segunda-feira, 28 de julho de 2014

A inclusão das crianças especiais não é uma utopia


O conhecido estudioso e psicopedagogo espírita fala sobre a questão da inclusão das crianças especiais nas instituições espíritas 

Marcos Paterra (foto), radicado em João Pessoa, capital do Estado da Paraíba, é psicopedagogo, palestrante e articulista espírita, membro da AME/PB. Na presente entrevista ele nos fala como vê a questão da inclusão das crianças especiais nas instituições espíritas. 

Como psicopedagogo e espírita, como o senhor vê a inclusão de crianças especiais nas instituições espíritas?

Nas instituições espíritas percebemos que poucos centros se adequam na estrutura física e menos ainda têm pessoas com conhecimento para lidar com as diversas e complexas  formas de deficiências. A inclusão, tanto nas instituições espíritas ou mesmo nas escolas, é para alguns uma utopia, pois embora algumas instituições se adequem para algumas deficiências instalando rampas, banheiros apropriados, a falta de conhecimento dentre os que ali estão torna a estadia de crianças ou mesmo adultos um tanto comprometida.
Vejo instituições que fundam associações ou fundações paralelas para tratamento de crianças especiais, ou de doenças crônicas ou mesmo para deficientes físicos. Isso é muito bom, mas restringe a elas a inclusão, além do que tem fins específicos para determinado  tratamento. E as outras instituições onde no bairro há uma família com um filho autista, ou deficiente auditivo, ou Down? Tem que excluir seu filho ou se deslocar para uma instituição que o aceite ou possa integrá-lo? 

O senhor então considera a inclusão uma utopia?

Não.  Mas...  A inclusão se baseia em vários conceitos, dentre eles posso frisar três, em que é necessário que a criança:
1. Seja uma pessoa que se encontra dentro de um grupo, no sentido de dele fazer parte.
2. Que tenha amigos e relações sociais significativas com iguais, ou sinta que participa na vida social, contribuindo com alguma coisa.
3. Por fim que seja tratada com igualdade, carinho e respeito como a pessoa única que é.
Resumindo, ela tem que ser inserida de modo a sentir bem-estar pessoal e social. Fica evidente que a inclusão sem esses conceitos não assegura inclusão social. Se as instituições não pensarem e agirem baseadas nesses conceitos, as mudanças estruturais para deficientes não terão usuários com deficiência.
        
Qual sua opinião quanto à inclusão nas escolas de evangelização espíritas?

Um dos grandes desafios das instituições espíritas, atualmente, é saber lidar com a criança que apresente alguma deficiência. Em seu despreparo o centro espírita pode desencadear mais problemas ainda, e até mesmo agravar os já existentes, reforçando nessa criança o autoconceito negativo, a desmotivação, o desinteresse e outros mecanismos de defesa, como a indisciplina, rebeldia ou agressividade, que utiliza para justificar a sua incompetência diante da aprendizagem, acreditando-se incapaz de internalizar novos conhecimentos. Acredito que seja necessária a construção do Projeto Pedagógico moldado às novas condições, e também identificar e intervir junto às dificuldades que esses alunos incluídos possuem ou tendem a possuir nessa nova perspectiva de ensino.

Que consequências você vislumbra para o processo de evangelização infantil e juvenil advindas da carência de uma visão inclusiva nessa atividade no movimento espírita atual?

Enfrentamos um paradigma cultural que vem dos conceitos eugenistas, em que o que é diferente ou deficiente deve ser “excluído”. Assistimos no decorrer dos últimos anos às  tentativas maciças de liberar o aborto, a eutanásia e, é claro, também minar as tentativas de inclusão. Sob esse prisma é necessário criar processos de ensino onde a visão inclusivista seja acrescida, ou teremos espíritas elitizados e moldados a formas arcaicas do conhecimento. Entendo que a própria palavra “Evangelizar” é espalhar a “boa nova” e, portanto, vamos fazer isso aprofundando-nos em uma visão inclusivista, no grande amor de Jesus por todos, sem distinção de sexo ou deficiências. E vou mais além, na evangelização juvenil que abre precedentes para o ESE e o ESDE, deve-se já instigar os jovens à leitura de obras de J. Herculano Pires, Ernesto Bozzano, Bezerra de Menezes, Adenauer de Novaes, e tantos outros que fazem também parte da história do Espiritismo e abordam assuntos pertinentes sobre diversos tópicos, dentre eles as deficiências. E dentro do ESDE seria imprescindível também ter esse incentivo. A doutrina espírita, maravilhosa que é, abre precedentes para a crítica e a autocrítica, e para responder às dúvidas inerentes a essas críticas é necessário ampliar as fontes do saber.
Se nós, que pregamos a caridade e tencionamos o entendimento do ser, não abrirmos precedentes para a inclusão dentro de nossas instituições, e é claro na evangelização,  estaremos caindo na hipocrisia da falsa moralidade e criando seres eugênicos.
  
Você diria que crianças com alguma síndrome, como o autista por exemplo, sofrem algum tipo de obsessão ?

Conforme Bezerra de Menezes na obra Loucura e Obsessão, psicografada por Divaldo Franco, o Autismo, como também todos os processos de limitações e doenças psíquicas ou mentais, é um resgate para Espíritos que em suas encarnações passadas tiveram "poder" de influência, decisão, liderança, ideológico ou coisas assim e que não utilizaram aquele "dom" em um objetivo útil ao próximo, abusando de sua influência e muitas vezes se aproveitando de tudo o que podia fazer para ganho próprio. O psicólogo espírita Adenáuer de Novais na obra “Reencarnação: processo educativo” nos diz: “Há crianças que rejeitam tão fortemente a encarnação atual, aos membros de sua família, ao ambiente em que retornaram, que se alheiam da realidade. Experimentam uma rejeição muito grande à atual encarnação. O Espírito prefere permanecer vinculado ao passado, a algo distante e remoto que,  de alguma forma, lhe recompensa. Esses casos podem levar ao autismo. [...]”.
Em resumo, além da auto-obsessão, essas “crianças que apresentam síndromes” também atraem inimigos do passado que as obsidiam.

Gostaríamos de agradecer sua disposição em nos conceder esta entrevista e pedir suas considerações finais.

Eu que agradeço, e gostaria de aproveitar e enfatizar que a “inclusão” não se restringe aos portadores de deficiência, mas também envolve as diversidades étnicas, a opção sexual e as diferenças sociais ou religiosas. Devemos lembrar que, segundo aprendemos no Espiritismo, o corpo nada mais é que uma carcaça para que o Espírito possa habitar e evoluir. Sob essa ótica somos todos Espíritos...  Portanto, todos IRMÃOS!
Devo também lembrar que os Centros Espíritas ajudam e orientam nas questões espirituais, todavia se o frequentador/evangelizando necessita de cuidados médicos ou fazer uso de remédios, não podemos nem devemos interferir. Nosso tratamento é baseado na fluidoterapia e na orientação, mas não descartamos o auxílio carnal dos médicos.
Para finalizar cito a frase de Kardec em “A Gênese” (pág. 31): “na reencarnação desaparecem os preconceitos de raças e de castas, pois o mesmo Espírito pode tornar a nascer rico ou pobre, capitalista ou proletário, chefe ou subordinado, livre ou escravo, homem ou mulher. Se, pois, a reencarnação funda numa lei da Natureza o princípio da fraternidade universal, também funda na mesma lei o da igualdade dos direitos sociais e, por conseguinte, o da liberdade”. Muito obrigado. 

