domingo, 25 de outubro de 2015

A graça da salvação é para todos, mas é impossível sem a reencarnação


Os adversários do espiritismo atacam injustamente Kardec, pois as ideias bíblico-teosófico-teológicas deste colunista não são necessariamente dele. Apenas procuro conciliá-las com a doutrina dos espíritos codificada por ele. E aproveito o ensejo para homenageá-lo, uma vez que dia 3-10-2015, foi seu 211º aniversário, pois, nasceu em 3-10-1804.
E declaro que aceitei o espiritismo, exatamente, porque vi nele muitas afinidades com a Teosofia, a Teologia Cristã e a Bíblia interpretada racionalmente, e sem as viseiras dogmáticas confusas e polêmicas, que, entretanto, o espiritismo e eu respeitamos. Como teósofo, estudo Deus numa visão teológica universal, e não apenas com uma teologia.
Tudo que Deus faz é com perfeição e duração infinitas e sempiternas. E Ele é o criador e Senhor do tempo, existindo antes dele e controlando-o. Já para nós, o tempo é instável e não temos nenhum controle sobre ele. E como dizem os orientais, Deus é permanente, e nós somos impermanentes. O tempo de Deus em grego é “Kairos”, e o nosso é “cronos”.
A graça, por ser divina, jamais nos faltará. Aliás, ela é de graça  mesmo! E até onde há mais pecado, há mais graça. (Romanos 5: 20).
E assim, pois, as reencarnações jamais nos faltarão, sendo umas muito curtas e outras mais longas, de acordo com nossas necessidades evolutivas em busca da perfeição semelhante, não igual, à de Deus. Numa força de expressão, Jesus até disse: “Sede perfeitos como é perfeito vosso Pai celestial.” Mas com uma só vida não dá nem para começarmos a nossa perfeição que deverá, no futuro, ser semelhante à de Deus.
A graça divina da salvação é para todos, pois Deus não faz acepção de pessoas. “Então falou Pedro dizendo: Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas.” (Atos 10: 34; Deuteronômio 10: 17; e Provérbios 28: 21).
Para nós espíritos imortais, Deus está sempre nos dando o tempo necessário para a evolução de nossa perfeição. Sempre temos, pois, o tempo sempiterno, que vai sendo aproveitado por nós até que se concretize de fato em nós a graça infinita da salvação.  Aliás, não adiantaria a graça e a misericórdia divinas infinitas e sempiternas, se não nos fosse dado também um tempo ilimitado para sermos agraciados com elas.
E, se fôssemos, pois, limitados no tempo e no espaço por uma só encarnação, ser-nos-ia impossível a passagem pela porta estreita da salvação. Mas, para Deus, isso não é impossível (Mateus 17: 20), exatamente porque somos espíritos imortais, e Deus jamais nos deixará faltar o tempo que for necessário, com novas encarnações, até que consigamos mesmo, realmente, a graça e a misericórdia infinitas divinas e sempiternas para que nos tornemos, um dia, purgados e merecedores, pois, de passarmos pela difícil porta estreita, já que impureza não entra na dimensão celestial. E cabe sim a nós fazermos também a nossa parte, o que leva tempo, para que a cada um vá sendo dado segundo suas obras. (Mateus 16: 27). É como diz este antigo e sábio provérbio: “Faça da sua parte e Deus o ajudará.”
E Deus não quer que nenhum de seus filhos se perca (João 6: 39). Mas se houvesse só uma encarnação, essas tão decantadas misericórdia e graça divinas infinitas e sempiternas seriam uma grande mentira, pois elas deixariam de existir com apenas uma só encarnação!

PS: Recomendo o meu programa na TV Mundo Maior (parabólica e internet) “Presença Espírita na Bíblia”. Você pode fazer suas perguntas pelo e-mail: presenca@tvmundomaior.com.br

José Reis Chaves

Prof. de português e literatura aposentado formado na PUC Minas / Escritor e jornalista colunista do diário O TEMPO, de Belo Horizonte / Palestrante nacional e internacional espírita e de outras correntes espiritualistas / Apresentador do programa “Presença Espírita na Bíblia” da TV Mundo Maior / Participante do programa “O Consolador” da Rádio Boa Nova / Tradutor de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", de Kardec, para a Editora Chico Xavier. E autor dos livros, entre outros, "A Reencarnação na Bíblia e na Ciência" e "A Face Oculta das Religiões", Editora EBM, SP, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.
Podem-se ler também as matérias da coluna de José Reis Chaves em O TEMPO, de Belo Horizonte, no seu facebook e no site desse jornal: www.tempo.com.br / Procurar colunistas. No final das matérias, há um espaço para comentários dos leitores, espaço este que se tornou um verdadeiro fórum de religiões. E qualquer um pode deixar seu comentário lá. Se não quiser que seu nome apareça, use um pseudônimo. E seu e-mail nunca aparece lá.
Obs.: Se meus livros não são encontrados em sua cidade, eles podem ser adquiridos diretamente comigo por meu e-mail ou telefone. Telefone: (31) 3373-6870

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quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Dias melhores para sempre


Recentemente assisti a pedaços de alguns capítulos da nova novela do horário nobre da Rede Globo, nela alguns personagens, membros de uma facção, se destacam pela hipocrisia, vestindo em público máscaras de piedade, enquanto ocultamente perseguem vantagens e proveitos próprios. 
Em uma reportagem da Slate (Revista publicada na Web), o repórter questionava o porquê de na China existir uma quantidade absurda de óbitos em atropelamentos. Geoffrey Sant explicou que naquele país é mais barato para um motorista matar um atropelado do que deixá-lo vivo e arcar com os custos de sua recuperação e manutenção pelo resto da vida. 
O ouvidor da Polícia militar de São Paulo, Fernando Neves, apontou (hoje, 15/09/2015) para a existência de um grupo de extermínio dentro da instituição, enquanto a pesquisa aponta para excesso de prisões desnecessárias no Rio de janeiro (dados de 2013). 
Juntamente com essas notícias o desespero dos refugiados da Síria e outros países em miséria, guerra, perseguições religiosas pode nos levar para um sentimento de revolta; uma indignação improdutiva, conclusões apressadas de que a humanidade está perdida, que somente desastres apocalípticos poderão ser a base para um mundo melhor.

Observando com mais atenção o noticiário, podemos pescar boas notícias em vários setores:

- mobilizações por direitos humanos; 
- pessoas que trabalham em prol do próximo em Ongs, instituições religiosas, em grupos de apoio; 
- organizações que promovem a educação, cultura, artes; 
- o número gigantesco de jovens leitores na última bienal do Rio; 
-  novas leis que regularão a sociedade com mais justiça e isonomia (13.031, 11.106, 12.015, 12.735 etc.); 
- a liderança da Alemanha diante do êxodo massivo de refugiados; 
- a inclusão das minorias étnicas, religiosas e de opção sexual entre os beneficiários da sociedade.

A banda Jota Quest canta uma música chamada “Dias Melhores”, que tem os seguintes versos:

“Vivemos esperando
Dias melhores
Dias de paz, dias a mais,
Dias que não deixaremos para trás.
Vivemos esperando
O dia em que seremos melhores,
Melhores no amor, melhores na dor,
Melhores em tudo.
Vivemos esperando
O dia em que seremos para sempre.
Vivemos esperando
Dias melhores para sempre”.

Já começamos a viver esses dias. Nunca se mobilizaram tantos corações em busca do autoaperfeiçoamento, nunca a Ciência e a Fé andaram tão unidas quanto em nossos dias. Nunca houve tanto amor quanto hoje.

”– Por ser inerente à espécie humana, o egoísmo não constituirá sempre um obstáculo ao reinado do bem absoluto na Terra?

– É exato que no egoísmo tendes o vosso maior mal, porém ele se prende à inferioridade dos Espíritos encarnados na Terra e não à Humanidade mesma. Ora, depurando-se por encarnações sucessivas, os Espíritos se despojam do egoísmo, como de suas outras impurezas. Não existirá na Terra nenhum homem isento de egoísmo e praticante da caridade? Há muito mais homens assim do que supondes. Apenas, não os conheceis, porque a virtude foge à viva claridade do dia. Desde que haja um, por que não haverá dez? Havendo dez, por que não haverá mil e assim por diante?” – O Livro dos Espíritos, questão 915.

