segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Será que o importante é ser feliz mesmo?


É comum ouvirmos as pessoas, sejam artistas ou pessoas comuns, dizerem para justificar seus atos de que: “o importante é ser feliz”, no entanto será isso uma realidade? Vale mesmo a felicidade a qualquer custo?
Quantas vezes ficamos em situações difíceis e constrangedoras como resultado de uma ação realizada em nome da felicidade.
Conhecendo a Doutrina Espírita essa sentença tem necessidade de revisão, afinal de contas, felicidade inconsequente ou motivada pela saciedade dos nossos instintos é porta de entrada para muitas infelicidades.
Este tipo de felicidade é tão passageira quanto superficial, mais parecemos felizes do que realmente somos. É ser feliz à maneira dos animais, como ensina a questão 777 de O Livro dos Espíritos, pois a felicidade não está na satisfação dos instintos.
Para ser feliz de verdade, muitas vezes fazemos o que não queremos, mas entendemos ser correto fazer. Felicidade é na verdade resultado, efeito de uma conduta reta e nobre. Resistimos aos impulsos primitivos que muitas vezes ainda nos cercam e nos sentimos felizes justamente por não fazer o que temos vontade. Desta forma é que entendemos que a felicidade nem sempre está imediatamente conosco, pois reflete nosso adiantamento moral e espiritual.
É fundamental analisar a questão 920 de O Livro dos Espíritos pelo esclarecimento que ela encerra: “Pode o homem gozar de completa felicidade na Terra?”
E a resposta expressa dilatada lucidez: “Não, por isso que a vida lhe foi dada como prova ou expiação. Dele, porém, depende a suavização de seus males e o ser tão feliz quanto possível na Terra”.
Na análise do conteúdo acima, fica evidente de que devemos buscar a felicidade, certamente, mas sempre pautada pelos nossos valores e tendo o aval da própria consciência que sempre coloca limites.
Na orientação do capítulo XVII de O Evangelho Segundo o Espiritismo que pede: “Sede Perfeitos” aprendemos que na busca da perfeição, ou pelo menos na melhora constante, está o caminho da felicidade real, pois de nada vale uma felicidade fictícia e que da mesma forma acrescenta dores.
Desta forma, o importante não é ser feliz a qualquer custo, mas buscar a felicidade obedecendo as diretrizes morais, o que significa muitas vezes, abrir mão de uma felicidade menor e imediata, por uma mais distante, mas que seja real e resultante de uma conduta enobrecida, pois é buscando a felicidade dessa forma, que se acaba sendo feliz sem buscar. 

Roosevelt Andolphato Tiago
http://rooseveltat.blogspot.com.br/2014/11/sera-que-o-importante-e-ser-feliz-mesmo.html
roosevelt@solidumeditora.com.br

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quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Bom ano


“Ano novo, vida nova”, cantam as melodias das festividades do final do ano e as previsões de vária ordem. Que o novo ano seja bom.
Raros são aqueles que não possuem uma visão mística a respeito do ano novo, como se para o novo ano ser bom dependesse de alguma decisão transcendente, mística.
Compreendemos que a vida está nas mãos de Deus e que não é obra do acaso, mas daí a crer que cada minuto esteja predestinado é crer na fatalidade absoluta e irremediável que tiraria do homem o livre-arbítrio, e ele não teria méritos e nem seria responsável pelo que fizesse – pensamento inadmissível para a mais singela inteligência.
Quem desejar produzir alguma coisa terá minutos, horas, dias, meses à sua disposição durante todo o ano. Mesmo que não conclua seus projetos, se se dedicar com disposição, terá dado muitos passos adiante. Em muitos sentidos, mas também neste, disse Jesus: “a cada um segundo as suas obras”; “batei e abrir-se-vos-á”. Ficar esperando do ano novo a concretização do que lhe compete fazer por suas forças é o mesmo que ficar parado, aguardando a estrada se movimentar.
Cada ano é supremamente importante para o Espírito imortal. Tempo novo para progredir, produzir e construir no sentido material, moral e espiritual. Entre muitos desafios encontramos os de resgate, que são oportunidades de se reparar o passado equivocado desta ou de outra vida; também os de crescimento, que são dificuldades apresentadas pela vida para que o Espírito exercite os potenciais do sentimento e do intelecto. As facilidades encontradas podem representar os méritos adquiridos pelo esforço próprio e pelo bem proceder em sua jornada passada ou atual, porém, sem dúvida, o tempo presente é oportunidade de o homem edificar um futuro feliz ou infeliz, dependendo das resoluções que tome, utilizando o seu livre-arbítrio.
Ano novo! Tempo de renovar as propostas para uma vida melhor.
O ano novo será bom para o homem que aproveitá-lo para ser bom. 
 
