sábado, 21 de março de 2015
sexta-feira, 20 de março de 2015
Cristianismo & Espiritismo
Espiritismo é sinônimo de Cristianismo puro
“O homem está sempre
disposto a negar aquilo
que não conhece.” - Pascal.
Quando as pessoas descobrem que o Espiritismo e o Puro
Cristianismo são a mesma coisa, elas perguntam: “Qual a utilidade da doutrina
moral dos Espíritos, uma vez que não difere da do Cristo?".
Kardec responde[1]: “(...) Do ponto de vista moral, é fora
de dúvida que Deus outorgou ao homem um guia, dando-lhe a consciência, que lhe
diz: ‘Não faças a outrem o que não quererias te fizessem’. A moral natural está
positivamente inscrita no coração dos homens; porém, sabem todos lê-la nesse
livro?! Nunca lhe desprezaram os sábios preceitos? Que fizeram da moral do
Cristo? Como a praticam mesmo aqueles que a ensinam? Reprovareis que um pai
repita a seus filhos dez vezes, cem vezes as mesmas instruções, desde que eles
não as sigam? Por que haveria Deus de fazer menos do que um pai de família? Por
que não enviaria, de tempos a tempos, mensageiros especiais aos homens, para
lhes lembrar dos deveres e reconduzi-los ao bom caminho, quando deste se
afastam; para abrir os olhos da inteligência aos que os trazem fechados, assim
como os homens mais adiantados enviam missionários aos selvagens e aos
bárbaros?
A moral que os Espíritos ensinam é a do Cristo, pela razão
de que não há outra melhor. Mas, então, de que serve o ensino deles, se apenas
repisam o que já sabemos? Outro tanto se
poderia dizer da moral do Cristo, que já Sócrates e Platão ensinaram quinhentos
anos antes e em termos quase idênticos. O mesmo se poderia dizer também das de
todos os moralistas, que nada mais fazem do que repetir a mesma coisa em todos
os tons e sob todas as formas.
O que o ensino dos Espíritos acrescenta à moral do Cristo é
o conhecimento dos princípios que regem as relações entre os mortos e os vivos,
princípios que completam as noções vagas que se tinham da alma, de seu passado
e de seu futuro, dando por sanção à doutrina cristã as próprias leis da
Natureza. Com o auxílio das novas luzes que o Espiritismo e os Espíritos
espargem, o homem se reconhece solidário com todos os seres e compreende essa
solidariedade; a caridade e a fraternidade se tornam uma necessidade social;
ele faz por convicção o que fazia unicamente por dever, e o faz melhor.
Somente quando praticarem a moral do Cristo poderão os
homens dizer que não mais precisam de moralistas encarnados ou desencarnados.
Mas, também, Deus, então, já não lhos enviará.
Os Espíritos são mais colaboradores seus do que reveladores,
no sentido usual do termo. Ele lhes submete os dizeres ao cadinho da lógica e
do bom senso: desta maneira se beneficia dos conhecimentos especiais de que os
Espíritos dispõem pela posição em que se acham, sem abdicar do uso da própria
razão”.
A conexão entre o mundo espiritual e o mundo material é
muito ostensiva e evidente, conforme podemos observar na resposta que os
Espíritos deram à questão de número 459 de “O Livro dos Espíritos”.
Continua Kardec1: “(...) Com os Espíritos – sejam de que
categorias forem – iniciamo-nos no que respeita ao verdadeiro caráter do mundo
espiritual, apresentando-se-nos este por todas as suas faces. Cabe-nos, porém,
visto que os Espíritos são mais ou menos esclarecidos, discernir o que há de
bom ou de mau no que nos digam e tirar, do ensino que nos deem, o proveito
possível. Ora, todos, quaisquer que sejam, nos podem ensinar ou revelar coisas
que ignoramos e que sem eles nunca saberíamos.
Os Espíritos não se manifestam para libertar do estudo e das
pesquisas o homem, nem para lhe transmitirem, inteiramente pronta, nenhuma
ciência. Com relação ao que o homem pode achar por si mesmo, eles o deixam
entregue às suas próprias forças. Isso o sabem hoje perfeitamente os espíritas.
