segunda-feira, 21 de março de 2016

Vinha de Luz


Em carta publicada nesta mesma edição, Rosane Machado Xavier da Silva, de Alvorada (RS), solicita-nos esclarecimentos sobre a correta interpretação da mensagem intitulada “Facciosismo”, constante do cap. 36 de Vinha de Luz, obra mediúnica escrita por Emmanuel por intermédio de Francisco Cândido Xavier.

A mensagem citada reproduz, em seguida ao título, o seguinte versículo:

"Mas se tendes amarga inveja e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis nem mintais contra a verdade." (Tiago, 3:14.)

Eis o teor integral do texto escrito por Emmanuel:

“Toda escola religiosa apresenta valores inconfundíveis ao homem de boa vontade. Não obstante os abusos do sacerdócio, a exploração inferior do elemento humano e as fantasias do culto exterior, o coração sincero beneficiar-se-á amplamente, na fonte da fé, iluminando-se para encontrar a Consciência Divina em si mesmo. 
Mas, em todo instituto religioso, propriamente humano, há que evitar um perigo – o sentimento faccioso, que adia, indefinidamente, as mais sublimes edificações espirituais. 
Católicos, protestantes, espiritistas, todos eles se movimentam, ameaçados pelo monstro da separação, como se o pensamento religioso traduzisse fermento da discórdia. 
Infelizmente, é muito grande o número de orientadores encarnados que se deixam dominar por suas garras perturbadoras. Espessos obstáculos impedem a visão da maioria. 
Querem todos que Deus lhes pertença, mas não cogitam de pertencer a Deus. 
Que todo aprendiz do Cristo esteja preparado a resistir ao mal; é imprescindível, porém, que compreenda a paternidade divina por sagrada herança de todas as criaturas, reconhecendo que, na Casa do Pai, a única diferença entre os homens é a que se mede pelo esforço nobre de cada um.” (Vinha de Luz, cap. 36.) 

Antes de qualquer comentário, é importante lembrar o significado da palavra facciosismo, substantivo comum derivado do adjetivo faccioso acrescido do sufixo “ismo”. 
Facciosismo significa: qualidade de faccioso, parcialidade; sectarismo, paixão partidária. É o mesmo que faciosismo ou facciosidade. 
Emmanuel afirma que tal sentimento é altamente pernicioso porque adia, indefinidamente, as mais sublimes edificações espirituais. 
A fé religiosa, seja ela qual for, não poderia jamais ser motivo de discórdia, de ódio, de separação entre as pessoas, fato que, infelizmente, como a História registra, tem sido uma constante nas relações entre católicos e protestantes, entre muçulmanos e cristãos, entre evangélicos e espíritas, como se Deus não fosse o Pai de todos nós, mas tão somente daqueles que rezam pela mesma cartilha. 
Enquanto o sectarismo, a paixão partidária, a parcialidade comandarem as ações humanas, dificilmente a fraternidade se tornará na Terra um sentimento comum a todos os povos, independentemente de suas convicções religiosas ou políticas. 
Somos todos irmãos e filhos do mesmo Deus. 
Não existem, pois, motivos reais para que sejamos facciosos. 
É esse o ponto central da mensagem de Emmanuel. 
Como ele nos propõe, é absolutamente imprescindível que compreendamos a paternidade divina por sagrada herança de todas as criaturas e reconheçamos que, na Casa do Pai, a única diferença entre os homens é a que se mede pelo esforço nobre de cada um, e não pela cor de nossa pele, pelos nossos saldos bancários ou pela crença que orienta os nossos passos. 

Sem fraternidade, – escreveu certa vez Allan Kardec, ao comentar o conhecido lema da Revolução Francesa –, não haverá liberdade real nem igualdade no mundo em que vivemos.

Astolfo O. de Oliveira Filho
Londrina, Paraná (Brasil)

Imagem do livro

quarta-feira, 2 de março de 2016

Tensão ou harmonia nos grupos espíritas


Da preciosa coleção da Revista Espírita (editada por Kardec no período de 1858 a 1869), extraímos para o leitor pequeno trecho do texto Organização do Espiritismo – publicado na edição de dezembro de 1861 –, cuja atualidade impressiona face aos desafios sempre encontrados pelas instituições e grupos no que se refere aos relacionamentos entre seus integrantes.
A velha questão dos melindres de suscetibilidades, dos conflitos de opinião e daí os desdobramentos próprios da desorganização das ideias diferentes, leva muitas iniciativas ao fracasso, interrompe bênçãos de trabalho, afasta valorosos cooperadores, com prejuízos evidentes à proposta espírita.
Como o fim do Espiritismo é essencialmente moral, espera-se que busquemos nesse esforço do auto aprimoramento as bases de nossa atuação individual e coletiva, para não ocorrência dos prejuízos bem próprios de nossa condição humana.
Acompanhemos o pequeno trecho selecionado, que se refere aos grupos:

“(...) Se eles forem formados de bons elementos, serão tantas boas raízes que darão bons rebentos. Se, ao contrário, são formados de elementos heterogêneos e antipáticos, de espíritas duvidosos, se ocupando mais da forma que do fundo, considerando a moral como a parte acessória e secundária, é preciso se prever polêmicas irritantes e sem desfecho, melindres de suscetibilidades, seguido de conflitos precursores da desorganização. Entre verdadeiros espíritas, tais como os havemos definido, vendo o propósito essencial do Espiritismo na moral, que é a mesma para todos, haverá sempre abnegação da personalidade, condescendência e benevolência, e, por consequência, certeza e estabilidade nos relacionamentos. Eis porque insistimos tanto nas qualidades fundamentais. (...)”

