quarta-feira, 12 de maio de 2010

Sobre a terapia regressiva a vidas anteriores


A terapia pela regressão de memória, podendo alcançar as vidas anteriores, é um recurso abençoado para ajudar a libertar pacientes de fobias, males e limitações diversos, cujas causas se radicam em traumas e condicionamentos de existências passadas.
Sabe-se hoje que o psiquismo humano divide-se em dois grandes grupos: o consciente e o inconsciente. O consciente é racional, analítico e tem limitado âmbito de registro, só o que poderíamos chamar de memória operativa, ligada aos fatos da vivência presente. Já o inconsciente não raciocina, mas registra tudo.
Em essência, o processo da TVP consiste em tornar o presente o conteúdo do inconsciente, nos pontos causadores de distúrbios e incômodos e usar o raciocínio para reorganizar aquele conteúdo que foi mal resolvido.
O aplicador do processo efetua, portanto, a anulação e a rematrização dos fatos infaustos. A anulação consiste na aplicação de comandos mentais, enquanto a pessoa se acha em estado alterado de consciência, para impedir as conseqüências indesejáveis no presente, sempre que as circunstâncias se repetem ou evocam aquelas em que se deram. Já a rematrização é a revivência artificial, mediante comandos verbais do terapeuta, dos mesmos fatos, sem os aspectos infelizes Por exemplo, se alguém sofre de deficiências e fobias relacionadas com viagens e contatos com pessoas estranhas e a regressão revela que, na vida anterior, essa pessoa perdeu os pais na infância e viu repentinamente esfacelada a família, sendo tirada de casa, de junto dos seus, para ser criada por estranhos (ainda que parentes), através de longa e penosa viagem, que se fixou indelevelmente na mente de forma assustadora, a anulação consiste em convencer a mente atual de que nenhuma conseqüência deve produzir no presente aquela ocorrência infeliz. Complementando, a rematrização recompõe a idéia da família organizada e segura, em que as figuras de pai, mãe, irmãos e outros familiares convivem harmoniosamente e a vida segue sem problemas, do nascimento até a fase adulta.
Como acontece a todo campo novo, a TRVP tem partidários e contraditores. Esses alegam que "se Deus quis velar ao homem os fatos de suas vidas anteriores, é que eles devem ficar ocultos; que devemos é caminhar para a frente e não voltar ao passado para rememorar antigos tormentos".
Esse argumento é facilmente contestado de vez que ninguém pode dizer com segurança se (ou até onde) Deus pretende realmente manter algo oculto ao homem.
Desde que haja caminhos para se conhecer algo, isso já não significa que o Criador deixa ao homem a possibilidade de descobrir o que interessa à sua evolução, no tempo devido? Os órgãos internos do corpo humano também estão normalmente "ocultos" ao homem, no entanto ele inventou os aparelhos de raios-X, a tomografia computadorizada e desenvolveu a cirurgia, com que vê e atua no interior do corpo, de modo a sanar as anormalidades que se apresentam, tanto quanto possível. E ninguém se lembra de condenar a Medicina por interferir no que está guardado e "oculto" pela natureza, até mesmo dentro do cofre de ossos de uma caixa craniana.
Assim também os partidários das terapias regressivas explicam que, da mesma forma que seria absurdo abrir o corpo de uma pessoa sadia, por mera curiosidade, ou até para extirpar uma parte que não esteja incomodando, é de toda conveniência fazê-lo para remover um apêndice, por exemplo, que esteja inflamado, ameaçando supurar.
De maneira que, quando pessoas ignorantes da realidade espiritual vejam com ceticismo e desaprovem a regressão induzida ao passado desta e de outras vidas, para aliviar males específicos dos pacientes, é compreensível.

Lauro F. Carvalho,
da Divulgadora do Livro Espírita, do Sanatório Espírita de Brasília,
é articulista espírita - feesp@feesp.org.br


Imagem ilustrativa

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