Marcelo Damasceno do Vale
Blumenau, SC (Brasil)

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sábado, 17 de outubro de 2015

NASA confirma espíritos: há água em Marte


A Doutrina dos Espíritos (Doutrina Espírita, ou Espiritismo) é uma ciência filosófica de consequências morais. 
Chama-se Doutrina dos Espíritos porque foi ditada por eles, através de milhares de médiuns, em todo o mundo. 
A Allan Kardec coube o imenso trabalho de coligir essa informação, comparar, experimentar, testar e compilar todo esse acervo de informação, assente em 5 pontos essenciais: a existência de Deus, a imortalidade do Espírito, a comunicabilidade dos Espíritos, a reencarnação e a pluralidade dos mundos habitados. 
Allan Kardec referiu que a ciência espírita marcha ao lado da ciência "oficial", mas não se detém onde esta para, indo mais além, estudando as leis que regem o intercâmbio entre o mundo espiritual e o mundo terreno. Kardec referiu ainda que, se um dia a ciência "oficial" confirmar que um único postulado espírita está errado, então devemos abandonar esse postulado e seguir a nova descoberta. 
Allan Kardec defendia que um ensinamento espiritual precisa de ter o carácter de universalidade para ser considerado credível, isto é, se o mesmo ensinamento aparece em vários locais da Terra, por intermédio de diversos médiuns diferentes, na mesma altura, então esse ensinamento dos Espíritos tem mais credibilidade, do que se fosse dado apenas por um Espírito, a um médium, num único local. 
O objetivo da Doutrina dos Espíritos é, pois, a renovação moral e intelectual da Humanidade. Instruindo-se e amando, o ser humano espiritualiza-se, e aproxima-se mais rapidamente de Deus, do seu desiderato: evoluir. 
Pese embora este objetivo universal do Espiritismo, pode acontecer que, por vezes, os Espíritos transmitam, através dos médiuns, certas informações que são desconhecidas na Terra, e que são posteriormente confirmadas ou não. 
No dia 28 de Setembro de 2015, a NASA confirmou a existência de água no planeta Marte. Já nos anos 70, tinham sido encontrados alguns vestígios; nos anos 80 uma sonda enviou imagens que pareciam confirmar essa tese, e em 2011 novas fotografias vinham atestar a possível veracidade dessa suspeita. Mas, agora, em 28 de Setembro de 2015, a NASA informa que tem a certeza de que há água no planeta Marte, em locais subterrâneos.

NASA confirma 80 anos depois das mensagens recebidas por Chico Xavier: há água em Marte

Em 1930, o médium Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier) recebeu várias mensagens que foram compiladas num livro intitulado "Cartas de uma morta", da autoria do Espírito Maria João de Deus (sua mãe falecida), 12ª edição, São Paulo, Brasil, editora LAKE, Agosto de 1995. 
Nesse livro, nas páginas 78 e 79, item "Paisagem de Marte", o Espírito afirma entre outras informações: "Vi oceanos, apesar da água se me afigurar menos densa e esses mares muito pouco profundos. Há ali um sistema de canalizações, mas não por obras de engenharia dos seus habitantes, e sim por uma determinação natural da topografia do planeta que põe em comunicação contínua todos os mares". 
Em 25 de Julho de 1939, o mesmo médium, Francisco Cândido Xavier, recebeu outra mensagem, desta vez da autoria do Espírito Humberto de Campos, compilada no livro "Novas Mensagens", 6ª edição, Rio de Janeiro, Brasil, editora FEB, 1978, onde, no capítulo intitulado "Marte", página 63, o referido Espírito informa, no meio de muitas outros aspectos: "... largo sistema de canais, que ali coloca os grandes oceanos polares em contínua comunicação, uns com os outros". 
No Jornal "Expresso", Portugal, on-line(http://expresso.sapo.pt/internacional/2015-09-28-NASA-vai-enviar-tres-naves-e-quer-levar-humanos-para-Marte), 28 de Setembro de 2015, 19h34, os cientistas da NASA se referem a outros aspectos que coincidem com as duas mensagens (da década de 30) recebidas por Chico Xavier, quer sobre a atmosfera de Marte, quer sobre a proveniência da água encontrada. 
Francisco Cândido Xavier, Espírito nobre, que na Terra foi um missionário de Deus, considerado a maior antena psíquica do século XX, merece-nos todo o respeito e credibilidade (embora todos os médiuns estejam sujeitos a enganos, conforme expresso n’ "O Livro dos Médiuns", de Allan Kardec). 
Deixamos aqui esta interessante informação, esperando, como dizia Kardec, que num futuro próximo a ciência "oficial" venha confirmar, ou não, outras informações recebidas por este e outros grandes médiuns da Humanidade. 
Para já, a NASA confirmou aquilo que os Espíritos transmitiram há 80 anos: em Marte existe água, bem como canais subterrâneos por onde ela circula.

José Lucas
Óbidos, Portugal


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quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Missão


A importante questão 573 de O Livro dos Espíritos, que indaga qual a missão dos espíritos encarnados, apresenta como resposta, em síntese didática que a missão é:

 a) Instruir os homens; b) ajudar seu progresso; c) melhorar suas instituições. A resposta, que se amplia em outras valiosas considerações, em sua primeira frase – como acima apresentada – abre notável margem de reflexões, onde podem ser acrescentados exemplos variados do cotidiano humano, considerando as profissões e outras áreas não necessariamente remuneradas, em que toda pessoa pode atuar. Assim como as demais questões da citada obra básica, os textos e seus ensinos favorecem ampliação do raciocínio.

O Espírito André Luiz, por meio da mediunidade de Antônio Baduy Filho – médico nascido em Ituiutaba (MG) –, apresenta no livro Vivendo a Doutrina Espírita, em 4 volumes, comentários para as questões de O Livro dos Espíritos. É obra muito didática, facilitadora ao estudo, entendimento e ampliação do conteúdo das questões que compõe a citada obra básica. A edição é do IDE. Nela fomos buscar o comentário do conhecido autor espiritual para a questão 573, que citamos no início da presente abordagem. Comenta o espírito no capítulo 305, justamente com o título Missão, às páginas 36 e 37 do volume 3:

“Qualquer que seja sua posição na experiência física, faça o melhor.

Governante? Promova o bem comum.
Cidadão? Respeite as leis.
Professor? Ensine o que sabe.
Aluno? Aproveite o tempo.
Artista? Dignifique a arte.
Negociante? Tenha consciência.
Magistrado? Julgue com justiça.
Lavrador? Proteja o ambiente.
Atleta? Seja solidário.
Músico? Honre o talento.
Médico? Atenda com bondade.
Autoridade? Aja com bom senso.

Vivendo sempre o bem e sendo útil ao próximo, tenha a certeza de que você cumpre a missão mais importante.”

Parece-nos extremamente importante pensar nisso nesses tumultuados dias da realidade humana, frente aos desafios diários e a necessidade da melhora pessoal.

Orson Peter Carrara
orsonpeter92@gmail.com
http://orsonpetercarrara.blogspot.com.br/p/contato.html

