Popularmente, se diz que “Deus escreve certo por linhas
tortas”, e essa realidade se apresenta com certa constância em nossa vida.
Presenciei uma cena especial, estava sentado observando o quintal, quando
percebi um pequeno pássaro, um filhote que não voava e certamente seria presa
fácil aos cães e possíveis felinos que apareceriam pelo canto escandaloso do filhote.
Tocado por um senso instintivo de auxílio ao mais fraco, resolvi ajudar o
pequeno pássaro a sair da provável zona de risco, levando-o a um lugar seguro.
No processo de execução do meu plano de auxílio, levantei e segui em direção ao
filhote, que começou a correr em voos mínimos que mal saiam do chão e gritava
crendo que eu o mataria. No momento parei, tocado pelo desespero do filhote,
que deveria me ver como um gigante avassalador, mas segui na intenção de
salvá-lo. Os gritos dele aumentavam significativamente e finalmente entre
minhas mãos, acreditei que ele estouraria pelos gritos que emitia sem sessar,
com as pequenas asas desarrumadas pelo constante debatimento. Conduzi o filhote
vencido entre as mãos, imaginando que ele estaria esperando ser devorado, até
que o coloquei lentamente num canto protegido por folhagens e me afastei. Sai
pensando o que ficou na cabeça do pássaro (se é que ele pensa), não deve ter
entendido nada, primeiro eu saio atrás dele até pegá-lo e depois solto, creio
que ele nunca saberá que a angustia que ele sentiu era justamente a ajuda.
Conosco acontece o mesmo, muitas vezes passamos por angustias injustificáveis e
por mais que tentemos não entendemos o porque de tantas dificuldades e mal
sabemos que muitas vezes, trata-se justamente da ajuda que precisamos. Nem
sempre para sanar nossas necessidades imediatistas, mas sempre atendendo as
nossas necessidades como espíritos imortais. Na questão 501 de “O Livro dos
Espíritos” encontramos a seguinte pergunta:
- Por que é oculta a ação dos
Espíritos sobre a nossa existência e por que, quando nos protegem, não o fazem
de modo ostensivo?
E a resposta é merecedora de profunda reflexão: “Se vos
fosse dado contar sempre com a ação deles, não obraríeis por vós mesmos e o
vosso Espírito não progrediria. Para que este possa adiantar-se, precisa de
experiência, adquirindo-a frequentemente à sua custa. É necessário que exercite
suas forças, sem o que, seria como a criança a quem não consentem que ande
sozinha. A ação dos Espíritos que vos querem bem é sempre regulada de maneira
que não vos tolha o livre-arbítrio, porquanto, se não tivésseis
responsabilidade, não avançaríeis na senda que vos há de conduzir a Deus.
Roosevelt
Andophato Tiago
Barra Bonita, SP (Brasil)
Imagem ilustrativa
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