De: Marcos Paterra

Enviado por:  Marcus Vinícius de Azevedo Braga
marcusbragaprofessor@gmail.com
Brasília, DF (Brasil)  

quinta-feira, 24 de julho de 2014

A reencarnação foi ensinada por Papas e está no Decálogo


A reencarnação pertencia ao cristianismo primitivo. Só no Concílio Ecumênico de Constantinopla (553) é que foi  condenada. Aliás, foi condenada a preexistência bíblica do espírito, que ensina que o espírito já existe quando acontece a concepção do feto. “Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e antes que saísses da madre, te consagrei e te constituí profeta às nações.” (Jeremias 1: 5). Não existe reencarnação sem a preexistência. E se entendeu que ela foi também condenada.
Os papas Eugênio IV (papa de 1431 a 1447) e Nicolau V (papa de 1447 a 1455) apoiaram o seu ensino pelo sábio cardeal italiano de Cusa (1401 a 1464). (Meu livro “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência”, 8ª Edição, página 172, Ed. EBM, SP). Também o Papa são Gregório Magno (papa de 590 a 604) a defendeu. (Idem e “Patologia Latina V. 76, Col. 1.100, Homilia 7, “In Evangelio”, citação de Carlos Torres Pastorino, “Sabedoria do Evangelho”, volume 4, página 120). Para ele, João Batista é reencarnação de Elias (Malaquias 3: 1; e 4: 5; Mateus 11: 14; e Mateus 17: 13). E ele diz que o Batista nega ser Elias (João 1: 21), mas Jesus afirma que seu Precursor é Elias e que já tinha vindo e o haviam degolado. (Mateus 17: 12). Para esse papa, foi como pessoa (personalidade particular de cada reencarnação do espírito) que o Batista negou ser Elias. De fato, geralmente, não nos lembramos das vidas passadas (Jó  8: 9). E continua o Papa Gregório: É como espírito ou individualidade (a personalidade geral da Psicologia Transpessoal de hoje), que animava sua pessoa, que João era o Elias que viveu no tempo do Rei Acab, no século IX antes de Cristo. (Papa são Gregório Magno, Homilia 7, Patologia Latina, Volume 76, Col. 1100, citação de Pastorino, em “Sabedoria do Evangelho, Volume 3, página 21).
E o Decálogo (Os Dez Mandamentos) trazem: “...sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, “na” terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem...” (Êxodo 20: 5; e 34:7), ou seja, nos netos e bisnetos, quando o avô e o bisavô, geralmente, já se desencarnaram, e então o espírito do avó ou do bisavó já pode voltar reencarnando num neto ou bisneto, pagando ele próprio os seus pecados cometidos no passado. Realmente, os espíritos reencarnam muito nos seus familiares e descendentes. Mas os tradutores dogmáticos falsificaram a Bíblia. E, no lugar da preposição “em” mais o artigo feminino a (na), puseram a “até”, ridicularizando, assim, a justiça divina, pois fazem os espíritos pagarem pecados de outros. Tenho a tradução correta de João de Almeida de 1937, com “na”. Mas, posteriormente, como o espiritismo cresceu muito e pôs em destaque essa preposição (no hebraico “al”), a qual lembra a reencarnação, os tradutores  falsificaram a tradução.
A “American Bible Society”, a tradução para o Esperanto do Dr. Zemenhof (“en la tria kaj kvara generacio”) e a Vulgata Latina de são Jerônimo  (“in tertiam et in quartam generationem”) são fiéis à preposição hebraica “al” (sobre), que significa também em.

Devemos respeitar o cristianismo dogmático dos teólogos, mas o verdadeiro é o bíblico reencarnacionista! 

José Reis Chaves
Escritor, prof. de português pela PUC-Minas, jornalista, biblista,  teósofo, pesquisador de parapsicologia e do Espiritismo na Bíblia,  radialista, palestrante no Brasil e exterior, estudou para padre  Redentorista.
jreischaves@gmail.com
Tel/Fax  (31) 3373-6870. 

Obs.: Esta coluna é de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br - Clicar “TODAS AS COLUNAS”. Podem ser feitos comentários abaixo da coluna. Ela está liberada para publicações. Meus livros: “A Face Oculta das Religiões”, Ed. EBM (SP), “O Espiritismo Segundo a Bíblia”, Editora e Distribuidora de Livros Espíritas Chico Xavier, Santa Luzia (MG), “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência”
Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - e meu e-mail: jreischaves@gmail.com - Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.

Na TV Mundo Maior, também pelo www.tvmundomaior.com.br, o “Presença Espírita na Bíblia”, com Celina Sobral e este colunista, às 20h das quintas, e às 23h dos domingos. Perguntas e sugestões: presenca@tvmundomaior.com.br E, na Rede TV, o “Transição”, aos domingos, às 16h15.
“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Kardec, pela Ed. Chico Xavier. www.editorachicoxavier.com.br (31) 3636-7147 - 0800-283-7147, com tradução deste colunista.
Recomendo “O Despertar da Consciência – do Átomo ao Anjo”, de Sebastião Camargo. www.sebastiaocamargo.com.br, www.odespertardaconsciencia.com.br e www.editorachicoxavier.com.br

Seicho-No-Ie, “Seminário da Luz”, em 8-6-2014. Orientadora: Preletora da Sede Internacional, Marie Murakami. Local: Chevrolet Hall, Av. Nossa Senhora do Carmo, 230, Savassi, das 10h00 às 16h30. Contato: (31) 3411-7411.
    
Notícias do Movimento Espírita: : http://ismaelgobbo.blogspot.com.