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Um minuto com Chico Xavier


O livro “Chico Xavier, Mediunidade e Paz”, editado pela Didier, de Votuporanga, apresenta-nos emocionante história contada pelo próprio Chico, sobre importante momento de sua vida em meados do século passado, já na cidade de Uberaba.
Narra o médium mineiro:
- Estava atravessando um dos períodos mais difíceis da minha vida. Um companheiro muito querido havia nos deixado e, na soleira da porta de nossa casa, eu meditava a sós... Naquele momento, se eu precisasse voltar à terra natal, não possuía cinco cruzeiros no bolso para o ônibus... As lágrimas me escorriam pelas faces, quando em meio a uma luz muito intensa surgiu-me aos olhos a figura de um Mensageiro Espiritual, de elevada hierarquia, muito superior à condição de Emmanuel. Dizendo-me vir da parte do Senhor, ele começou a conversar comigo, interrogando:
- O Senhor solicita lhe seja perguntado se quando Ele levou a sua mãe deste mundo, deixando-o órfão aos cinco anos de idade, você teve mágoa dele?...
Surpreso com a sublime visita, respondi que não e o Mensageiro prosseguiu como se conhecesse, detalhadamente, cada trecho do caminho que eu havia percorrido até aquele exato momento:
- Quando o impediu de estudar, através daqueles que lhe dificultaram acesso aos bancos escolares, negando-lhe as oportunidades que sonhava, você teve mágoa do Senhor?
Com o coração aos saltos, afirmei que não, porque o Senhor sabe o que é melhor para mim...
- Quando Ele permitiu que você ficasse órfão pela segunda vez, subtraindo de sua presença aquela que foi a sua segunda mãe, deixando-o com doze crianças para sustentar com um reduzido salário, você teve mágoa do Senhor?
Não, apressei-me a dizer, eu não poderia guardar mágoa alguma do Senhor...
E o Missionário Celeste, sem qualquer pausa na voz, continuou discorrendo sobre os pontos mais delicados da minha existência atual, sempre repetindo a mesma questão.
- Quando perdeu a companhia de seu irmão José Xavier, que lhe era o apoio e o incentivo na Doutrina, ante o serviço a realizar, você teve mágoa do Senhor?
Não, chorei muito, e ainda choro, mas não senti mágoa do Senhor...
- Quando, entre as flores que desabrocham no jardim promissor da mediunidade, surgiram os primeiros espinhos a lhe dilacerarem a alma, em forma de ingratidão e calúnia, você teve mágoa do Senhor?
Não, repeli convicto, jamais tive mágoa do Senhor, a quem devo tudo o que tenho e tudo o que sou...
- Quando Ele afastou o casamento de seus planos de felicidade e realização pessoal, você teve mágoa do Senhor?
Não, eu não posso me queixar de nada, pois tenho recebido bem mais do que mereço...
- E agora, quando, depois de tantos anos, dedicando-se integralmente ao Evangelho, vê-se abandonado por aquele em que repousavam as suas esperanças no entardecer da vida física, você sente mágoa do Senhor?
Não, respondi em lágrimas, seja feita a vontade do Senhor...
Estabeleceu-se, então, entre nós, um silêncio que não ousei quebrar...
Depois de rápidos segundos, como se estivesse comunicando-se, telepaticamente, com os planos da Luz, o Mensageiro concluiu:
- O Senhor manda dizer-lhe que, doravante, nada há de faltar... Não tenha receios, porque Ele providenciará tudo o que você necessitar para prosseguir servindo-o entre os homens, na Terra...

José Antônio Vieira de Paula
Cambé, Paraná (Brasil)

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

A doutrina evangélica das obras e a paulina de sacrifícios e da graça


É bem conhecida a doutrina da salvação pelo sacrifício da morte de Jesus na cruz e pela graça, as duas muito defendidas por são Paulo. Mas existe outra doutrina da salvação por obras ensinada por Jesus e são Tiago.
O Judaísmo acreditava muito em que os sacrifícios fossem agradáveis a Deus e que anulassem os pecados. E Paulo levou essa crença para os autores do Novo Testamento e, “ipso facto”, para o cristianismo. Mas o verdadeiro Deus jamais poderia deleitar-se com sacrifícios de animais e menos ainda de pessoas. De fato, só podem agradar de sacrifícios espíritos atrasados e sádicos. “Misericórdia quero, e não sacrifícios.” (Mateus 9: 13). E o profeta vidente precognitivo Oseias até profetizou essa condenação feita por Jesus: “Pois eu quero misericórdia e não o sacrifício.” (Oseias 6: 6). Paulo viu no sacrifício de Jesus na cruz o sacrifício perfeito que dispensaria todos os demais. Para ele, a morte de Jesus substitui com perfeição e de modo eficaz, todos os sacrifícios, que, então, já não são mais necessários. E pode-se dizer que Paulo foi como que pego a laço pelo Espírito de Jesus já desencarnado, lá na estrada de Damasco, para ser um grande divulgador do evangelho. E Paulo concluiu ter recebido de graça essa missão de Jesus, porque ele era até um perseguidor  do cristianismo e que, inclusive, chefiou o apedrejamento de santo Estevão, o primeiro mártir cristão. E como, então, foi ser escolhido para tão grande missão? E ele concluiu que isso foi de graça. Também santo Agostinho, antes de sua conversão do maniqueísmo para o cristianismo, teve uma vida semelhante à de Paulo. E achou que esse encontro com a verdade cristã foi também uma graça que Deus lhe deu. E, assim, abraçou também as doutrinas paulinas da alossalvação (salvação vinda de fora), ou seja, do sacrifício de morte de Jesus na cruz e a da absurda salvação de graça.
E veio o frade agostiniano Lutero que, não querendo depender mais do papa, mas exclusivamente da Bíblia, criou a sua famosa tese “Sola Sriptura” (seguir somente as Escrituras e com livre interpretação), criando essas duas doutrinas para os protestantes. Mas os evangélicos passaram a defendê-las com um doentio fanatismo. E eles interpretam todos os textos bíblicos sob a ótica dessas duas doutrinas.
Mas qual ensino vale mais o de Jesus contrário a essas doutrinas ou as de Paulo, Agostinho e Lutero? Fiquemos com o ensino de Jesus que disse: “Eu não vim chamar justos, e, sim pecadores [ao arrependimento].” Como se entende por esse texto, o pecador se salva por ele mesmo, e não pela morte de Jesus e nem de graça, mas por uma atitude assumida por ele próprio, isto é, a atitude de seu arrependimento, que, inclusive, deve ser muito sincero. Mas é comum muitos evangélicos fanáticos apreciadores da morte de Jesus na cruz e da salvação de graça  ou da preguiça, entenderem que nós não podemos nem precisamos fazer nada para a nossa salvação. Vão gostar de moleza assim na China!
Porém, é o próprio são Paulo que, em outro momento, nos ensina que a salvação depende sim de nós também: “...justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo seu procedimento.” (Romanos 2: 5 e 6). Assim, pois, não rasguemos o evangelho, pois a vivência dele é que, realmente, nos salva!

José Reis Chaves
www.facebook.com/jreischaves

Prof. de português e literatura aposentado formado na PUC Minas / Escritor e jornalista colunista do diário O TEMPO, de Belo Horizonte / Palestrante nacional e internacional espírita e de outras correntes espiritualistas / Apresentador do programa “Presença Espírita na Bíblia” da TV Mundo Maior / Participante do programa “O Consolador” da Rádio Boa Nova / Tradutor de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", de Kardec, para a Editora Chico Xavier. E autor dos livros, entre outros, "A Reencarnação na Bíblia e na Ciência" e "A Face Oculta das Religiões", Editora EBM, SP, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.
Podem-se ler também as matérias da coluna de José Reis Chaves em O TEMPO, de Belo Horizonte, no seu facebook e no site desse jornal: www.tempo.com.br / Procurar colunistas. No final das matérias, há um espaço para comentários dos leitores, espaço este que se tornou um verdadeiro fórum de religiões. E qualquer um pode deixar seu comentário lá. Se não quiser que seu nome apareça, use um pseudônimo. E seu e-mail nunca aparece lá.
Obs.: Se meus livros não são encontrados em sua cidade, eles podem ser adquiridos diretamente comigo por meu e-mail ou telefone. Telefone: (31) 3373-6870

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quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Liberdade