Adelvair David
addavid@ig.com.br
Jales, SP (Brasil) 

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segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Chicão, bota água no nosso feijão


Como carioca, fiquei muito feliz com a deferência do representante maior da Igreja Católica, um latino como nós, em sua mensagem na virada do ano de 2014-2015, alusiva aos 450 anos da cidade maravilhosa, cheia de encantos mil. Parece simples, mas nós aqui, esquecidos de “Lennon e MacCartney”, como dizia Milton Nascimento, nos felicitamos com essas referências! 
A mensagem, possível de ser acessada em  http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2014/12/papa-francisco-homenageia-rio-em-video-povo-corajoso-e-alegre.html, merece destaque dentre outros motivo,  por um singelo trecho, no qual o pontífice católico afirma eu “De modo concreto, creio que todos podem aprender muito do exemplo de generosidade e solidariedade das pessoas mais simples; aquela sabedoria generosa de saber “colocar mais água no feijão”, da qual o nosso mundo ressente tanto.” 
Sim, a solidariedade dos que sofrem…Uma lição que ainda custamos a aprender. Certa vez, um amigo visitou um trabalho assistencial, crente que iria lá ensinar algo e ao ver que uma criança tinha ficado sem o pão, a outra espontaneamente ofereceu a metade do seu, ensinando a esse meu amigo observador a lição aqui lembrada. 
O nosso mundo, mudado pela tecnologia, pelo acesso a informação, pela queda de muros e de preconceitos, ainda se vê assolado pela falta de fraternidade. O egoísmo e seus primos diletos, o consumismo, o individualismo e a competividade, campeiam soltos pelo cotidiano mundial, anestesiados que somos ao sofrimento do outro, inebriados por um discurso de merecimento que esquece que a Lei é de amor ao próximo. A evolução é uma tarefa individual, mas somente tem sentido no plano coletivo. 
Assim, precisamos nos ajeitar no mundo, encontrar nosso lugar, mas também albergar nosso irmão que sofre, que ou fomos nós, ou seremos no amanhã. Deus, esse age por nós, encarnados e desencarnados, instrumentos de uma vida melhor e mais fraterna. E para isso necessitamos estar atentos as nossas necessidades, desnecessárias e a falta de nossos irmãos, muitos anda sofrendo pela falta do elementar. 
Quanta sabedoria, quanta iluminação em rede nacional. Como temos muito a aprender com o exemplo de generosidade dos mais simples. Pelas vias da reencarnação, os irmãos que sofrem são mais sensíveis aos apelos da fraternidade. Mas, precisamos descobrir o tesouro de, sem sofrer, lembrar do sofrido. E vemos nessas palavras a valorização de um sentimento que é muito caro, a nós cariocas, de solidariedade, em uma cidade que mistura beleza com miséria, samba com lamento, na partição lembrada pelo escritor Zuenir Ventura. 
450 anos da cidade maravilhosa… Praia, sol, Maracanã, futebol…E que possamos ensinar ao mundo a colocar água no feijão, para recebermos de braços abertos a todos, turistas, estudiosos, atletas e todos mais que se abeirem da “Sebastiana”, para fazer melhor no pão repartido, na produção de uma vida melhor. 
Chicão (perdoe-me o carinho), esperamos que você tenha sucesso nessa missão, de com firmeza e candura, seguir a fundo, colocando agua no feijão do mundo!