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sábado, 19 de julho de 2014

A conspiração do silêncio em torno do Espiritismo


Mesa inter-religiosa no V Congresso Brasileiro de Pedagogia Espírita e II Congresso Internacional de Educação e Espiritualidade, promovido pela Associação Brasileira de Pedagogia Espírita (abril de 2014)
Resolvi escrever no meu blog esse desabafo porque é necessário pelo menos que aqui, num terreno meu, e livre, eu possa dizer tudo o que penso e me seja garantida uma escuta honesta.
Há uma conspiração do silêncio de 150 anos em torno do Espiritismo e eu, como militante da ideia  emancipadora da Pedagogia Espírita, sofro na pele diariamente esse silenciamento em forma de censura, de boicote, de patrulhamento ideológico, de que aliás, os próprios espíritas, muitas vezes fazem parte, por medo, covardia e por falta de entendimento do que o Espiritismo representa.
Kardec foi banido da cultura do século XIX, juntamente com todos os que o sucederam em pesquisas sérias a respeito dos fenômenos espíritas, como Crookes, Geley, Lodge, Zöllner, Lombroso, Conan Doyle e tantos outros. Se estes continuam a ser respeitados nos domínios do conhecimento cientifico em que se destacaram – as biografias, os artigos científicos, as divulgações de seus nomes omitem sutilmente que eles tenham se envolvido com esse modismo ultrapassado do século XIX e início do século XX.
Claro, se entendermos o Espiritismo como mais uma religião, piegas, retrógrada, desatualizada em relação aos avanços do pensamento contemporâneo, enfim uma idéia ultrapassada do século XIX, não há como não manter um desprezo em relação a essa corrente de pensamento, a Kardec e a tudo o que vem com o qualificativo de espírita. E quando se silenciam os cientistas que pesquisaram e os pensadores que filosofaram é o que vai ficar mesmo do Espiritismo. Porque é verdade que o movimento espírita no Brasil muitas vezes apresenta exatamente esse perfil, movido por um mercado editorial altamente comercial, que publica majoritariamente hoje livrinhos de auto-ajuda e romances sem nenhuma consistência literária ou filosófica.
Então, para as pessoas que guardam essa imagem do Espiritismo, não adianta eu falar que fiz minha tese sobre Pedagogia Espírita na USP, patrocinada pelo CNPQ; não adianta explicar que temos uma proposta de inter-religiosidade; não adianta fazer 5 magníficos congressos brasileiros de Pedagogia Espírita e dois inesquecíveis congressos internacionais de Educação e Espiritualidade, colocando a Pedagogia Espírita em pé de igualdade com outras pedagogias, em diálogo com elas, como a Waldorf, a de Paulo Freire, a de Montessori, a anarquista e tantas outras, que foram representadas nesses congressos!
Não adianta um trabalho sacrificial de 10 anos de ABPE e 16 de Editora Comenius justamente tentando resgatar o próprio Espiritismo como uma proposta cultural, como uma espiritualidade universalista, como um pensamento progressista e atual, filosófica e cientificamente consistente!
O que acontece? Tivemos eu e o Alessandro Cesar Bigheto um livro de Filosofia para o ensino médio avaliado duas vezes por ineletctualóides patrulheiros de uma universidade pública, para entrar como livro a ser adotado pelo governo para as escolas públicas. E qual a primeira objeção feita ao livro (o que dá para perceber que o restante é procura de pelo em ovo!)? É que em 400 páginas, mencionamos uma vez o nome de Kardec, como um pensador do século XIX. Mas mencionamos também Dalai Lama, Leonardo Boff, Confúcio, Lao Tsé, Madre Teresa de Calcutá – porque o livro é interdisciplinar e plural e pretende dialogar com várias árias e correntes. Mas como mencionamos uma vez Kardec, é proselitista! E estamos fora do programa do governo.
Essa postura vem de fora, dos não-espíritas, acadêmicos, que vivem em seus feudos dogmáticos (marxistas, freudianos, lacanianos, piagetianos……) que sentem um absoluto desprezo pelo pensamento espírita e nem sequer se dão ao trabalho de pesquisar e ver que existem intelectuais dignos que defendem essa corrente. Podem aceitar um Leonardo Boff, que nunca deixou de ser católico. Mas torcem o nariz para um Herculano Pires ou uma Dora Incontri.
Eu já presenciei uma banca da Unicamp brigar na minha frente se eu deveria ser aceita ou não num concurso de professores, pelo fato de eu ter como um dos meus objetos de pesquisa o Espiritismo. E eu já era doutora e pós-doutora pela USP. Claro que não passei no concurso. Mas claro que, como em todo processo de discriminação, seja com negros, mulheres, homossexuais, a coisa é velada. Se forem indagados, os examinadores dirão que havia melhores candidatos, etc.
E quando vamos divulgar nossos eventos? Já o tema de espiritualidade encontra resistência! Mas se sabem que a Associação Brasileira de Pedagogia Espírita que está promovendo um evento, mesmo que não tenha nada a ver com o Espiritismo, qualquer divulgação nos meios de comunicação nos é vedada. Mas não ocorre o mesmo se há um evento na PUC (que é católica) ou na Universidade Mackenzie (que é presbiteriana).
Para esse patrulhamento ideológico, para que os espíritas não tenham uma voz na sociedade – digo uma voz consistente e respeitada, no pensamento acadêmico, nos meios de comunicação e não aparecer com idéias chinfrins que nem espíritas são, como crianças índigo em novela da Globo – unem-se ateus, marxistas, evangélicos, católicos… todos excluem o espiritismo e se negam terminantemente a nos dar uma voz.
Mas o pior não é isso! Os próprios espíritas assumem esse papel, de calar outros espíritas que estejam trabalhando para marcar um espaço de atuação do Espiritismo na sociedade, a partir de uma visão progressista, plugada no mundo.
Quando entrei com minha tese sobre Pedagogia Espírita na USP, depois de 5 anos de tentativas, quem me ajudou foi um católico e uma judia. Professores titulares espíritas, a quem eu havia pedido para serem meus orientadores, fugiram da raia. Felizmente, honrei a confiança com que esses professores me ajudaram e minha pesquisa foi financiada pelo CNPq, tendo todos os relatórios aprovados, sem nenhum reparo. Não estou dizendo isso para me gabar, mas apenas para pontuar que o trabalho tinha respaldo e coerência.
Veja-se outra experiência nossa: pessoas amigas, espíritas, que freqüentam nossos eventos, e nos elogiam e usam nossos materiais, promovem eventos grandes e pequenos de educação e não nos convidam. Outros fazem projetos, diálogos, reportagens, que contam com nosso apoio, e não nos mencionam.
E o que eu já tive de ouvir de inúmeras pessoas, inclusive próximas, amigas, parceiras, que me aconselharam a não usar o nome espírita na Pedagogia que propomos! Então, em vez de vencer o preconceito e quebrar o boicote, devemos ceder? Esconder a nossa identidade? Ou estão os próprios espíritas convencidos de que o Espiritismo é um discurso atrasado, um positivismo do século XIX ou uma ingenuidade filosófica?
É claro que todo esse silenciamento e esse boicote têm conseqüências práticas muito óbvias: a dificuldade de nos mantermos financeiramente e levarmos adiante a proposta. Hoje, mata-se uma idéia, deixando-a a míngua de recursos financeiros.  E a conspiração do silêncio tem essa função.
Será que estamos falando grego, perguntou uma querida amiga minha? Será que não dá para entender que estamos falando a partir de um lugar? O lugar é o Espiritismo compreendido como um projeto cultural, filosófico e sobretudo pedagógico, que tem direito à cidadania acadêmica, que tem representatividade social para aparecer na mídia, que tem consistência teórica para dialogar com outras correntes de idéias! Que a Pedagogia Espírita caminha em diálogo com as pedagogias mais avançadas da atualidade (quem promoveu um congresso para mostrar isso fomos nós mesmos, mas os que participaram e gostaram e se beneficiaram dessa participação, nem sempre reconhecem nosso valor)! Não dá para notar que não queremos doutrinar ninguém no Espiritismo, tanto que em nossos congressos falam pessoas de todas as religiões, budistas, islâmicas, judeus, afro-brasileiros e também marxistas e ateus?… Quem tem essa postura plural em nossa sociedade? As universidades não têm! As religiões não têm. E nós temos e não somos respeitados e valorizados por isso! Obviamente que há pessoas e grupos que reconhecem isso e nos apóiam! Não quero parecer ingrata com esses. Mas o boicote é grande.
Enfim, desabafo aqui, apenas para desabafar, porque o silêncio provavelmente deve continuar. Por isso, grito: Temos o direito de ser, de existir e de marcar um território de influência na sociedade.

Dora Incontri

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sábado, 12 de julho de 2014

Agenda Espírita Brasil entrevista André Marouço, diretor de Causa e Efeito


A equipe da Agenda Espírita Brasil teve a honra de entrevistar André Marouço, diretor do filme Causa e Efeito, que estreou no último dia 03 de julho nos cinemas de todo o Brasil. Confira a entrevista: 

Agenda Espírita Brasil: Qual sua relação com o Espiritismo? Você frequenta alguma casa, faz leituras, desenvolve algum trabalho?

André Marouço: Sou espírita desde os 19 anos de idade, tenho estudado essa maravilhosa doutrina e isso tem sido essencial nesta minha existência. Sou expositor do Curso de Doutrina do Centro Espírita Nosso Lar Casas André Luiz, e trabalho como médium em reunião mediúnica. 

Agenda Espírita Brasil: Conte-nos um pouco sobre a experiência de dirigir um filme de temática espírita, pela segunda vez, e como isso se diferencia da direção de filmes de outra natureza. 

André Marouço: Sou profissional de audiovisual mesmo antes de me tornar espírita, porém, o cinema é uma área nova em minha vida, tenho me dedicado a esta arte, desde O Filme dos Espíritos, e não tenho interesse algum em fazer cinema que não esteja associado com a doutrina dos espíritos, entendo que essa é uma excelente oportunidade de acelerarmos a divulgação do Consolador Prometido. Em relação às diferenças, eu diria que a principal diferença é na captação de recursos, as empresas não aportam recursos para obras espíritas por temerem sofrer antipatia aos seus produtos, marcas e serviços por parte de outros grupos religiosos, assim geralmente as empresas que patrocinam os filmes espíritas quase sempre são aquelas cujos donos são espíritas. No mais, entendo eu que a forma como se faz é a mesma que como é feito com o cinema em geral, com a vantagem que percebemos o apoio da espiritualidade maior o tempo todo. 