Em filosofia, liberdade pode ser compreendida tanto negativa quanto positivamente. Sob a perspectiva negativa, denota a ausência de submissão e de servidão, já na segunda, é a autonomia e a espontaneidade de um sujeito racional. Segundo o dicionário Michaelis, “liberdade é um estado de pessoa livre e isenta de restrição externa ou coação física ou moral. 
Poder de exercer livremente sua vontade ou condição do ser que não vive em cativeiro”. A busca da liberdade sempre foi uma constante na história da raça humana. Ela compõe o conjunto dos elementos que habitualmente se imagina sejam necessários ao bem-estar das criaturas. Parece de pouca serventia possuir alguns bens, da espécie que sejam, sem a liberdade de desfrutá-los. Para ser livre, muitas vezes o homem trilhou caminhos tortuosos. 
Para Carlos Bernardo González Pecotche (1901-1963), a liberdade é prerrogativa natural do ser humano, já que nasce livre, embora não se dê conta até o momento em que sua consciência o faz experimentar a necessidade de exercê-la como único meio de realizar suas funções primordiais da vida, e o objetivo que cada um deva atingir como ser racional e espiritual. Como princípio, assinala ao homem e lhe substancia sua posição dentro do mundo, enfim, é preciso vinculá-la muito estreitamente ao dever e à responsabilidade individual, pois estes dois termos, de um importante conteúdo moral, constituem a alavanca que move os atos humanos, preservando-se do excesso, sempre prejudicial à independência e à liberdade de quem nele incorre. 
A liberdade pode ser dita de diversas formas: liberdade do fazer; do querer; autonomia; direito ou participação política. De várias formas também ela se emprega: como arma política ou elemento doutrinal; como simples palavra ou como conceito; como ideia reguladora ou apelo à experiência. Jesus afirmou que o conhecimento da verdade nos libertaria. De fato, uma compreensão mais aprofundada das leis da vida, ao despir o homem de suas ilusões, livra-o da mesquinhez, do egoísmo e do orgulho. 
Em O avesso da liberdade, de Adauto Novaes, há um grupo de artigos dedicados ao que poderia se chamar de “transcendental: a liberdade é pensável?”, nos fazendo refletir em quais impasses, as dificuldades conceituais, os paradoxos que é preciso vencer ou enfrentar para que faça sentido o emprego dessa noção? Tudo depende do quadro conceitual em que nos movemos, por exemplo, pensar a liberdade nos quadros de uma doutrina materialista. Como pensar, sem fazer recurso de outra realidade senão a da matéria, sem recorrer ao espírito ou a qualquer outra forma de dualismo, a ação, a voluntariedade e a liberdade que lhe são próprias, se a matéria é o elemento de uma ordem natural, cujas determinações ela sofre desde o exterior? 
Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, ao buscar respostas sobre a liberdade absoluta, encontra as sábias palavras afirmando que o homem não gozará de absoluta liberdade porque todos precisam uns dos outros. No convívio familiar ou social, é impossível ser totalmente livre. Os seus direitos terminam onde começam os direitos do seu próximo, pois a completa libertação possível é a das paixões, dos instintos inferiores, que tanto infelicitam a humanidade. Ao traçar as metas da vida, devemos buscar antes libertar-nos da dor e do desequilíbrio. Para tal, um padrão de conduta reto e equilibrado, marcado pelo bom senso, sempre será o melhor roteiro. No pensamento goza o homem de ilimitada liberdade, pois que não há como pôr-lhe peias. A consciência é um pensamento íntimo que pertence ao homem, como todos os outros pensamentos, pois podem reprimir-se os atos, mas a crença íntima é inacessível, exceto para Deus. 
O homem tem o livre-arbítrio de seus atos, ou seja, assim como tem a liberdade para pensar, tem igualmente a de obrar. Há, portanto, liberdade de agir, desde que haja vontade de fazê-lo. Temos o poder para imprimir na nossa existência o padrão de felicidade ou de aflição com o qual desejamos conviver. A liberdade é Lei da vida, que faz parte do concerto da harmonia universal. Somos o que de nós próprios fazemos, movimentando-nos no rumo que elegemos. A busca da felicidade é uma meta comum entre todos os seres humanos. Todos almejamos, de alguma forma, alcançá-la. Cada ser a idealiza de modo diferente dos demais. Para alguns a felicidade é ter uma família, para outros é estar sadio e sentir-se bem, ou ainda, é confundida, por alguns, com conforto material. Na realidade, sabemos que a felicidade verdadeira não é deste mundo, como nos ensinou Jesus. 
O homem só pode agir sobre o mundo que o rodeia e sobre sua própria natureza, aplicando os poderes que em si possui, por meio dos órgãos das suas diversas faculdades. O material de que hão de ser feitas estas faculdades tem que ser perfeito: sentimentos bons e generosos, uma mente dotada e educada, uma natureza espiritual pura e profunda. Devemos abrir os caminhos limpos e puros através do labirinto da vida, sem jamais consentir em desvios do propósito traçado. 
Avaliemos se nossos atos, nossas escolhas de agora, serão motivos de sofrimento ou de ventura mais adiante. Somos livres para semear o que bem nos aprouver, conscientes, no entanto, de que estaremos obrigatória e inafastavelmente vinculados à colheita de seus frutos. Saibamos ser livres dos vícios que corroem a raça humana, e utilizemos da Sabedoria para orientar-nos no caminho da vida; da Força para nos animar a sustentar em todas as dificuldades e a Beleza para adornar todas as nossas ações, nosso caráter e nosso Espírito.

Marcelo Bataglia
Balneário Camboriú, SC (Brasil)

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domingo, 27 de setembro de 2015

O que você procura indo ao centro espírita?


Ao observar o vai e vem de pessoas pelas dependências dos centros espíritas aos quais visitava, colocava minha mente para trabalhar e imaginava: Qual seria, realmente, o anseio desta pessoa ao procurar o centro espírita?
Será tão somente a busca pela cura do mal ou o problema que a aflige? Será que o objetivo é por encontrar uma razão para viver? Será a curiosidade por notícias dos afetos que já partiram deste mundo?
Perguntas e mais perguntas borbulhavam em minha mente. Para responder as minhas indagações só havia um caminho: questionar os frequentadores de diversos centros espíritas e em diversas regiões o que buscavam ao chegar ao centro espírita.
Então, pedi a um grupo de indivíduos, cerca de 150, que escrevessem num papel o que buscavam ao chegar ao centro espírita. Em realidade o questionamento foi:
Ao adentrar um recinto religioso, o que você procura?
A maioria das pessoas cravou em ACOLHIMENTO.
Contrariando meu pensamento, nada daquilo que se passava em minha mente refletia a realidade. O que mais queriam não era contato com o Além, nem a cura para os males, mas, sim, sentirem-se acolhidas, queridas, amadas.
O ser humano tem sede de ser acolhido, bem tratado. Quando chegamos num local em que a ninguém conhecemos, queremos apenas alguém que nos acolha.
Quando vamos à escola pela primeira vez, queremos alguém que nos receba. Quando a idade avança, nossa vontade é de ser acolhido nas limitações ou dificuldades. Seja na criança, jovem ou idoso, o sentimento de ser acolhido é sempre um carinho na alma.
Pode parecer pouca coisa, todavia, uma simples pergunta, como “Posso servi-lo?”, exerce no outro a ideia de importância, de pertencimento, participação. Mostra que estamos de alguma forma acolhendo, recebendo, preocupando-nos com suas necessidades.

Outro dia um amigo comentou:

“Gosto demais da maneira como a maioria dos evangélicos recebem as pessoas que chegam à igreja. Eles, definitivamente, são excelência quando o tema é ACOLHIMENTO”.
Eis, portanto, um bom questionamento para nós, espíritas, realizarmos dentro de nosso coração e, claro, em nossas Casas:Estamos acolhendo as pessoas? Estamos recebendo-as com carinho e cordialidade?
Estamos fazendo a parte que nos compete que é acolher aqueles que chegam ao centro espírita?
Pensemos nisso.´

Wellington Balbo
Salvador, BA (Brasil)

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terça-feira, 15 de setembro de 2015

Quando a Bíblia se refere à palavra 'Espírito', é de um desencarnado


Os anti-espíritas baseiam-se na proibição de Moisés (não de Deus) de contato com os espíritos (Deuteronômio 18), porque os judeus faziam comércio e chantagem com a mediunidade, além de haver entre eles muita ignorância sobre ela.
Por que esses anti-espíritas não mandam matar a pedradas seus filhos adolescentes rebeldes contumazes, pois é também das leis mosaicas? (Deuteronômio 21: 21). Por que não fazem a circuncisão? Por que consomem carne suína? E por que eles querem obedecer rigorosamente apenas à proibição mosaica da comunicação com os espíritos? Ademais, essa própria proibição prova que existe mesmo essa comunicação? Sim, pois Moisés não era doido para proibir uma coisa inexistente! E na Transfiguração no monte Tabor, Jesus presidiu a uma verdadeira sessão espírita, pois Ele comunicou-se com os espíritos de Moisés e Elias. E dessa sessão espírita participaram também os médiuns ostensivos Pedro, Tiago e João, que sempre eram convidados por Jesus para participarem com Ele dos seus feitos mediúnicos.
Vejamos um exemplo, que já apareceu em outras matérias minhas, mas que o repito para os leitores novos, para que se previnam contra as interpretações erradas de textos bíblicos por parte de seus líderes religiosos, com a intenção de esconderem os fatos espíritas bíblicos: “Amados, não deis crédito a qualquer espírito: antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora.” (1 João 4: 1 e 2).  As profecias são feitas por espíritos. Daí Paulo ter-nos ensinado que os "espíritos" dos profetas são subordinados aos profetas (1 Coríntios 14: 32), que, hoje, são chamados de médiuns. É claríssimo que João se refere a espíritos. Se ele falasse de pessoas (profetas), ele diria: Examinai os profetas, para saberdes se suas profecias são verdadeiras ou falsas. Mas não, ele se refere a espíritos desencarnados manifestantes, que, às vezes, são denominados de fantasmas. Onde está nesse texto que espíritos nele significam pessoas (profetas)? Se ele cair no vestibular para interpretação, e o vestibulando interpretar a palavra espíritos como sendo as pessoas (profetas), sem dúvida que ele vai ser desclassificado no vestibular. E observe-se que Heldade e Medade recebiam espíritos e profetizavam. (Números 11: 24 a 30).
E a prova de que o texto de 1 João 4: 1 fala mesmo de espíritos e não de pessoas levou a Assembleia de Deus a adulterá-lo totalmente, não mencionando sequer a palavra espíritos: “Mui queridos amigos, não creiam em tudo que vocês ouvem, só porque alguém diz que é uma mensagem de Deus: examinem primeiro, para ver se realmente é. Porque há muitos falsos mestres por aí.” (“A Grande Descoberta” -  Novo Testamento). E estão fazendo outras falsificações deste texto bíblico espírita.
Realmente, não só um autor bíblico, mas qualquer outro, quando usa a palavra espírito, está referindo-se a um espírito desencarnado. Para que se entenda que se trate de pessoa, é necessário que isso esteja claro. Um exemplo: Joaquim é um espírito aventureiro. Aqui se entende, claramente, que se trata da pessoa chamada Joaquim, pois está expressa essa ideia na frase, o que não ocorre com a passagem joanina citada, que se refere mesmo, claramente, a espíritos!
E não foi Kardec, “o bom senso encarnado”, mas foram essa e outras passagens bíblicas que me levaram ao espiritismo!

