Manoel Philomeno de Miranda
(Parte 6)
Continuamos a apresentar o estudo metódico e sequencial
do livro: Temas da Vida e da Morte, de Manoel Philomeno de Miranda,
obra psicografada por Divaldo P. Franco.
Questões preliminares
A. Existe a hereditariedade psicológica?
Não. Embora seja inegável que os caracteres são
transmissíveis e que os filhos e os descendentes em geral herdam de pais e
ancestrais as parecenças físicas, a morfologia, as posturas e outros sinais de
identificação, não se dá o mesmo nas áreas psíquica, psicológica e emocional.
Pais geniais e antepassados doutos não geram, necessariamente, filhos sábios,
tanto quanto artistas e guerreiros não procriam símiles. (Temas da Vida e
da Morte - Tendências, aptidões e reminiscências, pp. 41 e 42.)
B. De onde procedem as aptidões que a pessoa revela no curso
da existência corpórea?
Elas procedem geralmente das experiências passadas, em que o
Espírito armazenou valores que lhe pesam na economia evolutiva como poderosos
plasmadores da personalidade e da inclinação para uma como para outra área do
conhecimento, para a vivência da virtude ou do vício. (Obra citada -
Tendências, aptidões e reminiscências, pp. 42 e 43.)
C. Como devemos proceder com relação às más tendências que
trazemos do passado?
Devemos, evidentemente, corrigi-las, tanto quanto devemos
cultivar as aptidões superiores. As tendências devem ser disciplinadas,
corrigidas a qualquer esforço, para que sejam superadas. As tendências
doentias, heranças pessoais dos gravames anteriores, devem ser canalizadas para
as realizações positivas, como experiência inicial que se automatizará, dando
margem às paixões elevadas, aquelas que promovem o indivíduo à sua condição de
conquistador da razão a caminho da intuição, ao tempo em que se liberta do
atavismo primário das imantações do reino animal. (Obra citada -
Tendências, aptidões e reminiscências, pp. 43 e 44).
Texto para leitura:
21. Não existe hereditariedade psicológica - As
leis de Mendel, estudadas largamente, vieram contribuir de modo eficaz para o
equacionamento de muitos enigmas nos diversos capítulos da hereditariedade. (N.R.:
Johann Mendel, botânico austríaco, nascido em 1822 e falecido em 1884, vivendo
num mosteiro, realizou de 1856 a 1866 experiências sobre hereditariedade nos
vegetais que fizeram dele o fundador da genética.) No entanto, se
complementam os conceitos do Transformismo e do Evolucionismo, não interpretam
inúmeros quesitos da realidade da vida biológica. É inegável que os caracteres
são transmissíveis e que os filhos, os descendentes em geral, herdam de pais e
ancestrais as parecenças físicas, a morfologia, as posturas e outros sinais de
identificação. Mas o mesmo não ocorre nas áreas psíquica, psicológica e
emocional. Pais geniais e antepassados doutos não geram, necessariamente,
filhos sábios, tanto quanto artistas e guerreiros não procriam símiles. Certo,
a convivência e a educação, os hábitos e a disciplina modelam as personalidades
dos descendentes, neles plasmando, às vezes pela violência emocional,
características que parecem herdadas, sem que o ser traga nas paisagens íntimas
essas habilidades ou determinações. Da mesma forma, homens incultos e viciosos
não reproduzem vidas caóticas semelhantes, exceto quando degenerescências
físicas impõem limitações e distúrbios de variada ordem. Mesmo nos casos que se
podem arrolar como decorrência da hereditariedade psicológica e moral, devemos
levar em conta os fatores anteriores ao renascimento físico do ser. O Espírito
é o engenheiro da maquinaria fisiopsíquica de que se vai utilizar na jornada
humana. Claro que os processos de reencarnação se fazem mediante as leis de
afinidade espiritual, por impositivos anteriores, o que resulta em
identificações e choques nos clãs, onde se reencontram seres simpáticos ou
adversários que o berço volta a reunir. Em face dessa conjuntura, muitas das
heranças se fazem naturais, porque o clima vibratório impõe os condicionamentos
e os programas indispensáveis na formação do corpo. (Tendências, aptidões e
reminiscências, pp. 41 e 42.)
