domingo, 18 de abril de 2010

Momentos de transição


RESPOSTA DE JOSÉ REIS CHAVES Á MATÉRIA DA REVISTA SUPERINTERESSANTE


De: José Reis Chaves [mailto:jreischaves@gmail.com]
Enviada em: sexta-feira, 16 de abril de 2010 01:15
Para: Sérgio Gwercman
Assunto: Resposta de Reis Chaves à Superinteressante

À
Revista Superinteressante
Prezados Senhores Diretores,


Tenho o hábito de ler a Revista Superinteressante, adquirindo-a nas bancas, cujas matérias aprecio e até a citei no meu livro “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência”, 7a edição, Ed.Martin Claret, hoje na EBM, Santo André, SP.
Mas fiquei decepcionado com o seu último Número, ao ler a estranha matéria de capa sobre Chico Xavier e o Espiritismo, que considero inoportuna e ofensiva à Doutrina Espírita e a esse renomado médium. Creio que faltou senso de autocrítica da sua Redação, para deixar ser publicada essa matéria. E talvez, isso tenha sido mesmo de propósito, com a cobertura de algum de seus diretores, com o objetivo intencional de denegrir a alma de escol de Chico Xavier e a Doutrina Codificada por Kardec, a religião mais identificada com a Bíblia e a ciência.
A exemplo do autor desta carta, milhares de espíritas devem estar também decepcionados e intrigados com a Superinteressante pela publicação dessa infeliz matéria, que de modo preconceituoso e desrespeitoso enxovalha com Chico Xavier, o maior líder espiritual da história do Brasil, e laureado com o título de Mineiro do Século 20, numa pesquisa promovida pela Rede Globo Minas.
Saibam, Srs. diretores, que assim como os evangélicos são em número menor do que o dos católicos, mas são atuantes, também os espíritas, apesar de serem uma minoria religiosa, são, igualmente, atuantes, contando ainda o Espiritismo com milhões de simpatizantes de todas as religiões. E a isso se acrescente, ainda, que os seguidores de Kardec, de acordo com as pesquisas feitas pela Fundação Getúlio Vargas, proporcionalmente, representam o público religioso de maior nível de instrução, de melhor poder aquisitivo e com o maior índice de pessoas com cursos superiores.
Com efeito, o último número da Superinteressante não foi para os espíritas e simpatizantes da Doutrina dos Espíritos nada superinteressante, mas muito superdesinteressante! E creio que isso, doravante, vai refletir negativamente na aquisição dessa Revista, pelo menos por uns tempos, até que se apague de nossa memória a afronta cometida por essa Revista contra os espíritas e Chico Xavier, cuja memória é respeitada e venerada, não só pelos espíritas, mas por milhões de espiritualistas de todas as religiões!


José Reis Chaves
Escritor e colunista do O TEMPO, de Belo Horizonte.


de: Sérgio Gwercman
para: José Reis Chaves
data 16 de abril de 2010 17:39
assunto RES: Resposta de Reis Chaves à Superinteressante enviado por abril.com.br
 


Caro José Reis,

obrigado pelo contato e pela leitura. É muito importante para nós na Super receber o retorno dos leitores sobre nosso trabalho. Críticas e elogios são importantes para avaliarmos a revista e refletirmos sobre o que publicamos. As mensagens que recebemos sobre Chico Xavier estão sendo lidas por mim, pela editora e pela repórter da matéria e servirão de tema para nossa reflexão.
Tenho tentado responder individualmente a todas as mensagens. Mas como elas são muitas, e têm teor semelhante, redigi um texto explicando a proposta da reportagem e respondendo aos principais questionamentos que temos recebido. Minha mensagem é longa, mas acho que merece ser lida. Sabemos que Chico Xavier foi uma figura importantíssima no cenário religioso do Brasil e que é muito querido por diversas pessoas. Como escrevi na minha carta ao leitor, preparamos essa matéria com muito respeito. Procuramos deixá-la equilibrada, apresentando uma visão plural sobre a trajetória de Chico Xavier e trazendo também os requisitos necessários a qualquer trabalho jornalístico - distanciamento, parcimônia e rigor na apuração. Todo o texto foi baseado em profundo trabalho de reportagem e depoimentos de várias fontes, inclusive espíritas, muitas delas citadas na reportagem.
A reportagem deu a Chico Xavier o mesmo tratamento que já demos à Igreja Católica, ao papa, aos evangélicos, a Charles Darwin ou a qualquer outro assunto que publicamos.
Afinal, todas as matérias da Super têm as mesmas características: sempre buscamos a pluralidade. Fazemos questão de ouvir todos os lados de uma questão. Entrevistamos pessoas que pensem diferente. E deixamos as conclusões para o leitor. Não sobram mensagens nas entrelinhas. E o fato de a Super trazer a versão de fulano ou de beltrano não significa que aquela seja a opinião da revista. Aliás, a Super não tem opinião sobre os temas que reporta. Sei o quanto é frustrante ler ideias que consideramos errôneas. Mas lembre-se que aquilo que você tem como verdadeiro outra pessoa pode ter como falso. Não cabe à revista decidir quem tem razão. Cabe a nós respeitar pontos de vista. O verdadeiro respeito à livre expressão não está em falar tudo o que queremos, mas em admitir que os outros falem aquilo que não gostamos. Melhor assim: é a única maneira de garantir que sua opinião sempre terá espaço para ser apresentada. E é por isso que acreditamos tanto que ao escrever sobre qualquer assunto, devemos apresentar ao leitor um leque de opiniões distintas.
Não é verdade que a matéria da Super é um ataque a Chico Xavier. A reportagem tinha larga biografia de espíritas e defensores de Chico Xavier. Apresentou os resultados de estudos positivos sobre a obra de Chico Xavier, como os da Associação Médico-Espírita e a Federação Espírita Brasileira. Citou a frase de Monteiro Lobato impressionado com os livros de Chico Xavier ("se produziu tudo aquilo por conta própria, merece quantas cadeiras quiser na Academia Brasileira de Letras"); dedicou amplo espaço às cartas psicografadas e entrevistas de pessoas que diziam ser impossível Chico Xavier conhecer as informações que psicografou; contou que Chico Xavier morreu da maneira como previra, num dia feliz para o Brasil - o da conquista da Copa do Mundo. Entrevistamos e citamos a opinião de pessoas muito próximas a Chico Xavier, como seu filho, seu médico, a administradora do centro espírita que ele fundou. Deixamos claro que Chico Xavier jamais ganhou dinheiro com sua mediunidade – calculamos, inclusive, o montante estimado de que ele abriu mão. Está tudo lá na reportagem.
Até o momento, recebemos críticas e elogios ao texto. É normal: as pessoas têm opiniões diferentes. E o debate entre essas opiniões enriquece a todos - é a raiz da construção do conhecimento. Se você acredita que há algum erro de informação na matéria, diga qual ele é e nós publicaremos a correção. No mais, espero que você entenda minhas palavras – ainda que não concorde com elas. Pois eu entendo e respeito todas as críticas que recebemos. E sigo à disposição para qualquer outro esclarecimento.

Obrigado e um grande abraço,

Sérgio Gwercman
Diretor de Redação da Super


Nota do Blog:

Em todas as Religiões existem os seus supostos adeptos, ou seja, aqueles que se dizem ser de uma crença, contudo, não as compreendem verdadeiramente. Quantos são os adeptos que se achegam ao Espiritismo na procura de estabilidade material e acabam se frustrando por não alcançarem seus objetivos e, como se sabe, repudiam a Doutrina. Quantos são os incautos da mediunidade que se eximem das suas responsabilidades redentoras e vão procurar alternativas outras, porque na verdade, não se predispõem ao serviço redentor  por inúmeros fatores de ordem moral, por conseguinte, repudiam a Doutrina. Não contando que dentre estes supostos Espíritas, são inúmeros os que não compreendem seus ensinos, ou seja, o corpo de Doutrina codificado por Kardec, só possuem idéias superficiais da codificação, e dizem o que não sabem.
Não é de se admirar que a Doutrina Espírita, desde seu principio, tenha causado tantos escândalos, pessoas estupefatas e arbitrárias, maldizendo e blasfemando sobre o que não compreendem, muito semelhante com o que aconteceu com Jesus, sendo repudiado pela maioria das pessoas, e que agora tem o seu devido lugar. Será assim dentro em breve com a Doutrina dos Espíritos ( Cristianismo Redivivo ) está crescendo por cissiparidade, por este motivo as grandes polêmicas.
Fica aqui o nosso agradecimento aos Colunistas Espíritas entre outros, como também a Revista Superinteressante, que apesar da matéria publicada no seu direito de expressão, divulgou ainda mais a nossa Doutrina, como também, abriu um leque de questionamentos que amanhã, de certo, florescerá ao nosso favor.

