Em carta publicada na seção de Cartas desta mesma edição ( Revista O Consolador ) o
leitor João Zamoner pergunta-nos: Você pode me explicar o que significa
intelecto-moral?
A palavra composta “intelecto-moral”, que tem valor de
adjetivo, é utilizada quando queremos dizer que determinado fato ou coisa dá
relevância, ao mesmo tempo, à inteligência e à moralidade.
Allan Kardec a utilizou quando escreveu sobre as
Aristocracias, em um dos capítulos que compõem a 1ª parte do livro Obras
Póstumas. Nesse texto, Kardec faz uma previsão acerca do advento futuro em
nosso mundo do que ele chamou de aristocracia intelecto-moral.
A palavra aristocracia vem do grego Aristos, o melhor, e
Kratus, poder. Aristocracia significa, assim, o poder dos melhores, conquanto
saibamos que o sentido primitivo da palavra foi por várias vezes deturpado.
De acordo com o texto escrito por Kardec, verificaram-se na
história da Humanidade terrena cinco espécies de aristocracia:
1 - Aristocracia dos patriarcas
Nas sociedades primitivas, quando surgiu, em decorrência da
formação dos grupos sociais, a necessidade de uma autoridade, esta foi
conferida aos chefes de família, aos anciãos e aos patriarcas. Surgia assim a
primeira de todas as aristocracias, um fenômeno que ainda se vê em pleno século
21 em algumas comunidades indígenas.
2 - Aristocracia da força
Com o surgimento dos conflitos e das guerras, a autoridade
foi sendo transferida aos poucos para os indivíduos fortes e vigorosos,
ocorrendo então o advento dos chefes militares. Surgia com isso o segundo
modelo de aristocracia.
3 - Aristocracia do nascimento
Os detentores do poder foram, com o tempo, transferindo seus
privilégios e sua autoridade aos descendentes. Nascia então o terceiro modelo
de aristocracia, geralmente fundamentada em leis outorgadas por quem estava no
poder e nisso tinha interesse. Na organização política atual, como por exemplo
no Brasil, senadores e deputados costumam inserir seus filhos e netos na
política, transferindo-lhes o seu prestígio e seus votos, o que constitui um
resquício do terceiro modelo de aristocracia surgida no mundo.
4 - Aristocracia do dinheiro
Com o surgimento das grandes fortunas, elevou-se na Terra um
novo poder, o do ouro, visto que com o ouro pode-se dispor de homens e coisas.
O que não se concedia mais aos títulos, concedeu-se à fortuna e esta, como
ainda é bastante comum em nossos dias, passou a ser detentora do poder. Foi
esse o quarto modelo de aristocracia verificada no planeta.
5 - Aristocracia da inteligência
Este modelo é o que vai se insinuando no mundo, em que
técnicos e especialistas nas mais diferentes áreas é que ditam as regras que
governam os povos. Ocorre que a inteligência, por si só, não é garantia de que
todos os seres humanos de igual forma serão contemplados pelos detentores do
poder. O desenvolvimento intelectual sem o guia dos princípios morais pode,
como sabemos, ter consequências desastrosas para a sociedade.
Kardec prevê então, no texto que mencionamos, o surgimento
de uma sexta forma de aristocracia no mundo, como decorrência da própria
evolução da Humanidade, a aristocracia intelecto-moral, em que, por definição,
a inteligência e a moralidade estarão presentes na autoridade, a que todos
podem submeter-se, confiados em suas luzes e em sua justiça.
Algo semelhante já se vê em algumas comunidades espirituais,
como a colônia Nosso Lar, descrita por André Luiz no livro de mesmo nome. O
governador de Nosso Lar reuniria as duas condições que o Codificador do
Espiritismo assinala como características da aristocracia intelecto-moral.
Astolfo O. de Oliveira Filho
Londrina, Paraná (Brasil)
Imagem ilustrativa
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