Agenda Espírita Brasil: Você poderia nos contar quais foram as motivações iniciais que levaram ao desenvolvimento desta obra cinematográfica? 

André Marouço: Essencialmente o amor que tenho pela doutrina espírita e pelo cinema, o SET de filmagem de um filme espírita, embora seja um ambiente turbulento, afinal é sempre pouco dinheiro e muitos desafios, mas ainda assim, para mim é o melhor lugar do mundo e é ali que me sinto mais vivo e produtivo. 

Agenda Espírita Brasil: Você mescla cotidiano, temas atuais e a doutrina espírita, no enlaçamento de causas e efeitos, em uma grande rede, na lógica da reencarnação. Esse formato permite inovações de roteiro e direção? 

André Marouço: Sim, sempre, especialmente de roteiro, quanto à questão direção entendo que como quase sempre os recursos ainda são contados, não podemos inovar muito, aliás, quando o filme é lançado a crítica especializada em cinema não poupa ataques as nossas obras, exatamente por não podermos contar com os melhores recursos técnicos, dessa forma, ficamos com a história (roteiro) e com a atuação e entendo que assim será até que o mundo empresarial acorde para a necessidade de patrocinar obras como estas que não tem qualquer interesse de conversão de fiéis, mas sim de iluminação de mentes e corações. 

Agenda Espírita Brasil: “Causa e efeito” é um filme de espíritas, para espíritas ou sobre espíritas? 

André Marouço: Causa e Efeito é um filme espírita para espíritos, antes de tudo trata-se de uma obra de entretenimento, as pessoas vão assistir Homem Aranha e ninguém acredita que pode sair jogando teias e escalando edifícios, com nosso filme se dá o mesmo, se os espectadores não acreditarem na comunicabilidade com espíritos, na reencarnação. Ainda assim se emocionarão com a trama, mas o diferencial é que, além disso, deixamos uma reflexão acerca dos grandes ensinamentos que a doutrina deixa para os espíritos que assistirem a obra. 

Agenda Espírita Brasil: O ecumenismo é uma das tônicas do filme. A mensagem da comunhão e do diálogo entre as crenças aparece de que forma na película? 

André Marouço: Vivemos em um mundo que após séculos e mais séculos tem vivenciado as guerras em “nome de Deus”. No Brasil, embora convivamos com uma aparente convivência pacífica entre religiosos, sabemos que o sectarismo faz ainda hoje seus estragos, assim desejamos inserir na trama estes três religiosos, com crenças distintas, mas que se unem para mitigar a dor humana. Acho eu que aquilo que une os religiosos é muito maior daquilo que os separa, eu posso não acreditar nos dogmas católicos, ou no juízo final dos evangélicos e eles, por sua vez, podem não acreditar na reencarnação, mas todos nós cremos e respeitamos uma força que aprendemos a chamar de Deus e todos cremos que o caminho da religião é o do amor, dessa forma, o filme traz essa proposta de reunião entre os filhos do Altíssimo. 

Agenda Espírita Brasil: A justiça com as próprias mãos, tema que está em alta por conta dos linchamentos recentes, figura nas temáticas do filme. Você acha que o filme trará uma reflexão nesse sentido? 

André Marouço: Sim, acredito e esse foi o intuito, a justiça dos homens, em seus tribunais dirigidos por leis bem fundamentadas e por homens e mulheres, altamente conhecedores dos meandros jurídicos, muitas vezes, acabam por cometer erros em julgamentos cercados de cuidados, imaginem quando se decide pelo julgamento sumário e passional? De outro lado, o filme mostra o lado psicológico obscuro do personagem que afundou no desejo de vingança entendendo ser isso uma justiça, da forma como apresentamos a trama, deixamos bem claro a importância dos tribunais humanos e, além disso, a perfeição da lei divina que não deixa nada nem ninguém impune. 

Agenda Espírita Brasil: Você é uma pessoa de causas ou de efeitos? 

André Marouço: Todos somos seres de Causa e Efeito, a nossa Causa é o criador que nos fez simples e ignorantes e tem nos dado o suporte para evoluirmos através das sucessivas encarnações e o efeito somos nós, seres a caminho da luz. No meu dia a dia, tento lutar uma guerra santa, uma guerra contra as minhas más inclinações, às vezes venço e o efeito é o amor, às vezes perco e experimento a dor educativa, assim é com toda a humanidade. 

Agenda Espírita Brasil: A temática espírita obteve boas bilheterias do público nos cinemas e isso tem atraído a atenção das pessoas às casas espíritas, aos livros da doutrina etc. Que possibilidades você vê nessa nova forma de divulgação da doutrina e que excessos você pensa que devemos nos preocupar? 

André Marouço: Enquanto os filmes estiverem sendo produzidos por instituições e pessoas sérias a temática vai adiante, mas para que isso aconteça é necessário que o público espírita compareça massivamente nas salas de cinema já na estreia desses filmes. Quanto às preocupações em relação às obras, entendo que elas devem ocorrer, especialmente através da chancela da casa máter do Espiritismo no Brasil. Se a FEB apoia um filme, entendo que aos espíritas cabem seguir esse apoio, se ela não o fizer, apoiemos com ressalvas, ou seja, assistimos antes e então decidimos se cabe ou não o nosso apoio. 

Agenda Espírita Brasil: Quais são seus próximos projetos no cinema?  

André Marouço: Estamos trabalhando no primeiro documentário espírita sobre a vida e obra de Jesus, o título é “Nos Passos do Mestre” e esperamos lançá-lo no ano que vem. 



Agenda Espírita Brasil: Deixe uma mensagem final para quem ainda não assistiu ao filme. 

André Marouço: Há três anos nós temos trabalhado neste filme e acreditamos que um filme espírita se faz através de um tripé: 1) Os espíritos superiores nos inspiram a história, nos ajudam na busca de recursos, encaminham os profissionais que farão o filme ir adiante; 2) Os encarnados técnicos e artistas arregaçam as mangas e lutam anos a fio para fazer com que a obra chegue aos cinemas; 3) Os espíritas recebem o filme e levam-no adiante, lotando as salas, organizando caravanas. As duas primeiras partes desse tripé fizeram a sua parte, acreditamos que a terceira parte também fará.




Marcus Vinicius de Azevedo Braga
acervobraga@gmail.com
Rio de Janeiro, RJ (Brasil) 
Fonte:http://www.agendaespiritabrasil.com.br/2014/07/09/entrevista-andre-marouco/ 

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domingo, 6 de julho de 2014

Ação e Reação


Será que Deus é culpado por nossa vida não correr da forma que gostaríamos?
Será que Deus nos pune?
Ou será que a sorte anda desviando do nosso caminho?
Relacionamentos amorosos sem sucesso, vida financeira difícil, saúde corporal lastimável, entre tantas outras dificuldades que surgem em nossa vida.
Quem será o culpado por tantas infelicidades?
Geralmente procuramos identificar sempre alguém ou algo para nós apontarmos.
“Eles” são o nosso problema.
E então quem é o culpado ?
No universo, tudo está intimamente relacionado, numa sequência de ações que desencadeiam reações de igual intensidade. Deus é infinitamente justo e bom, e nada ocorre que não seja a Seu desígnio. Não existe ocorrência do acaso ou sem uma causa justa. Cada evento ocorre de forma natural, planejada e lógica.
E como sabemos que o Universo é regido por Leis, seria melhor estudarmos a respeito de uma lei muito conhecida no meio espírita. A tão falada Lei de Causa e Efeito. Nesta lei encontremos quem é o responsável por temos uma vida repleta de alegrias ou tristezas.
Todos somos responsáveis por cada um dos eventos que ocorrem em nossas vidas, sejam estes eventos bons, ou aparentemente terríveis. Neste contexto, não existem vítimas. O que aparentemente não tem explicação é porque nos falta alcance para compreensão da real origem de cada acontecimento.
Se buscarmos em nós mesmos, em nossas próprias atitudes, quase sempre encontraremos a causa de todas as nossas mazelas, porém, caso não a encontremos a primeira vista, isto não significa que ela não exista, pois não existe efeito sem causa. Muitas vezes, as causas dos males que nos acometem podem encontrar-se num passado distante, em existências anteriores, momentaneamente inacessíveis pelo véu do esquecimento.
Pela lei de causa e efeito, o homem pode compreender a causa de seus sofrimentos, e de todo o mal que aflige a humanidade, e pode acima de tudo conhecer e amar um Deus justo e racional, que dá a cada um segundo suas obras.