Alencar Campitelli
Administrador do Blog
a.campitelli@terra.com.br

Disponibilizo todo a Revista para download: Revista Superinteressante

quinta-feira, 15 de abril de 2010

O ABC do Espiritismo

Livro de:
Victor Ribas Carneiro
Edição
Federação Espírita do Paraná

O motivo que nos levou a escrever a presente obra foi o de sentirmos a necessidade de enfeixar, em um só volume, de modo sintético, parte da matéria indispensável aos conhecimentos preliminares da Doutrina Espírita.
Procuramos fazer a síntese de cada assunto tratado, tendo em vista facilitar seu estudo, de modo que qualquer pessoa, mesmo não possuindo letras primárias, mas sabendo ler, convenientemente, possa compreender o fundamento do Espiritismo.
Sabemos que nosso despretensioso trabalho não preencherá, a contento, as necessidades gerais no tocante ao complexo campo de saber espírita, mas, de qualquer forma, tentamos, embora em parte, a solução desse importante problema. Assim pensando, achamos conveniente falar, inicialmente, sobre algumas das doutrinas espiritualistas da antigüidade, tendo em vista sua semelhança, em muitos pontos, com o Espiritismo.
Falamos, também, sobre os fenômenos mediúnicos dentro da Bíblia, para mostrar que, desde a mais remota antigüidade, já se estabelecia a comunicação entre os vivos e os chamados mortos. Depois, inserimos ligeiros dados biográficos sobre alguns médiuns famosos do passado, bem como a opinião de diversos sábios e cientistas, que realizaram precioso trabalho no campo experimental da Doutrina.
O esforço realizado por esses grandes vultos da ciência é de inestimável valia, uma vez que provaram, através da pesquisa séria e honesta, a sobrevivência do Espírito após a morte do corpo físico.
Por outro lado, queremos acentuar aos leitores que somos constantemente consultados por pessoas desejosas de conhecer o Espiritismo, sobretudo perguntando qual obra devem ler em primeiro lugar. Costumamos recomendar a leitura das obras básicas de Kardec, aliadas a alguns romances de Emmanuel, como Paulo e Estêvão, por exemplo.
Há outros que indicam logo as obras de André Luiz. De qualquer forma, todos procuramos encaminhar o neófito ansioso por aprender alguma coisa sobre a Doutrina dos Espíritos.
Todavia, não esqueçamos de que nem todos se encontram em condições de compreender, com facilidade, os ensinos contidos nessas obras, uma vez que os mesmos vêm de encontro aos mais variados preconceitos religiosos, não só do passado como também do presente.
É preciso, para maior clareza, se faça um estudo metodizado, pois devemos nos comparar ao jovem estudante que, antes de ingressar num curso superior, prepara-se devidamente, a fim de poder assimilar os ensinos que irá receber nas faculdades correspondentes.
Com o principiante espírita geralmente ocorre o mesmo fenômeno: a falta de preparo prévio para apreender a sublimidade dos ensinamentos que nos são trazidos pelos Espíritos Superiores pode gerar confusão. 
E não é de se estranhar que isso aconteça, pois, ao recebermos muita luz, quase sempre nossos olhos se ofuscam.
Daí porque aconselhamos a leitura de obras que facilitem ao iniciante compreender, desde logo, o que é o Espiritismo face às demais doutrinas espiritualistas, bem como suas bases.
Objetivando, então, dar aos leitores conhecimentos preliminares sobre o Espiritismo,  é que abordamos vários assuntos considerados indispensáveis à formação de uma cultura doutrinária, que, embora generalizada, sirva de base para estudos mais aprofundados.
Não é livro de exibição cultural, mas para atender necessidades da vida prática observadas em nossas andanças difundindo a Doutrina dos Espíritos.
Por esse motivo, como dissemos, é que procuramos sintetizar a matéria contida na primeira obra de Kardec, ou seja, “O Livro dos Espíritos”; que falamos sobre um pouco do muito que realizaram os sábios e cientistas, através da pesquisa dos fenômenos produzidos pelos médiuns seus contemporâneos, e que, finalmente, trouxemos, também nestas páginas, notícia daqueles que foram baluartes do Espiritismo, principalmente no Brasil, neste Brasil que, com muita propriedade, foi cognominado pelo Espírito de Humberto de Campos, de “Coração do Mundo e Pátria do Evangelho”.
Esses foram os propósitos que nos levaram a escrever o presente livro. Esperamos, agora, seja útil  a quantos perlustrarem suas páginas, assimilando seu conteúdo e, sobretudo, pondo-o em prática.
Por outro lado, estimaríamos que a crítica se pronunciasse: com ela, ou prosseguiremos com novas edições, naturalmente melhoradas, ou ficaremos apenas na primeira edição, se nossos propósitos não forem atingidos.

Muito obrigado.
Curitiba, agosto de 1972.
O Autor.

Disponibilizo todo o livro para download: O ABC do Espiritismo

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Crítica

A crítica, eis uma questão a se observar.
O sentido da observação vem desde nossa evolução anímica.
Os animais observam seu habitat, alimentação, demarcam territórios, atuam através deste sentido, apesar de atuarem instintivamente.
Os humanos utilizam este mecanismo promovendo, por conseqüência, o senso crítico, pois que os seres em evolução buscam de acordo com: suas vontades, aptidões e tendências.
Na medida que o véu da ignorância, devido à evolução intelecto-moral, vai aos poucos se dissipando, devemos refletir sobre a crítica.
De contra-partida aos adeptos do Espiritismo, cabe-nos observar até onde está sendo construtiva essa ação, já que sabemos, que o véu da ignorância é nosso próprio espelho no curso da vida.
Ser crítico é observar com elevação à medida de nossa compreensão, é fazer valer da sabedoria para que prevaleça o equilíbrio e a harmonia em benefício do bem.
Desenvolvemos a fraternidade e a ternura para refletirmos sobre a crítica, e ver-se-á que esta ação se tornará alavanca operante em benefício da prosperidade, extirpando a ignorância, o orgulho e o egoísmo, chagas estas, que destroem o brilho do espírito, como também o nosso próprio senso crítico.
Notemos que a bondade e a indulgência vem sendo a graça do Pai Criador para conosco, promovendo o trabalho redentor dentro da caridade que não tem olhos para seus filhos, mas sim a esperança de que assimilemos à disciplina, até mesmo em nosso senso crítico, construindo valores nobres, para que a caridade e o amor não seja mais um trabalho ou sacrifício, e sim, o motivo de nossa felicidade.

Alencar Campitelli
a.campitelli@terra.com.br

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O super Rico



Sorrio pra valer toda vez que me recordo das “tiradas” do Ricardo, meu sétimo neto, carinhosamente chamado de Rico pelos familiares.
Minha saudosa mãe adorava ouvir suas histórias, respostas ou perguntas sempre apoiadas em lógica irretorquível, presença de espírito e fino humor. Afirmava repetidas vezes ser o Rico um espírito velho que sabia das coisas.
Mamãe recomendava que anotássemos tudo para que nada caísse no esquecimento. Hoje, lamento, muita coisa já não mais lembrada.
Certo domingo, quando tinha cinco anos de idade, sua mãe, a minha filha Vânia, levou-o à praia de Guaxuma, em companhia de sua irmãzinha Natália e de um primo. Na pressa e na euforia de estrear o “buggy”, esqueceu a bolsa com documentos e dinheiro.
Na volta, o vexame. O guarda de trânsito, à falta da apresentação do documento do carro, da carteira de motorista e até da identidade, informava autoritário que o veículo ficaria apreendido.
De nada valeram a justificativa de esquecimento e o apelo patético em nome das três crianças. O guarda estava irredutível, afirmava estar agindo de acordo com as normas vigentes, cumprindo o regulamento, obedecendo a ordens.
A argúcia do Rico manifestou-se no momento próprio, ao interpelar a genitora:
- Mãe, você não está vendo que ele quer um dinheirinho? Dê logo e ele deixa a gente ir embora!
Antes da repreensão materna, veio a resposta da “autoridade”:
- Veja, senhora, que garoto inteligente! Num instante, achou a solução adequada!
E lá se foi à única cédula de cinco mil cruzeiros encontrada na sacola do protetor solar.
De outra feita, na casa de praia na Barra de São Miguel, hospedou-se um casal amigo. Ela alva, ele preto. Um contraste para os preconceituosos e maledicentes.
Na manhã seguinte, meu cunhado chamou o Rico:
- Venha cá, negão! Sente aqui, junto do tio.
A resposta veio na hora e contundente.
Apontando para o pavimento superior, replicou:
- O negão está lá em cima, dormindo.
Assim é o meu neto. Vivo, perspicaz, irreverente, peralta como qualquer menino da sua idade, mas capaz de sustentar uma conversação de adulto.
O Rico parado, imaginativo é um perigo. Pode esperar, vem bomba.
Aos nove anos, revelou mais uma vez toda a sua curiosidade, capacidade de raciocínio e independência de pensamento religioso.
Malgrado, naquela época, estudar no Colégio Santíssimo Sacramento, de rigorosa orientação católica, saiu-se com uma pergunta que gerou um interessante diálogo:
- Mãe, você é espírita, não é?
- Sim, filho, sou espírita por opção, por convicção.
- Papai é católico por quê? Como é possível marido e mulher não serem da mesma religião?
- É, sim, porque há o respeito mútuo ao direito de pensar livremente, sem preconceito, sem intolerância ou intransigência.
Se todos pensassem e agissem desse modo, não teria havido nem aconteceriam mais às perseguições e guerras religiosas. O mundo estaria hoje mais cristianizado.
- Qual a diferença entre católico e espírita?
- Filho, os caminhos são diversos, contudo a meta é uma só - Deus. Na essência, todas as religiões são boas, ensinam o bem e o amor. Em alguns casos, os homens, por ignorância, vaidade, ambição desmedida ou por outros interesses inconfessáveis, mistificam, distorcem o verdadeiro sentido doutrinário de sua crença.
- Sim, mas eu quero saber a diferença. Você não respondeu!
- Entenda, o catolicismo e o espiritismo abraçam como fundamento o Evangelho de Jesus. As diferenças estão na interpretação e aplicação de alguns textos. O espiritismo é a revivescência da pureza e singeleza do primitivo cristianismo; firmemente apoiado nos três colossais pilares - CIÊNCIA, FILOSOFIA, RELIGIÃO - rejeita o misticismo, questiona o miraculoso, aceita princípios que não se choquem com a razão e possam ser cientificamente comprovados. O espiritismo é o Consolador prometido por Jesus.
- Quais são os textos, quais as interpretações?
- Vamos ao principal. O catolicismo adota como dogma de fé a teoria de que a alma é criada por Deus no momento da concepção, que o espírito tem uma única encarnação, ou seja, apenas uma vida na Terra e, dependendo de como viveu, depois da morte, vai para a ociosidade de um céu de eterna glória e contemplação da divindade, ou para o inferno de sofrimentos sem fim, sem remissão. É a idéia de um Deus rígido, sem misericórdia.
- Um céu só de contemplação deve ser muito chato e esse tal de inferno, uma barra pesada que não tem nada a ver com a bondade de Deus! Como é a versão espírita?
- O espiritismo ensina que os espíritos são criados por Deus, simples e sem sabedoria, aos quais são permitidas inumeráveis vidas neste ou em outros planetas dos bilhões de sistemas planetários que povoam a imensidão do universo.
- E por que viver tantas vezes?
- Para aprendizagem e para a grande busca do aperfeiçoamento até a angelitude. Deus não condena nenhum de seus filhos à perdição, ao contrário, querendo que não se perca um só deles, dá-lhes sempre novas oportunidades de corrigenda. É a lei reencarnacionista. Assim se manifestam a justiça e a bondade de Deus.
- Reencarnação tem lógica!... então, eu sou espírita.
- Quem falou a você de reencarnação?
De onde tirou essa certeza de que é uma verdade?
- Ninguém falou, mas eu sei, está dentro de mim. Se houvesse uma só vida, quem nascesse pobre estaria no prejuízo.
- Gostei, Rico, do seu raciocínio!
- Fale mais, mamãe, também estou gostando.
- Na hipótese de uma única vida, como entender a Suprema Justiça? Uns nascem com todas as possibilidades de uma vida normal, têm família organizada, situação financeira estável, meios de estudar, trabalhar, crescer, melhorar-se.
Outros nascem em completa penúria, falta-lhes o básico, são párias da sociedade. Somente a reencarnação explica tais desníveis, como meios de reparação de delitos cometidos no passado. Deus, por ser justo e bom, oferece-nos renovadas chances; nós, pecadores recalcitrantes, escolhemos as provas para nossas almas endividadas.
Encerrada a conversação, Rico recolheu-se introspectivo como é comum quando as idéias lhe assediam a mente.
Ao despertar, voltou a indagar:
- Mamãe, quando eu for reencarnar, posso nascer seu filho outra vez?
- Em princípio, pode, é uma escolha.
Deus, entretanto, sabe melhor o que é bom para nós.
- Então, eu vou pedir a Deus.
- Você gosta tanto assim da mamãe para querer ser meu filho de novo?
- Gosto, sim, nosso relacionamento é antigo. Vivemos juntos em muitas outras vidas.
Minha mãe tinha razão. O Rico é um espírito velho, vivido, guarda latente nos refolhos da alma um acervo de conhecimentos adquiridos em múltiplas experiências reencarnatórias, esboçado em sua personalidade forte e generosa.
Hoje, Rico, dia 29 de março de 2000, você completa quatorze anos, é o adolescente que transita daquela fase infantil de rara graciosidade para a de adulto responsável, perquiridor.
Continue o bom filho, o bom irmão que você é. Seja o cidadão honesto, ordeiro, trabalhador e fiel operário da Seara de Jesus.
Vovô admira-o, ama-o com ternura.

