Ele, com seu diálogo interno, com seu guia espiritual, com seu mentor, com seu arquétipo do velho sábio, com seu Self¹, com seu Eu Superior, com sua alma eterna, ou com qualquer que seja o nome que atribua à parte mais profunda de sua personalidade. Seria o diálogo da vida consciente com a inconsciente, do coletivo com a singularidade, do ego² com o Espírito.

1 Self, centro ordenador da vida psíquica. Função psíquica inconsciente do Espírito, que o representa.
2 Ego, entendido como uma outra função psíquica do Espírito, é o centro da consciência, que, às vezes e por circunstâncias especiais, goza de certa autonomia.

Pode ser óbvio dizer isto, e realmente o é, porém temos visto que a mensagem é geralmente interpretada e divulgada para o ser humano enquanto ser social, isto é, na sua atuação externa no mundo. As interpretações geralmente buscam equilibrar o ser humano com as forças externas, sociais, nas suas relações com o mundo. Parece ser mais importante que ele esteja bem com o mundo externo. Por causa disso ele se obriga a agir educadamente, a ser cortês, a ser polido, a se ajustar socialmente enquanto interagindo com o coletivo. Muitas vezes, quando sozinho ou mesmo junto aos familiares mais próximos, age sem conseguir esconder seu mundo de sombras, conflitos e dificuldades íntimas. Claro que viver bem socialmente representa uma grande conquista. Estar de bem com o mundo é saber viver em sociedade, mesmo que isso custe a repressão da própria natureza individual. O Cristianismo é tomado, muitas vezes, como sendo apenas uma doutrina para as massas. Porém, isso não é tudo. Veremos adiante.
Essa atitude externa deve ser conseqüência da existência de algo impregnado na personalidade, que internamente a predisponha a um modo de ação sobre o mundo. É esse modo que o faz estar de bem com o mundo e com a Vida. Atuar no mundo, baseando-se nos princípios cristãos, deve ser conseqüência de sua internalização. A ação externa deve se assemelhar a um estado consciente interno.
As idéias aqui expressas visam, de forma específica, levar o leitor a uma reflexão interior, a espécie de auto-análise e percepção de si mesmo no seu processo de desenvolvimento pessoal. Dirigem-se àqueles que desejam viver em paz consigo mesmo e com seus processos de descoberta e realização pessoal.
É possível identificar nas entrelinhas do Evangelho, que sua mensagem se destina a elevar o ser humano qualitativamente a fim de fazê-lo melhor perceber o sentido da Vida e dar-lhe uma visão adequada do Criador.
O Evangelho Segundo o Espiritismo, por ser uma obra de importância singular no processo de consolidação dos princípios espíritas, serviu-me como opção para análise das entrelinhas da mensagem do Cristo. Escolhi as parábolas ali comentadas para tentar trazer aquela visão subjetiva.
As palavras do Cristo, mesmo passadas pelos apóstolos, ou transcritas e traduzidas em várias épocas, conservam um sentido transcendente. Contêm um sentido universal, assim como outras palavras constantes nos livros sagrados das religiões antigas. Elas têm um sentido arquetípico³ que pode nos levar a interpretações distintas, sem que isso lhes diminua o valor. Elas servem a gregos e troianos. Servem para o mundo externo tanto quanto para o interno. Optei por tentar mostrar essa última direção.
Não se trata de nova interpretação ao que foi escrito por Allan Kardec e pelos Espíritos Codificadores, mas
apenas uma visão subjetiva pessoal, portanto factível de equívocos, pelos quais peço desculpas ao leitor. Considero que mais importante que escrever uma visão pessoal da mensagem do Cristo é tentar vivenciar qualquer interpretação que aponte ao ser humano o caminho do amor a Deus e ao próximo como a si mesmo.

3 Deriva de arquétipo, isto é, tendência a um comportamento típico, coletivo.

Disponibilizo todo o livro para download: Psicologia do Evangelho

quinta-feira, 29 de abril de 2010

As mães, o amor materno e o aborto.