Marcus Vinicius de Azevedo Braga
Residindo atualmente na cidade do Rio de Janeiro, espírita desde 1990, atua no movimento espírita na evangelização infantil, sendo também expositor. Vinculado a Casa Espírita Amazonas Hércules (www.ceah.org.br). É colaborador assíduo do jornal Correio Espírita (RJ) e da revista eletrônica O Consolador (Paraná). É autor do livro Alegria de Servir (2001), publicado pela Federação Espírita Brasileira (FEB) e do Livro "Você sabe quem viu Jesus nascer" (2013), editado pela Editora Virtual O Consolador.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Patente realidade


Reconheçamos com lealdade a nobreza dos princípios morais apresentados por Jesus de Nazaré à humanidade, fazendo-se portador da mensagem viva do Evangelho. Seus ensinos e orientações significam lúcida orientação de vida para que nos libertemos das ilusões mundanas e das graves quedas nos precipícios de nossas imperfeições morais. 
Luz do mundo e modelo exato para a felicidade real da moralidade, sua presença e grandeza significam – além de conforto moral próprio – roteiro de alegrias e perene felicidade diante dos desafios da vida humana e complexos desafios evolutivos. 
Sua bondade, por outro lado, expressa em autêntico amor aos irmãos menores que somos todos nós, indica o compromisso assumido de nos conduzir, chegando ao extremo de entregar-se ao sacrifício para nos ensinar o amor e o perdão, em gesto aparentemente mínimo que se transformou em roteiro celeste para a renúncia e a humildade que nos liberta de vícios e constrói o real caminho da felicidade moral que podemos alcançar. 
Construtor do planeta, modelo e guia para a humanidade, Jesus foi capaz de dividir a história em antes e depois dele. Não é Deus, mas um irmão mais velho, criado antes e já habitante do estágio de perfeição – ainda que relativa diante de Deus –, sua experiência e maturidade constituem a única opção para uma vida melhor. 
Seus ensinos, por meio das parábolas e bem-aventuranças e mesmo nas curas efetuadas – normais para o conhecimento que detêm e não milagres – ou nas orientações aos discípulos, apóstolos e seguidores, significam sabedoria proveniente da experiência e maturidade acumulada, mas sem dispensar bondade e imenso amor capaz de contagiar intensamente todos aqueles que se deixam tocar pela energia que fluem de suas palavras, de sua presença pessoal ou de sua autoridade moral inquestionável. 
Neste Natal, esse ar diferente, esse clima de entusiasmo – apesar dos apelos comerciais próprios da época – são resultantes da presença marcante de Jesus em favor da Humanidade, de maneira mais intensa evocado em dezembro pela humanidade cristã do planeta. 
Deixemo-nos também contagiar pelo entusiasmo, pela alegria de viver, pela gratidão a essa incomparável personalidade que nos pede humildade, renúncia, bondade e postura de perdão diante dos ferimentos físicos ou morais recebidos. Sua sabedoria sabe que quando perdoamos nos libertamos das prisões que nós mesmos criamos com nossa rebeldia ou condicionamentos vários que vamos alimentando ao longo dos relacionamentos conflituosos. 
Por gratidão à sua divina presença, ao seu imenso amor, à sua incontestável e patente realidade de sua bondade e amor para conosco, deixemos que mais que as luzes externas das fachadas comerciais ou residenciais se transformem em luzes interiores, as luzes da solidariedade, da humildade, da disposição de servir, da alegria de viver, da gratidão, virtudes capazes e potentes para transformar o sofrido cenário da atualidade num ambiente de paz e harmonia, a partir dos lares que se refletem na sociedade. 
Por isso, nesse Natal, nosso coração pulsa para dizer: Obrigado Senhor Jesus!

