Espíritos elevados, através da mediunidade fidedigna de
médiuns da atualidade, afirmam-nos que um dos grandes obstáculos à nossa
evolução na vida atual é o atavismo, que nada mais é que o conjunto de nossas
próprias tendências trazidas de vidas anteriores. Naturalmente aqui falamos das
predisposições negativas.
Quem convivia com Chico, não raras vezes presenciava
situações, talvez comuns para nossa modesta avaliação, mas que, banhada pelas
explicações advindas da mediunidade segura desse trabalhador do Cristo,
assumiam uma nova visão.
Vejamos o fato registrado no livro “Chico Xavier, Mandato de
Amor”, editado pela União Espírita Mineira no ano de 1992, no qual várias
pessoas que puderam conviver com o médium de Pedro Leopoldo contam fatos
particulares vividos ao seu lado.
Apresentaremos aqui uma dessas narrativas, onde o atavismo
de determinadas pessoas fica bem evidenciado.
Quem narra é Arnaldo Rocha, que se tornou amigo pessoal do
médium após a perda de sua esposa Irma de Castro, que para nós, do movimento
espírita brasileiro, ficou conhecida como Meimei.
Conta Arnaldo:
- A bem da verdade, devo dizer que no início de nossa
amizade estranhava muito a disciplina que Chico impunha à sua vida. Ele
retornava do serviço na Fazenda Modelo à tarde, ocupando-se, incontinenti, em
visitas aos enfermos, no atendimento aos necessitados e, ainda, além das noites
de segundas e sextas-feiras, dedicadas às reuniões no Centro Espírita Luiz
Gonzaga, aplicava-se ao trabalho silencioso de recepção de mensagens e livros
ditados por instrutores espirituais.
Toda vez que eu voltava a Pedro Leopoldo, Chico inquiria-me
com a mesma pergunta: “O que está lendo? Fale-me de seus estudos e suas tarefas
doutrinárias!”
Com isso, aprendia a admirar e amar a “nossa alma querida”,
exemplo de humildade, renúncia e abnegação.
Numa tarde de sábado, reunidos em casa de Luiza, decidimos
inspecionar as obras do pequeno prédio que viria a ser a nova sede do “Luiz
Gonzaga”. Chegando lá, deparamo-nos com situações de desentendimento e
altercação.
Dr. Rômulo Joviano e Lindolfo Ferreira – o responsável pelas
obras – discutiam entusiasticamente em torno de ideias divergentes. Percebendo
a presença de Chico, os dois amigos tranquilizaram os ânimos inflamados, de
maneira que, em poucos minutos, todos conversavam saudavelmente, num clima de
alegria e descontração.
Após a saída de Dr. Rômulo, Chico informou-nos que o terreno
onde estávamos comportara, outrora, a casa em que nascera e que aquele exato
local havia sido o quarto em que sua mãe, D. Maria João de Deus, dera à luz.
Uma revelação emocionante!
Lindolfo, abraçando-nos, disse: - Ora, vejam só! Dr. Rômulo
tem atitudes estranhas! Será que pensa estarmos ainda no cerco de destruição de
Jerusalém? Estamos é construindo um templo de oração!!!
- Não se preocupe com o acontecido – disse-me Chico, algum
tempo depois, a caminho de casa. – Dr. Rômulo e Lindolfo são os antigos
inimigos encontrados no “Há Dois Mil Anos”. O primeiro, nas vestes do senador
romano Pompílio Crasso, amigo do também senador Publio Lentulus – Emmanuel. E o
segundo, o bravo defensor da pátria judia, André de Gioras. Ambos,
inconscientemente, estão recordando acontecimentos já passados. É bom nos
lembrarmos do belo ensinamento emmanuelino: “O ontem muitas vezes fala mais
alto do que podemos admitir no tempo a que chamamos hoje”. É por isso que em
determinados estados da experiência física atual, ao nos envolvermos ou não em
desarmonias mentopsíquicas e emocionais, permitimos que se nos aflorem, das
criptas da inconsciência, cenas, fatos e sensações de existências passadas, que
nos levam a atitudes não condizentes com os padrões estabelecidos e criados
pela personalidade atual.
Ensimesmado, procurava guardar a lição de Chico, apreendendo
o sentido profundo que suas palavras encerravam.
José Antônio Vieira de
Paula
Cambé, Paraná (Brasil)
Imagem do Livro
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