Felinto Elízio Duarte Campelo
felintoelizio@gmail.com

Extraído do seu livro o Pulo do Gato

terça-feira, 13 de abril de 2010

O dia a dia de um Colunista



COM AS CRÍTICAS CONSTRUTIVAS, OS ERROS PODEM SER CORRIGIDOS


Alguns me acusam de crítico das religiões cristãs! Mas a crítica pode ser até um ato de caridade, pois pode levar à correção.
Eu escrevi sobre um amigo meu arcebispo da Igreja, o qual é médium e faz palestras em casas espíritas, e levou para João Paulo II duas fitas de dois programas espíritas de TV de que ele participou. E fui eu que o indiquei para esses programas. Um teólogo católico desta coluna enviou a esse arcebispo uma carta-e-mail, com cópia para mim, sugerindo-lhe retratar-se, dizendo que eu me equivoquei.
Segundo esse missivista, eu escrevo no estilo literário denominado de mote, e que seria semelhante ao de Kardec. Esse estilo se caracteriza por ser obscuro ou poético, cuja interpretação seria mais subjetiva do que objetiva. Ele, sem querer, até me honrou muito, comparando o meu estilo literário ao de Kardec. Só que ele está enganado, pois Kardec é genial, cujo modo de escrever é perfeito, artístico, erudito e sem deixar de ser também ao mesmo tempo simples e de uma clareza meridiana. Quanto ao meu modo de escrever, eu apenas me esforço para ser simples e claro no que escrevo.. Assim é que um leitor meu disse que meus escritos fazem-no não só pensar como eu penso, mas também até o fazem sentir o que eu estou sentindo quando escrevo.
Mas voltando a Kardec, ele colocou em todos os seus livros e nos seus demais escritos uma riqueza de dados, não deixando nenhuma dúvida nas teses que defendeu. Aliás, ele recebia a colaboração e orientação de espíritos santos altamente iluminados.. E é graças a ele que o mundo passou a estudar, cientificamente e sem superstições, os fenômenos espirituais. Daí que ele tem, hoje, milhões de seguidores em todas as religiões do mundo. Quem me dera, pois, que meu estilo literário fosse mesmo semelhante ao do Codificador do Espiritismo! Coitado de mim!
O objetivo desse missivista foi desprestigiar Kardec e a mim, que sou um humilde discípulo dele. Mas creio que esse missivista não conseguiu atingir-me e muito menos ainda ao grande gênio espiritualista do século 19, o primeiro cientista a se interessar por estudar cientificamente os fenômenos mediúnicos, que, por superstição e ignorância, eram e ainda são denominados por muita gente de milagrosos e sobrenaturais, só porque os espíritos que os provocam estão no outro lado invisível desse nosso mundo visível. Mas ambos mundos são naturais, cujos habitantes daqui e de lá são também naturais, e cujas ações são igualmente naturais e jamais sobrenaturais. Só Deus é sobrenatural. E tudo que acontece é natural, pois são os espíritos encarnados e desencarnados que atuam em nome de Deus.
E eis um outro fato. Eu recebi, por e-mail, dum professor de teologia duma universidade metodista a seguinte informação. Ele tem estudado o fenômeno da reencarnação nesta coluna, e com a leitura da última matéria dela, ele afirma que passou a considerar a realidade da reencarnação. Essa informação emocionou-me, principalmente por vir de um professor de teologia. E até você que me honra com sua leitura desta matéria deve estar achando também interessante esse fato.
As críticas às religiões cristãs podem ser mais um tijolinho na construção dum novo cristianismo, tal qual aquele das primeiras gerações cristãs, sem o que ele, infelizmente, continuará capengando!

Obs.: Esta coluna, de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br - Clicar colunas. Ela está liberada para a publicação, seus livros: “A Face Oculta das Religiões”, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - e meu e-mail: jreischaves@gmail.com - Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.

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segunda-feira, 12 de abril de 2010

Espíritismo para as crianças



NOTA PRELIMINAR


Há tempos, alguns amigos insistiram para que fizéssemos circular uma obrinha que reunisse, em poucas páginas, lições ligeiras sobre os princípios fundamentais do Espiritismo.
Por falta de tempo e de inspiração nos detivemos no desempenho dessa incumbência que nos parece, de fato, de grande valor para a divulgação da Verdade.
Chegou, agora, o momento de cumprirmos esse dever. Esforçamo-nos tanto quanto possível para reunir neste livrinho, de feitio pedagógico, ao alcance de todos, os princípios mais populares do Espiritismo, para que possam, ao mesmo tempo, em seu conjunto, dar aos leitores uma idéia sucinta desta luminosa e consoladora Doutrina.
Para tal fim, fizemos como o pescador de pérolas, tirando desta e daquela obra de abalizados escritores que em sua passagem pela Terra deixaram o traço luminoso da sua dedicação pela tão grande causa, que assinalou a Missão extraordinária do ilustre Espírito que chamamos AlIan Kardec.
Como aqueles amigos, que nos lembraram a publicação deste livrinho, estamos convencidos de que irá ele prestar bons serviços à propaganda e luzes aos noviços que procuraram se orientar no Caminho da Vida. Que os Gênios propulsores do progresso humano abram a inteligência de todos os que folhearem estas páginas e a Doutrina que elas encerram tenha acesso nos corações, para que o Reino de Deus possa baixar à Terra e o Supremo Diretor do nosso planeta – Jesus Cristo – nos tenha sob suas vistas protetoras.


CAIRBAR SCHUTEL

Disponibilizo todo o livro para download: Espiritismo para as crianças

sábado, 10 de abril de 2010

Momentos de transição

  
OS FIÉIS ESTÃO COMO NEM MACACOS PULANDO DE GALHO EM GALHO



Muitas correntes teológicas cristãs estão contaminadas com o vírus dos erros provenientes dos acréscimos que fizeram na Bíblia. E, como se não bastassem esses erros, aleijaram-na também com cortes de textos, e abusaram de suas interpretações, tudo numa tentativa de adaptarem-na às doutrinas que foram criadas ao longo dos séculos. Assim, hoje, destoa com a realidade e soa mesmo muito mal a conhecida frase: “A Bíblia á a palavra de Deus”. Como pode ser atribuída a Deus a autoria dum livro, que provavelmente seja o mais adulterado do mundo?
A Bíblia está repleta de manifestações de anjos que, na verdade, são espíritos, muitos dos quais nem são bons, mas que foram até tidos como sendo o do próprio Deus, que uma tradição passou a chamar de Espírito Santo.É que os judeus e os cristãos desconheciam o ensino joanino que nos recomenda que examinemos os espíritos manifestantes. (1 João 4,1). E Paulo fala em discernimento dos espíritos e dos que se manifestam em línguas estrangeiras, fenômeno de xenoglossia. 
Para ele se trata de línguas estrangeiras. Assim, se houver alguém presente que fale a língua estrangeira usada pelo espírito incorporado no profeta ou médium, vai entendê-la. (1 Coríntios 14,27). Realmente, o fenômeno a que são Paulo se refere é mesmo de o médium incorporado falar uma língua estrangeira verdadeira. Mas o que acontece com os carismáticos e os evangélicos é médiuns incorporados ficarem num blá blá blá (glossolalia), que não é nenhuma língua estrangeira verdadeira (xenoglossia).
Observe-se que eu usei, a exemplo de são Paulo, a palavra profeta (médium), o que quer dizer que o tempo dos profetas ainda continua entre nós. Digo isso, porque há uma doutrina, pouco conhecida, que diz que as profecias e as revelações só existem na Bíblia e nos concílios ecumênicos. Mas Kardec constatou que o médium é uma pessoa equivalente a um profeta bíblico. E é por meio de espíritos que Deus nos fala em toda a Bíblia, pois Ele tem os espíritos que trabalham para Ele. (Hebreus 1,14). Vejamos o que diz Paulo, citando Isaias, e referindo-se aos que estão participando das reuniões mediúnicas de profecias, revelações e de falar em línguas estrangeiras: “Na lei está escrito: Falarei a este povo por homens (médiuns, profetas) de outras línguas e por hábitos de outros povos, e nem assim me ouvirão”. (Isaias 28,11 e 13; e 1Coríntios 14,21). Recomendo a você, que me prestigia com a sua leitura, que estude os capítulos 12, 13 e 14 de 1 Coríntios, de cujos assuntos fogem os padres e pastores, pois se trata de fenômenos espíritas. Mas Jesus disse que nada ficará oculto, apesar de que se peque muito por omissão. E esses e outros desvios das verdades teológicas bíblicas são como que nem poeiras a infestarem os bancos das igrejas e dos templos cristãos, afugentando muitos de seus fiéis.
Essas irregularidades imperceptíveis pela mentalidade religiosa atrasada do passado têm-se chocado com a evoluída do presente. E coitados dos fiéis! Eles já não sabem mais para onde irem, e estão como nem macacos pulando de galho em galho, de religião em religião, pois desconfiam dos ensinos dos seus líderes religiosos!

PS:
1) 3º Congresso Espírita Brasileiro, de 16 a 18-4-2010, Brasília (DF). Tema: “Centenário de Chico Xavier com Jesus e Kardec”. (61) 2101-6171 - Begin of the skype highlighting (61) 2101-6171 end of the skype highlighting – inscricao@febnet.org.br
Obs.: Esta coluna é de José Reis Chaves,  que às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br Clicar colunas. Foi liberada pelo autor para a publicação.  Seus livros são: “A Face Oculta das Religiões”, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed.EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - seu e-mail: jreischaves@gmail.com - Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.