José Reis Chaves
www.facebook.com/jreischaves

Prof. de português e literatura aposentado formado na PUC Minas / Escritor e jornalista colunista do diário O TEMPO, de Belo Horizonte / Palestrante nacional e internacional espírita e de outras correntes espiritualistas / Apresentador do programa “Presença Espírita na Bíblia” da TV Mundo Maior / Participante do programa “O Consolador” da Rádio Boa Nova / Tradutor de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", de Kardec, para a Editora Chico Xavier. E autor dos livros, entre outros, "A Reencarnação na Bíblia e na Ciência" e "A Face Oculta das Religiões", Editora EBM, SP, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.
Podem-se ler também as matérias da coluna de José Reis Chaves em O TEMPO, de Belo Horizonte, no seu facebook e no site desse jornal: www.tempo.com.br / Procurar colunistas. No final das matérias, há um espaço para comentários dos leitores, espaço este que se tornou um verdadeiro fórum de religiões. E qualquer um pode deixar seu comentário lá. Se não quiser que seu nome apareça, use um pseudônimo. E seu e-mail nunca aparece lá.
Obs.: Se meus livros não são encontrados em sua cidade, eles podem ser adquiridos diretamente comigo por meu e-mail ou telefone. Telefone: (31) 3373-6870

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sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Como mudar os pensamentos?


Psiquiatra espírita indica caminho possível.

Dr. Vlamir Pereira é médico psiquiatra em Cascável (PR) e concedeu-nos entrevista sobre mudança de pensamentos para uma melhor qualidade de vida. O texto integral ainda será publicado, mas destacamos ao leitor alguns trechos de suas respostas. Presidente do Grupo Espírita A Caminho da Luz, Vlamir é natural de Andradina (SP); médico anestesiologista desde 1985, possui Pós Graduação em MBA em gestão de saúde, pelo Centro Universitário FAE e Psiquiatria pela Universidade Positivo, ambas instituições de Curitiba (PR).
“(...)

2 - Como mudar os pensamentos?
Um atleta,que conquistou medalha de ouro, treinou muito.Para que possamos avançar na escala evolutiva, o mesmo se aplica. Em outras palavras, observar-nos. Auto conhecimento, que nos leva a vibrarmos com as belezas da vida. A auto descoberta encanta! Educa. Traz paz e luz.

3 - Na prática como funciona?
Escolha novo norte. Seja realista com você. Ouça-te. Diagnostique mágoas, ciúmes, orgulho e todas as heranças primitivas ( com características animalescas) que carregamos. Não minta para você mesmo.Não rumine o passado!
Escolha uma característica por vez a trabalhar. Escolheu? Agora negocie com sua mente. Aos poucos vá substituindo-a por algo bom, útil e verdadeiro. A imagem de um ente querido por exemplo. repita o nome dele(a) várias vezes, ocupando assim aquele espaço tóxico na mente.

4 - Gostaria de citar algo marcante?
Me uso como “cobaia”,isto é, observo-me a cada minuto. Quando passei a dirigir o que penso, procurando esquecer as interpéries, aborrecimentos, mágoas, etc, a vida mudou. Assim, se eu mudei, todos o podem igualmente. Interessante lembrar que isso é um continuo trabalho. Assim ao atingirmos uma meta, um objetivo, imediatamente surge outro a trabalhar. A vida fica adorável! Doce. Muito agradável. Envolvida em paz plena. Aprendemos a nos amar. 
(...)

7 - Por que, como seres humanos, nos tornamos tão vulneráveis às sugestões infelizes e às influências que nos cercam, inclusive espirituais?
Diria que principalmente espirituais. É uma lei natural. Vide a questão 459 do Livro dos Espíritos. Quão vulnerável sou, eu quem determino. É pura escolha, opção, livre arbítrio. Não podemos nos acomodar na vulnerabilidade. Sugestões iluminadas, do mais puro e profundo amor também existem e são intensas. Só precisamos mudar nossas “antenas”e absorve-las.

8 - Qual o grande segredo desse equilíbrio que tanto buscamos?
Exercícios. Treinos. Vigilância.Mudança de rotas. Escolhermos melhor, tal como um produto que compramos. Buscarmos qualidade. Planejamento estratégico de nossas vidas, semelhante a uma empresa. Como queremos chegar no fim do ano? Onde devemos aprimorar? Principalmente,repetindo, não mintamos para nós mesmos! (...)” 

Realmente é o grande desafio da existência, para saltarmos das imperfeições gritantes que ainda trazemos para um estágio de mais equilíbrio e serenidade.

Orson Peter Carrara


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segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Aborto é sinônimo de assassinato de um filho pela própria mãe


O aborto é um assunto polêmico, quando não deveria ser, pois é indiscutivelmente um verdadeiro assassinato.
Toda vida que é eliminada por uma ação violenta, seja ela de um vegetal, de um animal ou de um ser humano, dizemos que o ser vivo foi morto por alguém, por um animal ou por um acidente. E quando se trata da de uma pessoa, dizemos que ela foi assassinada. Por isso, me atrevo a dizer que, se alguém mata um embrião, um feto humano, ele comete um assassinato! 
Toda vida, pelas leis naturais, começa no instante da concepção. Assim, biologicamente, nós começamos a existir no preciso momento de nossa concepção ou fecundação. Assim como a criança tem uma fase bem caracterizada de sua existência, ocorrendo o mesmo com o adulto e com o da terceira idade, todos tiveram também as suas fases de embriões e de fetos, que são tão importantes que, sem essas fases, nós não existiríamos. É como no caso de uma jornada. O primeiro passo dela já é uma jornada. Também um grão de milho debaixo da terra quando brota, buscando a luz solar, ele não é mais um grão de milho, mas um pé de milho. Assim, igualmente, quando um espermatozoide se une a um óvulo, formando o embrião, esse embrião já é uma pessoa, tal qual o primeiro passo de uma jornada já é uma jornada, e o grão de milho brotado já é um pé de milho.
A diferença entre uma criança já nascida e a ainda embrião ou feto é que esta está numa fase ainda muito nova, enquanto que aquela já é uma criança numa segunda fase mais adiantada. Assim, pois, os dois seres, o uterino e o extrauterino, são crianças em fases ou momentos diferentes de suas vidas. Uma criança de apenas um ano está num momento diferente daquela que já está com dois anos. Assim também, pela lógica e o bom senso, tanto aquele que elimina a vida de uma criança extrauterina, ou já nascida, e aquele que elimina a vida de uma ainda na sua fase uterina cometem um assassinato.
Um líder religioso evangélico, fazendo uma interpretação forçada dum texto isolado do evangelho, quer dar a entender que Jesus aceita o aborto em alguns casos, quando se referiu Ele a Judas Iscariotes: “Melhor lhe fora não haver nascido” (Mateus 26:24). Uma foto minha aparece destacada em primeiro lugar na janela de “curtir” do site desse líder religioso, que respeito, mas do qual discordo sobre a sua interpretação do citado texto evangélico (http://bispomacedo.com.br/2010/09/03/jesus-fala-sobre-o-aborto).
Muitas mulheres de Espíritos mais evoluídos nem querem ouvir falar dessa palavra aborto. É que elas, como nós dissemos, consideram-na também como sendo sinônima de assassinato.
E essa questão de assassinato de fetos é muito séria para a mãe que faz aborto. Ela terá graves problemas psicológicos, traumáticos e de sentimentos de culpa pelo resto de sua vida, daí que ela até precisa de uma assistência psiquiátrica e psicológica.
Realmente dói muito a consciência de quem viola uma das leis naturais ou divinas, como o é a do aborto!
E não é para menos, pois é como se a mãe que faz aborto fosse uma juíza que proferisse uma sentença de morte para um ser humano totalmente inocente, indefeso, e que, além disso, é seu próprio filho, e que ela, até por instinto, deveria proteger!

