terça-feira, 26 de agosto de 2014
sábado, 23 de agosto de 2014
O susto da ajuda espiritual
Popularmente, se diz que “Deus escreve certo por linhas
tortas”, e essa realidade se apresenta com certa constância em nossa vida.
Presenciei uma cena especial, estava sentado observando o quintal, quando
percebi um pequeno pássaro, um filhote que não voava e certamente seria presa
fácil aos cães e possíveis felinos que apareceriam pelo canto escandaloso do filhote.
Tocado por um senso instintivo de auxílio ao mais fraco, resolvi ajudar o
pequeno pássaro a sair da provável zona de risco, levando-o a um lugar seguro.
No processo de execução do meu plano de auxílio, levantei e segui em direção ao
filhote, que começou a correr em voos mínimos que mal saiam do chão e gritava
crendo que eu o mataria. No momento parei, tocado pelo desespero do filhote,
que deveria me ver como um gigante avassalador, mas segui na intenção de
salvá-lo. Os gritos dele aumentavam significativamente e finalmente entre
minhas mãos, acreditei que ele estouraria pelos gritos que emitia sem sessar,
com as pequenas asas desarrumadas pelo constante debatimento. Conduzi o filhote
vencido entre as mãos, imaginando que ele estaria esperando ser devorado, até
que o coloquei lentamente num canto protegido por folhagens e me afastei. Sai
pensando o que ficou na cabeça do pássaro (se é que ele pensa), não deve ter
entendido nada, primeiro eu saio atrás dele até pegá-lo e depois solto, creio
que ele nunca saberá que a angustia que ele sentiu era justamente a ajuda.
Conosco acontece o mesmo, muitas vezes passamos por angustias injustificáveis e
por mais que tentemos não entendemos o porque de tantas dificuldades e mal
sabemos que muitas vezes, trata-se justamente da ajuda que precisamos. Nem
sempre para sanar nossas necessidades imediatistas, mas sempre atendendo as
nossas necessidades como espíritos imortais. Na questão 501 de “O Livro dos
Espíritos” encontramos a seguinte pergunta:
- Por que é oculta a ação dos
Espíritos sobre a nossa existência e por que, quando nos protegem, não o fazem
de modo ostensivo?
E a resposta é merecedora de profunda reflexão: “Se vos
fosse dado contar sempre com a ação deles, não obraríeis por vós mesmos e o
vosso Espírito não progrediria. Para que este possa adiantar-se, precisa de
experiência, adquirindo-a frequentemente à sua custa. É necessário que exercite
suas forças, sem o que, seria como a criança a quem não consentem que ande
sozinha. A ação dos Espíritos que vos querem bem é sempre regulada de maneira
que não vos tolha o livre-arbítrio, porquanto, se não tivésseis
responsabilidade, não avançaríeis na senda que vos há de conduzir a Deus.
Roosevelt
Andophato Tiago
Barra Bonita, SP (Brasil)
Imagem ilustrativa
quarta-feira, 20 de agosto de 2014
A hipótese insuperável de Kardec
Terminei esta semana a leitura do livro “Kardec, a
biografia”, de Marcel Souto Maior. Gostei do Livro, com os senões (e vantagens)
de uma obra escrita por alguém que está de fora das fileiras espíritas, pelo
menos no discurso, mas que soube retratar de forma leve os eventos históricos
que conduziram a chamada codificação da doutrina espírita e que hoje nos alenta
e nos inspira, nas lutas cotidianas.
Bem redigido, de forma clara e didática, antecipando o
roteiro da película a ser produzida, o livro mostra um Kardec homem, com
dificuldades, inserido em um contexto político e filosófico, para assim ser o
baluarte do espiritualismo moderno, que entre mesas girantes e cadernos
manuscritos, produziu um manancial de conhecimento a influenciar o mundo até
hoje, passados mais de 150 anos.
A leitura do livro mostrou-me um homem de ciência, sagaz e
bem-intencionado que, diante de fenômenos populares envolvendo mesas girantes,
busca identificar a sua gênese e com o apoio das informações fornecidas pelos
próprios causadores dos fenômenos, os Espíritos, elabora assim uma tese que deu
conta daquela casuística, abrangendo um sistema filosófico amplo, sobre a
natureza e o destino do ser humano no universo.
Essa tese,
fundamentada na imortalidade da alma, na comunicabilidade dos Espíritos e nas
múltiplas existências, inédita na sua integração, jaz insuperável,
influenciando um sem-número de produções culturais, que trazem nesse paradigma
seu espelho, no qual, apesar da baixa difusão percentual do Espiritismo como
movimento religioso, esta doutrina tem, por meio de seus princípios basilares,
conquistado seu espaço nesses mais de 150 anos, ao sol das ilações sobre a vida
futura.