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sexta-feira, 9 de abril de 2010

Macaco Jiló



Mais um belo domingo de verão vivido intensamente em Reinópolis.
Na praça, ornamentada com flores silvestres, em singular profusão de cores e perfumes, pessoas e bichos misturavam-se numa explosão de alegria, enquanto aguardavam o início de mais um certame promovido pelo rei.
No palanque real, Sua Majestade observava a movimentação da grande massa de súditos e confidenciava aos seus conselheiros:
- Esta é uma terra abençoada, gente e animais convivem amistosamente, cantam, riem, confraternizam-se. Raros são os que não compartilham desta harmonia por serem portadores de deformações morais e, em conseqüência, descambaram para os vícios ou para a violência. Sinto-me feliz.
Instantes depois, a um sinal do soberano, rufaram os tambores anunciando a esperada disputa.
Majestoso, o rei levantou-se do trono, uma vez mais perpassou o olhar pela multidão em grande expectativa e falou à platéia que o olhava com admiração e respeito:
- Hoje, confrontam-se o muriqui, o maior macaco das Américas, representado pelo Macaco Jiló, nosso conhecido por suas diabruras e o sagüim, único primata do litoral, o menor indivíduo da espécie. Os dois tomem seus postos na marca de saída. Sagüim à esquerda, buriqui à direita.
Mestre no ofício de provocar, o Macaco Jiló, em vez da habitual reverência, com três cambalhotas pôs-se em pé diante do rei, abriu largo sorriso de desdém, debochou do sagüim atingindo-o com pedrinhas e apresentou-se afetado:
- Eis aqui, senhor rei, o virtual campeão da jornada de hoje. Como bem declarou Vossa Majestade, sou o macaco de porte mais avantajado das Américas, mas não fica somente aí a minha superioridade sobre o meu mísero oponente, sobram-me inteligência, sagacidade e, sobretudo, esperteza.
- Venerável soberano - sussurrou o sagüim após fazer tímida mesura - veja em mim um fiel servo que tudo fará, dentro da ordem e da ética, para merecer o título de vencedor.
Sereno, sem transparecer ter-se agastado com as impertinências do Macaco Jiló, o rei fez as devidas recomendações, arrematando:
-  Em determinado trecho, os dois caminhos se confundem numa única via para, em seguida, separarem-se e de novo juntarem-se, à vista de todos, no declive da reta de chegada.
Muita atenção na sinalização, a troca de pista significa eliminação do infrator.
Ao soar o gongo, ambos partiram em disparada.
Na praça, a agitação era marcante.
Poucos acreditavam no sagüim, a maioria apostava no Macaco Jiló.
Em conversa com amigos, o tatu argumentava:
- Impossível o sagüim levar a melhor na disputa. Além da diferença física, o Macaco Jiló é astuto, inescrupuloso.
- Conheço-o muito bem, fui vítima de suas intrigas - considerou a anta. 
Pondo à mostra toda a sua revolta, a raposa esbravejou:
- Você só sofreu intrigas? Pior ocorreu comigo! Fui trapaceada cinicamente! Jiló é vil, nocivo à coletividade. Deveria ser preso e passar por um processo de ressocialização.
-  Concordo plenamente com vocês, o mau elemento não perde oportunidade de promover-se, mesmo com o sacrifício de alguém - comentou o guará.
- Suas intromissões deixam sempre um gosto amargo nos outros. Faz jus ao apelido! - ironizou a jaguatirica. Enquanto, na praça, discutia-se e apostava-se, o Macaco Jiló chegava primeiro à junção das estradas. Maliciosamente, inverteu as setas indicadoras da direção, tomou o caminho apropriado e procurou ocultar-se no mato para ter a certeza de que o sagüim caíra no logro. Prelibava com a situação vexatória do adversário e a possibilidade de tripudiá-lo à frente de todos.
Conhecedor, no entanto, das trampolinagens do antagonista, o sagüim detevese em cuidadoso exame do terreno, observou os rastros deixados, convenceu-se, enfim, das modificações introduzidas na sinalização. Dispunha-se a seguir o rumo certo quando sua atenção foi despertada por um grito de susto seguido de gemidos de dor. Aqueles guinchos eram-lhe conhecidos!
A pouca distância, Macaco Jiló havia caído numa esparrela armada por caçadores. Estava preso e com o braço quebrado.
A evidente intenção de prejudicá-lo com as trocas efetuadas na sinalização não estimulou o sagüim à desforra. Assim, ajudou Jiló a livrar-se da armadilha, providenciou uma tala e imobilizou seu braço fraturado. De nada, porém, valeu aquele gesto de desprendimento. Insensível ante o sentimento de solidariedade, o vilão desferiu violento golpe no sagüim deixando-o desacordado e partiu confiante para a consagração. Grande alvoroço agitou os espectadores. Macaco Jiló despontou sozinho no topo da ladeira de acesso ao ponto final.
Todavia, para surpresa geral e satisfação da maioria, o sagüim, vendo Jiló já na metade do lanço derradeiro, enroscou-se em forma de uma bola, rolou ladeira abaixo para cruzar vitorioso a linha de chegada.
Delírio contagiante envolveu os presentes que não pouparam aplausos ao vencedor.
Jiló, inconformado, reclamava do meio ilícito usado pelo oponente; entretanto, o rei, homem justo, validou o feito do sagüim declarando enfático:
- Expedientes escusos foram empregados pelo derrotado. Meus fiscais informaram que o Macaco Jiló tentou ludibriar o concorrente alterando a sinalização. Depois, agrediu fisicamente aquele que, como um bom samaritano, o socorrera. O insensato deliqüente retribuiu com o mal o bem recebido.
Por sua conduta abominável, condeno-o a dois anos de reclusão. Que esta lição sirva de exemplo e esteja sempre em suas lembranças o Salmo 32.2: “Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa maldade e em cujo espírito não há engano”. Atentem todos também para o ensinamento de Jesus contido em Mateus 5.48: “Sede, pois, perfeitos, como vosso Pai Celestial é perfeito“.

Felinto Elízio Duarte Campelo
felintoelizio@gmail.com


Extraído de seu livro o Pulo do Gato


quinta-feira, 8 de abril de 2010

O livro dos Espíritos



Para designar coisas novas são necessárias palavras novas; assim exige a clareza de uma língua, para evitar a confusão que ocorre quando uma palavra tem múltiplo sentido. As palavras espiritual, espiritualista, espiritualismo têm um significado bem definido, e acrescentar-lhes uma nova significação para aplicá-las à Doutrina dos Espíritos seria multiplicar os casos já tão numerosos de palavras com duplo sentido. De fato, o
espiritualismo é o oposto do materialismo, e qualquer um que acredite ter em si algo além da matéria é espiritualista, embora isso não queira dizer que creia na existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o mundo material. Em vez das palavras espiritual, espiritualismo, utilizamos, para designar a crença nos Espíritos, as palavras espírita e Espiritismo, que lembram a origem e têm em si a raiz e que, por isso mesmo, têm a vantagem de ser perfeitamente inteligíveis, reservando à palavra espiritualismo sua significação própria. Diremos que a Doutrina Espírita ou o Espiritismo tem por princípio a relação do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo espiritual. Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas ou, se quiserem, os espiritistas.
Como especialidade, o Livro dos Espíritos contém a Doutrina Espírita; como generalidade, liga-se ao espiritualismo num dos seus aspectos.
Esta é a razão por que traz, no início de seu título, as palavras: “filosofia espiritualista”.

Disponibilizo todo o livro para download: O livro dos Espíritos

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Carta de Richard Simonetti para Super Interessante



Senhor Sérgio Gwercman (sgwercman@abril.com.br)
 