A sempre constante questão dos conflitos ou da harmonia está no comportamento individual que se reflete diretamente nos grupos. Exatamente aquele comportamento de boa vontade que busca superar o egoísmo e a vaidade para o bem coletivo. Quando nos fechamos em pontos de vistas, quando nos achamos melhores que os demais, quando pensamos que nossa opinião é a melhor, quando não valorizamos o esforço alheio ou quando optamos pelos tristes caminhos do orgulho, serão nossos acompanhantes a irritação, a intolerância e seus desdobramentos próprios.
Quando, todavia, optamos pelo caráter solidário dos relacionamentos, quando desejamos sinceramente o bem de todos ou direcionamos nossas ações para a permanência da harmonia, os frutos de nossas realizações conjuntas serão doces e sempre com benefícios gerais que extrapolam os limites do próprio grupo, pois que se irradiam de si mesmo em favor de muitos.
É que o afeto é capaz desses prodígios. O afeto há que ser construído, valorizado, conquistado, estimulado, vivido e cultivado.
Será de muito oportunismo uma releitura do texto Organização do Espiritismo, especificamente voltado à formação ou manutenção de grupos espíritas.

Orson Peter Carrara 

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Eutanásia e aborto: novo Nazismo?


Certamente todos nos lembramos das práticas horríveis do nazismo, na II Guerra Mundial, onde a loucura de um homem pretendia criar uma raça pura e forte.
Parece coisa primitiva, mas... foi ontem, há 70 anos atrás!!!
Em pleno século XXI, o Homem vive as maravilhas da tecnologia, que muito tem contribuído para o seu bem-estar, e melhores condições de vida no planeta Terra.
Este mês (Fevereiro de 2016), em Portugal, um jornal semanário dava destaque a uma petição a favor da eutanásia, assinada por cerca de 100 pessoas, consideradas "ilustres" na sociedade.
Apelam ao direito de morrer com dignidade, como se morrer, fosse indigno.
Apela-se ao fim do sofrimento, como se o sofrimento não fosse uma presença contínua, na vida de todos nós.
Porque matar os idosos que sofrem, e não os jovens ou os adultos saudáveis, com vários tipos de sofrimento?
Entende-se este ponto de vista, quando o Homem, tendo perdido o Norte de Deus, e vivendo dentro do paradigma materialista (o materialismo foi morto pela Física, ao declarar que não existe matéria, mas sim energia em vários estados), pense que a eutanásia é a saída limpa do sofrimento.
Tola ilusão...
Em meados do século XIX, apareceu a Doutrina dos Espíritos (Espiritismo ou Doutrina Espírita) que veio demonstrar, à saciedade, que somos seres imortais, que a vida continua além da morte do corpo de carne, e explicar o porquê da dissemelhança de oportunidades nesta vida, tendo em conta a Lei da Reencarnação, e a consequente Lei de Causa e Efeito.
Hoje em dia, não é possível alegar desconhecimento, pois, este abunda ao som de um clique, no teclado de um computador.
Investigadores e cientistas de todo o mundo, não espíritas na sua maioria, têm vindo desde meados do século XIX até aos dia de hoje, a comprovar as teses espíritas.
Não sendo o Homem senhor da Vida, não tem o direito de decidir pela morte deste ou daquele. A legislação humana, retrata, de certo modo, o seu estado evolutivo, espiritualmente falando.

O estudo sério e sistemático da Doutrina Espírita, dá ao Homem
uma compreensão holística da Vida, fazendo-o entender do porquê da vida, suas dissemelhanças e as consequências dos nossos actos nesta vida,a repercutirem-se em vidas posteriores.

