quarta-feira, 29 de abril de 2015

Aprendendo com o vento


Era um tormento que se repetia a cada dia na hora de fazer os deveres de casa: era as continhas, a leitura de um livro, as tabuadas.
Carla detestava tudo isso e era sempre com má vontade que se sentava à mesa para fazer as tarefas.

A mãezinha procurava orientá-la:

— Carla, minha filha, tudo o que fazemos de boa vontade nos pesa menos. Aproveite a ocasião para aprender e aceite o que deve ser feito, com disposição e bom ânimo.

Mas ela respondia mal-humorada:

— Não gosto de fazer tabuadas, nem continhas. Nada. Detesto estudar.
— Mas é preciso, minha filha. Há coisas das quais não podemos fugir, e quanto mais cedo as aceitarmos, melhor.

No entanto, a dificuldade persistia. Certa ocasião, Carla estava muito irritada porque teria que ler um livro de história, como dever escolar daquele dia.

Com o livro nas mãos, a menina chorou, esperneou, e não conseguiu ler. 
A mãe, que a observava de longe e viu que naquelas condições a filha não conseguiria fazer a tarefa, disse:

— Está bem, Carla. Se não quer fazer a tarefa agora, vá fazer outra coisa. Depois você termina de ler o livro. Vá varrer o quintal para mim.

— Que bom, mamãe! Ufa! Que coisa mais desagradável é ter que ler história. Prefiro varrer o quintal.

Em seguida, toda satisfeita, Carla pegou uma vassoura e foi para o quintal que se encontrava cheio de folhas secas. 
Estava ventando muito naquele dia e a alegria de Carla logo terminou. Por mais que ela se esforçasse, não conseguia terminar o serviço. O vento esparramava as folhas novamente. Tentou, tentou, e não conseguiu.

Afinal, muito descontente, entrou em casa reclamando:

— Que droga! O vento não me deixa limpar o quintal! Desisto.

Sua mãe, mais experiente, ponderou:
 
— É só uma questão de saber lidar com os problemas, filha. Temos que aceitar os obstáculos que a vida nos impõe e aprender a superá-los com boa vontade e disposição. Quer ver? Venha, vou lhe mostrar.               
Levou a menina até o quintal e mostrou-lhe que, já que não poderia vencer o vento, deveria usá-lo em seu benefício.

— Como? – perguntou a garota, surpresa.

— É simples. Em vez de varrer contra o vento, varra a favor do vento – explicou a mãe.

E assim Carla fez. Logo ela percebeu que a tarefa tornou-se fácil, agradável e rapidamente foi concluída. Juntando as folhas num canto, a menina recolheu-as com uma pá apropriada. 
Dando por terminado o serviço, a menina limpou as mãos, exclamando satisfeita:

— Puxa! Mamãe, nem acredito! Como foi fácil. Você é um gênio!

A mãe sorriu contente, completando:

— Nem tanto, minha filha. Apenas sou uma pessoa mais experiente e que já aprendeu que não adianta irmos contra os problemas da vida. Temos que enfrentá-los com coragem e determinação. Fugir das situações difíceis não nos ajudará a resolvê-las. Se tivermos boa vontade, resolveremos qualquer problema em nossa vida.

Fez uma pausa e concluiu:

— Grande parte das vezes, as coisas não são tão ruins quanto nos parecem. Depende muito da nossa maneira de enxergá-las.

Carla lembrou-se da tarefa que não tinha conseguido realizar e achou que sua mãe tinha razão. Com um pouco de boa vontade ela conseguiria. 
Calada, pegou novamente o livro de história e sentou-se para ler. Aos poucos foi se interessando pelo assunto e, não demorou muito, já tinha terminado.

Fechou o livro e foi correndo contar para a mãe:

— Terminei de ler o livro, mamãe. Sabe que não foi tão difícil assim? Ao contrário, a história era até bem interessante! Você tinha razão, com má vontade nada conseguiremos realizar.

A mãe abraçou a filha, feliz, agradecendo a Deus por ver que ela havia aprendido a lição. 

Célia Xavier Camargo
http://www.oconsolador.com.br/ano8/395/espiritismoparacriancas.html

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