Ouve-se dizer em larga escala que o Espiritismo não proíbe ninguém de deixar de fazer o que queira, de dizer o que pense ou de executar o que planeje. O dia em que isso acontecer, ele se ombreará com o Tribunal do Santo Ofício, da Idade Média.
Como se comporta o Espiritismo com relação à família, no tocante ao aborto? Aceita, repudia, condena ou releva quem o pratica? A resposta está com Jesus, o Cristo, quando ensina: "Cada um só pode dar aquilo que tem". "A cada um será dado conforme a sua obra."
O livre-arbítrio é uma lei natural. Cada um responderá, mais cedo ou mais tarde, pelos atos praticados, independentemente da filosofia religiosa que professe.
O Espiritismo não concorda com nenhuma ação criminosa, muito menos com essa que mata o corpo físico de um Espírito que nem sequer completou sua reencarnação.
Os defensores desse ato nefando contra a vida, notadamente certas mulheres, argumentam que o corpo que gera a criança é delas, porém se esquecem de que o do feto não lhes pertence. Por essa e outras razões, incentiva a vitalidade do corpo humano, "morada" temporária do ser pensante.
É bom que as pessoas entendam isso de uma vez por todas, e passem a respeitar o Espírito reencarnante. 
O espírita convicto é fiel aos princípios preconizados pelo Mestre dos mestres: "Amai-vos uns aos outros como Eu vos tenho amado". Ele não estipulou idade, nem condicionantes para o amor reinar entre mãe e filho.
Educadora do lar, pastora da sociedade e apascentadora universal. Único ser humano a quem o Pai da vida dotou de órgãos anatômicos e fisiológicos capazes de gerar e fecundar um corpo humano que sirva de morada temporária para a obra-prima da Sua criação, dando azo à perpetuidade da espécie humana. Assim é a mãe.
Na escala amorável, dentre as constelações luminares no infinito da Criação, ela resplandece como estrela de primeira grandeza. Entre pessoas, é o amor de mãe, sem sombra de dúvidas, o amor mais puro que existe na face da Terra. O que uma mãe não faz para ver seu filho feliz? Luta contra o mundo. É pena que muitos passem a perceber o valor dessa criatura, quando ela já se despojou do corpo físico.
Por essa e outras plausíveis razões, quando a mãe fica com os cabelos brancos, andar claudicante, pensamentos falhos e cuidados aparentemente excessivos, seus rebentos devem dedicar-lhe mais carinho, mais afeto e mais ternura. É o momento apropriado para ampliar a gratidão àquela que jamais economizou esforços, dedicação e devotamento para agasalhá-los, a qualquer custo e sob quaisquer circunstâncias, no manto sagrado do amor.
Mãe! Que os filhos lembrem-se de sua existência todos os dias de suas vidas.

Pedro de Almeida Lobo
de Campo Grande (MS), é articulista espírita
feesp@feesp.org.br


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RAUL TEIXEIRA - MEDIUNIDADE - PARTE 1