José Reis Chaves
Belo Horizonte, MG (Brasil)


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quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Porque não nos lembramos de encarnações passadas?


Árvores e frutos


“Ou fazei a árvore boa e seu fruto bom; ou fazei a árvore
má e seu fruto mau; pois pelo fruto é que a
árvore se conhece.” (Mateus, 12:33)


A árvore simboliza o homem.
Se bom, realiza ações nobres e edificantes, produz bons frutos.
Se mau, pratica atos indignos e prejudiciais, gera maus frutos.
A religião é o pomar cujas árvores e seus frutos indicarão sua natureza.
São, pois, os seus seguidores que farão uma religião voltada para o bem ou desviada para o mal.
Uma doutrina bem conduzida, regida pelos princípios cristãos, enseja ao homem desvencilhar-se do vício e do pecado, liberta seus adeptos da submissão a dogmas absurdos e escravizantes, desobriga seus fiéis da adoção de rituais e ídolos herdados de antigas seitas pagãs.
Assim é a Doutrina dos Espíritos.
Veio restabelecer a simplicidade e a pureza do cristianismo primitivo.
Seus bons frutos atestam a boa qualidade das árvores e a excelência do pomar cultivado pelos seguidores de Jesus, adubado com o amor fraterno inspirado pelo Evangelho, regado com  o suor dos tarefeiros do Cristo.

Felinto Elízio Duarte Campelo
Maceió, Alagoas (Brasil) 

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domingo, 30 de agosto de 2015

Além da morte


Os Espíritos não vacilam quando se referem às mudanças de um plano a outro, através da morte. Contudo, há os que ainda acreditam na transformação, nesse instante especial dos que passam para o outro lado, em figura angelical; em anjo, na verdade. 
Essa é a mudança esperada, a mudança que gostariam que acontecesse e que fica no coração daqueles que sentem a partida do ente querido, considerando-o, sempre, como figura benfazeja, bondosa, de sentimento generoso, merecedor do maior respeito. E é verdade! Se foram bons, continuarão bons e a desenvolver o que está latente na alma. Lá, serão recepcionados igualmente pelos bons; se perversos, é natural que os que se identifiquem com eles façam a recepção. A mudança de ambiente não promoverá as alterações imaginadas, da mesma maneira que a transferência de uma cidade ou de um país para outro não trará mudanças na personalidade do indivíduo. Haverá variação, sim, e muita, no aspecto ambiental. Mas, quanto ao comportamento, este sofrerá as alterações de acordo com o interesse demonstrado, da mesma maneira como aqui na Terra. Sem a presença da boa vontade, não mudaremos nada.

Através da psicografia de Chico Xavier, seu mentor Emmanuel ilustra o que representa a passagem deste lado para o outro:

“O reino da vida, além da morte, não é domicílio do milagre.

Passa o corpo, em trânsito para a natureza inferior que lhe atrai os componentes, entretanto, a alma continua na posição evolutiva em que se encontra.

Cada inteligência apenas consegue alcançar a periferia do círculo de valores e imagens dos quais se faz o centro gerador.

Ninguém pode viver em situação que ainda não concebe.

Dentro da nossa capacidade de reconhecimento, erguem-se os nossos limites.

Em suma, cada ser apenas atinge a vida, até onde possa chegar a onda do pensamento que lhe é próprio.

A mente primitivista de um primata, de um gorila, por exemplo, transposto o limiar da morte, continua presa aos interesses da furna que lhe consolidou os hábitos instintivos.

O índio desencarnado dificilmente ultrapassa o âmbito da floresta que lhe acariciou a existência.

Assim também, na vastíssima fauna social das nações, cada criatura dita civilizada, além do sepulcro, circunscreve-se ao círculo das concepções que, mentalmente, pode abranger.

A residência da alma permanece situada no manancial de seus próprios pensamentos.

Estamos naturalmente ligados às nossas criações.

Demoramo-nos onde supomos o centro de nossos interesses.

Facilmente explicável, assim, a continuidade dos nossos hábitos e tendências, além da morte.

A escravidão ou a liberdade residem no íntimo de nosso próprio ser.

Corre a fonte, sob a emanação de vapores da sua própria corrente.

Vive a árvore rodeada pelos fluidos sutis que ela mesma exterioriza, através das folhas e das resinas que lhe pendem dos galhos e do tronco.

Permanece o charco debaixo da atmosfera carregada de impurezas que ele mesmo alimenta, e brilha o jardim, sob as vagas do perfume que produz.

Assim também a Terra, com o seu corpo em constante transformação, arrasta consigo, na infinita paisagem cósmica, o ambiente espiritual de seus filhos”.

Não resta dúvida alguma sobre a importância do nosso comportamento no curso da vida. Chico Xavier já lembrava, e com muita propriedade, que não havia necessidade alguma de se recorrer ao processo chamado "TVP" - Terapia de Vidas Passadas - ao qual não se dizia favorável, para conhecer os motivos determinantes que culminam no cumprimento da Grande Lei, trazendo para os dias atuais sofrimentos muitas vezes não compreendidos, como convém. Basta, isso sim, que olhemos para nosso próprio interior para avaliar os gostos que temos, pensamentos que nos ocupam, palavras ou frases que dizemos, pontos de vista que colocamos, reações e decisões dominantes e comportamento social rotineiro, especialmente no ambiente do lar. Por aí já se terá uma imagem, senão precisa, pelo menos delineada o suficiente para avaliar o que fomos e o que fizemos. 
O que não pode e nem deve ser esquecido é que sempre haverá um dia determinante para a nossa transformação. E como nada impede que esse importante marco divisor de nossas águas entre o ontem e o hoje seja o momento de agora, por que vacilar? 
Reflitamos, com Emmanuel: “A bendita renovação da alma pertence àqueles que ouviram os ensinamentos do Mestre Divino, exercitando-lhes a prática”; com André Luiz: “A morte física não significa renovação para quem não procurou renovar-se”, e com Miguel Couto: “A vida pede a nossa renovação permanente para chegarmos ao Sólio Divino, que lhe é meta fulgurante”. O que estamos esperando?

Vladimir Polízio
polizio@terra.com.br
Jundiaí, SP (Brasil)



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quarta-feira, 26 de agosto de 2015

A palavra “reencarnação” foi também criada por Allan Kardec?


Um leitor pergunta-nos se a palavra “reencarnação” foi também criada por Allan Kardec, tal como ocorreu com os vocábulos perispírito, espírita e Espiritismo. 
Não, a palavra reencarnação já existia quando Kardec deu início à tarefa de codificação dos ensinamentos espíritas. 
É bom lembrar que, conforme diz Gabriel Delanne em seu livro “A Reencarnação”, essa palavra é também chamada Palingenesia – termo formado por duas palavras gregas: palin, de novo; genesis, nascimento – e desde os albores da Civilização fora formulada na Índia. 
O livro dos Vedas (Bagavat Gitá) afirma textualmente: "Assim como se deixam as vestes gastas para usar vestes novas, também a alma deixa o corpo usado para revestir novos corpos". 
Ainda segundo Delanne, foi Pitágoras quem introduziu na Grécia a doutrina das vidas sucessivas, que ele aprendera no Egito e na Pérsia, ideia essa que teria sido adotada por Platão, autor de conhecida frase: “Aprender é recordar". 
Foi entre os séculos XVI e XVIII que surgiu, no Latim tardio, o termo erudito e acadêmico reincarnatio, reincarnationis, que, em seguida, passou para as línguas românicas e para o inglês. Em francês é "réincarnation". Essa informação pode ser conferida acessando-se o site http://www.latin-dictionary.net/definition/33192/reincarnatio-reincarnationis
Ora, a codificação do Espiritismo teve início em meados do século XIX, mais precisamente a partir de 1855, quando o professor Rivail teve o primeiro contato com os fenômenos espíritas e passou a estudá-los de forma metódica, do que resultou aquilo que chamamos de codificação da doutrina espírita.
A ideia de reencarnação e o termo que a expressava existiam, portanto, havia muito tempo, e antes mesmo de Kardec ter vindo ao mundo.