Pedir o homem conselhos aos Espíritos não é entrar em
entendimento com potências sobrenaturais; é tratar com seus iguais, com aqueles
mesmos a quem ele se dirigiria neste mundo; a seus parentes, seus amigos, ou a
indivíduos mais esclarecidos do que ele. Disto é que importa se convençam todos
e é o que ignoram os que, não tendo estudado o Espiritismo, fazem ideia
completamente falsa da natureza do mundo dos Espíritos e das relações com o
além-túmulo.
As condições da nova existência em que se acham os Espíritos
lhes dilatam o círculo das percepções: eles veem o que na Terra não viam;
apreciam de um ponto de vista bem mais elevado e, portanto, a perspicácia de
que gozam abrange mais vasto horizonte; compreendem seus erros, retificam suas
ideias e se desembaraçam dos prejuízos humanos. É nisso que consiste a
superioridade dos Espíritos com relação à Humanidade corpórea.
A Humanidade Espiritual vem conversar com a Humanidade
Corporal e dizer-lhe: Nós existimos, logo o nada não existe; eis o que somos e
o que sereis; o futuro vos pertence, como a nós. Caminhais nas trevas, vimos
clarear-vos o caminho e traçar-vos o roteiro; andais ao acaso, vimos
apontar-vos a meta. A vida terrena era, para vós, tudo, porque nada víeis além
dela; vimos dizer-vos, mostrando a vida espiritual: a vida terrestre nada é. A
vossa visão se detinha no túmulo, nós vos desvendamos, para lá deste, um
esplêndido horizonte. Não sabíeis por que sofreis na Terra; agora, no
sofrimento, vedes a justiça de Deus. O bem nenhum fruto aparente produzia para
o futuro. Doravante, ele terá uma finalidade e constituirá uma necessidade; a
fraternidade, que não passava de bela teoria, assenta agora numa lei da
Natureza. Sob o domínio da crença de que
tudo acaba com a vida, a imensidade é o vazio, o egoísmo reina soberano entre
vós e a vossa palavra de ordem é: ‘Cada um por si’. Com a certeza do porvir, os
espaços infinitos se povoam ao infinito, em parte alguma há o vazio e a
solidão; a solidariedade liga todos os seres, aquém e além da tumba. E o reino
da caridade, sob a divisa: ‘Um por todos e todos por um’. Enfim, ao termo da
vida, dizíeis eterno adeus aos que vos são caros; agora, dir-lhes-eis: ‘Até
breve!’.
Tais, em resumo, os resultados da revelação nova, que veio
encher o vácuo que a incredulidade cavara, levantar os ânimos abatidos pela
dúvida ou pela perspectiva do nada e imprimir a todas as coisas uma razão de
ser. Carecerá de importância esse
resultado, apenas porque os Espíritos não vêm resolver os problemas da Ciência,
dar saber aos ignorantes, e aos preguiçosos os meios de se enriquecerem sem
trabalho? Nem só, entretanto, à vida futura dizem respeito os frutos que o
homem deve colher dela. Ele os saboreará na Terra, pela transformação que estas
novas crenças hão de necessariamente operar no seu caráter, nos seus gostos,
nas suas tendências e, por conseguinte, nos hábitos e nas relações sociais.
Pondo fim ao reino do egoísmo, do orgulho e da incredulidade, elas preparam o
do bem, que é o reino de Deus, anunciado pelo Cristo".
[1] -
KARDEC, Allan. A Gênese. 43. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, cap. I,
itens 56 a 62.
Rogério Coelho
Muriaé, MG (Brasil)
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quinta-feira, 19 de março de 2015
Decisão triste!
Comunicamos, com imensa dor emocional, a extinção de atividades do Lar Espírita José Gonçalves – em Mineiros do Tietê, no interior paulista –, departamento de assistência a idosos em desamparo, no regime de internato, fundado em 25/06/1940 (com inauguração em 09/11/40) como departamento do Centro Espírita Francisco Xavier dos Santos, na mesma cidade, este fundado em 22/03/1923.
O fato se deve à impossibilidade de cumprimento da legislação em vigor, pertinentes à atividade, cuja exigência quanto ao quadro de funcionários especializados na área de assistência à população atendida, inviabiliza a manutenção financeira da instituição. O fato se agrava pela instituição localizar-se em cidade pequena, de quase nulos recursos que possam vir de empresas ou da população e que viabilizam manter a instituição em funcionamento no atendimento das exigências legais. Isso sem citar a reduzida equipe envolvida.