RAUL TEIXEIRA - MEDIUNIDADE - PARTE 2

RAUL TEIXEIRA - MEDIUNIDADE - PARTE 3

RAUL TEIXEIRA - MEDIUNIDADE - PARTE 4.avi

quarta-feira, 28 de abril de 2010

O Celibato obrigatório dos Padres tem culpa no cartório


Toda religião tem seu lado bom e positivo, pois seus fundadores são geralmente pessoas de espíritos evoluídos, algumas das quais até foram consideradas como sendo Deus.
Mas as religiões erram. A Igreja, por exemplo, que se aliou ao poder civil autoritário dos governos do passado, tem os seus erros impostos e mantidos pela força.. Hoje, ela poderia corrigi-los, pois ela não está mais ligada a nenhum poder civil. Mas há outros fatores que ainda impedem que ela corrija seus erros: o egoísmo e o orgulho de suas autoridades, que, com raras exceções, são iguais à maioria de todos nós ainda muito imperfeitos espiritualmente. Fossem elas mais evoluídas, e a Igreja não teria tantos problemas como tem.
A cizânia (joio) é do anticristo, o responsável pelas divisões no cristianismo, e que faz as autoridades religiosas ficarem surdas às palavras proféticas de renomados baluartes do cristianismo, como Ário, Giordano Bruno, são Francisco de Assis, Maïtre Ekart, John Hus, Lutero, Kardec, Papa João XXIII e muitos outros que não foram aqui na Terra apenas alunos de Jesus, mas verdadeiros discípulos Dele.
Entre os erros da Igreja, um se destaca. Trata-se do celibato obrigatório para os padres, que é um erro do Direito Canônico da Igreja, pois essa exigência é contra a lei natural, que é divina e bíblica. O celibato obriga os padres a serem misóginos (aversão às mulheres), o que é um absurdo. Isso pode trazer-lhes desequilíbrios psicológicos, entre eles, o da pedofilia, que sempre houve no clero católico do passado, mas era abafada pelo poder da Igreja. Porém os padres pedófilos sempre foram uma minoria insignificante. E sempre houve os envolvidos clandestinamente com mulheres, demonstrando que a lei divina, natural e bíblica é mais poderosa do que o Direito Canônico da Igreja.
Muitos jovens idealistas, ainda imaturos para uma escolha definitiva do que querem mesmo de sua vida, comprometem-se precipitadamente com o celibato, ordenando-se padres.
Mais tarde, 10 ou 20 anos depois, descobrem que não era bem esse tipo de vida que queriam.
Voltar atrás era um Deus nos acuda e, às vezes, ainda é!
Mas esse sacrifício do celibato, apesar de ser antinatural, vai ter, sem dúvida, uma recompensa de Deus, que leva em consideração a boa intenção do indivíduo. Um dos erros do celibato consiste em os padres acharem que só porque passaram pelo ritual da ordenação sacerdotal estão entre aqueles especiais, que são eunucos não feitos pelos homens, mas pelo reino dos céus, os quais são muito poucos.Os outros (a maioria?), que Deus tenha misericórdia deles, pois, como disse são Paulo, é melhor casar do que abrasar. E isso nos leva a crer que o celibato, como se diz, tem mesmo culpa no cartório!
Não tenho dúvidas na promessa de Jesus de que as portas do inferno não prevalecerão (o verbo está no futuro) contra a Igreja, pois ela será vitoriosa. Mas isso se dará quando ela se livrar dos seus erros doutrinários, que levam à descrença, e que são as portas do inferno dentro dela própria! Que a Igreja se regenere o quanto antes e não continue, pois, a se autodestruir com seus erros, entre eles o do celibato obrigatório para os padres, os quais dão origem a vários outros problemas que a afetam!

PS:
Agradeço os comentários de Júlio Horta, Guarapari (ES), Eden Mattar (FUMEC), Wellerson Silva, Élber, Nestor Martins Amaral Jr., Alencar e José Carlos Alves Martins, Curvelo (MG).

Obs.: Esta coluna, de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br - Clicar colunas. Ela está liberada para a publicação. Nas publicações, fico grato pela citação de meus livros: “A Face Oculta das Religiões”, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed.EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - e meu e-mail: jreischaves@gmail.com - Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.

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terça-feira, 27 de abril de 2010

O pecado original tem a ver com a existência da reencarnação

Vamos relembrar alguns textos bíblicos, que nos mostram que nós mesmos é que pagamos os nossos pecados. "A alma que pecar, essa morrerá: o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai a iniquidade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a perversidade do perverso cairá sobre ele" (Ezequiel 18,20). "Os pais não serão mortos em lugar dos filhos, nem os filhos em lugar dos pais: cada qual será morto por seu pecado"(Deuteronômio 24,16). "Naqueles dias já não dirão: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram. Cada um, porém, será morto pela sua iniquidade; de todo homem que comer uvas verdes os dentes se embotarão" (Jeremias 3, 29 e 30).
A pequena parcela católica dos carismáticos, percebendo que a lei de causa e efeito ou cármica é uma realidade, cai em erro semelhante ao da doutrina do pecado original. Segundo eles, nós temos alguns problemas, porque os nossos ancestrais cometeram certos pecados. Mas, nós vimos pelos textos bíblicos citados que somos nós mesmos, os autores dos pecados, que os pagamos. Aliás, seria um grave erro da lei e da justiça divinas um inocente pagar pecados de outro. Nem a lei e a justiça humanas imperfeitas aceitam tal coisa! Existe herança dos bens ou males materiais, mas não de moralidade.
Não confundamos, pois, as coisas materiais com as espirituais ou morais do reino de Deus. Ninguém pode ganhar o céu para outra pessoa e nem pagar pecado de outro. O que acontece, na verdade, é que o espírito do neto pode ser o mesmo espírito que animou o corpo de seu avô, do mesmo modo que o sangue que corre nas veias dum neto é o mesmo que corria nas veias do seu avô ou de um outro seu antepassado. Esse raciocínio lógico e também bíblico põe-nos frente a frente com o fenômeno da reencarnação. E um estudo racional da Bíblia, sem as peias ou viseiras de dogmas, mostra-nos que as gerações na Bíblia são, geralmente, reencarnações do espírito. Daí que Jó, falando de gerações passadas, afirma que nós somos de ontem e nada sabemos (Jó 8,9).
No tocante à história metafórica de Adão e Eva, nós só podemos herdar deles a espécie humana a que pertencemos, a qual é inteligente e dotada de livre-arbítrio, e que tem, pois, a capacidade de pecar também, mas nós não podemos herdar os próprios pecados deles, já que, como foi dito, pecados são de ordem moral ou espiritual, e só as coisas de ordem material podem ser herdadas.
E, se nós, descendentes de Adão e Eva, tivéssemos mesmo que pagar os pecados deles, por mais numerosos que eles fossem, eles já teriam sido pagos e repagos, há muito tempo. Ou será que o número de pecados de Adão e Eva é infinito?
E não dizem que o batismo apaga o pecado original? Então por que ainda já não foi pago o último centavo dessa dívida?
Seria porque os teólogos do passado viram no pecado original uma boa e inesgotável fonte de renda? Mas como Justiniano aboliu a reencarnação do cristianismo, no Concílio Ecumênico de Constantinopla (553), os teólogos passaram a ensinar que esse pecado advinha de Adão e Eva.
O pecado original é inato em nós, exatamente porque ele é o nosso carma com o qual nascemos, pois o trazemos de nossas vidas passadas!