André Luiz Zanoli

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segunda-feira, 30 de junho de 2014

Seiva essencial

“Se vós estiverdes em mim e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito.” – Jesus (João, 15:17.)

O homem vulgar passa grande parte da sua existência queixando-se ou sentindo-se em lugar impróprio às suas aspirações ou aptidões, e pensando, mesmo, que suas atividades não são importantes. Entretanto, mister se faz que nos lembremos de que as leis de Deus colocam cada um de nós nas condições em que melhor podemos produzir e aprender para não incorrermos nos mesmos antigos enganos. Em verdade, estamos sendo protegidos de nós mesmos. 

Desejando maiores responsabilidades – de preferência as que nos exponham à admiração pública - e imaginando que as criaturas colocadas nessas posições usufruem mando especial ante a Providência Divina, não nos damos conta de que cada criatura traz, ao nascer, uma tarefa particular e intransferível, que a coloca no lugar certo, na família ideal e no melhor trabalho para o seu progresso evolutivo. Não importa se sob as luzes da ribalta ou no mais obscuro lar, a tarefa de cada um de nós é de suprema importância na execução do plano universal de Deus. “A folha de papel que te sai das mãos pode ser aquela em que se grafarão palavras destinadas ao consolo de toda a comunidade, e o menino que te obriga a pesadas noites de insônia pode trazer consigo o trabalho de auxílio providencial a um povo inteiro.”¹  
Assim, também, o nosso trabalho junto à Natureza, através da plantação, da limpeza, da proteção a ela, pode transformar-se em manancial de alimentos a sustentar o planeta, porque todos os bens materiais que o Pai entregou ao homem, para seu progresso, podem, em suas mãos, transformar-se em instrumentos de benefício ou destruição, pois tudo e todos produzem alguma coisa. 
Emmanuel ilustra, de maneira bem interessante, essa colocação ao afirmar que pedras produzem asperezas; espinhos, dilacerações; e lama, sujidade. Como podemos ver, a Natureza produz sempre. O problema está na maneira como o homem se utiliza desses recursos. Se produzimos para o bem, esses recursos transformam-se em instrumentos valiosos; entretanto, cada criatura produzirá em conformidade com os agentes que a inspiram. Por exemplo: o delinquente produz o desequilíbrio; o preguiçoso produz a miséria e o pessimista produz o desânimo. Desse modo, onde estivermos, estaremos produzindo de acordo com as influências a que nos afeiçoamos, e servindo de exemplo àqueles que estejam sintonizados a nós.² 
Seguindo essa linha de pensamento, cabe perguntar: Como produzir frutos de paz e aperfeiçoamento, regeneração e progresso, luz e misericórdia? A resposta vem sem muito esforço: Seguindo os passos de Jesus, se nos dizemos Seus seguidores. Como produzir alguma coisa sem a seiva essencial? A resposta vem do próprio Jesus: “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir frutos de si mesmo, se não permanecer na videira, assim nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim”.³  
Jesus está conosco em todas as posições da vida. Nossa obra, hoje, é o serviço que Deus nos deu para realizar. Façamos tão bem, quanto esteja em nossas possibilidades, a obra parcial confiada a nós, porque a maior parte é trabalho do Criador.

Bibliografia: 
1 – XAVIER, F. C. - Palavras de Vida Eterna – ditado pelo Espírito Emmanuel, 20. ed., CEC – UBERABA/MG - 1995, lição 82.
2 - Idem, lição 103.
3 – JOÃO, 15:4.
4 – XAVIER, F. C. - Fonte Viva – ditado pelo Espírito Emmanuel, 31ª. ed., Federação Espírita Brasileira, RIO DE JANEIRO/RJ – 2005, lição 146. 

Leda Maria Flaborea
ledaflaborea@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)  

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quinta-feira, 26 de junho de 2014

Ação e Reação nos cinemas


No dia 3 de julho, quinta-feira, estreia nos cinemas o filme Causa e Efeito. O tema é pertinente aos diversos desafios atuais enfrentados pela sociedade humana, exatamente no que diz respeito às ações e reações ou consequências de atitudes, posturas e desdobramentos, nem sempre saudáveis, que se refletem no tempo.
Afinal, a pergunta que sempre fica: há um destino traçado? Como encarar os extremos que todos vivemos na área do intelecto, da moralidade, do equilíbrio ou desequilíbrio emocional e psicológico e mesmo da diversidade social tão gritante que emoldura a vida humana?
E os acidentes, as tragédias, as doenças terminais, as deficiências físicas e mentais, as limitações e carências que caracterizam a vida humana? De onde as causas de tantas diferenças? E a diversidade dos desdobramentos de cada atitude, fato ou circunstância?
O tema é empolgante e lembra uma realidade patente: há uma causa que se desdobra num efeito imediato ou remoto, com desdobramentos infinitos no tempo. E por outro lado há igualmente várias causas que se desdobram num único ou vários efeitos, envolvendo uma vida única ou entrelaçando outras vidas. Como entender a complexa questão?
A temática faz pensar, provoca reflexões de abundância e levanta questões que sempre estão presentes nos debates e perguntas que se multiplicam conforme avança a sociedade humana com seus complexos e desafiadores degraus da história humana.
E mais interessante porque cada caso é um caso. Não há dois idênticos e muitos deles se entrelaçam ou em muitos outros casos em nenhum ponto se encontram.
É a lei de causa e efeito. Agora todo o manancial teórico da velha questão foi transformado em filme, numa síntese para provocar reflexão expressiva naqueles que assistirem a produção. E não se pense que os efeitos ou desdobramentos são sempre desagradáveis ou desastrosos. Em absoluto. Muitas vezes os efeitos são saudáveis, construtivos ou de extraordinário benefícios individuais ou coletivos, a depender, é claro, da causa ou causas iniciais que motivaram o efeito no tempo. Claro! Afinal, o cuidado, a prudência, as boas ações e iniciativas com responsabilidade e bondade só podem mesmo gerar efeitos que trazem felicidade. No mesmo sentido, alcança-se o lado oposto. Negligência, vícios, perversidade, descuidos e leviandades só podem gerar más consequências.
Para motivar o leitor, apresento a sinopse: O policial Paulo levava uma vida bastante tranquila com sua família, sendo casado e tendo um filho. No entanto, em um determinado dia, sua família é atropelada por um motorista bêbado. O culpado pelo crime não foi preso, e Paulo decide fazer justiça com suas próprias mãos, acabando com todos aqueles que a quem considera criminosos. Eis que Paulo é contratado para assassinar uma jovem, porém, ele não consegue concluir a missão e resolve fugir com sua “vítima” para tentar protegê-la. Paulo se apaixona por ela e ambos decidem reajustar suas vidas. E aí procuram ajuda, o que traz o desdobramento da produção cinematográfica.
Não deixe de ver. E se possível peça a exibição do filme em sua cidade ou em Shopping próximo. Afinal, com os desafios pessoais e sociais intensos da atualidade, o filme traz um bom momento para pensar sobre as razões e finalidade de viver e construir o próprio equilíbrio.