Foram 75 anos de trabalho árduo, que partiu do entusiasmo e desejo sincero de servir de seus idealizadores, desde a fundação da instituição mãe, em 1923. Inspirados pelo ideal espírita na prática da caridade e, considerando a realidade da época, optaram pela formação de um lar que acolhesse idosos desamparados. O ideal foi concretizado a partir de 1940, de onde se desdobraram através do tempo as lutas para a construção da nova sede – esta inaugurada em 1974 e algumas reformas posteriores – e esforços continuados que fizeram-na atingir os 75 anos de atividade. Dedicados seareiros trouxeram seu labor e seu empenho nessas décadas de assistência que acolheram inúmeros idosos que, por razões diversas, estiveram acolhidos em sua sede, tornando a instituição conhecida e muito respeitada na cidade.
O tempo provoca mudanças substanciais nas circunstâncias e também atingiu nossa época com alterações estruturais em todos os setores da sociedade, como se pode verificar atualmente, inclusive na realidade do acolhimento de idosos em desamparo, na legislação específica.
Apesar da dor e tristeza que envolve o fato, esse comunicado não é um lamento, pois que a decisão foi tomada em assembleia, com participação lúcida e amparada por assistência jurídica. Na análise das alternativas, concluiu-se com facilidade que a melhor postura – até pela nova realidade dos dias atuais – era mesmo extinguir o departamento citado.
Passados os primeiros impactos, percebe-se que a ocorrência abre outras perspectivas para a instituição, sua história e seus integrantes. Sua atual diretoria recebeu total apoio de amigos vinculados à história da instituição e houve uma boa sintonia no sentido da decisão final.
Os desdobramentos jurídicos, administrativos e humanos que envolvem a demissão de funcionários e mesmo a transferência dos internos para entidades congêneres, seguirão com tranquilidade para não haver qualquer tipo de abalo e a previsão é que as atividades sejam encerradas em definitivo em 90 dias. Após todos os procedimentos que forem exigidos, naturalmente que a diretoria estudará novas diretrizes na utilização do espaço e mesmo o aprimoramento da atividade em outra área, adaptando-se em sua finalidade com o novo tempo.
Aqui cabe imensa gratidão aos pioneiros, continuadores e atuais dirigentes e trabalhadores, funcionários e mesmo aos acolhidos que ali residiram, muitos deles marcantes e inesquecíveis que não caberiam numa breve apreciação. E também aos poderes públicos e à população e empresários que nunca deixaram de atender aos apelos em favor da instituição.
É um fato novo, impactante, sem dúvida, mas necessário. A cidade pequena, sem recursos, a reduzida equipe e o teor das alterações na legislação levaram a esse termo. Como devemos cumprir a lei, é melhor encerrar atividades que descumprir a lei. E tais alterações não devem ser vistas como cruéis. Elas visam proteger o idoso, priorizam a família que, no entender do estado, deve responsabilizar-se pelos próprios idosos. É uma evolução, sem dúvida. São novos tempos, que precisamos aprender a viver.
Para nós, fica a história, a experiência, o aprendizado; ficam as memórias...
Um detalhe significativo é que este comunicado é publicado no dia 21 de março de 2015, véspera da data de fundação da mantenedora do Lar, o Centro Espírita Francisco Xavier dos Santos, em 1923.
Orson Peter Carrara
http://orsonpetercarrara.blogspot.com.br/2015/03/decisao-triste.html
terça-feira, 17 de março de 2015
Agir ajudando
“Agir ajudando, criar alegria, concórdia e esperanças, abrir
novos horizontes
ao conhecimento
superior e melhorar a vida, onde estivermos, é o
apostolado de quantos se devotaram à Boa Nova.”
(Emmanuel, no livro “Fonte Viva”, item 69, psicografia de
Francisco C. Xavier.)
De forma alguma, podemos dispensar a prece e a reflexão como
elementos indispensáveis para a nossa alimentação espiritual, tão importante
quanto a alimentação física, para o
nosso equilíbrio, mas ações concretas de trabalho precisam ser desenvolvidas
para que o bem resplandeça na Terra.