José Reis Chaves
Teósofo e biblista - jreischaves@gmail.com

Matéria extraída do Jornal o Tempo - Imagem ilustrativa

Espiritismo

Slide


Disponibilizo para download: Espiritismo

Doe palavras


O Hospital Mário Penna em Belo Horizonte que cuida de doentes de câncer, lançou um projeto sensacional que se chama "DOE PALAVRAS".

Fácil, rápido e todos podem doar um pouquinho.

Você acessa o site Doe palavras (www.doepalavras.com.br), escreve uma mensagem de otimismo, curta (como twitter) e sua mensagem aparece no telão para os pacientes que estão fazendo o tratamento.

Pessoal, é muito linda a reação de esperança dos pacientes.

Participem, não apenas hoje, mas, todos os dias, dêem um pouquinho das suas palavras e de seus pensamentos. 

Acesse o link no texto ou siga por este endereço: http://blogdootimismo.blogspot.com/2010/04/doe-palavras.html

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Como você pontua a sua vida


Corre pelos livros de histórias e pela internet o relato seguinte:


Um homem rico estava muito doente, então pediu papel e caneta e assim escreveu: "Deixo meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres".
Morreu antes de colocar a pontuação na frase. Surgiu um grande problema.
A quem deixava ele a fortuna?
Os pretendentes a herdeiro compareceram, justificando a legalidade da sua pretensão através da pontuação do texto.

O sobrinho:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.
A irmã pontuou:
Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.
O padeiro colocou a pontuação:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.
Um pobre sabido ficou sabendo do testamento e acentuou:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro? Nada! Dou aos pobres.

Em nossa vida, ante as circunstâncias, as situações, cada um de nós coloca a pontuação que melhora ou piora o próprio existir.
O Espiritismo nos diz que todos temos que evoluir em nossos sentimentos, emoções e intelectualidade e isso se faz, muita vez, enfrentando os textos de nossas vidas que não estão pontuados e nós deveremos pontuá-los com compreensão, fé, ação equilibrada, coragem e amor.
Olhemos ao nosso redor identificando a realidade, e a nossa realidade é feita de guerra e de festa. Se enfocarmos só os problemas e o mal, enxergaremos e viveremos a guerra.
Se olharmos só o lado festivo e irreal, viveremos no mundo da fantasia, colheremos as amarguras das decepções.
Temos a opção da escolha, pois mesmo que os fatores externos tenham a sua influência, é a maneira como digerimos os acontecimentos que nos proporcionará o que é bom ou o que é ruim.
No texto de nossas vidas que tem guerra e festa, saibamos colocar a pontuação do realismo e do otimismo, que nos permitirá receber a herança da felicidade.