Diretor de redação da revista Super Interessante



Sou assinante dessa revista há muitos anos. Sempre a encarei como publicação séria, fonte de informações a oferecer subsídios para meu trabalho como escritor espírita, autor de 49 livros publicados.
Essa concepção caiu por terra ao ler, na edição de abril, infeliz reportagem sobre Francisco Cândido Xavier, pretensiosa e tendenciosa, objetivando, nas entrelinhas, denegrir e desvalorizar o trabalho do grande médium.
Isso pode ser constatado já na seção “Escuta”, com sua assinatura, em que V.S. pretende distinguir respeito de reverência, como se reverência não fosse o respeito profundo por alguém, em face de seus méritos.
Podemos e devemos reverenciar Chico Xavier, não por adesão de uma fé cega, mas pela constatação racional, lúcida, lógica, de que estamos diante de uma personalidade ímpar, que fez mais pelo bem da Humanidade do que mil edições de Superinteressante, uma revista situada como defensora do bom jornalismo, mas que fez aqui o que de pior existe na mídia – a apreciação superficial e tendenciosa a respeito de alguém ou de uma notícia, com todo respeito, como pretende seu editorial, como se fosse possível conciliar o certo com o errado, o boato com a realidade, o achincalhe com o respeito.
Para reflexão da repórter Gisela Blanco e redatores dessa revista que em momento algum aprofundaram o assunto e nem mesmo se deram ao trabalho de ler os principais livros psicografados pelo médium, sempre com abordagem superficial, pretendendo “explicar” o fenômeno Chico Xavier, aqui vão alguns aspectos para sua reflexão e – quem sabe? – um cuidado maior em futuras reportagens.
De onde a repórter tirou essa bobagem de que “toda essa história começou com as cartas dos mortos?”
Se as eliminarmos em nada se perderá a grandeza de Chico Xavier. A história começa bem antes disso, com a publicação, em 1932, do livro Parnaso de Além-Túmulo, quando o médium tinha apenas 22 anos.
A reportagem diz: “Ele dizia que não escolhia os espíritos a quem atenderia, só via fantasmas e ouvia vozes. Mas parecia ser o escolhido por celebridades do céu. Cruz e Souza, Olavo Bilac, Augusto dos Anjos e Castro Alves lhe ditaram versos e prosa.”
Afirmativa maliciosa, sugerindo o pastiche, a técnica de copiar estilo literário. O repórter não se deu ao trabalho de observar que no próprio Parnaso há, nas edições atuais, 58 poetas desencarnados, menos conhecidos e até desconhecidos, como José Duro, Alfredo Nora, Alma Eros, Amadeu, B.Lopes, Batista Cepelos, Luiz Pistarini, Valado Rosa… Poetas do Brasil e de Portugal que se identificam pelo seu estilo, em poesias personalíssimas enriquecidas por valores de espiritualidade.
Não sabe ou preferiu omitir a repórter que Chico psicografou poesias de centenas de poetas desencarnados, ao longo de seus 75 anos de apostolado, na maior parte poetas provincianos, conhecidos apenas nas cidades onde residiam no interior do Brasil. Pesquisadores constatam que esses poemas não são “razoavelmente fiéis ao estilo dos autores”. São totalmente fiéis.
Não tem a mínima noção de que a técnica do pastiche, a imitação de estilo literário, é extremamente difícil, quase impossível. Pastichadores conseguem imitar uma página, uma poesia de alguém, jamais toda uma obra ou as obras de centenas de autores.
Afirma que Chico foi autodidata e leitor voraz durante toda a vida, sempre insinuando o pastiche.
Leitor voraz? Passava os dias lendo? Só quem não conhece sua biografia pode falar uma bobagem dessa natureza, já que Chico passava a maior parte de seu tempo atendendo pessoas, psicografando, participando de reuniões e atendendo à atividade profissional.. Não conheço um único documentário, uma única foto mostrando Chico lendo “vorazmente”. Ah! Sim! Para a repórter Chico certamente escondia isso.
Fala também que Chico teria 500 livros em sua biblioteca e que “a lista inclui volumes de autores cujo espírito o teria procurado para escrever suas obras póstumas, como Castro Alves e Humberto de Campos”.
E as centenas de poetas e escritores que se manifestaram por seu intermédio. Chico tinha livros deles? E de poetas que sequer publicaram livros?
Quanto a Humberto de Campos, cuja família tentou receber na justiça os direitos autorais pelas obras psicografadas por Chico, o que seria ótimo acontecer, o reconhecimento oficial da manifestação dos Espíritos, esqueceu-se a repórter de informar que Agripino Grieco, o mais famoso crítico literário de seu tempo, recebeu uma mensagem do escritor, de quem era amigo. Reconheceu que o estilo era autenticamente de Humberto de Campos, mas que o fato para ele não tinha explicação, já que, como católico praticante, não admitia a possibilidade de manifestação dos espíritos.
Esqueceu ou ignora que Chico, médium psicógrafo mecânico, recebia duas mensagens simultaneamente, com ambas as mãos sendo usadas por dois espíritos. Desafio Superinteressante a encontrar um prestidigitador capaz de fazer algo semelhante.
Uma pérola de ignorância jornalística está na referência sobre materialização de Espíritos: “seria necessário produzir um total de energia duas vezes maior do que é hoje produzido pela hidroelétrica de Itaipu por ano, segundo os cálculos feitos por especialistas exibidos por reportagens sobre Chico nos anos 70.” Seria superinteressante a repórter ler sobre as pesquisas de Alfred Russel Wallace, Oliver Joseph Lodge, Lord Rayleigh, William James, William Crookes, Ernesto Bozzano, Cesare Lombroso, Alexej Akzacof e muitos outros cientistas respeitáveis que estudaram o fenômeno da materialização e o admitiram. Leia, também, sobre quem eram esses cientistas, para constatar que não agiam levianamente como está na revista.
A repórter reporta-se às reuniões mediúnicas das quais Chico participava como shows que o tornaram famoso e destila seu veneno. Cita o sobrinho de Chico que, dizendo-se médium, confessou que era tudo de sua cabeça, o mesmo acontecendo com o tio. Por que passar essa informação falsa, se o próprio sobrinho de Chico, notoriamente perturbado e alcoólatra, pediu desculpas pela sua mentira? Joga penas ao vento e espera que o leitor as recolha? Omitiu também a informação de que ele confessou que pessoas interessadas em denegrir o médium pagaram-lhe pela acusação.
Eram frequentes nas reuniões a ocorrência de fenômenos como a aspersão de perfumes no ambiente, algo que, deveria saber a repórter, costuma ocorrer com os médiuns de efeitos físicos. No entanto, recusando-se a colher informações mais detalhadas sobre o assunto, limitou-se a dizer que em 1971 um repórter da revista Realidade, José Hamilton Ribeiro, denunciou que viu um dos assessores de Chico Xavier levantar o paletó discretamente e borrifar perfume no ar. Sugere que havia mistificação, aliás, uma tônica na reportagem. Por que não foram consultadas outras pessoas, inclusive centenas que tiveram seus lenços inexplicavelmente encharcados de perfume ou a água que levavam para magnetizar, a exalar também um olor suave e desconhecido que perdurava por muitos dias?
Na questão das cartas, milhares e milhares de cartas de Espíritos que se comunicavam com os familiares, sugere a repórter que assessores de Chico conversavam com as pessoas, anotando informações para dar-lhes autenticidade. Lamentável mentira. E ainda que isso acontecesse, Chico precisaria ser um prodígio para ler rapidamente as informações e inseri-las no contexto de cada mensagem, de cada espírito, mistificando sempre.
E as mensagens dirigidas a pessoas ausentes? E os recados aos presentes? Não eram só mensagens. Eram incontáveis recados. A pessoa aproximava-se de Chico e ele, sem conhecer nada de sua vida, transmitia recados de familiares desencarnados, na condição de um ser interexistente, que vivia simultaneamente a vida física e a espiritual, em contato permanente com os Espíritos.
Lembro o caso de um homem inconformado com a morte de um filho. Ia toda noite deitar-se na sepultura do rapaz, querendo “ficar com ele”. Não contava a ninguém, nem mesmo aos familiares.
Em Uberaba recebeu mensagem do filho pedindo-lhe que não fizesse isso, porquanto ele não estava lá.
Durante muitos anos Chico psicografou receituário mediúnico de homeopatia. Perto de 700 receitas numa noite. Ficava horas psicografando. E os medicamentos correspondiam à natureza do mal dos pacientes, sem que o médium deles tivesse o mínimo conhecimento. Na década de 70 tive uma uveíte no olho esquerdo. Compareci à reunião de receituário. Escrevi meu nome e idade numa folha de papel. Não conversei com ninguém. Após a reunião recebi a indicação de dois medicamentos.
Tornando a Bauru, onde resido, verifiquei num livro de homeopatia que o dois medicamentos diziam respeito ao meu mal. Curaram-me.
Concebesse a repórter que, como dizia Shakespeare, há mais coisas entre a Terra e o Céu do que concebe nossa vã sabedoria, e não se atreveria a escrever sobre assuntos que desconhece, com o atrevimento da ignorância.
Outras “pérolas” da reportagem:
Oferece “explicações” lamentáveis para o fenômeno Chico Xavier..
Psicose, confundindo mediunidade com anormalidade.
Epilepsia, descarga elétrica que “poderia causar alheamento, sensação de ausência, automatismo psicomotor”, segundo a opinião de um médico. Descreve algo inerente ao processo mediúnico, que não tem nada a ver com desajuste mental, ou imagina-se que o contato com o Espírito comunicante não imponha uma alteração nos circuitos cerebrais, até para que ocorra a manifestação? E porventura o médico consultado sabe de algum paciente que produza textos mediúnicos durante a crise epilética?
Criptomnésia, memórias falsas, lembranças escondidas no subconsciente do médium, ao ouvir informações sobre o morto. Inconscientemente ele “arranjaria” essas informações para forjar a “manifestação”.
Telepatia. Aqui o médium captaria informações da cabeça dos consulentes e as fantasiaria como manifestação do morto. Como dizia Carlos Imbassahy, grande escritor espírita, inconsciente velhaco, porquanto sempre sugere que é um morto quem se manifesta, não ele próprio.
Informa a repórter que “acuado pelas críticas na Pedro Leopoldo de 15 mil habitantes, Chico resolveu fazer as malas e partir para Uberaba, um polo do Espiritismo onde contaria com um apoio de amigos”.
Mentira. Ele deixou Pedro Leopoldo, onde tinha muitos amigos, não por estar “acuado”, mas simplesmente seguindo uma orientação do Mundo Espiritual, em face de tarefas que desenvolveria em Uberaba que, então sim, com sua presença transformou-se em “polo do Espiritismo”.
Na famoso pinga-fogo a que Chico compareceu, em 1971, na TV Tupi, um marco na história das entrevistas televisivas, com uma quase totalidade de audiência, diz a repórter que Chico foi “bombardeado por perguntas. Mas se safou.” Bombardeado? Safou-se? O que foi essa entrevista, um libelo acusatório contra um mistificador? Se a repórter se desse ao trabalho de ver a entrevista toda, o que lhe faria muito bem, verificaria que o clima foi de cordialidade, de elevada espiritualidade, e que em nenhum momento os entrevistadores “bombardearam” Chico.. E em nenhum momento ele deixou de responder as perguntas com a sobriedade e lisura de quem não está ali para safar-se, mas para ensinar algo de Espiritismo.
Falando da indústria (?) Chico Xavier, há um box sobre “Dieta do Chico Xavier”, que jamais seria veiculada por Chico. Usaram seu nome. Por que incluí-la nas inverdades sobre o médium, simplesmente para denegrir sua imagem, aqui sugerindo que seria ingênuo a ponto de conceber semelhante bobagem? Se eu divulgar via internet que Superinteressante recomenda o uso de cocô de galinha para deter a queda de cabelos, seria razoável que alguma revista concorrente citasse essa tolice, mencionando a suposta autoria, sem verificação prévia?
Falando dos 200 livros biográficos sobre Chico Xavier, a repórter escreve: “Tem até um de piadas, Rindo e Refletindo com Chico Xavier”. Certamente não leu o livro, porquanto não conhece nem o autor, eu mesmo, Richard Simonetti, nem sabe que não se trata de um livro de piadas, mas um livro de reflexão em torno de ensinamentos bem-humorados do médium.
Não fosse algo tão lamentável, tão séria essa agressão contra a figura respeitável e venerável de Chico Xavier, eu diria que essa reportagem, ela sim, senhor redator, foi uma piada de péssimo gosto!
Doravante porei “de molho” as informações dessa revista, sem o crédito que lhe concedia.
A repórter Gisela Branco esteve em Pedro Leopoldo e Uberaba com o propósito de situar Chico Xavier como figura mitológica. É uma pena! Não teve a sensibilidade nem o discernimento para descobrir o médium Chico Xavier, cuja contribuição em favor do progresso e bem estar dos homens foi tão marcante que, a exemplo do que disse Einstein sobre Mahatma Gandhi, “as gerações futuras terão dificuldade para conceber que um homem assim, em carne e osso, transitou pela Terra.”
E deveria saber que não vemos Chico Xavier como um mártir, conforme sugere. Não morreu pelo Espiritismo. Viveu como espírita. E se algo se aproxima de um martírio em seu apostolado, certamente foi o de suportar tolices e aleivosidades como aquelas presentes na citada reportagem.
Finalizando, um ditado Zen para reflexão dos redatores da Super:

O dedo aponta a lua.
O sábio olha a lua..
O tolo olha o dedo.

Richard Simonetti
Bauru, 3 de abril de 2010..