É nessa hora que imprescindível se torna a firmeza e a
constância no propósito de servir desinteressadamente em favor do próximo, pois
que, quando agimos na direção do bem-estar alheio, é em benefício de nós mesmos
que estamos trabalhando. As ações edificantes têm o poder magnético de se
misturar com outras ações de idêntico teor e retornar em nossa direção ainda
maior, fortalecendo-nos. O mal também obedece à mesma lei.
Sabendo disso, até por uma questão de bom senso e inteligência,
no limite das nossas forças, será bem melhor fazer o bem, evitando, dentro do
máximo esforço, as atitudes que redundem em prejuízo de alguém.
Para servir ao próximo existem múltiplas formas e maneiras,
mesmo sem recursos amoedados ou materiais, pois que em inúmeras situações o
necessitado pede apenas a nossa boa vontade e o interesse em ajudá-lo.
Se nos solicitam remédios que não temos, podemos recorrer a
farmácias e laboratórios em busca de amostras grátis ou aos nossos armários,
que muitas vezes guardam medicamentos que não mais estamos usando.
Se nos pedem roupas e calçados, não os possuindo, não
estamos impedidos de recorrer à ajuda de parentes e amigos no intuito de
atender a necessidade do irmão em sofrimento.
Se nos imploram interferência para a obtenção de emprego ou
de um favor qualquer, saiamos à procura das nossas amizades e falemos com
sinceridade sobre a carência de quem nos procurou.
Se nos rogam um instante de atenção para ouvir um relato
aflito, paremos um pouco e escutemos o que o irmão tem para dizer, uma vez que
um minuto de conversa pode significar um grande alívio para quem carrega um
vulcão no cérebro e uma represa estagnada no coração.
Se aproximam de nós chamando-nos para compor um grupo de
trabalho que se organiza para socorrer crianças sem rumo, que vivem nas ruas da
indiferença à beira do abismo das viciações, juntemo-nos a esses idealistas e
cooperemos também para a edificação de uma infância equilibrada.
Se somos convidados a servir em instituições que acolhem idosos
sem lar, não percamos tempo, ofertemos algumas de nossas horas buscando
aliviar, um pouco, o drama dos abandonados, para que terminem seus dias com
mais conforto.
De alguma forma, pensemos firmemente em trabalhar pela
construção de um mundo melhor. Atribuir tal responsabilidade somente para os
órgãos oficiais e para o governo é um grande equívoco, pois sem a participação
de todos nós, no oferecimento da nossa quota de trabalho, mesmo que seja
pequena, tudo fica muito mais difícil.
Quando Jesus falou da parábola dos talentos, aplaudiu
aqueles que os multiplicaram com o trabalho e lamentou a decisão de quem o
enterrou no solo, com medo de perdê-lo. Naquele momento o Mestre estava
ensinando à humanidade a não cruzar os braços, esperando que tudo se resolva
por si.
Mesmo que seja um pouco é preciso agir ajudando, para que a
sociedade dos nossos sonhos não tarde a ser formada. Façamos a nossa parte... e
não nos preocupemos se os outros também o fazem.
Waldenir Aparecido Cuin
Votuporanga, SP (Brasil)
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segunda-feira, 16 de março de 2015
quinta-feira, 12 de março de 2015
A palavra
“Não saia de vossa
boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação,
para que dê graça aos que ouvem”. (Epístola de Paulo aos Efésios, 4:29.)
A possibilidade de comunicação pela palavra articulada é uma
dádiva divina ao homem para que se estabeleça o entendimento universal, haja a
confraternização entre os povos e, com a troca de conhecimentos, ele cresça em
sabedoria.
Ocorre que, infelizmente, essa prerrogativa nem sempre é
compreendida e bem empregada.
O “verbo” que deveria ser utilizado para informar, esclarecer,
ajudar, orientar, consolar, congregar tem servido muitas vezes como agente de
desagregação, de desconforto, de desnorteamento, de embaraço, de enleio, de
ocultação, ou mesmo como instrumento de ferir, de injuriar, de caluniar, de
difamar.