Aylton Paiva,
de Lins (SP), é articulista espírita
feesp@feesp.org.br


Matéria extraída do Jornal da Federação Espírita do Estado de SP     (FEESP ) - Março 2010 - Imagem ilustrativa

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Destino versus escolha das provas


Dogmas são preceitos apresentados como certos e indiscutíveis e cuja verdade se espera que as pessoas aceitem sem questionar.
Por princípio, a Doutrina Espírita não é dogmática, mas, sobretudo, Ciência e Filosofia, com conseqüências religiosas. Por isso, dias atrás, estranhou-me ouvir uma pessoa (querida) afirmar, não sem fundamentação, que via no livre-arbítrio um dogma do Espiritismo. Segundo sua lógica, o princípio do livre-arbítrio contrariava outro pressuposto do Espiritismo, que é o destino, entendido este no sentido de um programa reencarnatório.
À primeira vista, pareceu-me que havia razão naquela afirmativa. Pois, de fato, se tudo o que nos acontece na vida presente estivesse previsto, o livre-arbítrio seria uma balela. No entanto, recusei-me a aceitar a lógica apresentada e procurei estudar o assunto, segundo o ensinamento dos Espíritos Superiores, base do Espiritismo, tendo chegado às seguintes conclusões, resumidamente:

1) Antes de nova existência corpórea, o Espírito escolhe o gênero de provas a que deseja se submeter; nisto consiste o livre-arbítrio na escolha das provas. Entretanto, Deus, ao conceder ao Espírito a liberdade de escolha deixa-lhe a responsa bilidade dos seus atos e das suas conseqüências.
2) Na escolha das provas, o Espírito, via de regra, segue uma orientação: o desejo de sua própria evolução. Por isso, o Espírito não escolhe as provas menos penosas. Liberto da matéria, o Espírito não vê nas provas somente seu lado penoso, mas um atalho que o faça alcançar mais rapidamente um estado melhor, como um doente pode escolher um remédio desagradável, para se curar logo.
3) A despeito do livre-arbítrio, Deus pode impor certa existência a um Espírito, quando este não estiver apto a compreender o que lhe seria mais proveitoso.
4) O Espírito escolhe o gênero das provas: os detalhes são conseqüências da posição escolhida e, freqüentemente, de suas próprias ações. O Espírito, escolhendo um caminho, sabe de que natureza são as vicissitudes que irá encontrar; mas não sabe que acontecimentos o aguardam. Os detalhes nascem das circunstâncias.
5) Por fim, o Espírito pode escolher prova que esteja acima das suas forças e então sucumbir. Por outro lado, pode escolher outra que não lhe dê proveito algum, como um gênero de vida ociosa e inútil. Nesses casos, voltando ao mundo espiritual, percebe que nada ganhou e pede para recuperar o tempo perdido.

Da forma exposta, compreendi melhor os princípios do livre-arbítrio e do destino. Compreendi que, apesar de à primeira vista termos a impressão de que um desses pressupostos contraria o outro, tal lógica incorreta, do ponto de vista espírita, é motivada pela confusão que fazemos, tomando por destino os mínimos detalhes de nossas vidas. O certo é que nem tudo está previsto, mas apenas o gênero das provas a que nos submetemos a cada vez: isto, sim, é fruto da nossa própria escolha, ou das escolhas que fizemos e decisões que tomamos em vidas passadas.
É certo que muito mais ainda há a se dizer sobre o tema. De modo que, se Deus assim o permitir, poderei, de uma próxima feita, continuar discorrendo sobre determinismo e livre-arbítrio.
Encerro com um princípio da justiça da Lei Divina, muito apropriado a toda essa reflexão (e que nos serve de estímulo à prática do bem):"A ação positiva do presente corrige efeitos do passado negativo"

Eduardo Batista de Oliveira 
de Juiz de Fora (MG), é articulista espírita
feesp@feesp.org.br

Matéria extraída do Jornal da Federação Espírita do Estado de SP      ( FEESP ) - Março 2010 - Imagem ilustrativa

