Um amigo carioca envia-me virtualmente um recorte de jornal
com o título “Pesquisa” e o seguinte texto:
“A ONU resolveu fazer pesquisa em todo mundo. Enviou carta
ao representante de cada país com a pergunta: Por favor, diga honestamente qual
é a sua opinião sobre a escassez de alimentos no resto do mundo. A pesquisa foi
um grande fracasso. Por que? Todos os países europeus não entenderam o que era
escassez. Os africanos não sabiam o que era alimento. Os cubanos estranharam e
pediram maiores explicações sobre o que era opinião. Os argentinos mal sabem o
significado de por favor. Os norte-americanos nem imaginam o que significa resto
do mundo. O Congresso Brasileiro está até agora debatendo o que é
honestamente.”
Claro que o texto é uma montagem humorada e ao mesmo tempo
dramática das diferenças culturais do planeta e também da enorme distância
moral que distingue os países, por força de hábitos, condicionamentos,
governos, etc. e até mesmo da indiferença com que muitas vezes nos tratamos uns
aos outros, inclusive coletivamente, no desrespeito a outras pátrias.
O texto também é uma alfinetada na drástica crise moral que
atinge o Brasil, com a situação vigente de desequilíbrio político, oriundo da
ausência de moralidade no comportamento, que não é só político, é geral,
denotando a urgência da melhora individual que resulte no bem coletivo para a
Pátria.
A ironia quanto aos outros países citados igualmente é uma
declaração aberta de posicionamentos que tem caracterizados as culturas de
diferentes nacionalidades nessa imensidade de um planeta em reviravolta que
tenta encontrar-se a si mesmo, face às ilusões que ainda nos permitimos, como
cidadãos, seduzidos pelo poder, sem perceber a transitoriedade de nossos
efêmeros valores materiais, ainda que necessários.
Felizmente o “fundo do poço tem molas” e nos devolverá à superfície
de nós mesmos até que aprendamos o respeito mútuo e a solidariedade, valores
vitais para a harmonia social. Sem eles, vemos a miséria e a violência – em
todos os ângulos cruéis com que ela se apresenta – e todos os seus lamentáveis
desdobramentos, frutos mesmo do egoísmo, da vaidade, do orgulho que ainda nos
caracteriza a condição humana.
Mas as lições vão modificando a mentalidade, pois o
progresso é inevitável. Se somos refratários ou rebeldes aos aprendizados de
aprimoramento intelecto-moral, a vida e suas perfeitas leis nos colocarão no
caminho que precisamos.
Esse aspecto de determinismo do progresso, pois que lei, é
fator de muita esperança, alívio e entusiasmo para alterar a situação precária
que ainda nos encontramos no convívio social. Ele nos convida à mudança, à
alteração de paradigmas, traça com clareza objetivos a serem traçados e
alcançados e melhor, orienta o caminhar, mostrando que a única alternativa de
felicidade real é o amor que se expressa por meio da gentileza, da atenção, da
honestidade, da solidariedade.
Somos convidados a agir com bondade e determinação nesse
objetivo, usando a confiança em Deus e a resignação como instrumentos que
devemos assimilar em nós mesmos, indispensáveis para a segurança que nos faz
avançar destemidos.
Por isso, a realidade imortalista (somos criaturas imortais)
da vida ainda é a grande causa capaz de modificar os corações humanos. A
ausência dessa noção vital é a responsável pelos tristes quadros ainda
vivenciados pela humanidade, especialmente os morais, que geram os demais.
O fato da assimilação de que não somos o corpo, estamos nele
temporariamente em experiências de aprendizado, modificará o panorama social,
destruindo o materialismo. Esse o grande desafio a ser levado adiante, para o
qual todos somos convidados: viver no planeta, sim, mas com a consciência de
que aqui estamos temporariamente e os apegos todos serão dolorosos quando
chegar a hora de partir...
E já que a vida é imortal e todos nos reencontraremos com a
própria consciência, o grande juiz incorruptível, é melhor cuidarmos de andar
na linha desde já. Não por ameaça ou medo, mas por consciência de seres que já
compreenderam que a vida atual não é um passeio, mas uma valiosa oportunidade
de aprendizado, onde devemos respeitar e agir com decência, vivendo em harmonia
interior e auxiliando-nos mutuamente na superação das dificuldades que todos
temos, não importa a idade, a raça, a nacionalidade, o nome, o cargo, a
profissão, a crença ou qualquer outra diferença que queiramos nominar.
Somos filhos da mesma origem e devemos conquistar o futuro
de felicidade que nos está reservado com os esforços continuados nas
experiências que a vida vai oferecendo.
Orson Peter
Carrara
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