Aos leitores, nossos votos de um Natal feliz, repleto de harmonia no coração!

Orson Peter Carrara

Quando chega o Natal…


O Natal sempre me pega pelo coração. Seja pela tristeza e pelas saudades por ausentes, mortos e vivos. Seja para me alegrar com a alegria das crianças que amo. Seja porque me lembro (e tenho boas lembranças) de Natais de outras vidas, sobretudo na Alemanha e na Áustria. Seja para me conectar mais fortemente com o homenageado da data.
Já dezembro é um mês que anuncia emoções e balanços. Para mim, especialmente, que é o mês de meu aniversário. Para muitos, que se embebem do espírito natalino, para outros que realmente param par fazer reflexões de fechamento de um ciclo, que é o ano que se vai.
Dezembro, sempre acho um mês leve, festivo, apesar das possíveis nostalgias que nos possam assaltar nas datas de celebração. Apesar do comercialismo abusivo. Mas se permanecermos em nosso eixo de paz e equilíbrio, promovendo pequenas ou grandes alegrias para próximos ou estranhos; se estivermos em sintonia com o Mestre que nasceu e renasce sempre para os homens e as mulheres de boa vontade, o dezembro nevado do norte ou o dezembro ensolarado do sul, será sim um mês de beleza e elevação. Cabe a cada um fazê-lo assim.
Como, para mim, a melhor maneira de celebrar é através da arte, aqui ficam dois poemas meus, feitos por esses dias (e há outros aqui no blog e no meu livro de poesia, recém-lançado, A Hora de Dora,) e uma música chamada “Ich will von Gottes Güte singen” (“Quero cantar a bondade de Deus”) da compositora judia alemã, da primeira metade século XIX, Fanny Mendelssohn Hensel, irmã de Felix Mendelssohn. 


O Natal que quero

Tocam sinos invisíveis
Porque os sinos reais 
Nas praças já não se ouvem mais… 
Cantam anjos que ninguém escuta 
Porque há muito barulho no ar 
E as crianças não sabem mais cantar… 
O Natal chega de novo 
Mas Jesus quase não é lembrado 
Só Papai Noel está na alma do povo… 
Quero um Natal com sonhos suaves 
Com carícias no olhar… 
Quero um Natal em que anjos e aves
Nos venham a paz anunciar… 
Quero um Natal de aconchego 
De mãos nas mãos 
De corações com corações 
E preces ao luar… 
Quero um Natal de paz na terra 
Com a presença de um anjo tutelar 
Que venha contar daquela noite 
De Jesus menino, em seu primeiro lar… 
E assim um Natal que se espraie 
Pelo mundo, pelo ano, pelo tempo afora 
Um Natal que anuncie um amor sem limites 
E um Jesus pequenino sempre agora! 

* * * 

Quando chegas no Natal 

E assim nos chegas novamente 
Chegas todos os anos, todos os dias 
Com teu olhar azulado e paciente… 
Esperando nos doar tuas alegrias! 
Visitas-nos descalço, pés tão mansos, 
Com tua túnica azul, resplandecente, 
Na voz tens cânticos, remansos, 
De braços abertos, complacente!
Cochichas doces preces às crianças,
Distribuis sementes e esperanças… 
Incansável e sereno, altíssimo e brando, 
Menino, homem, mestre e irmão, 
Vens nas mãos abertas carregando 
O próprio coração! 
Que aprendamos receber-te em nós, 
Que saibamos repetir tua voz 
De ternura, compaixão, fraternidade 
E façamos enfim como tu queres
Uma nova e feliz humanidade!




Dora incontri 
http://wp.me/p1Bz2Z-8t 
https://www.youtube.com/watch?v=UrRjZD1AcXA