terça-feira, 20 de abril de 2010

Meu reino não é deste mundo


A Terra é a abençoada escola da alma imortal 


A Terra não é a morada do Cristo, a que reino então estaremos sendo levados? 
A pergunta número 55 de O Livro dos Espíritos nos dá uma pista quando fala da pluralidade dos mundos: Todos os globos que circulam no espaço são habitados? - Sim, e o homem da Terra está longe de ser, como pensa, o primeiro em inteligência, bondade e perfeição. Entretanto, há homens que se julgam superiores a tudo e imaginam que somente este pequeno globo tem o privilégio de ter seres racionais. Orgulho e vaidade! Acreditam que Deus criou o Universo só para eles.
A Terra é assim a abençoada escola da alma imortal, que nela estagia por longos períodos na purificação do próprio ser. Da mesma forma que o aluno, após ser diplomado, não precisa mais dos bancos escolares, também o homem, depois de adquirir as virtudes pelas quais trabalhou em sucessivas encarnações, não mais precisa estagiar em mundos materiais, podendo, a partir daí, ter na Espiritualidade e em mundos mais evoluídos as experiências de que agora carece.
Compreendendo a grande escala evolutiva do ser e a necessidade de libertação do homem, Paulo, o apóstolo dos gentios, alerta em carta aos Romanos que o reino de Deus não consiste no comer e no beber, mas na justiça, na paz, e na alegria no Espírito Santo (Carta de Paulo aos Romanos, 14:17). 
A primeira mensagem atesta a existência do plano espiritual e dos vários mundos que servem de asilo para a alma na concretização de suas virtudes. A segunda, importantíssima, nos dá a receita de como atingir os planetas em condições melhores que o nosso.
Ambas são claras na necessidade de passarmos pela Terra sem nos deixar aprisionar por ela. Viver a vida material lutando para que a matéria e tudo o que a engloba sejam elementos providenciais, ferramentas que o Espírito encarnado deve manipular sem atritos ou sangrias.
No entanto, vemos nos dias de hoje a supervalorização de princípios calcados na beleza do corpo e na posse de dinheiro e bens materiais, que estão longe de constituir aquele passaporte que nos permitirá galgar um andar acima visando o mais alto que nos aproximará do Pai.
Pode-se ser belo, ter um bonito corpo e mesmo ter-se dinheiro. É a valorização em demasia desses elementos que constitui obstáculo para alguns. De repente a beleza passa a ser algo tão importante para  certas pessoas que tudo sacrificam por ela: tempo, dinheiro, família, amizade etc., numa inversão completa dos valores.
E o maior sacrifício, se assim podemos dizer, que Deus pede aos seus filhos, é que saibamos amar uns aos outros. Perdemo-nos na vida na luta pela própria subsistência, enquanto o trabalho, canal de ocupação e mecanismo de aplicação das forças e faculdades humanas para alcançar um determinado fim, como ensina o Aurélio, torna-se, em nossa visão pequena e egoísta, um empecilho da felicidade.
Devemos, portanto, ocupar nosso tempo da forma mais positiva possível, distribuindo e colhendo afetos por onde passarmos. Saibamos honrar cada dia como uma dádiva de Deus aos filhos bem-amados. Aprendamos a viver dentro de nossas próprias capacidades, pois a espiritualidade nada pode fazer quando a nossa imprevidência nos coloca em situações difíceis, principalmente na questão monetária.
O justo viverá pela fé, já nos alertava o sempre querido Paulo em carta aos Romanos (1:17). Não apenas não devemos misturar o espiritual com o material, no ensaio de uma miscigenação impossível - cada elemento é único em sua essência -, como devemos honrar a oportunidade da reencarnação assumindo todos os deveres que ela nos exige em nível social e moral.
Jesus deixou essa repartição bem clara quando salientou firmemente aos fariseus que tentaram embaraçá-lo na questão dos impostos cobrados por César: É-nos permitido pagar ou deixar de pagar a César o tributo? Jesus, lúcido quanto à oportunidade da lição, responde firme: Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. (Mateus, 22:15-22 - Marcos, 12:13-17).
Assim é o mundo material, uma escola plena de desafios, cheia de grandeza e de grandes e necessárias provas. Os que carregam seus fardos e assistem os seus irmãos são os meus bem-amados, já nos alertava o Espírito de Verdade em mensagem inserida em O Evangelho segundo o Espiritismo (cap. VI, item 6), na qual nos pede para nos instruirmos na preciosa doutrina que dissipa o erro das revoltas e nos mostra o sublime objetivo da provação humana, que é o de poder ingressar finalmente nos mundos celestes ou divinos, habitações de Espíritos depurados, onde exclusivamente reina o bem.
A Terra, segundo o Espiritismo, pertence à categoria dos mundos de expiação e provas, razão por que aí vive o homem a braços com tantas misérias (ESE, cap. III item 4).
É, portanto, na Terra que devemos desenvolver a inteligência e sublimar o nosso mundo moral, a alma, para conseguir as virtudes necessárias que nos farão ingressar no reino colocado por Jesus, sendo então como ele exemplo de bondade e perfeição.

Eliana Thomé,
de São Paulo (SP), é jornalista, professora de francês
e articulista espírita ( feesp@feesp.org.br )


Matéria extraída do Jornal da Federação Espírita do Estado de SP      ( FEESP ) - Março 2010 - Imagem ilustrativa. 

Momentos de Reflexão


S L I D E



Disponibilizo para download: Aprendiz da Vida