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terça-feira, 6 de abril de 2010

As polêmicas envolvendo o Espiritismo



Na última semana foram duas polêmicas envolvendo o Espiritismo. A primeira com os jogadores do Santos Futebol Clube que se recusaram a entrar em instituição espírita para distribuição de ovos de páscoa. Os atletas merecidamente foram criticados pela opinião pública. Sem querer fizeram o espiritismo entrar na mídia esportiva. Foram debates acalorados em diversos programas e até rasgados elogios do comentarista Neto, da TV Bandeirantes, ao nosso querido Chico Xavier.
Como pode perceber o caro leitor, o feitiço virou contra o feiticeiro. A segunda e mais recente polêmica refere-se a ingênua reportagem da revista SUPERINTERESSANTE tentando desmerecer a figura notável de Chico Xavier.
Obviamente não obtiveram êxito. A vida de Chico é um hino à verdade. Sem contar que o médium mineiro é cidadão do mundo, amado pelas pessoas independentemente de religião.
Prova disso é o sucesso do filme sobre a sua vida que vem lotando os cinemas do Brasil.
Chico é muito maior que essas querelas. Constatamos que o editor e a jornalista da SUPERINTERESSANTE foram muito inocentes na elaboração da matéria. Não pesquisaram e expuseram-se ao ridículo.
Sempre digo aos alunos: Vai estudar, menino! Vai estudar pra não falar besteira! Os responsáveis pela revista falaram muita besteira.
Aconselho-os: Vão estudar, vão estudar pra não escrever besteiras!
Os espíritas naturalmente mostraram indignação diante de tamanhas abobrinhas. Richard Simonetti, um dos grandes pensadores espíritas da atualidade, tratou de jogar luz no assunto e elaborou esclarecedora carta ao editor da revista. A manifestação do escritor bauruense está “voando baixo” pela internet. Alamar Régis e outros espíritas também manifestaram a opinião de forma contundente contra a reportagem.
Excelente essas manifestações, pois vemos a Doutrina Espírita recebendo atenção. Certamente inúmeras pessoas irão ler sobre as polêmicas e buscar verificar quem está com a razão. Quem sabe surgirão mais estudiosos das leis da vida tão bem explicadas pela espiritualidade.
A propósito, lembro-me de um comentário de Kardec que consta na obra Viagem Espírita em 1862. Narra o codificador que um pregador aventurou-se na tribuna e sem piedade levantou vozes contra o espiritismo. Pregava entusiasmado: Espiritismo é coisa do demônio! Doutrina anti cristã!
No entanto, a platéia que o escutava jamais ouvira falar de Doutrina Espírita. O desavisado pregador atiçou a curiosidade das pessoas presentes na platéia para conhecer o tal de Espiritismo. Conta Kardec que algum tempo depois naquele local nascia um grupo de estudos para conhecer a Doutrina Espírita que fora tão mal apresentada pelo orador.
As críticas infundadas e os absurdos que atualmente algumas pessoas cometem contra o Espiritismo irão alçá-lo cada vez mais ao patamar de destaque que merece, porquanto os críticos serão combatidos e surpreendidos em suas incoerências por estudiosos da doutrina codificada por Allan Kardec que, diga-se de passagem, jamais se calarão ante asneiras proferidas por palpiteiros de plantão.
Os atletas do Santos e jornalistas da SUPERINTERESSANTE obviamente não sabem que em sua ignorância, à semelhança daquele pregador desinformado, abriram mais janelas para a penetração das idéias que tentaram combater. Pela excelência de seus princípios o Espiritismo entrará por essas brechas abertas pelos desavisados, quer eles queiram ou não.

Wellington Balbo
Bauru - SP

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terça-feira, 30 de março de 2010

Macaco Simão



Carregando o peso dos seus oitenta e oito anos, dos quais setenta e nove vividos na dura faina da roça, Simão, um negro robusto, o mais antigo morador da Fazenda Oiteira, depois de um dia estafante, retornava do trabalho a passos lentos, levantando o pó do chão, num penoso arrastar de pés.
No aconchego do lar, cercado do carinho de sua Maria - pensava feliz - acharia novas forças para enfrentar as labutas do dia seguinte.
Antes, porém, que alcançasse sua choupana, encontrou Matias, neto dos atuais patrões, um garoto de doze anos, inconveniente e atrevido, que, maldosamente, só o tratava por Macaco Simão.
Insolente, o petiz não perdeu a oportunidade de zombar do pobre ancião, cantarolando:

“Meio dia, panela no fogo barriga vazia.
Macaco torrado que vem da Bahia, fazendo caretas pra Dona Maria”.

Simão descontrolou-se, agüentara silencioso todos os insultos, mas não suportava ver sua Maria incluída nas troças do irreverente guri. Revidou:
- Menino arreliento, quando você morrer vai pras profundezas do inferno de cabeça pra baixo. E eu vou achar graça.
- Macaco Simão - chasqueou Matias - o inferno foi feito para os negros sujos como você e sua mulher. De pouco valeram os apelos de muita paciência e as palavras de conforto de Dona Maria.
Simão estava injuriado, pouco se alimentou e, logo depois, saiu.
Sentado na margem do açude grande, seu lugar predileto para meditar e orar, deu vazão à tristeza. Em pranto convulso, perguntava:
- Por que, meu Deus, tanta maldade no coração daquele fedelho? Que fazer para corrigi-lo?
Pensamento solto, volveu aos tempos de criança, quando chegou à fazenda. Conhecera os bisavós de Matias, pessoas austeras e exigentes, contudo, justas; não detratavam os empregados quer fossem brancos, mulatos ou negros. Os avós e os pais haviam seguido a mesma linha de conduta, sérios, compenetrados, mas respeitadores e bondosos. Só o Matias escarnecia dele.
Morosamente o sol declinava no horizonte. O velho Simão, em oração, aos poucos, refazia-se do desgosto. Admirou o céu tingido de púrpura anunciando o final da tarde morna, sentiu a suave brisa acariciar-lhe a fronte escaldante, desejou voltar aos cuidados de Maria, porém o sono anestesiou-lhe os sentidos, pendeu a cabeça sobre o peito, dormiu profundamente e sonhou com um anjo luminoso convidando-o:
- Venha, Simão, sossegue sua alma tão angustiada. Muitos foram os seus sofrimentos, grande será sua recompensa.
- Meu bom anjo, como posso asserenar-me se vejo o menino Matias inclinando-se para o mal? Desejo o seu bem, sofro com o seu descaminho.
- Hoje, Matias, espírito endurecido, não poderá ouvi-lo; no futuro, você terá como dar sua ajuda direta para salvar aquela alma rebelde. Agora, repouse para um despertar feliz.
Ao amanhecer, encontraram o corpo de Simão hirto, olhar sereno fixado no infinito, tendo nos lábios o sorriso daqueles que morrem em paz.
Sessenta anos passaram na carruagem do tempo.
Matias, sentado à margem do mesmo açude, angustiava-se pensando no passado, no presente e nas sombrias perspectivas do futuro.
A Fazenda Oiteira viera-lhe diretamente dos avós. Administrador severo, fez-se temido e repudiado. Juntou dinheiro, mas não fez amigos. Agora, envelhecido, vivia como eremita, mal visto, rejeitado. Não casou, não tinha filhos. Quem poderia assisti-lo na senectude?
Da angústia passou ao desespero. Quis gritar, não conseguiu. Dor intensa comprimiu-lhe o peito, a visão anuviou-se. Morreu blasfemando.
No dia seguinte, acharam o cadáver de Matias, olhos esbugalhados, lábio contraídos, reflexo de uma morte atormentada.
Dez anos se foram na inexorável marcha do tempo. Matias, que vagara em densas trevas, lentamente despertou em profunda aflição, sem decifrar o que lhe acontecera.
Pressuroso, demandou à casa grande. Constatou, contrariado, radicais modificações. Na entrada, um belo e bem cuidado jardim; no interior, recentemente pintado, móveis novos; empregados zelosos cuidavam do asseio.
Aturdido, retirou-se procurando informações. Nenhuma resposta, fingiam não escutá-lo.
Só então, contrafeito, pôde observar que as antigas e acanhadas casas de barro batido tinham sido substituídas por outras maiores, mais confortáveis, de alvenaria. Viu ainda uma escola, uma creche, um clube recreativo. Tudo feito com o seu dinheiro, sem autorização. Verdadeira espoliação dos seus bens!
De repente, lembrou-se de suas considerações à beira do açude, da sufocante dor no peito, do turvamento da visão acompanhado de um longo vazio. Certamente morrera, era a explicação.
Vencido pelo desgosto, chorou amargamente, lamentou seu infortúnio que, reconhecia, só podia imputar a si próprio. Caiu de joelhos e orou:
- Se realmente morri, se há esse Deus que todos têm como Pai de infinita misericórdia, que eu seja socorrido neste momento de inquietação e de dúvidas atrozes.
Inimaginável é o poder da prece. Natalício, um ser angelical, abeirou-se de Matias, tocou-lhe de leve o ombro falando com ternura:
- Matias, que você fez da vida? Desperdiçou uma oportunidade de crescer espiritualmente! Discriminou os negros, desconsiderou os direitos dos seus empregados, cometeu uma série de equívocos.
- Bem sei que mereço ir para o inferno de cabeça para baixo. Mande-me logo arder no fogo. Cumpra a justiça.
- Não, Matias, você não irá. Deus é bom e misericordioso, não permitirá tal absurdo. Por ser justo, Deus concede sempre novos ensejos de redenção.
- Estou confuso. Que fazer então?
- Recomeçar - retrucou Natalício - Outra vida ser-lhe-á dada se aceitar reencarnar como filho dos novos donos da Oiteira para retomar a tarefa abandonada por negligência. À noite, durante o sono, promoverei um encontro para o entendimento fraterno. Aceita?
O carrilhão soava anunciando as vinte e três horas quando Matias, acompanhado do protetor, penetrou na alcova do jovem casal que dormia serenamente.
Ao chamamento de Natalício, ambos desprenderam-se do corpo físico indo ao encontro dos visitantes.
- Eis seus futuros pais, Eliseu e Marina - sorridente, Natalício fez a apresentação - muitos anos atrás, acataram de bom grado a incumbência de guiá-lo pelo caminho reto do dever. Deseja conhecê-los melhor? 
- Sim, quero muito saber qual a ligação entre nós que justifique o sacrifício de receber-me como filho - respondeu Matias cheio de curiosidade.
Como num passe de mágica, o guapo rapaz e sua encantadora esposa transmudaram-se. As peles alvas tornaram-se escuras, os cabelos lisos ficaram encarapinhados; eram dois idosos vergados pelo peso dos anos.
Trêmulo, incapaz de suster-se em pé, Matias arrojou-se aos pés dos pretos-velhos gemendo de assombro e de dor:
- Macaco Simão, Dona Maria! Como podem aceitar-me como filho? Não mereço voltar nem como empregado. Sou um pobre diabo indigno de ser olhado. Perdoem este infeliz.
Emocionado até as lágrimas, Simão replicou:
- Levante-se, Matias, há muito tempo você foi perdoado. Venha, abrace-nos como irmãos queridos, esqueçamos o passado, olhemos o futuro promissor.
Mais cinco anos transcorreram. Eliseu e Marina contemplam embevecidos o filho recém nascido como um presente descido do céu.
 
