O livro “Chico Xavier, Mediunidade e Paz”, editado pela
Didier, de Votuporanga, apresenta-nos emocionante história contada pelo próprio
Chico, sobre importante momento de sua vida em meados do século passado, já na
cidade de Uberaba.
Narra o médium mineiro:
- Estava atravessando um dos períodos mais difíceis da minha
vida. Um companheiro muito querido havia nos deixado e, na soleira da porta de
nossa casa, eu meditava a sós... Naquele momento, se eu precisasse voltar à
terra natal, não possuía cinco cruzeiros no bolso para o ônibus... As lágrimas
me escorriam pelas faces, quando em meio a uma luz muito intensa surgiu-me aos
olhos a figura de um Mensageiro Espiritual, de elevada hierarquia, muito
superior à condição de Emmanuel. Dizendo-me vir da parte do Senhor, ele começou
a conversar comigo, interrogando:
- O Senhor solicita lhe seja perguntado se quando Ele levou
a sua mãe deste mundo, deixando-o órfão aos cinco anos de idade, você teve
mágoa dele?...
Surpreso com a sublime visita, respondi que não e o
Mensageiro prosseguiu como se conhecesse, detalhadamente, cada trecho do
caminho que eu havia percorrido até aquele exato momento:
- Quando o impediu de estudar, através daqueles que lhe
dificultaram acesso aos bancos escolares, negando-lhe as oportunidades que
sonhava, você teve mágoa do Senhor?
Com o coração aos saltos, afirmei que não, porque o Senhor
sabe o que é melhor para mim...
- Quando Ele permitiu que você ficasse órfão pela segunda
vez, subtraindo de sua presença aquela que foi a sua segunda mãe, deixando-o
com doze crianças para sustentar com um reduzido salário, você teve mágoa do
Senhor?
Não, apressei-me a dizer, eu não poderia guardar mágoa
alguma do Senhor...
E o Missionário Celeste, sem qualquer pausa na voz,
continuou discorrendo sobre os pontos mais delicados da minha existência atual,
sempre repetindo a mesma questão.
- Quando perdeu a companhia de seu irmão José Xavier, que
lhe era o apoio e o incentivo na Doutrina, ante o serviço a realizar, você teve
mágoa do Senhor?
Não, chorei muito, e ainda choro, mas não senti mágoa do
Senhor...
- Quando, entre as flores que desabrocham no jardim
promissor da mediunidade, surgiram os primeiros espinhos a lhe dilacerarem a
alma, em forma de ingratidão e calúnia, você teve mágoa do Senhor?
Não, repeli convicto, jamais tive mágoa do Senhor, a quem
devo tudo o que tenho e tudo o que sou...
- Quando Ele afastou o casamento de seus planos de
felicidade e realização pessoal, você teve mágoa do Senhor?
Não, eu não posso me queixar de nada, pois tenho recebido
bem mais do que mereço...
- E agora, quando, depois de tantos anos, dedicando-se
integralmente ao Evangelho, vê-se abandonado por aquele em que repousavam as
suas esperanças no entardecer da vida física, você sente mágoa do Senhor?
Não, respondi em lágrimas, seja feita a vontade do Senhor...
Estabeleceu-se, então, entre nós, um silêncio que não ousei
quebrar...
Depois de rápidos segundos, como se estivesse
comunicando-se, telepaticamente, com os planos da Luz, o Mensageiro concluiu:
- O Senhor manda dizer-lhe que, doravante, nada há de
faltar... Não tenha receios, porque Ele providenciará tudo o que você
necessitar para prosseguir servindo-o entre os homens, na Terra...
José Antônio Vieira de Paula
Cambé, Paraná (Brasil)
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