A imortalidade da alma, hipótese comum à maioria das
religiões, tem mais recentemente ganhado corpo nas pesquisas sobre EQM-Estado
de Quase Morte do Dr. Raymond Moody Júnior e Sam Parnia, na análise de pessoas
que em estado de coma retornam à vida e narram situações similares. A despeito
das hipóteses formuladas sobre a ação do subconsciente, os estudos continuam,
amparados na hipótese básica.
As múltiplas existências tiveram também seus baluartes, nas
pesquisas e produções de Hemendras Banerjee, Brian Weiss, Albert de Rochas e
Ian Stevenson, com destaque para os estudos da Profa. Hellen Wambach, que
comparou dados das regressões com informações históricas sobre as sociedades.
Recentemente a Terapia de Vidas Passadas se vulgarizou entre os profissionais,
e tem-se estudado relatos de vidas passadas e a sua associação a marcas de
nascença. Tem-se ainda, aí bem recentemente, os estudos na Universidade do
Prof. Jim Tucker, que vira e mexe aparece nos programas televisivos com
intrigantes casos de lembranças de vidas passadas.
No campo da comunicação com o Além, os médiuns brasileiros
forneceram grande material de estudo, nas mediunidades de Chico Xavier e os
diversos estudos correlatos, em especial na questão da grafoscopia. Os casos
mediúnicos de Divaldo Franco, Arigó, Peixotinho e do Médium de cura João de
Deus têm sido objeto de estudos que ratificam e fortalecem as ideias postas por
Kardec.
O ceticismo ainda campeia, por comodismo, por interesse ou
por decepção. Ainda que surjam explicações isoladas de céticos, de forma
integrada esses fenômenos encontram guarida nas formulações kardequianas à luz
dos depoimentos dos Espíritos, o que vem sendo reforçado pela ação dos
estudiosos citados e outros desconhecidos, que labutam de forma incansável,
enfrentando o preconceito da academia e a pressão de ideologias religiosas,
como enfrentou Allan Kardec no seu tempo, conforme bem descrito pela sua
presente biografia.
Para além de uma revelação, Kardec apresentou um sistema
lógico coerente como resposta ao fenômeno posto, construído a partir do material
coletado das comunicações com os Espíritos. Uma hipótese que ele mesmo
apresentou e refutou as contradições, ao estudar os sistemas no Capítulo IV de
“O Livro dos Médiuns”. Ali, Kardec já se posiciona sobre as demais hipóteses em
relação ao fenômeno mediúnico e expõe, por argumentos, por que a tese espírita
se apresenta insuperável para dar conta da situação. E, até hoje, a explicação
ainda é válida.
Os pilares, a visão de que o fenômeno derivava de
inteligências que, chamadas de Espíritos, nada mais eram dos que os homens sem
a roupagem carnal, que se sucediam em existências no mundo de cá e de lá,
permanecem robustos e convergentes aos estudos que se seguiram, pelas
regressões, comunicações e lembranças. Dizer que Kardec é atual não é tomá-lo
pela letra idêntica de um suposto livro sagrado e sim pela força do paradigma
por ele proposto na explicação da fenomenologia espírita e de todo o contexto
com base nesses pressupostos.
O aspecto filosófico da hipótese espírita, abraçando Deus e
o problema do ser, do destino e da dor, traz a essa uma grande força,
impulsionando vidas à modificação de disposições, à reforma íntima e à prática
da caridade, tornando nosso mundo melhor. Outras hipóteses, além de não
atenderem a completude dos fenômenos, baseiam-se em pressupostos teológicos
estranhos à razão, com deuses seletivos e injustos, atendendo a injunções e
poderes estranhos à visão do bem. O Espiritismo se apresenta como uma verdade
ratificada pela razão e pelos fenômenos, na cantiga de esperança que embala a humanidade,
mas que se faz incômoda.
Incômoda, pois rompe os grilhões filosóficos do mundo
antigo, da idade de trevas e das visões escravizantes de vida futura, que
Kardec não se furtou a tratar no livro “O Céu e o Inferno”. Ideias que ainda
pululam por aí, acompanhadas dos mesmos fenômenos de outrora, à busca de
soluções razoáveis, que já surgiram no século retrasado pelas mãos do mestre
Lionês.