 
Felinto Elizio Duarte Campelo

segunda-feira, 29 de março de 2010

Para a Bíblia e Santo Agostinho


PARA A BÍBLIA E SANTO AGOSTINHO, PEDRO NÃO É A PEDRA DA IGREJA 



O fato de a Igreja ter cometido erros não quer dizer que ela fique desmoralizada e perca a sua importância e credibilidade na história do cristianismo e do mundo, pois a grandeza dos seus benefícios prestados à humanidade supera em muito seus desacertos. 
Um desses desacertos foi o ensino de que São Pedro foi o primeiro papa, cujo objetivo foi de engrandecer e fortalecer a dobradinha dos poderes civil e religioso, e que começou com o imperador Constantino. 
Outra coisa que os poderosos do cristianismo do passado criaram para se autobeneficiar é a interpretação desta frase de Jesus: “Se de alguns perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; se lhos retiverdes, são retidos”. (São João 20,23). A hierarquia religiosa atribuiu-se a si a exclusividade desse poder, a qual argumentava que Jesus se dirigiu só aos apóstolos, e que, portanto, esse poder era dos papas e dos bispos, sucessores dos apóstolos, poder esse que eles estenderam também para os padres. Acontece que Jesus se dirigiu não só aos seus apóstolos, mas a todos os seus discípulos (São João 20, 19 a 23). Ademais, o próprio Jesus nos ensina que todos nós não só podemos, mas devemos perdoar os nossos ofensores, e não só sete vezes, mas setenta vezes sete, ou seja, sempre. E quem pode perdoar uma ofensa é a vítima da ofensa. Você, que me está honrando com sua leitura, o que acharia de uma pessoa pisar no seu pé, e pedir perdão a outra pessoa? 
Mas retomemos o assunto principal desta matéria. Muitos judeus achavam que Jesus fosse João Batista ressuscitado, outros: Elias; outros: um dos profetas; e ainda outros: Jeremias. Observe-se aqui que os judeus acreditavam na reencarnação, pois admitiam que pessoas já desencarnadas pudessem voltar. E o Mestre perguntou aos seus apóstolos: e eu sou quem para vocês? Pedro de pronto respondeu: “Tu és o Filho de Deus vivo”. Jesus disse, então, a Pedro: “Não foi à carne e o sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus”. Atentemos para o fato de que a resposta de Pedro não foi originada da sua pessoa (carne e sangue), mas de Deus. Porém Deus não se manifesta diretamente, mas tem seus espíritos atuando em seu nome (Hebreus 1,14), do que se conclui que foi um espírito que inspirou ou intuiu Pedro para a sua resposta. E acrescentou Jesus, confirmando a verdade dessa frase inspirada de Pedro: “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra (a verdade da frase inspirada de Pedro) edificarei minha igreja”. (São Mateus 16,14 a 18). Essa interpretação é baseada na Bíblia e em Santo Agostinho (Sermão 76, página 479, do 5º Volume das Obras Completas, editadas por Migne, Paris, 1877, com o apoio dos Padres Beneditinos, nota do filósofo e teólogo Jesuíta Huberto Rohden, “Filosofia Cósmica do Evangelho”, página 115, Ed. Alvorada – a atual Martin Claret –, 1982). 
Realmente, a pedra da Igreja é Cristo (1Coríntios 10,4; Atos 4,11). Assim, figuradamente, ela representa Jesus Cristo e não a pessoa de Pedro, embora Jesus tenha chamado também esse seu grande apóstolo de “Kefas” (Pedro, nome derivado de pedra). E eis uma frase dos originais latinos de Santo Agostinho, sintetizando essa questão: “Super me aedificabo te, non me super te”, cuja tradução é: “Sobre mim te edificarei, não a mim sobre ti”.
É o nome Pedro que procede de pedra, e não a pedra que procede de Pedro, do mesmo modo que cristão vem de Cristo, e não Cristo de cristão!



Obs.: Esta coluna, de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO,  pode ser lida também no site www.otempo.com.br   Clicar colunas.   Ela está liberada para a publicação. Nas publicações, fico grato pela citação de meus livros: “A Face Oculta das Religiões”, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP)  e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) –  www.literarium.com.br -  e meu e-mail: jreischaves@gmail.com Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail:  contato@editorachicoxavier.com.br    e o telefone: 0800-283-7147.

Imagem ilustrativa

sábado, 27 de março de 2010

O casal Nardoni



O casal Nardoni e a coerência da Doutrina Espírita. 


Em virtude do julgamento do casal Nardoni o caso da garota Isabela, morta em março de 2008 após ser atirada do alto de um prédio, ocupa novamente grande espaço na mídia.
Natural, atitudes insanas cometidas contra crianças causam enorme comoção. O pai e a madrasta da garota são acusados e várias pessoas estão reunidas para o julgamento de ambos. A sentença sairá em poucos dias. Não vamos entrar no mérito da questão se o casal é culpado ou inocente. 
O ponto a ser abordado é bem outro: as penas impostas pelo tribunal humano e as impostas pelo tribunal da consciência. 
Nada é mais doloroso e aprisionador do que o peso da culpa. O que são 30, 40 anos de confinamento em prisão se compararmos com as chamas da culpa queimando a consciência? 
O que é a decisão de um júri humano perto da jurisprudência divina estampada na consciência de cada ser? A pior prisão não é aquela que trancafia o corpo físico, mas, sim, aquela que atormenta a alma que se compromete com as leis divinas. 
Nesse tipo de prisão não há qualquer liberdade ou tempo para banho de sol. Ela é implacável!
Frequentemente aqueles que se enredam pelo caminho do crime são sumariamente chamados de “desalmados”. Mal sabem os acusadores de que os “desalmados” habilitaram-se a penoso resgate. 
A Doutrina Espírita, no entanto, diverge da tese dos desalmados e explica que os chamados desalmados, marginais que segundo a opinião pública são monstros trajando o vestuário de gente, são espíritos; espíritos que se deixaram arrastar pelos impulsos primitivos da ira e por isso comprometeram-se em atos insanos. Pagarão por isso, sem dúvida, obedecendo a lei de causa e efeito. 
A consciência cedo ou tarde os cobrará, impondo sanções disciplinadoras e corretivas para que retomem o caminho do bem. 
Quanto a nós outros, nada de violência, revide e pensamentos de revolta. Isso apenas piora a situação já tão lamentavelmente explorada pela imprensa sensacionalista. 
Nossa postura deve ser cristã, serena, tranqüila. Jesus recomendava piedade, se somos seus seguidores, pois, devemos seguir seu conselho. 
É um absurdo, uma atitude de total desequilíbrio agredir o advogado dos acusados, como fez um cidadão. Ele deveria estar em sua casa, cuidando de sua vida, preocupado com seus afazeres ao invés de tumultuar o que já está demasiadamente tumultuado. Diz o ditado popular: Muito ajuda quem não atrapalha. Portanto, não estejamos no rol daqueles que atrapalham. Muito melhor fazer o caminho inverso: Ajudar. Óbvio, muito mais eficaz. 
Se sei que determinada situação escapa ao meu controle, que nada posso fazer para alterar o destino, o que faço? Reconheço minha pequenez e me entrego de corpo e alma em fervorosa oração, pedindo a proteção do Alto para os envolvidos. Pronto, nada além disso. 
A violência apenas aumenta o clima de tensão ao invés de resolver o problema. Não podemos pagar o mal com o mal.
Os envolvidos em um caso tão doloroso estão sofrendo muito, é inadmissível sob o ponto de vista cristão atirarmos mais lenha nessa fogueira de mágoas e desencontros. 
Cuidemos de nossa vida, deixemos de lado o julgamento, a acusação, os dardos mentais emitidos contra essa ou aquela criatura, porquanto, cada um arcará com a responsabilidade de seus atos perante as leis da vida instituídas pelo Criador. 
Podemos escapar do tribunal humano, mas não escaparemos do incorruptível tribunal da consciência. Assim sendo, inexistem razões para apelarmos à violência em qualquer situação, isso apenas demonstra o estado primitivo em que nos demoramos. Quanto ao casal, esses receberão o veredicto final da própria consciência. Se inocentes, mesmo trancafiados em inóspita prisão estarão absolvidos pelas leis da vida. Se culpados, mesmo soltos e vivendo em confortável mansão estarão sempre as voltas com os fantasmas de suas atitudes. Quanto a nós? Oremos pelos envolvidos, é o melhor a ser feito.


Wellington Balbo
Bauru - SP

quinta-feira, 25 de março de 2010

Momentos de transição


Crítica ao colunista José Reis Chaves 


Boa noite, D. Pagotto,

Venho através do site da arquidiocese tentar comunicar-lhe, pois acredito que o fato é relevante, sua pessoa é citada no artigo no jornal O Tempo de Belo Horizonte, no qual, claramente o articulista cita que 80% dos católicos são espíritas e o senhor como o maior representante no Brasil. Eis o último parágrafo do texto: "Opinião dividida pelo teósofo José Reis Chaves. Segundo informa o estudioso, cerca de 80% dos católicos freqüentam centros espíritas. "Só aqueles que são católicos de sacristia, os carismáticos, não vão porque é um desconforto freqüentar, mas eles representam cerca de 4% dos fiéis católicos". José Reis chega até a nomear alguns padres, bispos e arcebispos que são médiuns e que chegam até a dar palestras sobre o espiritismo, como por exemplo o arcebispo de João Pessoa, Dom Aldo Pagotto. É interessante observar que o Brasil é um dos maiores países católicos, mas é também o país com maior número de adeptos do espiritismo". 
Acredito que não preciso citar os que desde o Concílio de Orleans (511), Toledo (633) até os dias atuais a Igreja deixa claro que o espiritismo é contrário a fé e ao culto exclusivo a Jésus Cristo, Único Redentor e Senhor dos homens. Está em oposição à verdadeira fé do crente e é um perigo para a santidade. 
Assim, seria muito importante vosso desmentido, pois o Sr. Jósé Reis quando generaliza, ele demonstra desonestidade, que também foi mote de Kardec nos meados do séc. XIX. 
Como diz o Pe Quevedo, desde as irmãs Fox (1848) que se retrataram em 1888 até os líderes espíritas atuais, mesmo que inconscientemente e muitas vezes de boa fé, não deixa de ser um erro primário no escopo das doutrinas. 
No aguardo de vossa atenção, 

Luccas Godoy - Jornalista 
Mestre em Ciência da Religião e Filosofia.