A palavra mal conduzida propicia a discórdia, pode induzir
ao crime, provocar o suicídio e outros tantos malefícios que atormentam a
humanidade.
O ensinamento do Apóstolo Paulo aos Efésios é claro,
preciso, insofismável.
O dom da palavra exige respeito, pois nos foi dado por Deus
e o seu uso deve ser restrito às ocasiões em que possa servir como edificação
de quem fala e de quem ouve.
Felinto Elísio Duarte Campelo
De Maceió, Alagoas
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domingo, 8 de março de 2015
sábado, 7 de março de 2015
Estados de consciência
Imagine o leitor o arrependimento, o remorso, nos estados
mais expressivos causando perda de sono, de apetite e até afetando o encanto da
alegria de viver. Somam-se a ele as angústias próprias das preocupações, de
variadas origens, agravadas muitas vezes com as dificuldades de relacionamento,
com medos e outros estados.
Por outro lado, considere os estados de tranquilidade da
alma pacificada. Sim, aquela decorrente da paz de consciência que traz alegria
e harmonia que influem diretamente nos relacionamentos, na produtividade do
trabalho, no bem estar familiar.
Pois esses são estados de consciência, que se pode ampliar
também para as noções do dever familiar ou profissional e da consciência como
cidadão, como cristão.
Mas não é esse ângulo que queremos destacar. Objetivo é
mesmo destacar esses tormentos próprios da ausência da paz de consciência ou da
harmonia decorrente exatamente também, agora presente, da paz de consciência.
Fala-se tanto em céu e inferno. Há milênios destaca-se a
existência de um céu e de um inferno, mas eles nada mais são que estados de
consciência. É ingenuidade imaginar um céu de ociosidade ou de contemplação
eterna, sem atividade, o que tornaria o céu um outro inferno.
Ou, ao mesmo tempo, imaginar um inferno destinado ao
sofrimento eterno, sem possibilidade de libertação e ainda entregue ao comando
de um ser que o próprio Deus não poderia comandar, na figura infantil do
chamado e desacreditado diabo.
Não existem o céu e o inferno. Estes podem existir desde já
no interior de cada um de nós, de acordo com nossas posturas morais e
comportamentos que adotamos.
O que existem são estados de consciência, que pode estar em
paz ou torturada pelo remorso, pelo arrependimento.
Diabo somos nós quando nos alimentamos de inveja, de ciúme,
de rancor, de desejo de vingança, de avareza, quando agimos nos bastidores para
manipular e benfeitores somos quando usamos o perdão, a benevolência, a
humildade, a solidariedade.
Não há o castigo do inferno ou a premiação da ociosidade nas
leis que regem a vida. O que existem são leis sábias que comandam a vida com
justiça e misericórdia, sintetizada na celebre frase: “A cada um segundo suas
próprias obras”, na sabedoria do Mestre da Humanidade.
Agora que a mentalidade amadureceu somos convidados a uma
postura moral mais adequada com o progresso de nosso tempo e com as diretrizes
que começamos compreender com mais clareza.
Veja-se a complexidade do momento atual do país. Ela é fruto
de nossas imperfeições morais, individuais e coletivas, que resultaram no
quadro social que aí está. Mas estamos capacitados para superá-lo, colocando a
consciência no cumprimento do dever, agindo com retidão para não adentrarmos
depois no “inferno” da consciência de culpa. O céu de harmonia e paz que esperamos
está em nossas mãos!
Essas reflexões nos levam à obra O CEU E O INFERNO, de Allan
Kardec, que completa em 2015, 150 anos de publicação. Nossa homenagem de
gratidão à preciosa obra!
Orson Peter Carrara
quinta-feira, 5 de março de 2015
quarta-feira, 4 de março de 2015
terça-feira, 3 de março de 2015
Pães e peixes
Em uma das mais belas passagens evangélicas, na minha
opinião, o chamado milagre da multiplicação dos pães e dos peixes, Jesus
alimenta uma multidão esfaimada a partir de uma singela porção de pães e
peixes. Para além da discussão fenomenológica dessa passagem evangélica, essa
ideia dadivosa e multiplicativa que se apresenta nessa mensagem do nazareno se
faz presente também em outras passagens, na sentença do “pedi e obtereis”, ou
ainda, na Parábola dos talentos, das moedas que se convertem em riqueza, quando
não escondidas.