Astolfo O. de Oliveira Filho
Londrina, Paraná (Brasil)


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sábado, 22 de agosto de 2015

Quando foi que esquecemos?


Eis um texto que precisa ser lido em horário nobre na TV. Transcrevo na íntegra porque é algo que merece ser lido, precisa ser divulgado e mesmo comentado em família:

“Em entrevista, uma jovem contou que tinha uns sete anos quando foi com sua mãe ao mercadinho perto de casa. Enquanto a mãe fazia as compras, ela, menina, escondeu um doce de leite no bolso.
Na saída, sentindo-se a garota mais esperta do mundo, mostrou o doce e disse: Olha, peguei sem pagar.
O que ela recebeu de retorno foi um olhar severo. E, logo, a mãe a tomou pela mão, retornou ao mercado, fê-la devolver o que pegara e pedir desculpas.
A garota chorou demais. Sentiu-se morrer de vergonha. Entretanto, arrematou, concluindo: Isso me ensinou o valor da honestidade.

É possível que vários de nós tenhamos tido experiência semelhante. Por isso, indagamos: Quando foi que deletamos a mensagem materna? O que nos fez esquecer o ensino da infância?
A infância é o período em que o Espírito, reencarnado em nova roupagem corpórea, se apresenta maleável à reconstrução do seu eu.
É o período em que as falas dos pais têm peso porque, afinal, eles sabem tudo.
Mirar-se no exemplo dos pais é comum, considerando que, no processo de educação, os exemplos falam muito mais alto do que as palavras.
Por que, então, deixamos para trás as lições nobres? Quantos de nós, ainda, tivemos professores que iam muito além do dever e que insistiam para que fôssemos responsáveis, corretos?
Criaturas que se devotavam, ensinando com o próprio exemplo, as lições da gentileza no trato, a hombridade, o valor da palavra empenhada.
Se todos nós viemos de um lar, o que nos fez desprezar a honra, a honestidade e tantos de nós nos transformarmos em políticos corruptos, em maus profissionais, em seres que somente pensam em si mesmos?
Hora de evocar lembranças, de retornar aos anos do lar paterno e permitir-nos a reprise das lições.
Não pegue nada que não lhe pertença.
Se achar um objeto, procure o dono porque ele deve estar sentindo falta dele.
Respeite o seu semelhante, o seu espaço, a sua propriedade.
Os bens públicos são do povo e todos devem ser com eles beneficiados. A ninguém cabe tomar para si o que deve ser bem geral.
Digno é o trabalhador do seu salário.
Respeite a servidora doméstica, o carteiro, o lixeiro. São valorosos contribuintes das nossas vidas.
Lembre de agradecer com palavras e delicados mimos extemporâneos o trabalho diligente dessas mãos.
Cumprimente as pessoas. Sorria. Ceda seu lugar, no coletivo, ao idoso, ao portador de necessidades especiais, à grávida, a quem carrega pequenos nos braços.
Ceda a vez no trânsito, aguarde um segundo a mais o pedestre concluir a travessia, antes de arrancar com velocidade, somente porque o sinal abriu.
As leis são criadas para que, obedecendo-as, vivamos melhor em sociedade.
Mas gentileza não está normatizada.

Honestidade é virtude de quem respeita a si mesmo, ao outro, ao mundo.
Pensemos nisso. Façamos um retorno à infância, pelos dias dos bancos escolares, lembremos dos nossos pais, dos mestres, das suas exortações.
E refaçamos o passo. O mundo do amanhã aguarda nossa correta ação, agora, ainda hoje.”

Extraído na íntegra do site www.momento.com.br , com com citação de narrativa do artigo Como nossos pais, de Jaqueline Li, Jéssica Martineli, Rafaela Carvalho  e Rita Loiola, da revista Sorria, de outubro/novembro/2012, ed. MOL..

Orson Peter Carrara

Fonte: http://orsonpetercarrara.blogspot.com.br/2015/08/quando-foi-que-esquecemos.html

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terça-feira, 18 de agosto de 2015

A reencarnação e o medo à liberdade


Recentemente, folheei um romance espírita, desses cujos dramas se ancoram no relato de épocas diferentes: a do passado, uma descrição detalhada de vidas aquinhoadas de beleza, fortuna e poder; e a atual, em situação oposta, com as personagens amargurando reveses sem conta. Esses romances certamente contribuem na difusão da ideia reencarnacionista, porém, frequentemente, induzem a crenças equivocadas, fortalecendo a noção de que Deus dela se utiliza como instrumento punitivo-corretivo. Embora existam estudos histórico-filosóficos e relatos de pesquisas sobre a reencarnação, não pude deixar de refletir sobre a necessidade de abordá-la, por exemplo, em uma perspectiva sociopsicológica. É essa visão que será considerada neste artigo.
Como definir a reencarnação? Simplificando, mas sem esquecer Kardec[1], podemos dizer que a reencarnação supõe um mecanismo de sucessivas existências do Espírito, ao longo dos séculos, até o alcance de condição espiritual que dispensaria o seu retorno, salvo em caráter de missão voluntária. A noção de reencarnação é bastante antiga em várias culturas. Por exemplo, vamos encontrá-la nos livros dos Vedas, no Hinduísmo, no Judaísmo, entre os egípcios e em muitos filósofos gregos, como Pitágoras, Sócrates e Platão[2] e, mais recentemente, em relatos de pesquisa[3].

As premissas da ideia reencarnacionista

A ideia da reencarnação se apoia em duas premissas: (a) que a alma é imortal e (b) que a alma progride continuamente. No Cristianismo, a noção de uma única vida também se baseia na imortalidade; contudo a condição evolutiva pessoal já vem definida desde o nascimento e para sempre. Ambos os dogmas, da reencarnação e da unicidade da existência, explicam a destinação final do Espírito, ou da alma. No primeiro caso, trata-se de um progresso contínuo, com diferentes experiências e aquisições. No segundo caso, a alma pode ser destinada às bem-aventuranças (céu), à situação de sofrimento relativo (purgatório) e à pena eterna (inferno). Por que o Cristianismo adotou a doutrina de uma única vida? Quais os conceitos subjacentes a essas doutrinas? São questões discutidas adiante. 
Iniciamos por refletir sobre a difusão dessas doutrinas no tempo. Se a ideia reencarnacionista já estava presente no mundo, muitos séculos bem antes do surgimento do movimento cristão e até prevalecesse em algumas culturas, é razoável pensar que ela tenha, de algum modo, feito parte do modo de entender o mundo pelos pensadores da Igreja nascente. Recordemos que o Cristianismo nasceu na cultura judaica, cuja população, em geral, tinha uma noção vaga sobre a reencarnação, o que, entretanto, não acontecia na esfera do rabinato[4], salvo exceções. 

O Judaísmo ante a influência externa

Além disso, o Judaísmo nunca foi um sistema verdadeiramente fechado e, em vários momentos históricos, foi bastante permeável à influência de outras culturas. Mesmo durante a fuga do Egito que, aparentemente, deveria fortalecer uma cultura judaica, havia a preocupação constante das lideranças em relação “aos desvios” religiosos do povo. E isto se deu, inclusive, algumas horas antes de Moisés aparecer com as “Pedras da Lei” (ver Êxodo, 32, 4-9). O mesmo ocorreu durante o período de dominação na Babilônia, de onde os judeus trouxeram o código de lei da reciprocidade entre crime-castigo (“olho por olho...”). Fato semelhante se repetiu durante a ocupação romana, quando o Sinédrio age com tolerância à pena de morte por crucificação. Considerando, por outro lado, que as lideranças do Caminho se esforçavam por manter uma relação amistosa com as autoridades do país, pode-se pensar que, durante algum tempo, o Cristianismo nascente conviveu com duas alternativas doutrinárias, a da existência única e a de múltiplas existências, reproduzindo, de certa maneira, a cultura judaica. 
Qualquer uma das duas poderia ter prevalecido? Supõe-se que houve aceitação, durante algum tempo, da doutrina reencarnacionista e que a imperatriz Teodora tenha influenciado o Imperador Justiniano (527-565 d.C.) para eliminar da Igreja essa crença. No entanto, a história não acontece por acidentes ou caprichos individuais, sem que haja uma ideologia subjacente a lhe dar sustentação. 