Orson Peter Carrara

sábado, 21 de junho de 2014

Aos fiéis a Allan Kardec


Sendo todo Espírito um livre-pensador, como designou Allan Kardec, é natural que existam diferentes vertentes de pensamento e entendimento dos seus ensinos, que cintilam em torno do que trouxeram os Espíritos responsáveis pela Codificação da Doutrina Espírita.
Encontramos, porém, alguns que, mesmo considerando-se espíritas, insistem equivocadamente em caminhar professando Espiritismo longe das bases em que ele foi edificado.
Quando aprendemos Espiritismo, cultivando as bases da racionalidade e do bom senso, geralmente somos impulsionados a nos colocar como opositores a todas as manifestações contrárias ou doutrinariamente distorcidas.
Aprendemos com Léon Denis, em sua magistral obra “No Invisível”, que “Saber é o supremo bem, e todos os males provêm da ignorância”. Assim, devemos respeitar essas diferenças e apenas aguardar que o amadurecimento natural das ideias, promovido pelo despertar da consciência, ocorra.
Combater esses conceitos equivocados causa mais ajuda para que eles prossigam, do que ignorá-los, pois combater é uma maneira de divulgar.
Para que um livro alcance grandes cifras de vendagem, basta correr o livre boato de que: “É bom não ler...”, que rapidamente todos se sentem impelidos a comprá-lo num impulso destituído de razão.
Diante dos que professam Espiritismo sem comprometimento, nos detenhamos a prosseguir com Kardec.
Aos que escrevem oferecendo informações que não podem ser defendidas pelo bom senso, divulguemos Kardec.
Em resposta às divulgações que multiplicam falsas novidades, iluminar com Kardec.
Claro que devemos oferecer esclarecimento aos que buscam orientação correta, porém, os divulgadores descomprometidos não querem respostas, mas sim, divulgar suas certezas fundadas na ficção do pouco estudo.
Verdadeiramente comprometidos com Kardec, são aqueles que não dispõem de tempo para atacar ou combater o que é frágil e será consumido inevitavelmente pela Lei do Progresso.
As trevas nunca consumiram as trevas, mas o poder luminoso das ideias edificantes se soma e absorve, ao invés de eliminar, a escuridão da ignorância.
Desavisados, muitas vezes, servimos aos interesses que desejamos combater e gastamos vitalidade e tempo na direção contrária aos objetivos esclarecedores.
Divulgar o mal é servi-lo, e trabalhar para o esclarecimento é acender a luz da solidez espírita, comprometidos com aquele que foi instrumento para trazê-la ao mundo e respeitar com silêncio os que caminham sem esse entendimento.

Roosevelt Andophato Tiago
www.roosevelt.net.br
Barra Bonita, SP (Brasil) 

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sábado, 14 de junho de 2014

Um minuto com Chico Xavier


Solicitado a narrar a irmãos de fala castelhana um dos inúmeros fatos mediúnicos que o sensibilizaram no correr das suas quatro décadas de tarefas ininterruptas de mediunidade com Jesus, Chico Xavier disse o seguinte:
– Das experiências de nossa tarefa mediúnica, citaremos uma delas, para nós, inesquecível. Nos arredores de Pedro Leopoldo, há anos passados, certa viúva viu o corpo de um filho assassinado, quando chegava repentinamente à casa. Desde então, chorava sem consolo.
O irmão homicida fugira, logo após o delito, e a sofredora senhora ignorava até mesmo porque o rapaz perdera tão desastradamente a vida. Agravando-se-lhe os padecimentos morais, uma nossa amiga, já desencarnada, D. Joaninha Gomes, convidou-nos a ir em sua companhia partilhar um ligeiro culto do Evangelho com a viúva enlutada.
A desditosa mãe acolheu-nos com bondade e, logo após, em círculo de cinco pessoas, entregamo-nos à oração.
Aberto em seguida "O Evangelho segundo o Espiritismo", ao acaso, caiu-nos sob os olhos o item 14 do capítulo X, intitulado "Perdão das Ofensas".
Ia, de minha parte, começar a leitura, quando alguém bateu à porta. Pausamos na atividade espiritual, enquanto a dona da casa foi atender. Tratava-se de um viajante maltrapilho, positivamente, um mendigo, alegando fome e cansaço. Pedia um prato de alimento e um cobertor.
A viúva fê-lo entrar com gentileza, a pedir-lhe alguns momentos de espera. O homem acomodou-se num banco e iniciamos a leitura. Imediatamente depois disso, comentamos a lição de modo geral. Um dos assistentes perguntou à dona da casa se ela havia desculpado o infeliz que lhe havia morto o filho querido, cujo nome passou, na conversação, a ser, por várias vezes, pronunciado.
A viúva asseverou que o Evangelho, pelo menos, lhe determinava perdoar. Foi então que o recém-chegado e desconhecido exclamou para a nossa anfitriã:
– Pois a senhora é mãe do morto?
E, trêmulo, acrescentou que ele mesmo era o assassino, passando a chorar e a pedir de joelhos.
A viúva, igualmente, em pranto, avançou maternalmente para ele e falou:
– Não me peça perdão, meu filho, que eu também sou uma pobre pecadora.. Roguemos a Deus para que nos perdoe!...
Em seguida, trouxe-lhe um prato bem feito e o agasalho de que o desconhecido necessitava. Ele, entretanto, transformado, saiu do Culto do Evangelho conosco e foi-se entregar à Justiça.
No dia imediato, Joaninha Gomes e eu voltamos ao lar da generosa senhora e ela nos contou, edificada, que durante a noite sonhara com o filho a dizer-lhe que ele mesmo, a vítima, trouxera o ofensor ao seu regaço de Mãe, para que ela o auxiliasse com bondade e socorro, entendimento e perdão.


José Antônio Vieira de Paula
depaulajoseantonio@gmail.com
Cambé, Paraná (Brasil) 

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sábado, 7 de junho de 2014

Tempestades em família


Um antigo ditado diz que quando um não quer dois não brigam. Se é fácil entender o significado desse conselho, seu exercício na prática já não se mostra do mesmo modo. Temos observado explosões de cólera desfechadas por um ou ambos os cônjuges, a partir de situações verdadeiramente irrelevantes. Comprovamos, igualmente, a presença de entes invisíveis atiçando o fogo a manifestar-se em labaredas formidáveis, de difícil extinção. Indagamos, então: onde a felicidade conjugal?
Deparamos, noutro dia, com um aconselhamento tão simples quanto embasado em experiência de quem originou: “Se você for solteiro e deseja casar para ser feliz, não case, permaneça solteiro; se você for solteiro e pensa em casar parafazer alguém feliz, então case e você será feliz”.
Fácil deduzir, a partir dessa premissa, a importância da renúncia na obtenção da felicidade por parte de qualquer um, quando coloca o outro no centro de suas cogitações e não poupa esforços em proporcionar-lhe pequenas e constantes satisfações. Nesse clima, difícil a intromissão de seres indesejáveis.
Para o espírita, vale considerar outra questão: é na família que travamos as maiores batalhas: lá encontramos amigos e inimigos do passado, que ressurgem com simpatias e antipatias, proporcionando-nos paz ou desassossego, ensejando estes últimos a ativação de nosso potencial de amor e compreensão, tolerância e perdão, estreitando laços que serão outras tantas asas a nos elevar no espaço imensurável da própria alma.
Sabemos da dificuldade de alguém se revestir da blindagem necessária contra quem tem o hábito mórbido de remoer coisas desagradáveis do passado ou tocar com estilete algum ponto que machuca. O resultado é quase sempre a devolução virulenta à provocação. Costuma-se dizer que não se apaga fogo com gasolina. Quem fere, quem provoca, quem inicia uma discussão deve ser levado à conta de necessitado de paciência e tolerância. O silêncio, em tais casos, é antídoto comprovadamente eficaz.
Presenciou, certa vez, um médium vidente, duas sombras que se punham junto a cada cônjuge, estimulando a contenda. Lembrava jogo de pingue-pongue, onde as ofensas deslizavam céleres de parte a parte, para alegria de um cortejo de outras sombras, que exultavam pelo desfecho que esperavam.
O “orai e vigiai” ainda é a recomendação atualizada de nosso Mestre Jesus. A prece emite ondas de paz a espraiar-se no lar, partindo de quem mantém sintonia com as forças do Bem. 

