sexta-feira, 14 de maio de 2010

De lá para cá, o cristianismo primitivo bíblico e o teológico


Ser contra os erros de uma religião não é ser inimigo dela. Jesus era contra os erros do judaísmo, mas não era inimigo dessa sua religião. E Deus é contra os nossos erros, mas nos ama!
A cristologia e a soteriologia não bíblicas são duas doutrinas polêmicas. Pela cristologia bíblica, Jesus não é Deus absoluto. Se o fosse, Ele falaria em nome de si próprio e não do Pai. "Para que sejam um, como Tu, ó Pai, o és em mim, e eu em Ti; que também eles sejam um em nós" (João 17, 21 a 23); "Mas agora procurais matar-me, a mim, homem que vos tem dito a verdade que de Deus tem ouvido" (João 8,40); "Um só Deus e Pai de todos" (Efésios 4,6); "Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem" (1 Timóteo 2,3); "Meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus" (João 20,17).
Por essa correta cristologia bíblica, Jesus é o elo de ligação entre Deus e nós, o demiurgo e o logos de Platão e do evangelista João. "Há um abismo entre Jesus e Deus" (Ário). O Nazareno e todos nós somos deuses (João 10,34) relativos.
Deus absoluto é só o Pai. "O Pai é maior do que eu" (João 14,28). "Eu sou a videira, meu Pai é o agricultor, e vós sois os ramos" (João 15,1 e 5). Há uma grande diferença entre o agricultor (Deus) e a videira (Jesus)! Os teólogos ensinam que as contradições são mistérios de Deus, quando são eles que as inventaram!
Como toda religião recebe influência de outras, a soteriologia não bíblica é herança do judaísmo. Foram as epístolas paulinas que levaram a ideia dos sacrifícios judeus para o cristianismo. Daí é que ela entrou nas anotações dos evangelistas. Mas Jesus a condenou veementemente: "Misericórdia quero e não sacrifícios" (são Mateus 9,13). E mesmo no Velho Testamento há condenações dos sacrifícios. "Melhor é um bocado seco, e tranquilidade, do que uma casa cheia de sacrifícios" (Provérbio 17,1); "Agradar-se-á o Senhor de milhares de carneiros?" (Miquéias 6,7); "De que me serve a multidão de vossos sacrifícios?" (Isaías 1,11). 
Os espíritos que apreciam sacrifícios são atrasados. Como o sangue de Jesus derramado poderia ser agradável a Deus?
Como isso O teria feito voltar a sorrir para a humanidade? Deus se deleitaria com o aumento dos assassinatos?
Tenho denominado essa teologia de sacrifícios de teologia do sangue, que é abominável a Deus. E ela é a base da doutrina teológica soteriológica não bíblica, que transformou até a Santa Ceia, símbolo judaico de confraternização entre Jesus e seus apóstolos, no ritual da missa, que respeito. Mas o que Jesus lhes recomendou foi outra coisa, ou seja, que se lembrassem Dele, fazendo outras ceias de confraternização.
Houve-as somente no cristianismo primitivo. De lá pra cá, como dissemos, elas são os rituais das missas. Para os teólogos trata-se de uma repetição simbólica e incruenta (sem sangue) do sacrifício do Calvário. Mas se se trata de simbolismos, como fica nas missas o dogma do corpo verdadeiro e real e do sangue verdadeiro e real de Jesus?

José Reis Chaves
Teósofo e biblista - jreischaves@gmail.com
Imagem ilustrativa

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