Dessa forma, como observadores e observados, nos apoiamos,
reconstruímos nossos valores e nossas crenças.
Somos seres sociais. Precisamos um do outro para o exercício
do autoconhecimento. No outro, admiramos o belo, reconhecemos o feio,
aprendemos sobre o erro, aplaudimos o acerto, identificamos fraquezas,
reconhecemos a força. Ao contrário do dito popular, são os iguais que se atraem
e não os opostos.
Toda religião merece nosso respeito. Toda religião pretende
a mesma coisa: a evolução espiritual, através da prática do bem; e condena a
mesma coisa: o exercício do mal. Afirma que somos irmãos por termos a mesma
Filiação Divina, que somos iguais e devemos nos amar e nos ajudar. Então, se
todas as religiões possuem os mesmos princípios, por que são tão diferentes
entre si?
Não existe diferença substancial no pensamento religioso,
mas sim no entendimento, no posicionamento a partir da maturidade espiritual. O
bem é sempre o bem, o mal é sempre o mal. Em todos os livros sagrados da
humanidade encontramos diretrizes e normas que não se alteram na essência. O
que se altera são as expressões e o entendimento dos homens.
A religião tem como função aproximar aqueles que possuem as
mesmas necessidades evolutivas. Cada ser acompanha o pensamento religioso de
acordo com a sua maturidade espiritual. Assim, em grupo, ao identificarmos no
outro uma fraqueza semelhante a que temos e observarmos sua luta para
superá-la, nos fortalecemos e criamos coragem para lutar nossas próprias
batalhas. Dessa forma, como observadores e observados, nos apoiamos,
reconstruímos nossos valores e nossas crenças.
Todo agrupamento pela religião, seja ela qual for, não está
reunido ao acaso, mas pelas necessidades de aprendizado. Em Mateus, 6:33,
encontramos: “Buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça, e tudo o mais vos
será dado por acréscimo”. O verdadeiro religioso deve crer que, se houver sinceridade
em seus atos, Deus fará sua parte. E, então, deverá trabalhar para seu sustento
material, mas trabalhará com a certeza de que nada lhe faltará para uma vida
tranquila. Isso porque estará disponibilizando, com sinceridade, uma parte de
seu tempo para aprender e praticar o que Jesus nos deixou: o conhecimento e o
exemplo através da caridade.
Ser religioso não se resume em dizer-se espírita, católico,
budista, umbandista, protestante etc. Significa, sim, agir com sinceridade, que
nada mais é do que fazer ao próximo o que se deseja para si mesmo. Todo
equívoco nos dá a oportunidade de aprendizado, de transformação. Deus não
castiga. Ele nos premia. O castigo é uma invenção humana. Ele é a justiça
suprema.
Ir à casa religiosa, participar de todos os seus eventos,
chamar Jesus de Mestre, proclamando-nos crentes em Deus e possuidores de muita
fé não nos torna verdadeiros religiosos. Os atos exteriores, se não refletirem
nossa modificação íntima e a conscientização de nossos deveres, de nada
servirão para nos ajudar ou ajudar a quem precisa. Deus reconhece o que temos
dentro de nosso espírito, independentemente do que dizemos ser.
Há falsos religiosos, que enganam a boa fé dos que os
escutam. Falam de Deus, pregam sobre Jesus através dos Evangelhos, enchem casas
religiosas prometendo milagres para quem se dispuser a lhes dar o pagamento da
enganação, mas seus corações só buscam o prazer material, proporcionado pela
ingenuidade de quem os segue.
“Basta a cada dia o seu mal”, lembra o Mestre. Cuidemos de
nosso presente, dando a devida importância para a verdadeira religião e a vida
nos sorrirá com mais frequência. Não haverá por que praticarmos religião por
conveniência, pois sua busca com consciência e responsabilidade nos tornará
homens melhores, e sentiremos esta mudança em nossas vidas.
Sejamos como o bom samaritano que, independentemente da raça
e da religião, era um verdadeiro homem de bem, um sincero religioso.
“Como crês? Ninguém sabe... O mundo apenas
Sabe que és luz nas aflições terrenas,
Pela consolação que te abençoa.
Seja qual for o templo que te exprime,
Deus te proteja o coração sublime
Alma querida e bela, humilde e boa.”
(Alma Querida, Auta de Souza, psicografia de Francisco Cândido Xavier)
Maria Angela Miranda
Londrina, PR (Brasil)
Imagem ilustrativa
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