22. As aptidões geralmente procedem das experiências
passadas - As aptidões e as tendências só raramente correspondem às leis
da hereditariedade, especialmente hoje, quando as opções para a conduta e a
ação se fazem um leque imenso de possibilidades, ensejando a identificação do
homem com as suas próprias realidades. No passado, a falta de comunicação de
massa, a ausência de contatos sociais imprimiam como tendências o que eram
hábitos dos grupamentos familiares, que impunham nos nascituros e crianças um
roteiro de realizações que se lhes incorporava impositivo, difícil de ser
evitado. Não obstante, as exceções demonstram, nos gênios como nos idiotas, a
independência do reencarnante em relação às matrizes genéticas. Eis por que as
tendências, as aptidões humanas, sem descartar-se a contribuição dos genes e
cromossomos, procedem das experiências do passado, em que o Espírito armazenou
valores que lhe pesam na economia evolutiva como poderosos plasmadores da
personalidade, da inclinação para uma como para outra área do conhecimento,
para a vivência da virtude ou do vício. Dramas e tragédias, crimes e ações
nefandos que passaram ignorados ou não justiçados pelos códigos humanos,
convertem-se em processos psicopatológicos que se manifestam em forma de
desequilíbrio no endividado, sem que haja fatores ancestrais que justifiquem o
desconcerto. Ao ser processado o mecanismo do renascimento, o candidato modela,
imprime nas células em formação aquilo de que necessita para recuperar-se,
ascender e resgatar... O mesmo se dá no campo da cultura, da beleza, da arte,
em que o Espírito, ao ser submetido aos implementos celulares, neles trabalha
esses equipamentos sutis para responderem com fidelidade ao ministério para o
qual retorna ao corpo, em realizações nobilitantes. (Tendências, aptidões e
reminiscências, pp. 42 e 43.)
23. As más tendências devem ser corrigidas - As
tendências e aptidões atuais são, pois, reminiscências do passado de cada
indivíduo. Tudo a que se aspira e se realiza sem a aprendizagem atual procede
de experiências passadas, que se encontram ínsitas no ser e desabrocham como
inclinação, impulso, compulsão, mais poderosos do que o meio onde a criatura se
encontra localizada. As aptidões superiores devem ser cultivadas, tanto
quanto não podem ser deixadas sem conveniente tratamento as más
tendências, que devem ser disciplinadas, corrigidas a qualquer
esforço, para que sejam superadas, oferecendo campo para os
primeiros cometimentos no setor do bem, na condição de
exercício dignificante em formulação para realizações elevadas e
libertadoras no futuro. Todo empreendimento exige esforço, diretriz e
segurança. As tendências doentias, heranças pessoais dos gravames anteriores,
devem ser canalizadas para as realizações positivas, como experiência inicial
que se automatizará, dando margem às paixões elevadas, aquelas que promovem o
indivíduo à sua condição de conquistador da razão a caminho da intuição, ao
tempo em que se liberta do atavismo primário das imantações do reino animal...
Fadado à Grande Conquista, recorda para elevar-se, superando o mal que nele
remanesce, sob o apelo do amor que o alimenta e é de procedência divina. (Tendências,
aptidões e reminiscências, pp. 43 e 44.)
24. Fatalismo biológico absoluto não existe - O
fatalismo biológico, estabelecido mediante as conquistas pessoais de cada
indivíduo, não é definitivo em relação à data da sua morte. A longevidade como
a brevidade da existência corporal, embora façam parte do programa adrede
estabelecido para cada homem, alteram-se para menos ou para mais, de acordo com
o seu comportamento e do contributo que oferece à aparelhagem orgânica para a
sua preservação ou desgaste. Necessitando de um período de tempo em cada
existência física para realizar a aprendizagem evolutiva em cujo curso está
inscrito, o Espírito tem meios para abreviar-lhe ou ampliar-lhe o ciclo,
mediante os recursos de que dispõe e são facultados a todos. É óbvio que o
estroina desperdiça maior quota de energias, impondo sobrecargas desnecessárias
aos equipamentos fisiológicos, do que o indivíduo prudente. As ocorrências que
lhe sucedam têm as suas causas no comportamento que se permitem. Igualmente, a
forma de desencarnar, sem fugir ao impositivo do destino que é de construção
pessoal, resulta das experiências que são vividas. O homem imprevidente e
precipitado, desrespeitador dos códigos de lei estabelecidos, torna-se fácil
presa de infaustos acontecimentos, que ele mesmo se propicia como efeito
da conduta arbitrária a que se entrega. Acidentes, homicídios, intoxicações,
desastres de vários tipos que arrebatam vidas, resultam da imprevidência, da
irresponsabilidade, do orgulho dos que lhes são vítimas, na maioria das vezes e
no maior número de acontecimentos. Devendo aplicar a inteligência e a bondade
como norma de conduta habitual, grande parte das criaturas prefere a
arrogância, a discussão acesa, o desrespeito ao dever, a negligência,
tornando-se, afinal, vítimas de si mesmas, suicidas indiretas. Nos autocídios
de ação prolongada ou imediata, a responsabilidade é total daqueles que tomam a
decisão infeliz e a levam a cabo, inspirados ou não por Entidades perversas com
as quais sintonizam. Derrapando em comportamentos pessimistas a que se aferram,
a atitudes agressivas nas quais se comprazem, na fixação de ideias tormentosas
em que se demoram, em ambições desenfreadas e rebeldia sistemática, a etapa
final, infelizmente, não pode ser outra. Com o gesto que supõem ser de
libertação, tombam, por largos anos de dor, em mais cruel processo de
recuperação e desespero, para que aprendam disciplina e submissão contra as
quais antes se rebelaram. (Comportamento e vida, pp. 45 e 46.) (Continua
no próximo número.)
Imagem é do livro