segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Chicão, bota água no nosso feijão


Como carioca, fiquei muito feliz com a deferência do representante maior da Igreja Católica, um latino como nós, em sua mensagem na virada do ano de 2014-2015, alusiva aos 450 anos da cidade maravilhosa, cheia de encantos mil. Parece simples, mas nós aqui, esquecidos de “Lennon e MacCartney”, como dizia Milton Nascimento, nos felicitamos com essas referências! 
A mensagem, possível de ser acessada em  http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2014/12/papa-francisco-homenageia-rio-em-video-povo-corajoso-e-alegre.html, merece destaque dentre outros motivo,  por um singelo trecho, no qual o pontífice católico afirma eu “De modo concreto, creio que todos podem aprender muito do exemplo de generosidade e solidariedade das pessoas mais simples; aquela sabedoria generosa de saber “colocar mais água no feijão”, da qual o nosso mundo ressente tanto.” 
Sim, a solidariedade dos que sofrem…Uma lição que ainda custamos a aprender. Certa vez, um amigo visitou um trabalho assistencial, crente que iria lá ensinar algo e ao ver que uma criança tinha ficado sem o pão, a outra espontaneamente ofereceu a metade do seu, ensinando a esse meu amigo observador a lição aqui lembrada. 
O nosso mundo, mudado pela tecnologia, pelo acesso a informação, pela queda de muros e de preconceitos, ainda se vê assolado pela falta de fraternidade. O egoísmo e seus primos diletos, o consumismo, o individualismo e a competividade, campeiam soltos pelo cotidiano mundial, anestesiados que somos ao sofrimento do outro, inebriados por um discurso de merecimento que esquece que a Lei é de amor ao próximo. A evolução é uma tarefa individual, mas somente tem sentido no plano coletivo. 
Assim, precisamos nos ajeitar no mundo, encontrar nosso lugar, mas também albergar nosso irmão que sofre, que ou fomos nós, ou seremos no amanhã. Deus, esse age por nós, encarnados e desencarnados, instrumentos de uma vida melhor e mais fraterna. E para isso necessitamos estar atentos as nossas necessidades, desnecessárias e a falta de nossos irmãos, muitos anda sofrendo pela falta do elementar. 
Quanta sabedoria, quanta iluminação em rede nacional. Como temos muito a aprender com o exemplo de generosidade dos mais simples. Pelas vias da reencarnação, os irmãos que sofrem são mais sensíveis aos apelos da fraternidade. Mas, precisamos descobrir o tesouro de, sem sofrer, lembrar do sofrido. E vemos nessas palavras a valorização de um sentimento que é muito caro, a nós cariocas, de solidariedade, em uma cidade que mistura beleza com miséria, samba com lamento, na partição lembrada pelo escritor Zuenir Ventura. 
450 anos da cidade maravilhosa… Praia, sol, Maracanã, futebol…E que possamos ensinar ao mundo a colocar água no feijão, para recebermos de braços abertos a todos, turistas, estudiosos, atletas e todos mais que se abeirem da “Sebastiana”, para fazer melhor no pão repartido, na produção de uma vida melhor. 
Chicão (perdoe-me o carinho), esperamos que você tenha sucesso nessa missão, de com firmeza e candura, seguir a fundo, colocando agua no feijão do mundo!

Marcus Vinicius de Azevedo Braga
Residindo atualmente na cidade do Rio de Janeiro, espírita desde 1990, atua no movimento espírita na evangelização infantil, sendo também expositor. Vinculado a Casa Espírita Amazonas Hércules (www.ceah.org.br). É colaborador assíduo do jornal Correio Espírita (RJ) e da revista eletrônica O Consolador (Paraná). É autor do livro Alegria de Servir (2001), publicado pela Federação Espírita Brasileira (FEB) e do Livro "Você sabe quem viu Jesus nascer" (2013), editado pela Editora Virtual O Consolador.

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