O dia de finados chega e ficamos a chorar os que partiram.
Questionamos, indagamos e tentamos saber as razões pelas
quais nossos afetos vão embora, muitas vezes de forma repentina.
A inconformação ganha espaço em nossos raciocínios porque em
nossa visão quem deve ir primeiro são os mais velhos. Consideramos que o pai
deve partir antes do filho.
Irmão mais velho antes do mais novo.
Quem tem 99 deve ir antes, muito antes do que aquele que tem
45. Entretanto, embora queiramos que seja assim, sabemos que não funciona
assim.
É que são insondáveis os desígnios de Deus, e ignoramos as
necessidades evolutivas dos seres que estão encarnados, entonces...
Entonces, muita gente se perde em pensamentos,
questionamentos e reflexões deste quilate:
- Por que se foram?
- Coitado, tão jovem,
tinha tanta vida pela frente!
- Tanta gente
malvada, e justamente ele vai embora! Que injustiça!
Frases assim demonstram o desconhecimento do público em
geral sobre as leis que regem a vida, sobre a reencarnação.
Reencarnamos com o bilhete de passagem de volta comprado, só
não está datado, porquanto em muitos casos a data do desencarne dependerá de
nossa postura aqui na Terra.
Pessoas negligentes com a saúde tendem a entrar no ônibus de
retorno mais cedo.
Indivíduos que levam uma vida desregrada, arriscada, começam
a tingir com as cores da imprudência o seu retorno ao plano dos Espíritos.
Exatamente, morrem antes do tempo previsto!
O inverso também é real.
Pessoas que se cuidam, guardam qualidade de vida, obedecem a
regras, tendem a viver mais tempo no corpo.
Porém, em verdade, ninguém morre.
Aqui ou no Além estamos vivos.
Aliás, aqui, encarnados, estamos mais mortos do que aqueles
que julgamos serem os mortos da história.
Em suma, mortos estamos nós, eles vivem.
Os que se foram não estão mortos, mas vivos. Mortos, estamos
nós, encarnados que, limitados pelo corpo físico, não conseguimos experimentar
em plenitude todas as capacidades do Espírito.
Eles, os que se foram, estão vivos, podendo gozar a vida sem
tantas necessidades grosseiras que nos são impostas pela máquina orgânica.
Um dia, porém, nasceremos, ao nos despojarmos do corpo, e
enquanto um cortejo chora a nossa partida, afirmando que morremos, nós
constataremos felizes a certeza de que a vida continua e de que mortos estão os
que ficaram, não os que partiram.
Todavia, que saiamos daqui no tempo exato, no prazo previsto
para nosso desencarne, e para isso é preciso aproveitar com comedimento a vida,
ou melhor, a experiência de estar encarnado.
Podemos ser os próximos passageiros a entrar no ônibus que
atravessa a fronteira para o Além... E que nosso nascimento seja tão feliz
quanto foi a nossa morte por aqui, enquanto encarnados.
Porque eles vivem. E nós? Nós estamos “mortos”...
Wellington Balbo
Salvador,
BA (Brasil)
Imagem ilustrativa
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