Considerações endereçadas ao Sr. Luccas Godoy



De: Alamar Régis Carvalho 
Para: Luccas Godoy 
RESPOSTA À SUA CARTA A DOM ALDO PAGOTTO 


Prezado Luccas:

Acabo de ler a sua carta, dirigida ao ilustre, digno, corajoso, destemido e respeitável Dom Aldo Di Cillo Pagotto, Arcebispo de João Pessoa, na pretensão de cobrar dele uma postura, conforme as suas conveniências, em função do que foi escrito na coluna "O Tempo", de Belo Horizonte, pelo ilustre escritor, ex-Teólogo Católico, José Reis Chaves. 
Você escreveu aí o que quis e o que lhe convém, não é verdade, Luccas? Quando cita os Concílios de Orleans e Toledo, por que não cita também os concílios que impuseram uma Trindade, no Cristianismo, que inventaram que Jesus é Deus, que inventaram as imagens nas igrejas, que instituiram as velas, as confissões, a virgindade de Maria, que determinou que não se falasse mais em reencarnação e até que instituição a inquisição, onde padres poderiam, arbitrariamente, torturar e assassinar, cruelmente, pessoas que não pensassem como o igreja? 
Pelo que tudo indica, talvez você queira que Dom Aldo Pagotto, e inúmeros outros bispos e padres sensatos e verdadeiramente comprometidos com o Cristo, pense assim, não é verdade? Para você, certamente, Dom Helder Câmara, que nunca apoio essa estúpida violação do direito humano, também deve estar errado. Dom Lucas Moreira Neves, que junto com os espíritas, fundou o Pro Vida, na Bahia, na luta contra a praga do aborto, em belíssima convivência e harmonia, também estava errado? 
E ainda vem citar Quevedo, quando fala do absurdo que fizeram com as irmãs Fox, pressionando-as sob tortura, para que elas desmentissem os fenônemos de Hydesville? Se duas filhas adolescentes suas, que lhe amam, estivessem num cativeiro de sequestro, com revólveres apontados para as suas cabeças, obrigadas as fazerem uma "confissão" diante de gravadores e câmeras, dizendo que você é ladrão, é traficante de drogas e é um grande bandido, e essas imagens se espalhassem pela internet, você gostaria que as "afirmativas" delas fossem absorvidas para a cultura popular que você de fato era um bandido e um ser da pior espécie? Felizmente, meu caro Luccas, nem todo mundo é idiota, neste mundo, a ponto de se deixar levar pelas estratégias sem vergonha e descaradas do religiosismo, que não abre mão de se utilizar do mau caratismo, quando o objetivo é denegrir a imagem de outras filosofias, e foi isto que fizeram em relação às irmãs Fox, que esse, também, atrofiado de caráter, chamado Quevedo, anda espalhando como se fosse verdade.
Meu amigo, vou lhe dar uma sugestão: Não fique insistindo muito em pressionar Dom Aldo Pagotto, não, porque ele não tem papas na língua, não se deixa intimidar por ninguém, não tem medo de nada e costuma dar respostas à altura, principalmente a presunçosos e pretenciosos donos da "verdade". 
Já se viu diante de várias ameaças, de outros adeptos da inquisição, dos dias atuais, e ameaças sérias, e não se intimidou.. 
Ele é adepto da frase: "Quem diz o que quer, ouve o que não quer".
Embora você tenha o seu sagrado direito de expressão, direito de discordar e de dizer o que quer e bem entende, direito esse que tudo indica você não quer respeitar nos outros, pode continuar dizendo o que você quer, mas saiba que, pelo fato deste mundo não ser constituído apenas por gente besta e gente acéfala, você terá, também, sempre respostas a altura. 
Forte abraço e que o Deus de Amor, e não o deus de inquisição, proteja a todos nós. 

Alamar Régis Carvalho 
alamar@redevisao.net


Réplica ao Sr. Luccas


Sr. Alamar, boa tarde. 

Sua cartinha é bem ao estilo espírita, "inventaram, inventaram, inventaram", talvez não saiba o senhor que os homens através das instituições são os construtores no tempo da cultura e da verdade salvífica. E só uma instituição única e sobrevivente da barbárie por muitos anos teve este direito e dever de ordenar as sociedades e a criação do mundo ocidental. 
O espiritismo de Alan Kardec, nasceu no bojo de um anti-clericalismo, um cientificismo pós-iluminismo, que queria através da ciência e bíblia (com idéias orientais de reencanacionismo) apresentar a doutrina perfeita. Alguns homens compraram esta idéia principalmente em países místicos como o Brasil, pois na France terra de Kardec, não mais que 500 pessoas são adeptas da doutrina espírita. 
Não vou me estender sobre a verdade histórica, se existe verdade real na história, pois amanhã viajarei para a Espanha onde irei fazer o caminho de Santiago e meditar sobre a busca, a procura e tantos outros questionamentos que grassa a mente humana. 
Para terminar este recado, o reencanacionismo e outras práticas dos espíritas estão encerradas na academia como antropologicamente primária no rol das religiões. É infantiloide acreditar na história de nascer e renascer em outros corpos, nascer e renascer, nascer e renascer.... 
Para acreditar nisto, tem-se que acreditar na vociferacidade dos seus argumentos completamente sem base histórica, 

Luccas Godoy 
Professor.


Tréplica do Sr. Alamar


Sr. Lucca: 

Desejo-lhe, também, a mesma boa tarde. 

Todavia, vamos às considerações. 

Carta bem ao estilo espírita, com respeito ao "inventaram, inventaram...". E por acaso, não inventaram não? Porque a sua igreja católica resolveu canonizar o sem vergonha, safado, descarado e assassino do Constantino, como santo, pelo fato dele ter transformado o "cristianismo" de perseguido para perseguidor, bem como gostam os torturadores católicos, nós espíritas temos que fingir que não sabemos quem foi verdadeiramente aquele crápula? 
E você ainda vem querer simplesmente dizer que é um mero "esilo espírita" de "inventaram"? 
Então vamos fingir que não sabemos que Constantino, por se considerar divindade, achou por bem, politicamente, dar essa mesma qualificação à Jesus, para ficar bem com os seus novos parceiros, os cristãos? Então quer dizer que os incensos e as velas na igreja, não foram coisas inventadas por homens? 
A confissão auricular, não foi coisa inventada em concílio? 
A inútil e absurda "virgindade" de Maria, não foi inventada? 
A infalibilidade papal, também não foi inventada? 
E o celibato dos padres, não foi também inventado em concílio? 
A Trindade não foi também, inventada, no Cristianismo, para que ele ficasse, também, em nível das outras religiões da época, que tinham trindades? 
As condenações para que não falassem mais em reencarnação, REALIDADE CONHECIDA por todos os cristãos primitivos, não foi coisa inventada em concílio? 
Será que você vai querer nos convencer que a INQUISIÇÃO nunca existiu e que os espíritas andam inventando essa famigerada história? Thomas de Torquemada para você nunca existiu? 
Meu amigo, subestimar a inteligência dos outros, tentando fazer TODA a humanidade de boba, é algo que não tem sentido e fica até ridículo. 
Gostei dessa sua frase, quando disse que "homens, através das instituições são os construtores no tempo da cultura e da verdade salvífica". É exatamente isto que a igreja católica fez, com a sua influência, sob muita violência, no mundo. Ainda bem que nem todo mundo é trouxa, para ir na conversa dela. 
Instituição única e sobrevivente da barbárie? Qual, a igreja católica? Não seria mais honesto você, em vez de dizer isto, recorrer à verdade e afirmar instituição que mais promoveu a barbárie, a tortura, a destruição de lares, a tortura e o assassinato cruel de pessoas, por motivos religiosos? 
Ou será que, na sua cabeça, todo mundo é trouxa mesmo, meu caro Lucca? 
Ótimo, esse seu argumento, de que na França não existem nem 500 praticantes do Espiritismo, um dado absolumente ridículo que você coloca, que demonstra a sua total e absoluta desinformação. Reconhecemos que o público lá é, de fato, pequeno, mas resumir a 500 pessoas apenas, é uma tentativa de passar atestado de idiota para este seu amigo. 
Mas, seguindo essa sua mesma linha de racioicínio, querendo denegrir o Espiritismo, pelo fato da França não ter muitos espíritas, você chega, OBVIAMENTE, a conclusão de que o Cristianismo também não vale porcaria nenhuma, haja vista que quase a totalidade dos povos da Palestina, onde viveu Jesus, é Muçulmana, e não Cristã. O povo de Israel continua Judeu, e não Cristão. 
Então você chega a conclusão, COM BASE NO SEU PROPRIO RACIOCÍNIO, que Jesus foi uma porcaria.
Se quiser estender na história do cristianismo e das religiões, pode puxar, meu amigo, que estamos preparados. Mas se segure, porque tem muita coisa pra ser colocada. 
A reencarnação é infantilóide? 
E como se caracteriza, então, a crença na estória de Adão, Eva e a Cobra? Como se caracteriza o nível de inteligência dos que crêem que Caim matou Abel e depois se mudou para a cidade de Node onde constitiuiu família? Família, com quem? que cidade era aquela? 
E nós espíritas que somos infantilóides? 
E o morrer e depois subir ao "céu" para ficar SENTADO, à DIREITA de Deus Pai, PARA TODA A ETERNIDADE, é que nível de inteligência? Que nível de inteligência tem alguém que consegue ver DIREITA, ESQUERDA, BAIXO, CIMA... além das dimensões da Terra? 
Que inteligência teria esse se Deus, pra manter um monte de inúteis, sentados à sua "direita", por toda a eternidade, sem utilidade nenhuma, um monte de vagabundos ociosos? E quando esse seu Deus tivesse que dar uma voltinha, que trabalho, hem amigão, para virar todo mundo com ele, porque ninguém poderia ficar à sua "esquerda". 
E os espíritas que são infantilóides? 
Não quero falar, ainda, nos inúmeros crimes cometidos pelos papas monstros e nem na recente história da pedofilia e nada disto, que caracterizam a sua santa madre igreja não, meu irmão, porque prefiro ficar com a igreja católica do meu querido e saudoso amigo Dom Hélder Câmara, do meu amigo Dom Aldo Pagotto, do meu amigo Dom Lucas Moreria Neves e de inúmeros amigos católicos, NÃO ADEPTOS DA INQUISIÇÃO E DA VIOLÊNCIA contra os que crêem diferente. 
É, meu irmão. Louvado seja São Constantino, Louvado seja São Torquemada. 
Amém. 

Alamar Régis Carvalho 
alamar@redevisao.net


Considerações do blog: 

Não temos aqui o intuito de expor ou menosprezar as pessoas envolvidas nesta questão, contudo, fica visível a dificuldade de algumas pessoas compreenderem que a evolução é inevitável e que com ela as transformações são naturais.
Pelo que se sabe, Jesus, não escreveu nada, ou seja, não monopolizou sua Fé, apenas exerceu a Caridade e nos elucidou quanto ao espírito de Fraternidade que todos deveriam ter uns para com os outros, ou seja, “Amar ao próximo como a si mesmo”.
É indubitável que com a evolução, com desenvolvimento cientifico entre outros, a mente consiga alçar novos horizontes de raciocínio, consequentemente, surgem novas conclusões pela própria evidência dos fatos, nem tudo permanecerá sem respostas, todavia, mudanças geram conflitos de transição, que posteriormente,  após serem aceitas e compreendidas, se estabelecem como verdades.
“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e a caridade, estas três virtudes; porém a maior delas é a caridade”. (Paulo, Coríntios, XIII: 1-7 e 13).
Tudo que promova a caridade nos aproxima de Deus, ela não está circunscrita somente para alguns, está ao alcance de todos, sendo assim, o tempo há de unir a todos numa só verdade, unificando as crenças, conforme a Doutrina codificada por Kardec sempre nos ilustrou. 

Alencar Campitelli