Everaldo Ferraro
everaldoferraro@gmail.com
Niterói, RJ (Brasil) 

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quinta-feira, 5 de junho de 2014

Graça, mérito e outros assuntos afetos ao Amor Divino


Por conta da conclusão do ensino médio de pessoa próxima, compareci a um culto ecumênico, no qual, na fala de diversos segmentos religiosos representados, destacou-se uma que tratou da temática da graça, como caminho de salvação e de redenção da criatura humana, a despeito de sua conduta ou dos conceitos mais elementares de justiça.
Defendeu o companheiro, em um discurso conhecido de outras plenárias e atores, a visão de uma salvação que viria pela fé, independente das suas obras. Fé em um conceito difuso, que mistura um sentimento íntimo e de superação com uma crença específica em determinada entidade, no caso Jesus. Uma dita salvação dos filhos de Deus que nega aspectos geográficos e históricos, distribuindo bênçãos de forma segregadora e não universalizante.
De Lutero às indulgências da Idade Média, essas ideias e discussões são antigas, imbricadas nos velhos jogos entre a religião e o poder formal. Surgem às vezes travestidas com roupagens do novo, perambulando por aí, nos discursos, nas ideias sedutoras de sermos salvos por uma opção momentânea, ignorando a grandeza do que pensamos ser uma vida eterna. Causa-nos espanto, mas são posturas concretas e que se materializam em situações tragicômicas do bom ser tomado pelo mau, na desconsideração da sentença cristã que se reconhece a árvore pelos frutos.
Instigante discussão esta, que pode aplacar consciências ao justificar os atos mais reprováveis, dissociando, de forma lamentável, a ação, a intenção do Espírito encarnado e o seu destino futuro, subordinando essa vinculação a crenças determinadas, ao humor divino, em um movimento que fortalece os sectarismos, as lutas e as politicagens que pululam na história das religiões.
Dependeríamos, nessa ótica, da graça, como um bem imerecido, um dom gratuito que Deus concede à humanidade, motivado pela sua misericórdia, em situações que, apesar de parecerem sem lógica, são regidas por regras implícitas, como a fé ou a adoção de determinados ritos, que fariam esse Deus sorrir para nós.
Aí, surge o “pulo do gato” de Kardec e dos Espíritos da codificação. A proposta espírita é diferente! É uma proposta que conjuga a ideia de mérito e a de misericórdia. Alia justiça com amor...
Mérito na Lei de Ação e Reação, na necessidade de reparação do ato que prejudica o próximo pelo próprio autor, na colheita livre, mas que tem a semeadura obrigatória, na Lei de “causa e efeito”, na qual erramos e aprendemos. Segundo Emmanuel, “Jesus a ninguém prometeu direitos sem deveres(1)”. Ideias estampadas nas próprias obras espíritas, nos romances e narrativas do plano espiritual, e que elevam a ideia de justiça a outro patamar. 
O mérito é pedagógico, permite ao Espírito aprender e crescer, com erros e acertos, tornando factível o conceito da vida eterna. Não importa nesse sentido o punir e sim o crescimento, a luta, na justa interrogação de “O Livro dos Espíritos”: “Onde estaria o merecimento sem a luta?(2)”.
Entretanto, Deus é amor e assim também é a sua Lei... O que seria de nós sem a misericórdia divina? É necessário compreender a fragilidade da criatura humana, e a sua luta para superar seus desafios diariamente. A obra evangélica transmite essa compaixão em várias passagens, nas quais Jesus mostrou que conhece bem a natureza do Espírito encarnado, suas fraquezas e possibilidades.
A palavra misericórdia vem da fusão das palavras miserere (ter compaixão), e cordis (coração), ou seja, um novo olhar da realidade com amor no coração. “A misericórdia é o complemento da mansuetude (...). Ela consiste no esquecimento e no perdão das ofensas(3).” Amor com equilíbrio, pois o perdão das ofensas não implica em abandonar o conceito de justiça e a ideia de que o Espírito necessita aprender para crescer.
O psicólogo Erich Fromm tratou bem da questão dessas duas grandezas, quando se referiu ao equilíbrio entre o princípio paternal e maternal, representado o segundo pelo amor incondicional, sem recompensas, e o primeiro pelo amor em razão dos próprios méritos(4). Deus tem os dois princípios em harmonia. Ama seus filhos incondicionalmente, mas exige deles compromissos com o seu crescimento espiritual, na medida de suas capacidades. Esses princípios permeiam toda a evolução da humanidade!
A graça, por esse prisma, seria fruto de um Deus carente, sequioso de servidores para adorá-lo, como eram os deuses da antiguidade que inspiraram alguns desses paradigmas. Voltamos aos deuses antropomórficos! Essa visão teológica tornaria valores, como respeito ao próximo, trabalho e justiça, sem sentido. O mundo seria um paraíso da inação, com todos à espera dessa graça, como ocorreu concretamente na Idade Média, em espetáculos de hipocrisia e de miséria moral.
 Não se trata só de uma questão de justiça, de punir, e sim uma questão de pedagogia, de evolução, de crescimento e aprimoramento, como necessidades intrínsecas do Espírito. Que graça teria sermos criados apenas para acolher um caminho que muitos não têm acesso, para sermos salvos de um pecado que não cometemos, por circunstâncias ao bel-prazer da divindade?
Assim, no paradigma espírita, para todos é possível crescer, nas diversas roupagens reencarnatórias, e esvaziam-se instrumentos de poder e caminhos exclusivistas, pois a justiça e o mérito se fazem para cada um, mas têm como fiel da sua balança o amor, a misericórdia divina que, com seus múltiplos acréscimos, nos conduz diante das provas duras da existência, para a cada dia recomeçar.
O Espiritismo, como se propõe a ser uma doutrina libertadora, de amadurecimento e evolução de Espíritos, nos aponta o crescimento espiritual pela construção de nosso caminho, com os outros, convivendo e vivendo, amando e sendo amado, errando e tentando acertar, mas sob o olhar de um Pai amoroso, que vela por nós, ajudado por outros Espíritos como nós.
 

[1] Caminho Espírita - Psicografia de Francisco Cândido Xavier. Espíritos Diversos.
[2] O Livro dos Espíritos, Pergunta 119.
[3] O Evangelho segundo o Espiritismo.
[4] A Arte de Amar. Erich Fromm. Editora Martins Fontes. 