As lições citadas trazem uma mensagem central,
frequentemente ignorada, de que a vida é um celeiro de oportunidades e bênçãos,
que nos brinda com tesouros, a partir de pequenos investimentos que oferecemos.
Um naco de peixe, uma côdea de pão, algumas moedas, módicos sacrifícios que a
vida nos remunera com realizações, conquistas e vitórias. E nesse mar de
oportunidades, temos dificuldades de identificar os caminhos, os chamados e as
melhores opções de aplicação de nossos humildes, mas indispensáveis recursos.
O leitor pode achar que se trata de um excesso de otimismo,
mas se olharmos as bênçãos recebidas, os acréscimos de misericórdia e tudo mais
que a vida nos oferece, verá que não se trata de exagero e sim de realidade,
como Jesus já nos alertava. Obviamente, não falamos de conquistas materiais,
mas de avanços mais amplos, que saciam a fome da multidão, sequiosa do pão da
vida, que sustenta o espírito imortal.
Essa abundância da existência, como oportunidade de
crescimento, de colheita, nos faz refletir sobre o que pedimos e para onde
direcionamos nosso arado nessa semeadura. Cuidado com o que pedimos, podemos
conseguir! Por vezes, carreamos anos de nossa encarnação em projetos
mirabolantes e colhemos destes o que plantamos. Mas por vezes esse produto não
nos sacia a fome maior.
A introdução da obra “Cartas e Crônicas”, psicografia de
Chico Xavier, pelo Espírito Irmão X, lá em 1966, passados quase cinquenta anos,
indica bela história atribuída ao poeta indiano Rabindranath Tagore, na qual um
lavrador, a caminho de casa, com a colheita do dia, notou que, em sentido
contrário, vinha suntuosa carruagem, revestida de estrelas. Reconheceu,
conduzindo aquele veículo, o Senhor do Mundo, que saiu dela e estendeu-lhe a
mão a pedir-lhe esmolas. Apesar do espanto, mergulhou a mão no alforje de trigo
que trazia e entregou ao Divino pedinte apenas um grão da preciosa carga. Após
a partida do Todo-poderoso, o pobre homem do campo observou que curiosa
claridade vinha do seu alforje poeirento e percebeu que o grânulo de trigo, do
qual fizera sua dádiva, tornara à sacola, transformado em pepita de ouro
luminescente.
Como o homem da história, retemos nossos tesouros e os
aplicamos mal, sem perceber as pequenas solicitações divinas, a nos recompensar
com a chamada parte boa. Voltando ao saber evangélico, esquecemos que Jesus nos
alertou que a colheita era livre, mas que a semeadura era obrigatória. Reforçou
essa visão quando indicou que onde está o nosso coração, aí está nosso tesouro.
O Mestre, na atualidade de suas lições, nos deixa a lembrança que diante de uma
empreitada importa saber o que queremos colher, e ainda, se esse banquete
realmente saciará a nossa fome do espírito, para além dos lírios do campo.
Diante da multidão faminta que o seguia, fez do pouco o
muito e todos comeram até ficarem saciados. Das diversas necessidades humanas –
psicológicas, materiais, espirituais –, nós, que também avançamos na multidão que
O segue, temos que ficar atentos ao pão e ao peixe que buscamos, para que essas
bênçãos não se tornem maldições, fardos que arrastamos ao longo de encarnações,
dominados pela ânsia da posse e pela visão imediatista da fome do mundo.
Assim, seguimos nossa caminhada rumo à luz, com um pão, um
peixe, uma moeda. De tudo a vida conspirará para o nosso avanço, com o suor do
trabalho e a esperança da fé. Mas importa saber para onde seguimos, em que
direção e sentido, o que buscamos e em que prisma de existência. Caminhar por
caminhar pode significar rumar em círculos, marcando passo na reencarnação,
perdidas as oportunidades, que podem não voltar em condições tão ideais como a
atual.
Marcus Vinicius de Azevedo Braga
http://www.oconsolador.com.br/ano8/399/marcus_braga.html
acervobraga@gmail.com
Rio de Janeiro, RJ (Brasil)
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