segunda-feira, 23 de março de 2015

O passe


Coube ao Espiritismo, dentre tantas outras práticas dos tempos apostólicos, trazer de volta esta da imposição de mãos, amplamente usada por Jesus, conforme se lê nos Evangelhos, como na seguinte passagem: E, ao por do sol, todos os que tinham enfermos de várias doenças lhos traziam; e, pondo as mãos sobre cada um deles, os curava. (Lc, 4:40). Mas, além de curar enfermos, Jesus recomendou fosse esse socorro levado a efeito por aqueles que pretendessem seguir suas lições: (...) E porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão. (Mc, 16:18). 
No Espiritismo, a imposição de mãos recebeu o nome de passe, prática que pode ser levada a efeito por qualquer pessoa de boa vontade, a qualquer hora, em qualquer lugar. Entretanto, em se tratando de passe feito numa casa espírita, deve-se procurar facilitar o trabalho dos Espíritos que nele colaboram, através de preparo e postura dos encarnados, e de ambiente consentâneo com a importância da atividade, evitando-se o passe em público, no mesmo recinto onde o paciente ouviu a palestra. 
Infelizmente, o passe em público tem aumentado nos centros espíritas. Alguns por falta de espaço, outros por comodismo. Entretanto, é bom seja lembrada a conveniência de ser destinado um espaço especial para sala de passes, diante das seguintes razões:

1. Nesse local, os Espíritos poderão manter aparelhagem própria à execução desse tipo de trabalho;

2. Será favorecida a manutenção de ambiente mais homogêneo, pelo fato de ser mais fácil a concentração e a preservação de fluidos em recinto onde circulem menos pessoas;

3. Além do mais, haverá ambiente propício à preparação dos passistas para a tarefa, pois o trabalho só deverá ser iniciado após a preparação dos médiuns, em ambiente de recolhimento, conforme se lê no cap. 17 da obra “Nos Domínios da Mediunidade”. Ali, vê-se Clara e Henrique preparando-se antes da entrada dos pacientes, conforme explicação dada ao companheiro de André Luiz: ... A oração é prodigioso banho de forças, tal a vigorosa corrente mental que atrai. Por ela, Clara e Henrique expulsam do próprio mundo interior os sombrios remanescentes da atividade comum que trazem do círculo diário de luta e sorvem do nosso plano as substâncias renovadoras de que se repletam, a fim de conseguirem cooperar com eficiência, a favor do próximo;

4. No caso de haver uma sala destinada ao trabalho de passes, haverá maior facilidade de concentração dos médiuns, pelo fato de não estarem expostos à curiosidade das pessoas que não estão recebendo o passe, por não o desejarem ou porque já o receberam, permanecendo no salão, mantendo, às vezes, pensamentos que não se coadunam com a sublimidade do momento;

5. Maior conscientização da natureza superior do socorro recebido, da parte do paciente, pelo fato de entrar num recinto apropriado e previamente preparado, podendo sentir-lhe a diferença vibratória;

6. Essa mudança de ambiente contribuirá para que mude sua atitude, de passividade absoluta – e até de certa indiferença – à de participar mais ativamente, pela sua decisão de levantar-se, dirigir-se à sala de passes e não de continuar simplesmente acomodado na poltrona de onde ouviu a palestra.

Agindo assim, acreditamos estar devolvendo ao passe aquela característica de socorro ao realmente necessitado, como o fez Jesus. 
A excessiva facilitação desse nobre socorro fraterno conduz à sua vulgarização, com efeitos psicológicos danosos, tanto àquele que o ministra, quanto a muitos beneficiários, para os quais toma o lugar de simples "bênção" de efeito mágico. 
Sabemos que, a ser desenvolvida dentro desses parâmetros, a tarefa demandará mais tempo, tanto dos médiuns, quanto dos pacientes. Essa, talvez, a maior contribuição para que se definam com clareza as posições daqueles que realmente necessitam do socorro do passe, e daqueles que, sinceramente, conscienciosamente, se dispõem ao trabalho nesse importante setor.

José Passini
Juiz de Fora, MG (Brasil)

Imagem ilustrativa

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