Marcus Vinicius de Azevedo Braga
acervobraga@gmail.com
Rio de Janeiro, RJ (Brasil)

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sexta-feira, 23 de maio de 2014

As ressurreições são dos Espíritos e não dos Corpos


A crença tradicional da ressurreição do corpo ou da carne entusiasma as pessoas simples e de baixa escolaridade, mas enfraquece a das de melhor instrução.
É necessário que os líderes religiosos valorizem mais os seus rebanhos de fiéis, pois eles não são rebanhos de quadrúpedes! Enganam-se esses líderes religiosos, às vezes, não muito sinceros, pois o povo, hoje, está cada vez mais sabedor das coisas. Daí que muitas igrejas ou templos estão bem vazios e com saídas constantes de fiéis buscando outras “verdades” em outras igrejas.
Muitos cristãos creem pouco nas suas doutrinas, que ficam fracas para manterem-nos no caminho do bem. É o que acontece no Brasil, a maior nação católica do mundo, mas que é um país de muita corrupção política, com muitos roubos e assassinatos. É mesmo um país sem lei! Falta aqui o verdadeiro cristianismo, que está nos evangelhos e não nas doutrinas, às vezes, fantasiosas, criadas pelos teólogos antigos e sustentadas pelos que vieram depois deles e até pelos de hoje. É triste dizer isso, mas o digo justamente porque é verdade!  
A ressurreição do próprio corpo físico dá um impacto muito grande, no sentido de que é um fato miraculoso ou sobrenatural. E isso é um prato cheio para a confirmação da existência do milagre, que tradicionalmente é tido como sendo causado pela interferência direta de Deus, o que não é bem verdade. E as próprias igrejas cristãs definem o milagre como sendo um fato para o qual a Ciência não tem explicação. Então, se pensarmos bem, o milagre é fruto da ignorância, pois só existe enquanto não haja uma explicação para ele. Acontece que a Ciência, cada vez mais avançada, vai explicando as causas desses fenômenos tidos como miraculosos. E nisso, a Ciência Espírita é pioneira, pois ela é uma religião científica. Assim, por exemplo, o fenômeno tido como milagroso e chamado pela Igreja de bilocação (presença de um indivíduo em dois locais diferentes ao mesmo tempo), hoje, é explicado pela Parapsicologia e pela Doutrina Espírita como sendo causado pelo dom espiritual ou mediúnico da pessoa, que pode ser até ateia. E seu novo nome dado por Kardec e a Parapsicologia é desdobramento.  E assim, um fato que, por superstição, no passado era tido como sobrenatural, na verdade é um fato natural.
Do que acabamos de ver, podemos até concluir que os ateus não creem em milagres, mas creem nos fenômenos mediúnicos. Que reviravolta! 
Existe uma doutrina de que Jesus ressuscitou ou subiu aos céus pelo seu próprio poder e que, com isso, Ele é também Deus. Duas inverdades juntas, pois vejamos o que ensina o apóstolo Paulo: “Deus ressuscitou ao Senhor e também nos ressuscitará a nós pelo seu poder.” (1 Coríntios 6: 14).“Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual.” (1 Coríntios 15: 44). “Carne e sangue não podem herdar o reino dos céus.” (1 Coríntios 15: 50). Por acaso os santos da Igreja e os espíritos angélicos puros dos espíritas vão ter corpos lá no mundo espiritual?
Realmente, as ressurreições, inclusive a de Jesus, são dos espíritos e não dos corpos. Aliás, no mundo espiritual não há lugar para a matéria densa do nosso mundo físico, caso contrário, ele não seria espiritual!

José Reis Chaves
Escritor, prof. de português pela PUC-Minas, jornalista, biblista,  teósofo, pesquisador de parapsicologia e do Espiritismo na Bíblia,  radialista, palestrante no Brasil e exterior, estudou para padre  Redentorista.
Tel/Fax  (31) 3373-6870. 

Obs.: Esta coluna é de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br - Clicar “TODAS AS COLUNAS”. Podem ser feitos comentários abaixo da coluna. Ela está liberada para publicações. Meus livros: “A Face Oculta das Religiões”, Ed. EBM (SP), “O Espiritismo Segundo a Bíblia”, Editora e Distribuidora de Livros Espíritas Chico Xavier, Santa Luzia (MG), “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência”
Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - e meu e-mail: jreischaves@gmail.com - Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.

Na TV Mundo Maior, também pelo www.tvmundomaior.com.br, o “Presença Espírita na Bíblia”, com Celina Sobral e este colunista, às 20h das quintas, e às 23h dos domingos. Perguntas e sugestões: presenca@tvmundomaior.com.br E, na Rede TV, o “Transição”, aos domingos, às 16h15.
“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Kardec, pela Ed. Chico Xavier. www.editorachicoxavier.com.br (31) 3636-7147 - 0800-283-7147, com tradução deste colunista.
Recomendo “O Despertar da Consciência – do Átomo ao Anjo”, de Sebastião Camargo. www.sebastiaocamargo.com.br, www.odespertardaconsciencia.com.br e www.editorachicoxavier.com.br

Seicho-No-Ie, “Seminário da Luz”, em 8-6-2014. Orientadora: Preletora da Sede Internacional, Marie Murakami. Local: Chevrolet Hall, Av. Nossa Senhora do Carmo, 230, Savassi, das 10h00 às 16h30. Contato: (31) 3411-7411.
    
Notícias do Movimento Espírita: : http://ismaelgobbo.blogspot.com.

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domingo, 18 de maio de 2014

Culpa e perdão a si mesmo


Entrevistei a psicóloga clínica Cláudia Gelernter, de Vinhedo-SP, sobre a severidade do remorso, uma das causas das angústias humanas. A entrevista, na íntegra, ainda está inédita, mas seleciono trechos de duas das respostas:  

7 - Que caso marcante gostaria de transmitir aos leitores?

Certa vez, uma avó me procurou, sofrendo a perda de sua netinha, que desencarnou na piscina de sua casa, então com dois anos de idade. O caso já era grave por si só, mas ainda mais complexo porque foi ela quem esqueceu o portão da grade de proteção da área da piscina aberto. Como aliviar aquela dor? Palavras raramente fazem algum sentido nestes casos, então foi preciso permitir que a dor viesse com toda a sua intensidade a fim de aliviar o represamento da angustia daquela pobre senhora. Depois, sentindo-se amparada, acolhida, pôde falar sobre o seu remorso, sobre a vontade de se auto punir, pelo erro cometido. Já não conseguia mais dormir, não queria se alimentar e pensava em suicídio, constantemente. Fizemos diversos testes de realidade, a fim de demonstrarmos, em conjunto, que o ato não fora intencional, mas que aconteceu por esquecimento. Outro teste servia para resgatarmos a questão de sua vontade, pois autopunir-se não traria a neta de volta ao convívio familiar. Depois de alguns meses, já melhor em seus sintomas, surgiu um presente que jamais esquecerei. Uma daquelas dádivas que Deus nos permite experimentar, a fim de mostrar sua Misericórdia infinita para conosco. Ela conseguiu receber uma mensagem psicografada em Uberaba, com 47 páginas, na qual a menina contava que ela não tivera culpa alguma neste caso, pois estava previsto o desencarne e que a neta nada sentira ao cair na água, pois sua alma “saltou” para o colo de Maria Dolores, enquanto que o corpo se jogara na piscina, já sem vida. Recordo-me que a carta continha dados confiáveis, que só ela e poucos parentes conheciam, como, por exemplo, o nome de uma tia que desencarnou muitos anos antes e que estava ajudando a cuidar dela, no Mundo Espiritual. Surgiu, então, uma nova vida para aquela senhora, com um novo sol a brilhar, mais forte e iluminado ainda: estava provado para ela tanto a questão da imortalidade da alma como a possibilidade de um reencontro, no tempo certo.

8 - Como podemos ajudar alguém em gradativo processo de autopunição por remorsos ou sentimento de culpa?

Escutando a dor do nosso próximo, amorosamente, sem julgamentos nem distrações. Doando nosso tempo, nossa alma, nossas preces em seu favor. E, acima de tudo, demonstrando que estar no mundo engloba erros e acertos, dores e alegrias, tropeços e reerguimentos. Se desejamos mudar o que fizemos, é imperioso saber que não o conseguiremos pelas vias do remorso, mas através do amor que passarmos a irradiar no mundo.
Agora, nem sempre as pessoas possuem as ferramentas necessárias para darem conta desta difícil demanda. Recordemos que muitos pais encucam em seus filhos o remorso como estratégia [equivocada] de educação. Entendamos as diferenças entre todos e sigamos apoiando os que sofrem, em qualquer situação, inclusive aqueles que se encontram presos nas difíceis redes da autopunição. (...).

Orson Peter Carrara 

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sábado, 17 de maio de 2014

Acalma-te - Mensagem de Emmanuel psicografada por Chico Xavier