Assim como ocorreu na biografia de Chico Xavier, acredito
que o livro do escritor Marcel Souto Maior despertará o interesse pela obra
Kardequiana no público em geral, obra essa que se apresenta insuperável, pelo
método e pela consistência, na resposta aos fenômenos mediúnicos. O estudo
sistematizado das obras nos permite entender a essência do Espiritismo e de como
chegamos a compreender que mesas que giravam nos forneciam uma resposta
filosófica para a existência.
As ideias de Kardec influenciaram o mundo. Ainda que
carentes de autoria específica do Espírito A ou B, talvez como um bom caminho
para evitar a captura e a exposição, essas ideias seguem por aí em filmes e
livros, distantes da estranheza de outras épocas. Ideias de um Deus justo, de
vidas que não terminam, de mortos que não se calam, de falhas que são
reparadas. Uma visão de mundo libertador que, pelo esforço de um homem, das
pessoas à sua volta e das gerações que se seguiram, do mundo de cá e de lá,
continua a nos brindar com o consolo que ampara, mas também com a sagacidade
que liberta.
Marcus Vinícius de Azevedo Braga
Rio de Janeiro, RJ (Brasil)
Imagem do livro e seu autor
domingo, 17 de agosto de 2014
Até quando viveremos assim?
No mundo corpóreo as influências dominam as relações humanas. Isso pode ser bom
ou ruim para as pessoas, dependendo do caráter dessas influências. Um bom
exemplo tem força de transformação a ponto de melhorar hábitos e renovar
ideias. O contrário é ainda mais verdadeiro: por conta das suas imperfeições
morais, o ser humano assimila o mau comportamento com grande facilidade.
Há, entre nós, a tendência em seguir modelos. Gostamos de imitar os
outros. Fazemos isso automaticamente. Sem raciocinar, muitas vezes nos
surpreendemos falando, pensando ou agindo igual àquele que nos impressionou com
seu modo de ser.
A comparação é outro processo de influência entre
os homens. Queremos nos comparar aos outros para medir nossa posição social,
nosso desempenho, nossa inteligência etc. Normalmente nos comparamos a quem julgamos nos
ser superior, jamais a quem está abaixo de nós. Tolo orgulho.
Curioso é que imitamos e nos comparamos, quase sempre, ao
que é ruim, e acabamos “incorporando” em nossa vida vícios e erros que nos atraem.
Identificamos, nos outros, aquilo que temos dentro de nós e isso estabelece uma
ligação que não percebemos. Esse motivo existe neles, forte a ponto de nos
influenciar; e em nós, a ponto de querer parecer com eles. Passamos a escravos
da conduta alheia, deixamos de ser nós mesmos. Esquecemos nossa identidade
própria e adotamos um estereótipo. Vivemos uma vida de aceitação passiva, sem
nenhuma avaliação crítica, guiados pela moda, conformados com o estabelecido, o
que nos acarretará frustrações e desenganos, cedo ou tarde.
Até quando viveremos assim, seguindo os outros, com prejuízo
do nosso livre-arbítrio? Até quando agiremos pela cabeça de terceiros, sem
pensar que isso possa estar nos desviando dos compromissos que nos compete
realizar?
Precisamos reagir e pensar sério num bom projeto de vida
para nós; ganhar experiência, construir nossa personalidade sob valores de
qualidade, aprimorar as características pessoais e fazer escolhas com mais
cuidado. Importante ajuizar se os modelos que copiamos não estão atrasando nossa
vida; se as pessoas em quem nos espelhamos e cujas atitudes parecem o máximo,
não estão equivocadas. O nível de exigência em relação a nós precisa aumentar.
O que é bom para os outros pode não servir para nós. Precisamos exercer nossa
vontade, independentemente da opinião em voga, sem desprezar as referências
éticas.
Essas medidas garantirão nosso processo de crescimento
interior, sem ilusões. Construtores do nosso destino, nós desenvolveremos um
modelo próprio, segundo as características que nos identificam como seres
individuais. As influências, naturais no convívio humano, nos afetarão de modo
menos impactante, já que passaremos a filtrá-las segundo padrões assertivos. De
tudo o que é lícito, acataremos só o que nos convier, conforme o ensino de
Paulo de Tarso (I Coríntios, 6,12).
Está na hora de reagir, portanto, e seguir com mais
fidelidade a nossa própria vocação, dando ouvidos à consciência, escolhendo o
modelo de vida que mais tem a ver conosco e que nos porá no caminho de grandes realizações.