Estudando a doutrina espírita (que não é mais uma seita nem mais uma religião) verificamos que a dor, diversificada, aparece como factor auto-correctivo para o ser humano, propiciando-lhe assim, nesses momentos, longos e fecundos momentos de meditação, sobre os valores reais da Vida, e qual o objectivo da mesma.
A pessoa que, de livre vontade, se mata pelo processo da eutanásia, entra no mundo espiritual na grave condição do suicida, e os médicos que o matam, mesmo que "legalmente", de acordo com as leis dos homens, assumem o ónus de homicidas, ónus esse do qual não se furtam, pois que radicam na sua consciência. Uns e outros, voltarão noutra reencarnação, com dolorosos processos de culpa, quando não marcados por dolorosas limitações físicas, como acontece com a maioria dos suicidas.
Quando se tenta liberalizar o aborto, como condenar Hitler?
Quando os médicos aconselham mães a abortar porque foi detectada uma anomalia num determinado gene do bebé, como condenar Hitler?
Quando se pretende "legalizar" a matança de doentes terminais, sob a pretensa dignidade de morrer (como se a dignidade dependesse do estado exterior do corpo carnal), como condenar Hitler?
Conta-se, que certo dia uma mãe adentrou o consultório do seu ginecologista. Desempregada, com um filho de 5 anos, estava grávida e, tendo em conta a vida difícil do ponto de vista monetário, queria abortar, pois dizia não conseguir criar sozinha dois filhos. O ginecologista fez então a seguinte proposta: se abortasse, corria risco de vida, quer a mãe, quer o bebé. Assim sendo, seria mais lógico matar o filho de 5 anos e deixar nascer o bebé. A mãe saiu furiosa, porta fora...
Afinal... onda estava a diferença?
Seria útil que os nossos legisladores, médicos, políticos, governantes, estudassem espiritismo, como já acontece em muitos países, a fim de melhor entenderem quem somos, de onde viemos, o que estamos na Terra a fazer, e para onde vamos após o decesso físico.

Matar?
Jamais,... seja qual for o pretexto...

José Lucas

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Exilados de Capela

EXILADOS DE CAPELA(belísimo video)

Publicado por Margarida Oliveira em Terça, 19 de janeiro de 2016

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Ponderação de lucidez


O que se vai ler abaixo é trecho de um pronunciamento de Allan Kardec, em 6 de outubro de 1865, na reabertura das sessões da Sociedade Parisiense de Estudos Espiritas, e que contém atualíssima e feliz ponderação do Codificador – dirigida aos espíritas de sua época e perfeitamente cabível nos dias atuais do movimento espírita e mesmo para nossa condição de cidadão –, publicada na íntegra na edição de novembro de sua Revista Espírita, do mesmo ano, que recomendamos aos leitores. Aqui destacamos um único parágrafo, valioso por si mesmo.

 Vejam:

R. E. novembro de 1865: «Deus me guarde de ter a presunção de me crer o único capaz, ou mais capaz do que um outro, ou o único encarregado de cumprir os desígnios da Providência; não, este pensamento está longe de mim. Neste grande movimento renovador tenho a minha parte de atuação; não falo senão daquilo que me concerne; mas o que posso afirmar sem vã fanfarrice, é que, no que me incumbe, nem a coragem, nem a perseverança, me faltarão. Nisso jamais falhei, mas hoje que vejo o caminho se aclarar de uma maravilhosa claridade, sinto minhas forças crescerem, não tenho mais dúvida e graças às novas luzes que praza a Deus me dar, estou certo, e digo a todos os meus irmãos, com toda a certeza que jamais tive: coragem e perseverança, porque um esplendoroso sucesso coroará vossos esforços.”.

A seleção parcial está dentro de um contexto geral, cuja íntegra do texto trará ao leitor esclarecimentos valiosos de atuação espírita. Destacamos, todavia, esse parágrafo específico pela evidência da humildade de Kardec, ao lado de intensa força pessoal construída sobre virtudes que todos podemos valorizar nesses tempos de imensa dificuldade social: coragem e perseverança.
Embora seu extraordinário trabalho de organização do corpo doutrinário do Espiritismo com as instruções colhidas dos espíritos, ele não se coloca em posição superior a ninguém, reconhece que todos tem sua parte de ação no programa geral de expansão do pensamento espírita.
Esse reconhecimento da parte de trabalho que cabe a cada um de nós no concerto geral de evolução do planeta, onde se inclui naturalmente o próprio esforço pessoal nesse objetivo, é o primeiro passo que vacina contra vaidades ou pretensões desconectadas com nossa condição de filhos de Deus destinados à felicidade.
Todos podemos oferecer nosso trabalho, nosso esforço. Se soubermos agir com lucidez, se nos respeitarmos mutuamente, usando as ferramentas da coragem e da perseverança – como destaca o Codificador – um esplendoroso sucesso coroará vossos esforços, usando as palavras do próprio Kardec em seu discurso.
E o que seria esse sucesso senão a vitória sobre nós mesmos, no domínio das paixões e imperfeições que ainda trazemos, no cumprimento do dever, do esforço pela conquista de virtudes, na luta pelo progresso. Exemplo claro trazido pela conduta do codificador do Espiritismo, que não se deixa vencer pela postura vaidosa ou orgulhosa, embora todo o trabalho que estava em suas mãos.

A Revista Espírita é riquíssima fonte desses ensinamentos. Recomendo-a com ênfase aos leitores.

Orson Peter Carrara

Imagem da revista