Justiniano e a divinização de Jesus

Nesse sentido, essa suposição sobre a influência da imperatriz pode ser apenas parte da verdade. Por um lado, Teodora[5] era movida pela ambição obsessiva de que Justiniano expandisse seu domínio sobre todo o Mediterrâneo oriental. Essa era sua maior preocupação. Por outro lado, o imperador sentia uma grande motivação por questões teológicas, o que não era do interesse de Teodora. Historicamente, foi Justiniano o principal articulador da divinização de Jesus pela Igreja. Adicionalmente, a noção de uma única vida iria favorecer o poder do clero sobre os fiéis e, consequentemente, a maior entrada de recursos. Na visão de Justiniano, tal estratégia aumentaria o seu controle sobre os bens da Igreja, facilitando o uso do pecúlio para as campanhas de conquistas. Seu lema “Um Estado, uma lei, uma igreja” representa a síntese dessa visão e explica seu empenho na convocação de concílios e ditames teológicos. Portanto, a noção da reencarnação foi excluída, menos por imposição de Teodora e mais por estratégia política. Justiniano faleceu no ano de 565 (d.C.) e, mesmo com o império em decadência, a Igreja continuou a aumentar sua riqueza e seu  poder. 
A perspectiva espiritualista no mundo é anterior à materialista. Ainda que já existissem ateístas desde a época anterior a Jesus, as ideias filosóficas materialistas ganharam destaque com os pré-socráticos, como Demócrito, Leucipo e Epicuro. Contudo, o materialismo, enquanto escola filosófica, ganhou adeptos e status a partir do século XVI, com Leibniz[6]. 

O Reino de Deus está dentro de cada um?

Não há dúvida de que, até o início da Idade Média, era mais fácil aceitar a noção de Deus e da imortalidade da alma, do que uma visão materialista oposta. E isso, por um lado, devido à dificuldade de entendimento dos processos de nascimento e morte e, por outro, pelo fato de as leis que regem o Universo serem ininteligíveis, mesmo para a grande maioria dos pensadores. Além disso, sob essas crenças vicejavam templos e organizações sacerdotais, cujo poder ultrapassava o âmbito da religiosidade. A intimidade com um Criador, que concedia aos sacerdotes a decisão sobre quem deveria ser salvo, fortalecia o poder religioso e criava uma cultura de submissão e medo. A ideia de Jesus de que o Reino de Deus está dentro de cada um, podendo ser implantado no mundo, e não alhures, foi reinterpretada na perspectiva de um julgamento futuro. O resultado favorável, em tal julgamento, dependia da fidelidade aos dogmas e da mediação clerical, o que exigia poucos esforços de todos, fiéis e sacerdotes. A reencarnação, como um processo, já não tinha a mínima condição de aceitação, e a doutrina da única existência estava, pois, consolidada de acordo com a noção de um Jesus “Salvador”. Como que referendando essa posição, disseminou-se, também, a doutrina da mediação pelos santos, ou por Maria, dubiamente alçada à posição de mãe do próprio Deus.

Salvacionismo versus Evolucionismo

Pode-se inferir, portanto, que as doutrinas de única existência e de pluralidade das existências têm como base dois paradigmas culturais diferenciados. O primeiro, mais antigo, pode ser denominado de Salvacionismo. O segundo, que se opõe à noção salvacionista, pode ser chamado de Evolucionismo. Paradigmas culturais são conjuntos de ideias e normas que orientam crenças, valores, sentimentos e comportamentos. Um paradigma só entra em declínio quando outro responde, com melhor propriedade, às dúvidas e questões presentes. Ao longo de sua jornada no planeta, o homem criou mitos e crenças que, de alguma maneira, lhe explicavam o Universo, acalmavam suas dúvidas sobre problemas de difícil compreensão e abrandavam seus medos e angústias. 
Várias emoções humanas atuam no sentido da sobrevivência e da evolução. Entretanto, o medo está relacionado à conservação, sendo o elemento base do paradigma salvacionista, onde o medo é acentuado e prevalece à busca da segurança, via proteção de um poder maior. A renúncia ao poder de pensar e decidir favorece a prática da submissão e da adulação aos mais fortes. A história da saga humana evidencia que o líder, para se fortalecer, incentiva a adulação a si e aos ídolos, que passam a representá-lo. Alguns dos ídolos primitivos foram idealizados como figuras bizarras, que despertavam temores inconscientes, mas uma vez subornados por rituais, se transformariam em protetores. Enfim, um poder com o qual o homem poderia contar, contra as forças destrutivas ignoradas. 

Com o salvacionismo o poder do clero aumentou

A sedução e a adulação permanecem até hoje, e também o homem moderno se esforça por seduzir seus deuses ou aqueles que os representam, por exemplo, o dinheiro, a beleza, a força... Tal jogo não se restringe mais ao campo da religiosidade: é generalizado para as figuras midiáticas, a política, os negócios e as armas. E assim continuará enquanto houver prevalência do paradigma salvacionista em nossa cultura religiosa. 
Com o salvacionismo, o poder do clero sobre as consciências aumentou consideravelmente. Daí, a proibição do intercâmbio com o mundo espiritual era uma providência calculada e necessária para evitar questionamento à autoridade sacerdotal. Além de tudo, a aceitação da comunicação com os mortos poderia colocar em dúvida alguns dos dogmas estabelecidos pelos teólogos, por exemplo, o das penas eternas. 
Aproximadamente no ano 300 (d.C.) o clero já estava bastante organizado, tendo o bispado fortalecido seu poder na hierarquia da Igreja. Em consequência, o uso de privilégios principescos por parte dos bispos era aceito quase sem oposição. A subserviência interna dos frades e párocos e os conchavos e alianças do clero, em geral, com reis e imperadores se transformaram em prática comum. Portanto, a aceitação da doutrina de uma única existência, e a consequente rejeição da noção de reencarnação, não ocorreu devido ao capricho de uma imperatriz, nem foi resultante de uma opção filosófico-teológica, mas, sim, uma estratégia política, fortalecendo a ordem e o poder estabelecidos. Já no século IV, além da introdução do dogma do pecado original, se deu a conversão do Império Romano ao catolicismo. Estava, pois, estabelecida a supremacia de uma Igreja, a católica, sobre as demais e a sua cumplicidade com o poder temporal[7].

Do paradigma evolucionista advém o medo

A doutrina de uma única existência, ainda que deixasse a noção de um Criador em situação delicada, pois é indefensável em termos de lógica sobre alguns de seus atributos, favorece, e muito, o poder dos clérigos. Ao subordinar o futuro da alma ao seu controle, a Igreja desenvolveu duas ações que se complementam: o fortalecimento de sua autoridade e a compra/venda da salvação. É pouco provável que isso pudesse ter acontecido, caso a pluralidade das existências fosse aceita, como pode ser verificado, por exemplo, no Budismo. Na perspectiva evolucionista, Jesus seria aceito como um modelo evoluído, com missão educativa em relação à humanidade. Tal missão Lhe foi outorgada por Deus, seu pai e nosso pai. Ter alguém que auxilia o homem em sua caminhada evolutiva é muito diferente de ter um salvador. Do paradigma evolucionista decorre uma liberdade difícil de ser aceita, pois exige outra maneira de encarar a vida. Ela produz medo, pois o homem se vê responsável pelo seu destino presente e futuro. Quando, nesse processo, o indivíduo começa a intuir que deve se avaliar e superar sua condição espiritual presente, seu medo pode aumentar a ponto de gerar conflito entre uma ou outra posição. Entretanto, há uma fase de seu desenvolvimento da qual não consegue mais retornar aos bons tempos da crença em um Salvador. Nesse caso, ele deve enfrentar também os seus receios e precisa compreender que essa é uma experiência solitária, mas que, no entorno, ele pode contar com a solidariedade de muitos Espíritos (nos dois planos) que vivem ou viveram condição semelhante e esperam uma oportunidade para ajudá-lo.

  
[1]   Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. IDE: Araras (SP), 2002.

[2]   Wikipedia. Acesso em 7 de junho de 2015

[3]   Ver Stevenson, I. Vinte casos sugestivos de reencarnação. Editora Vida & Consciência. São Paulo

[4]   DovBer Pinson. Reencarnação e Judaísmo. São Paulo (SP): Maayanoti, 2015.

[5]   Wikipedia. Acesso em 21 de junho de 2015

[6]   Wikipedia.Acesso em 28 de junho de 2015.

[7]   Emmanuel, Francisco Cândido Xavier(1939). A Caminho da Luz. Brasília (DF): FEB.


Almir Del Prette
São Carlos, SP (Brasil)


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