Cláudio Bueno da Silva
Osasco, SP (Brasil)
Imagem ilustrativa
sábado, 9 de agosto de 2014
A religião em nós
Dessa forma, como observadores e observados, nos apoiamos,
reconstruímos nossos valores e nossas crenças.
Somos seres sociais. Precisamos um do outro para o exercício
do autoconhecimento. No outro, admiramos o belo, reconhecemos o feio,
aprendemos sobre o erro, aplaudimos o acerto, identificamos fraquezas,
reconhecemos a força. Ao contrário do dito popular, são os iguais que se atraem
e não os opostos.
Toda religião merece nosso respeito. Toda religião pretende
a mesma coisa: a evolução espiritual, através da prática do bem; e condena a
mesma coisa: o exercício do mal. Afirma que somos irmãos por termos a mesma
Filiação Divina, que somos iguais e devemos nos amar e nos ajudar. Então, se
todas as religiões possuem os mesmos princípios, por que são tão diferentes
entre si?
Não existe diferença substancial no pensamento religioso,
mas sim no entendimento, no posicionamento a partir da maturidade espiritual. O
bem é sempre o bem, o mal é sempre o mal. Em todos os livros sagrados da
humanidade encontramos diretrizes e normas que não se alteram na essência. O
que se altera são as expressões e o entendimento dos homens.
A religião tem como função aproximar aqueles que possuem as
mesmas necessidades evolutivas. Cada ser acompanha o pensamento religioso de
acordo com a sua maturidade espiritual. Assim, em grupo, ao identificarmos no
outro uma fraqueza semelhante a que temos e observarmos sua luta para
superá-la, nos fortalecemos e criamos coragem para lutar nossas próprias
batalhas. Dessa forma, como observadores e observados, nos apoiamos,
reconstruímos nossos valores e nossas crenças.
Todo agrupamento pela religião, seja ela qual for, não está
reunido ao acaso, mas pelas necessidades de aprendizado. Em Mateus, 6:33,
encontramos: “Buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça, e tudo o mais vos
será dado por acréscimo”. O verdadeiro religioso deve crer que, se houver sinceridade
em seus atos, Deus fará sua parte. E, então, deverá trabalhar para seu sustento
material, mas trabalhará com a certeza de que nada lhe faltará para uma vida
tranquila. Isso porque estará disponibilizando, com sinceridade, uma parte de
seu tempo para aprender e praticar o que Jesus nos deixou: o conhecimento e o
exemplo através da caridade.
Ser religioso não se resume em dizer-se espírita, católico,
budista, umbandista, protestante etc. Significa, sim, agir com sinceridade, que
nada mais é do que fazer ao próximo o que se deseja para si mesmo. Todo
equívoco nos dá a oportunidade de aprendizado, de transformação. Deus não
castiga. Ele nos premia. O castigo é uma invenção humana. Ele é a justiça
suprema.
Ir à casa religiosa, participar de todos os seus eventos,
chamar Jesus de Mestre, proclamando-nos crentes em Deus e possuidores de muita
fé não nos torna verdadeiros religiosos. Os atos exteriores, se não refletirem
nossa modificação íntima e a conscientização de nossos deveres, de nada
servirão para nos ajudar ou ajudar a quem precisa. Deus reconhece o que temos
dentro de nosso espírito, independentemente do que dizemos ser.
Há falsos religiosos, que enganam a boa fé dos que os
escutam. Falam de Deus, pregam sobre Jesus através dos Evangelhos, enchem casas
religiosas prometendo milagres para quem se dispuser a lhes dar o pagamento da
enganação, mas seus corações só buscam o prazer material, proporcionado pela
ingenuidade de quem os segue.
“Basta a cada dia o seu mal”, lembra o Mestre. Cuidemos de
nosso presente, dando a devida importância para a verdadeira religião e a vida
nos sorrirá com mais frequência. Não haverá por que praticarmos religião por
conveniência, pois sua busca com consciência e responsabilidade nos tornará
homens melhores, e sentiremos esta mudança em nossas vidas.
Sejamos como o bom samaritano que, independentemente da raça
e da religião, era um verdadeiro homem de bem, um sincero religioso.
“Como crês? Ninguém sabe... O mundo apenas
Sabe que és luz nas aflições terrenas,
Pela consolação que te abençoa.
Seja qual for o templo que te exprime,
Deus te proteja o coração sublime
Alma querida e bela, humilde e boa.”
(Alma Querida, Auta de Souza, psicografia de Francisco Cândido Xavier)
Maria Angela Miranda
Londrina, PR (Brasil)
Imagem ilustrativa
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